Ciências Biológicas

Replicação do DNA

Uma das principais características dos seres vivos é a sua capacidade de se reproduzir. Por meio da reprodução os organismos vivos, sejam eles simples como uma bactéria ou complexos como os mamíferos, mantém seus genes na natureza. Existem dois tipos básicos de reprodução: a reprodução sexuada e a reprodução assexuada. A diferença entre as duas reside no fato de que a reprodução sexuada envolve gametas (células especializadas em reprodução) ao passo que a reprodução assexuada não envolve gametas. Qualquer um desses dois tipos de reprodução envolvem processos de divisão celular, seja para formar os gametas (meiose), seja para se reproduzir por bipartição.
Uma célula humana é composta de 46 cromossomos. Ao se dividir ela origina duas células-filhas com 46 cromossomos cada uma. Se a célula-mãe simplesmente se dividisse, sem nenhuma preparação prévia, o conteúdo de DNA cairia pela metade a cada nova geração. Assim, cada célula-filha conteria 23 cromossomos, as quais, ao se dividirem, dariam origem a duas células-filhas cada uma com 11,5 cromossomos cada. Como isso não pode ocorrer, pois haveria perda de informação genética, as células passam por um processo de duplicação do seu DNA antes de se dividir.
O ciclo de vida de uma célula é chamado de ciclo celular. Nele podemos encontrar duas grandes fases, a primeira chamada intérfase (I) e a segunda chamada mitose (M). A intérfase parece uma fase da vida da célula muito monótona. Entretanto, longe disso, a intérfase é um período em que as células sintetizam suas proteínas, crescem e desempenham suas funções. Já a mitose é a fase de reprodução da célula, na qual ela originará duas células-filhas, idênticas entre si.
A intérfase é dividida em três fases: G1 (do inglês gap = intervalo), (de síntese) e G2 (idem a G1). É no período G1 que a célula cresce rapidamente, sintetizando suas proteínas, apresentando, nessa fase, os 46 cromossomos. Quando é disparado um sinal para as células se dividirem, como por exemplo injúria do tecido ou crescimento, a célula entra em fase S, onde duplicará o seu DNA (sintetizar DNA), passando ao final dela a apresentar 92 cromossomos. Esse é o nosso ponto de estudo, a fase S. Terminada a fase S, a célula entra em G2, um segundo intervalo onde ela verificará se o DNA foi duplicado corretamente e se o ambiente é favorável a sua duplicação. Com todos os pontos de checagem permitindo a sua reprodução, a célula entra em fase M, já discutida em seus pormenores na disciplina de Biologia Celular, não sendo, portanto, necessária sua explicação.
Como vimos, a fase S é uma fase no ciclo celular onde o conteúdo de DNA da célula é duplicado. Como sabemos, o genoma humano possui cerca de 3 bilhões de nucleotídeos, distribuídos de maneira não uniforme pelos seus 23 tipos de cromossomos. O tempo de duração da fase S varia entre os tipos celulares. Por exemplo, as células do duodeno apresentam um ciclo celular de 24 horas. Dessas 24 horas, 8 a 10 horas são gastas somente na fase S, ou seja, entre 8 a 10 horas a célula realiza a cópia de cerca de 3 bilhões de nucleotídeos. Isso significa copiar centenas de volumes de grandes enciclopédias nesse intervalo de tempo, sem cometer nenhum erro de ortografia.
Obviamente que ocorrem alguns erros durante o processo, entretanto a maioria deles são imediatamente corrigidos. Os erros que acabam passando desapercebidos ficam acumulados no DNA, o que representa um dos eventos do processo natural de envelhecimento.
O processo de replicação do DNA é realizado por um complexo enzimático chamado de maquinaria de replicação. A principal enzima desse complexo é a DNA polimerase, responsável pela polimerização (adição de nucleotídeos) do DNA. A exemplo da RNA polimerase, a DNA polimerase somente cataliza a reação na direção 5' → 3'. Essa propriedade traz um pequeno problema para a célula, mas que é contornado sem maiores problemas e será discutido mais adiante.
O primeiro passo do processo de replicação do DNA é abrir a dupla hélice, deixando as bases nitrogenadas expostas e formando o que chamamos de forquilha de replicação. A dupla-hélice é separada por meio da atuação da enzima DNA helicase. Conforme a helicase vai abrindo a dupla-hélice, há um aumento da tensão nas extremidades da molécula, à semelhança do que ocorre quando dois cadarços enrolados um sobre o outro, que tem suas pontas pertencentes à mesma extremidade e que são puxadas em direções opostas. Para diminuir essa tensão, evitando o emaranhamento da molécula de DNA, enzimas chamadas DNA topoisomerases participam do processo. Elas quebram as ligações fosfodiéster do DNA pela adição covalente de um fosfato. Essa reação é reversível, uma vez que a ligação covalente que une a topoisomerase ao DNA retém a energia da ligação fosfodiéster que foi rompida.
 Com a helicase abrindo a dupla-hélice de DNA pelo rompimento das pontes de hidrogênio entre as bases nitrogenadas, seria natural que elas tendessem a se parear novamente, logo após a passagem da helicase. Para evitar isso, moléculas especiais chamadas genericamente de proteínas ligadoras de fita simples se ligam à dupla-hélice aberta, impedindo o repareamento das bases.

Vamos agora verificar como o DNA é efetivamente copiado em uma nova molécula, criando dessa forma, duas novas moléculas de DNA.
A enzima responsável pela síntese de uma nova cadeia polinucleotídica é a DNA polimerase, como já destacado na aula anterior. A síntese do DNA é iniciada em locais específicos da molécula, chamados de forquilhas de replicação. São nessas forquilhas que as enzimas helicase e as demais dos complexos iniciaram seu trabalho. Estudos realizados nos anos 60 demonstraram que a forquilha de replicação é assimétrica. Isso ocorre devido ao fato de as fitas de DNA serem antiparalelas, ou seja, uma das fitas é orientada na direção 5' → 3', enquanto a outra é orientada na direção oposta, ou seja, 3' → 5'. Assim, era de se esperar que existissem dois tipos de DNA polimerase, uma sintetizando o DNA em cada sentido. Entretanto, só existe um tipo de DNA polimerase, a qual sintetiza a cadeia polinucleotídica na direção 5' → 3'. Assim, ela se liga à cadeia 3' → 5', dando início ao seu trabalho.
Como vimos, existe apenas um tipo de DNA polimerase que é capaz de se trabalhar na direção 5' → 3'. Então, como seria realizada a síntese de DNA da fita oposta? Para contornar esse problema, a célula utiliza um mecanismo de “costura para trás”. A DNA polimerase liga-se ao DNA a uma determinada distância da extremidade da abertura da forquilha de replicação, passando a sintetizar a nova cadeia em direção a essa extremidade, ou seja, de trás para frente. Com isso, temos milhares de pontos de união entre os trechos sintetizados aos poucos. Esses trechos são unidos uns aos outros pela enzima DNA ligase e recebem o nome de fragmentos de Okasaki.
Temos então duas fitas sendo sintetizadas ao mesmo tempo. Entretanto, a fita em que a DNA polimerase realiza o processo de “costura para trás” (fita 5' → 3') demora mais tempo para ser totalmente sintetizada, ao passo que a fita 3' → 5' é lida mais rápido e tem sua cadeia complementar sintetizada mais rápido também. Assim, a fita 3' → 5' é chamada de fita líder, enquanto a fita 5' → 3' é chamada fita retardada.
Embora pareça um processo complicado e sujeito a mais erros, o fato da DNA polimerase catalisar a reação de polimerização apenas no sentido 5' → 3' é de extrema importância para a realização de uma cópia com alta taxa de fidelidade. Essa taxa de fidelidade é de apenas um erro para cada 109 pares de bases copiadas. Levando-se em conta que o genoma de um mamífero possui cerca de 3.109 pares de bases, é de se esperar que ocorram apenas 3 erros no genoma a cada ciclo de divisão celular. Essa alta fidelidade é devido à DNA polimerase ser autocorretiva, ou seja, antes de adicionar o próximo nucleotídeos trifosfatado à cadeia crescente, ela verifica se o nucleotídeos adicionado anteriormente está corretamente pareado. Essa capacidade da DNA polimerase ser autocorretiva é devido a ela apenas sintetizar uma cadeia polinucleotídica apenas no sentido 5' → 3'. Caso ela sintetizasse em ambos sentidos, perderia essa capacidade de verificação, resultando em um acúmulo de mutações muito maior do que encontramos na célula hoje.






A imagem acima esquematiza o processo de replicação do DNA. Como vimos, as duas fitas de DNA são fielmente copiadas, dando origem a duas novas fitas. Em cada uma dessas duplas-hélices novas temos uma fita que serviu de molde para a síntese da outra fita. Assim temos que a replicação do DNA é semiconservativa, ou seja, metade das fitas são conservadas na molécula. A descoberta do funcionamento do processo de replicação do DNA, junto com o avanço da tecnologia, permitiu aos cientistas desenvolverem máquinas que fazem exatamente o que ocorre dentro da célula. Um exemplo disso foi o desenvolvimento de uma técnica chamada PCR (Polimerase Chain Reaction – Reação da Cadeia da Polimerase). Dentro de uma máquina, o DNA obtido de apenas uma única célula é replicado milhares de vezes, produzindo quantidades suficientes de DNA para análise. Isso é particularmente importante em criminalística, onde a presença de uma pequeníssima mancha de sangue deixa um “impressão genética” do indivíduo. Outra aplicação ocorrem em casos de suspeita de paternidade. O teste de DNA é realizado com células presentes no bulbo capilar, do sangue ou da própria mucosa da boca. Para evitar a remoção de muito tecido, utiliza-se a PCR para amplificar a quantidade de DNA obtida.






Biomecânica da Respiração

Como o metabolismo está diretamente relacionado ao consumo de oxigênio atmosférico, fica evidente que mecanismos eficazes de captação desse gás sofreram alterações durante o curso evolutivo, culminando no aparelho respiratório dos animais superiores, como o das aves e dos mamíferos.

A atmosfera terrestre é constituída por aproximadamente 21% de oxigênio. 71% do ar é composto por nitrogênio e frações menores de outros gases, como, por exemplo, o CO2 (0,03 %) e o restante é uma mistura de outros gases, como argônio, xenônio, criptônio etc. A pressão parcial do O2 é de vital importância para os seres vivos.

Em locais onde a altitude é elevada, a pressão desse gás é baixa, o que diminui a sua captação pelos elementos do sistema respiratório. Nesses locais ocorre a manifestação de hipóxia, sendo que ela aparece primeiro nos tecidos onde o consumo de O2 é maior. Sintomas visuais, miocárdicos e neurológicos são os principais sintomas que uma pessoa apresenta quando começa a ocorrer hipóxia nesses tecidos. Os sintomas visuais incluem diplopia e redução da visão em ambiente escuro. O coração responde a sinais de hipóxia aumentando a frequência cardíaca. Os sintomas neurológicos, de principal preocupação, incluem confusão metal, falta de coordenação motora e distúrbios de comportamento.

Como já estudado em Bioquímica, o aumento da frequência respiratória provoca alcalose sanguínea (alteração do pH do sangue) o que leva, inicialmente, a dores de cabeça (cefaleia) e náuseas. A perda de consciência e a formação de edemas pulmonar e cerebral podem ocorrem em situações extremas, levando o indivíduo à morte.

Estrutura do Aparelho Respiratório Humano

Durante o decorrer da evolução surgiram estruturas que se organizaram de forma complexa de modo a formar um aparelho respiratório muito eficiente na captação de oxigênio. As vias aéreas trabalham em conjunto com os pulmões e com as estruturas de movimentação da caixa torácica.

As vias aéreas superior e são compostas pela boca, cavidade nasal, faringe, laringe e traqueia, epiglote. A traqueia é um tubo que comunica a região superior das vias aéreas com os pulmões. A laringe funciona como um tampão que permite a entrada de ar nos pulmões e a de alimentos e água no esôfago.

Os pulmões são revestidos por uma dupla membrana chamada pleura. A camada em contato direto com o pulmão é chamada de pleura visceral e a que está em contato com a caixa torácica é chamada de pleura parietal. Entre as duas pleuras encontra-se um líquido viscoso que atua como um lubrificante, reduzindo o atrito entre elas.





O pulmão direito apresenta três lobos, em detrimento do esquerdo que só apresenta dois lobos. Isso ocorre porque há necessidade de um maior espaço para o coração, pois sua ponta fica voltada para o lado esquerdo. Dessa forma, 55 % da respiração se devem ao pulmão direito e os 45 % restante ao pulmão esquerdo. Juntos, os pulmões ocupam cerca de 4/5 do volume total da caixa torácica. Num indivíduo adulto, e condições fisiológicas normais, o volume de ar dentro dos pulmões é de cerca de 2,5 a 3 L. Histologicamente observa-se uma grande quantidade de fibras elásticas nos pulmões, o que reflete a sua grande capacidade de elasticidade.



Os músculos responsáveis pela inspiração são o diafragma, os músculos intercostais externos e o grande peitoral. Entretanto, em algumas situações, como as de grande esforço respiratório, outros músculos podem ser acionados para a entrada de ar, como esternoclidomastóideo, o escaleno, o serrátil, e o trapézio. Ainda, outros músculos podem contribuir com a inspiração reduzindo a resistência das vias aéreas, como, por exemplo, digástrico e o músculo nasal.

Em relação aos músculos envolvidos na expiração temos a musculatura da parede abdominal (oblíquo externo, oblíquo interno, transverso do abdome e reto do abdome) e a musculatura da parede torácica (intercostais externo e interno, transverso do tórax).


Temática: Mecânica da Respiração

A respiração ocorre de forma rítmica. Chamamos de frequência respiratória o número de vezes que uma pessoa respira por minuto. Essa frequência é alterada por diversos fatores, os quais incluem idade, estado fisiológico, estresse e com o exercício físico. Um estudo com 300 indivíduos realizado por Quelelet demonstrou que a frequência respiratória está envolvida de forma inversa com a idade, ou seja, quanto mais idade a pessoa possui, menor é a sua frequência respiratória. Observe a tabela abaixo e verifique:



Idade (anos)
Freqüência respiratória (ciclos/minuto)
0-1
44
5
26
15-20
20
20-25
18
25-30
16
30-35
18



Outro ponto interessante é a relação tamanho/metabolismo nos animais. De forma geral, quanto menor o animal, maior é o seu metabolismo. Elefantes, por exemplo, possuem apenas 40 batimentos cardíacos por minuto, enquanto o musaranho, o menor mamífero, possui cerca de 400 batimentos cardíacos por minuto. Como a frequência respiratória está diretamente ligada aos batimentos cardíacos é de se esperar que com estes ocorra o mesmo. Assim também ocorre com o homem. Em sua fase inicial de vida seu metabolismo é alto, devido a uma necessidade de grandes números de reações para o desenvolvimento. Com o passar da idade, o metabolismo vai diminuindo de forma gradual. Observe que nos dados obtidos por Quelelet um bebê possui cerca de 44 ciclos respiratórios por minuto e uma pessoa entre 30 e 35 anos possui cerca de 18 ciclos por minuto.

Movimentação dos Pulmões

A pressão interna dos pulmões entre um expiração e uma inspiração é de         -2 cmH2O a -5 cmH2O. Essa pressão é mantida nessa faixa negativa pela pressão intrapleural subatmosférica, o que permite que os pulmões fiquem expandidos. O pulmão é um órgão elástico e, se não fosse a existência dessa pressão negativa, os pulmões entrariam em colapso, ou seja, eles iriam murchar. Na verdade, o melhor termo que substitui a palavra murchar é colabar.

A inspiração se dá, principalmente, pela contração do músculo diafragma. O diafragma, ao se contrair, aumenta o volume da caixa torácica, o que acaba diminuindo a pressão em seu interior. Assim com a pressão externa maior que a interna o ar entra nos pulmões atingindo os alvéolos, onde ocorrem as trocas gasosas (hematose), transformando o sangue venoso que chegou aos pulmões pela artéria pulmonar em sangue arterial, o qual será reconduzido ao coração pela veia pulmonar.

Quando a ventilação pulmonar ultrapassa 400 ml/min ou quando a resistência ao fluxo está muito aumentada, os músculos abdominais responsáveis pela expiração são ativados. Um caso interessante é o soluço. Uma das causas do soluço pode ser uma irritação no nervo frênico, responsável pela contração do diafragma. Assim, quando ele se encontra nesse estado, ele pode emitir sinais elétricos, o que provoca a contração do músculo sem a entrada ou saída de ar de forma adequada.

O ar se movimenta dentro dos tubos respiratórios de acordo com a equação de Poiseuille. De acordo com essa equação podemos calcular o fluxo (Φ) gasoso por unidade de tempo dentro desses tubos:




Onde:

ΔP = diferença de pressão entre as extremidades do tubo;
r = raio do tubo;
l = comprimento do tubo;
η = viscosidade do fluido.

Observando-se a equação acima podemos notar que a diferença de pressão e o raio do tubo interferem de forma a aumentar o fluxo. Em contrapartida, tanto a viscosidade do fluido e o comprimento do tubo contribuem de forma inversa, ou seja, diminuindo o fluxo de ar.

Sabendo-se que Φ = ΔP/R, onde R é a resistência que o fluido sofre para se movimentar, podemos reescrever a equação de Poiseuille e obtemos:




Note que agora o raio é o mais importante elemento resistivo, pois como está elevado à 4a potência ele aumenta em 16 a resistência quando o raio é reduzido pela metade.





Agenda 21 Escolar



O que é Agenda 21?
A criação da Agenda 21 ocorreu no encontro internacional Eco-92 que aconteceu no Rio de Janeiro. Seu objetivo é fomentar a implantação global de um modelo de desenvolvimento sustentável. Este documento propõe ações estratégicas para a implantação de um modelo de desenvolvimento econômico que não prejudique a qualidade de vida do ser humano nem o equilíbrio da natureza; ou seja, um modelo que concilie desenvolvimento e sustentabilidade ambiental e econômica. Sua finalidade é estabelecer condições ambientais, econômicas e sociais para uma sociedade humana justa e saudável. Busca o equilíbrio entre o ser humano, a natureza e a economia, sem prejudicar o desenvolvimento e a qualidade de vida e sem degradar o meio ambiente.
Dentro desta mesma proposta foi criada a Agenda 21 nacional – para ser implementada em cada país, observando suas características peculiares - e a Agenda 21 local – para ser implementada em cada cidade ou localidade onde exista um núcleo humano. As bases para a implementação das Agendas, sejam por país, sejam por localidade, tem como meta construir um mundo sustentável, a partir de uma relação saudável entre o ser humano e o meio-ambiente.
  
As agendas locais – Os estados, os municípios, as regiões e as comunidades têm papel fundamental na elaboração da agenda nacional. Isto se torna possível quando há uma atuação que tem início no microcosmo e irar somar-se ao macrocosmo, desse modo haverá a participação ativa de todas as comunidades e de todos os habitantes na criação de um plano para a sustentabilidade maior e mais abrangente. Para compreender esse esperado resultado, podemos entender o ser humano, individualmente, como a célula da sociedade que, por sua vez, irá formar uma nação, um país e o planeta.
   
Em síntese: a Agenda 21 é um plano de ação para as sociedades do século XXI, cujo objetivo é contribuir para a sustentabilidade da vida na Terra.

  Uma estratégia de sobrevivência que envolve:
  • As dimensões econômicas e sociais.
  • A conservação e o manejo de recursos naturais;
  • O fortalecimento econômico de comunidades;
  • O meio de implementação.

Agenda 21 Escolar

A Agenda 21 Escolar é o reconhecimento de que a escola tem influência concreta nos seus alunos e com a comunidade do entorno. A partir desse entendimento, a escola passa a ser vista não somente como um centro de transmissão de conhecimentos, mas também um centro irradiador de reflexão e avaliação crítica e física dos problemas sociais, pessoais e ambientais, capaz de contribuir para identificar problemas e encontrar soluções.
Nessa perspectiva a escola é considerada a base de formação do cidadão, responsável pela educação e formação que influenciará na vida profissional, social e pessoal do educando e em sua convivência familiar. A escola não só influencia como é influenciada pelos movimentos que agitam o seu entorno, como por exemplo as festividades, as decisões da coletividade, desenvolvimento agrário, industrial e comercial, a violência familiar e social, etc. Além disso, em muitas comunidades, a escola é a instituição social na qual os cidadãos recorrem, como se fosse um organismo de ajuda, apoio e resolução de problemas sociais ou familiares.
   
O que é a Agenda 21 Escolar?
A Agenda 21 Escolar é uma espécie de desdobramento do documento base da Agenda 21 local produzido com a finalidade de aplicá-la no ambiente escolar e fora dele (na comunidade). Com o mesmo objetivo do documento matriz, ou seja, a sustentabilidade social e econômica, para uma vida digna e para a proteção do meio ambiente; tanto o ambiente utilizado pelos cidadãos, como formados pelos ecossistemas da região.

Requisitos básicos da elaboração da Agenda 21 Escolar

Para elaborar a Agenda 21 Escolar, deve-se adotar uma metodologia de trabalho dialógica e participativa. Sendo assim há de ser encontrar um consenso entre representantes do estabelecimento escolar, os alunos, a coletividade do entorno, o poder público, ONGs, voluntários, técnicos, líderes comunitários e religiosos, em reuniões previamente designadas. Identificar os problemas existentes na área de atuação da agenda, como por exemplo, os problemas de saúde da população local, da degradação do meio ambiente ou riscos ambientais, da segurança, desemprego, alcoolismo, uso de drogas, etc.
Promover uma avaliação técnica, por pessoal habilitado e o consenso popular, por meio de reuniões, buscar soluções para acabar, reverter ou amenizar os problemas, através dos princípios da sustentabilidade econômica da população, propor ações para melhorar a qualidade de vida e ambiental, como por exemplo, a preservação de áreas e/ou a criação de novas áreas, o saneamento, melhorar os elementos já implantados, e, essencialmente, educação sócio-ambiental.
Apuradas as ações necessárias para a comunidade, deve estabelecer os custos e os meios de financiamento. Para solucionar os problemas que são de exclusiva atribuição do poder público é necessário estabelecer negociações que estejam dentro de suas possibilidades governamentais. Além disso, outro recurso é mobilizar os setores da sociedade que de alguma forma possam auxiliar na concretização dos projetos relativos à solução dos problemas apurados são maneiras de dar andamento às ações de correção, reversão e erradicação de problemas.
   
Elaboração prática da Agenda 21 Escolar

Segundo o documento Agenda 21 Escolar, o planejamento para a sua implementação envolve os seguintes passos:
 O 1.º passo é a realização de fórum, convocado de maneira oficial, para início dos trabalhos de implementação da Agenda 21 do estabelecimento educacional em que for implantada. Nesse fórum deverão ser escolhidos os participantes da respectiva comissão, que será presidida por um Coor-denador Técnico, com o resumo dos trabalhos anotados por um relator. A comissão deverá contar, na medida do possível, com elementos da escola - tanto do corpo discente como do corpo docente -, da comunidade, do poder público, das lideranças locais, entidades não governamentais, etc.
 2.º passo: buscar a participação popular para o fórum e as reuniões periódicas da agenda, para o auxílio na detecção de problemas e em sua erradicação ou minimização. Buscar o auxílio dos órgãos da imprensa, para apoio educacional e jornalístico e de órgãos do poder público ligado aos problemas apontados;
 3.º passo: promover ações dentro da escola, com os alunos, na pesquisa das situações prejudiciais ou degradantes e na elaboração de concursos, como redação e poesia sobre temas correlatos, gincanas educativas e construtivas, jogos cooperativos, atividades que possam despertar o sentimento de amor pela comunidade e de patriotismo, como ações voluntá-rias de ajuda a doentes, deficientes, desempregados, etc;
 4.º passo: trabalhar com ações práticas e economicamente viáveis, dentro de um processo de educação ambiental entrelaçado com criação de hortas comunitárias, ou hortas individuais, coleta seletiva de lixo e comercialização do lixo reciclável, cursos sobre compostagem dos resíduos orgânicos e sua aplicação nas hortas, comunitárias ou individuais, saneamento e tratamento de resíduos nas áreas rurais, etc;
 5.º passo: identificar os temas que serão incluídos no documento inicial a ser elaborado pela comissão escolhida e que se chamará “Agenda 21 Escolar da Escola.....”, devendo esses temas ser identificados pela comissão e pela comunidade participante do fórum. Os temas não deverão ultrapassar dez ou doze, para que não se impossibilite a realização de tarefas em todas as frentes. É conveniente que sejam escolhidos especialistas ou professores das respectivas áreas para que, de início, façam um relatório da situação atual da comunidade a ser trabalhada, ou seja, o cenário inicial dos trabalhos, assim como um cenário do passado e uma projeção de um cenário ideal em um determinado prazo - 10 anos, por exemplo, dando publicidade desse levantamento;
 6.º passo: elaboração de projetos e/ou planos estratégicos, ou seja, a discriminação, passo a passo, das atividades necessárias à realização dos objetivos previstos em cada um dos temas selecionados para a agenda, com cálculo de custos, de recursos materiais e humanos;
 7.º passo: finalmente, a implementação prática, etapa por etapa, daquelas previstas nos projetos e/ou planos estratégicos, angariando os recursos necessários dentro do plano de ação e atendendo às necessidades da etapa em andamento.

Acompanhamento dos trabalhos da Agenda 21 Escolar

A Agenda 21 sugere as seguintes estratégias para o acompanhamento das atividades que propõe.
I - Reuniões dos Coordenadores das Agendas 21 Escolares implantadas, periodicamente, sugerindo-se que isso ocorra de três em três meses, para troca de informações e experiências, que serão levadas aos respectivos fóruns permanentes;
II - Realização periódica de Seminários e Cursos de Atualização e Capacitação para os participantes efetivos dos fóruns permanentes de debates e demais interessados, buscando envolver o pessoal dos órgãos governamentais, como o Ministério do Meio Ambiente, Ministério das Cidades, Secretaria Estadual de Meio Ambiente, Secretarias Municipais de Educação, Planejamento, Saúde, Social, órgãos de Infância e Adolescência, etc.
A agenda deverá ter sempre como meta alcançar a sustentabilidade econômica da comunidade, a preservação e implementação de áreas de preservação e os respectivos cuidados, o cunho permanente de educação individual, familiar, social e ambiental, interligados dentro das ações previstas na agenda; o trabalho cooperativo, a criação de núcleos de apoio social, o fortalecimento das instituições oficiais e de liderança da comunidade. Ela sempre será reconstituída, reconstruída, repassada, corrigida dentro dos fóruns de discussão e de acordo com a avaliação dos rumos dos trabalhos, as fontes de financiamento, as parcerias, novos problemas que possam surgir, novas soluções encontradas.
Os fóruns de discussão são permanentes, devendo a periodicidade ser decidida pela respectiva comissão, e nele deverão ser sempre revistos e repassados os trabalhos do período. Além disso, deverão estar sempre abertos à participação de todos os membros da comunidade, do poder público, da imprensa, de entidades de apoio, de patrocinadores, enfim, de quem recebe apoio humano, material ou financeiro. A agenda poderá ter início com ações de menor impacto, dependendo de suas possibilidades, e será enriquecida posteriormente pela experiência dos participantes, do aumento do grupo, de maiores patrocínios, de maior apoio dos órgãos de política pública, etc.
O sucesso da implantação da agenda 21 escolar em cada município depende apenas do empenho com que as pessoas a apoiarem, no âmbito de influência de cada escola, se disponham a aplicar em benefício da comunidade escolar e da comunidade influenciada, e, por extensão a todo planeta terra.