Morfologia Externa e Interna das Flores Típicas de Angiospermas

Temática: Morfologia Externa e Interna das Flores Típicas de Angiospermas


A flor é o elemento de reprodução nas plantas superiores. Chamamos de flor típica a encontrada nas angiospermas (plantas com sementes, flores e frutos, consideradas as mais abundantes e diversificadas da atualidade e que dominam o ambiente terrestre).

A flor nas angiospermas é compreendida, segundo OLIVEIRA (2003), como um ramo de crescimento determinado, provido quando completo, de dois verticilos férteis (carpelo e estame) e dois verticilos estéreis (sépalas e pétalas), além de um pedúnculo e do receptáculo floral.







O nome verticilo floral representa o conjunto de elementos semelhantes existentes numa flor. Portanto, qualquer um dos verticilos presentes em uma flor pode ser encontrado sozinho ou não, sendo atribuída uma nomenclatura específica para o agrupamento de tais estruturas.  Os carpelos são os verticilos férteis femininos da flor, formados por um ovário na base (onde estão contidos os óvulos); por um prolongamento (o estilete) e uma porção terminal (o estigma), onde se aderem os grãos de pólen. O conjunto de carpelos de uma flor forma o GINECEU.

Os estames são formados por um pedúnculo fino, denominado filete, que sustenta as anteras, onde estão presentes os grãos de pólen. O conjunto de estames de uma flor constitui o chamado ANDROCEU. As flores podem apresentar os dois verticilos férteis (carpelo e estame) na mesma flor ou cada flor apresenta um dos verticilos. No primeiro caso, a flor é denominada MONÓCLINA ou HERMAFRODITA (situação muito comum e prevalecente dentro do grupo das angiospermas). No segundo caso, a flor é denominada DÍCLINA.

Quando uma flor apresenta tanto verticilos férteis masculinos como femininos, ela também é costumeiramente designada como PERFEITA, em oposição às flores diclinas, ditas IMPERFEITAS. 

Exemplos de flores monóclinas e díclinas encontradas na natureza é, respectivamente, a tulipa e o mamão. Outros exemplos de flores monóclinas são as flores do hibisco e da rosa.

Monóclina - Díclina


Os verticilos estéreis da flor costumam estar presentes em conjuntos. O conjunto de pétalas de uma flor é denominado COROLA e o conjunto de sépalas CÁLICE, sendo que o conjunto Cálice + Corola denominamos de PERIANTO. O cálice e a corola são considerados acessórios, pois não tomam parte direta na reprodução. Porém também desempenham cada quais funções importantes na flor. As pétalas têm como principal característica atuar na atração de agentes polinizadores, isto é, auxiliar na atração de animais que possam transportar os grãos de pólen da estrutura masculina de uma flor para a estrutura feminina de outra flor. Por esta razão que pétalas são vivamente coloridas e chamativas, o que pode também não ocorrer. Por exemplo, a flor de ylang-ylang, uma interessante planta aromática, possui corola verde, mas em compensação sua flor exala um odor muito forte.



As sépalas por sua vez podem ser verdes ou coloridas e envolvem as outras partes florais. Há situações, porém, nas quais as sépalas tornam-se vivamente coloridas, pelo qual exerce a função de atratividade desempenhada geralmente pelas pétalas.






É o caso encontrado em uma planta chamado esporinha.  Em outros casos na natureza, folhas modificadas denominadas BRÁCTEAS podem atuar na atração de agentes polinizadores. Isso geralmente ocorre quando as flores apresentam periantos muito pequenos e desprovidos de atratividade. Exemplos comuns são encontrados no antúrio, na primavera e na asa-de-papagaio.




Na flor de lírio, bem como em outras plantas do grupo das monocotiledôneas, o cálice e a corola quase não se distinguem, a não ser pela situação (o cálice é o invólucro mais externo). Nesse caso, chamamos cada elemento estéril de TÉPALA, sendo o seu conjunto denominado PERIGÔNIO.




O OVÁRIO DA FLOR





O ovário é a parte basal do carpelo, no interior do qual estão presentes os óvulos. A posição do ovário numa flor pode variar em relação aos outros elementos florais. Quando não há soldadura do ovário com as outras partes florais, chamamos a flor de HIPÓGINA e o ovário de SÚPERO. Quando o ovário é livre, mas há soldadura da base das outras partes florais, formando uma estrutura chamada hipanto, chamamos a flor de PERÍGINA e quando o ovário aparece soldado ao hipanto, chamamos a flor de EPÍGINA e o ovário de ÍNFERO. Esquemas desses três tipos de flores estão mostrados na figura 3.



Um corte transversal do ovário de uma flor evidencia o número de folhas carpelares que entraram na sua formação.

O interior do ovário é preenchido por uma cavidade denominada LÓCULO. O número de lóculos geralmente está associado ao número de folhas carpelares, pois os septos que dividem a cavidade do ovário se formam no ponto de união dessas folhas. Por exemplo, quando fazemos o corte transversal do ovário de uma flor de lírio, observamos claramente a estrutura trímera da flor, isto é, a presença de três lóculos bastante nítidos. Dentro de cada lóculo encontramos óvulos.  O número de óvulos contidos no interior do ovário é bastante variável. Estes ficam presos a uma determinada região da parede do ovário, denominada PLACENTA. Por essa razão, a disposição dos óvulos no interior do ovário pode ser importante na identificação de uma planta. Chamamos essa disposição de PLACENTAÇÃO.

Filo Platyhelminthes



O Filo Platyhelmintes (plathys= achatado + helmin= verme) são animais compridos, bilaterais acelomados (ausência de celoma) e sem apêndices. São triblásticos, isto é, possuem três camadas celulares que são ectoderme (externa), a mesoderme e a endoderme (interna).

Os platelmintos incluem forma livre e parasitária. Três classes são completamente parasitárias e incluem os Trematoda, os Monogenea e os Cestoidea (solitárias). A quarta classe os Turbellaria, são os únicos de vida livre sendo certamente o grupo a partir do qual surgiram os ancestrais das três classes parasitárias.

A maioria dos turbelários possui epiderme ciliada que se estende por uma membrana basal. O rabdito é um envoltório mucoso, protetor ao redor do corpo quando há perda de água. Os Trematodas, Monogeneas e Cestodas, não possuem cílios e ao invés de epiderme possuem tegumento.

O sistema muscular possui forma de bainha e origem mesodérmica, camadas de fibras circulares, longitudinais e algumas vezes oblíquas abaixo da epiderme.


O único espaço na cavidade do corpo é ocupado pelo tubo digestivo. Os espaços entre os órgãos são preenchidos com parênquima, uma forma de tecido conjuntivo ou mesênquima. O sistema digestivo é incompleto do (com boca, mas sem ânus) tipo gastrovascular, ausentes em alguns animais.

Eles são considerados primitivos em virtude da boca possuir uma única abertura para o trato digestório, eles não possuem cavidade corporal, não há nenhum sistema respiratório, sanguíneo e esquelético.

sistema nervoso dos platelmintos possui um par de gânglios anteriores com cordões nervosos latitudinais conectados por nervos transversais e localizados no mesênquima. Os órgãos sensoriais são simples com a presença de ocelos em alguns.



O sistema excretor apresenta dois canais laterais com ramos que apresentam as células-flama (protonefrídeos) fechados na extremidade proximal. Essas células são ausentes em algumas formas primitivas.



A maioria dos platelmintos possui sistemas mais elaborados de órgãos glandulares musculares, que formam sistemas reprodutores hermafroditas extremamente complicados. A maioria dos turbelários reproduz-se sexuadamente e assexuadamente (fissão).





Virtualmente todos os platelmintos são monóicos (hemafroditas), mas possuem fertilização cruzada. O vitelo para a nutrição do embrião é contido dentro da própria célula ovo (ovos endocélicos) enquanto outros turbelários como os tremátodes, monogêneos e céstodes, possuem os gametas femininos com pouco ou nenhum vitelo e várias dessas células circundam o zigoto dentro da cápsula do ovo denominado ectocélico.
As formas parasitárias têm problemas ainda maiores. Elas possuem sistemas reprodutores ainda mais elaborados e uma série de larvas que facilitam a transferência entre hospedeiros.

As planárias apresentam grande poder de regeneração. Em condições adversas este animal pode perder suas estruturas diferenciadas e encolher-se, aumentando novamente de tamanho e complexidade quando o ambiente tornar-se favorável.



Simbiose e Parasitismo


Muitos organismos dependem, para sua existência, de uma relação fisiológica íntima com outros organismos. Este relacionamento é conhecido como simbiose (do grego symbiosis, viver junto). O organismo maior é designado hospedeiro (pode receber benefício ou não) e o menor simbionte (recebe benefício). A relação simbiôntica normalmente é obrigatória para o simbionte, o que significa que este não pode viver sem o hospedeiro. Quando o simbionte pode viver sem o hospedeiro é chamada facultativa. Quando tanto simbionte como hospedeiro são beneficiados a relação denomina-se mutualismo, é o caso das algas que vivem nos amebócitos das esponjas dulcícolas e nas células gastrodérmicas dos corais. O metabolismo de cada espécie está associado à presença do outro organismo.

No comensalismo, o hospedeiro não se beneficia, nem é prejudicado. O simbionte, ou comensal protege-se ou utiliza o excedente alimentar do hospedeiro. O peixe palhaço que vive entre os tentáculos de anêmonas é um comensal. As anêmonas podem sobreviver sem os seus simbiontes, mas o peixe não pode viver sozinho.

A relação simbiôntica mais comum é o parasitismo. Neste caso, o hospedeiro é prejudicado pela presença do simbionte ou parasita. Há os parasitas que vivem na superfície externa do hospedeiro (ectoparasitas) e os que vivem internamente (endoparasitas). Alguns parasitas necessitam de dois hospedeiros para completar seu ciclo biológico. O hospedeiro do estágio de larva é o hospedeiro intermediário; e o do estágio adulto o hospedeiro primário.

Quase sempre o benefício que o parasita recebe do hospedeiro é a alimentação. Os parasitas alimentam-se dos tecidos, dos líquidos corpóreos ou do alimento ingerido pelo hospedeiro. Quando o parasita encontra-se dentro de alguma parte do corpo do hospedeiro, ele tem ainda a vantagem de estar protegido. Esta relação, no entanto, apresenta alguns problemas. O principal é encontrar e penetrar em novos hospedeiros.

Os ectoparasitas (que vivem fora) que não se alimentam com frequência constante podem apresentar uma parte do aparelho digestivo modificada para o armazenamento. Por outro lado, alguns endoparasitas que se utilizam de alimentos já digeridos pelo hospedeiro perdem totalmente o aparelho digestivo. O problema da penetração e fixação no hospedeiro resultou na evolução de uma grande variedade de estruturas como ventosas, ganchos e dentes. Certas enzimas podem facilitar a penetração em algumas espécies. A entrada mais comum dos endoparasitas é a boca do hospedeiro. O parasita pode permanecer no aparelho digestivo do hospedeiro ou, como em algumas espécies, perfurar a sua parede, alcançando assim outros órgãos.

O problema de encontrar novos hospedeiros fez com que muitos parasitas produzissem uma quantidade enorme de ovos ou passassem por outros estágios de desenvolvimento. A espécie é perpetuada apenas se um pequeno número de indivíduos encontra seu próprio hospedeiro. O aparelho reprodutor dos parasitas é altamente desenvolvido para a produção de um grande número de gametas. Em alguns parasitas, a maior parte do corpo está voltada para a reprodução.

As estruturas dos endoparasitas (que vivem dentro) geralmente refletem o meio em que eles vivem. A locomoção está reduzida e os órgãos sensoriais que são encontrados nas formas de vida livre estão ausentes. O sistema nervoso é bastante reduzido. Não existem órgãos para troca gasosa. No entanto, o meio interno dos hospedeiros pode ser bastante desfavorável, a falta de oxigênio em determinadas partes, como no intestino dos hospedeiros, faz com que os parasitas realizem respiração anaeróbica. O pH e a pressão osmótica dos hospedeiros podem ser bem diferentes daqueles dos parasitas. Além disso, eles podem estar sujeitos à ação de enzimas digestivas e outras reações dos hospedeiros.

Os vermes planos parasitas compreendem três classes: Monogenea, Trematoda, que incluem as fascíolas, e os Cestoda, que correspondem às tênias ou solitárias. Esses três grupos de vermes planos, junto com os vermes arredondados parasitas, constituem a maior parte dos vermes de hábitos parasitários de grande importância médica e econômica. As fascíolas e as tênias evoluíram independentemente dos turbelários de vida livre.


Classe Turbellaria




A grande maioria são vermes livre-natantes, que podem variar de 5 mm até 50 cm de comprimento. Em maioria são rastejantes com movimentos ciliares para realizar a locomoção.

A característica utilizada para diferenciar as ordens de turbelários é a forma do intestino que pode ser presente ou ausente, simples ou ramificado. A faringe pode ser simples, plicada ou bulbosa. Os turbelários com ovos endolécitos apresentam um intestino simples ou não o possuem e possuem uma faringe simples, já em outro, esta é ausente.

Os Policládidos estão presentes em habitat marinho e podem apresentar tamanho variando de 3 a mais de 40 mm, já o intestino é altamente ramificado com seu maior tamanho entre os turbelários. A ordem Tricladida possui ovos ectocélicos e incluem a planária de água doce e apresentam intestino com três ramos.

A ordem Acoela são indivíduos pequenos e possuem uma boca e não possuindo nenhuma atividade gastrovascular ou excretor. O alimento passa pela boca através da mesênquimas, onde as células de fagocitose da gastroderme digerem o alimento intracelularmente.


Classe Monogenea


São constituídos por cerca de 1.100 espécies de monogêneos. São predominantemente ectoparasitas de vertebrados aquáticos, especialmente peixes (mas anfíbios e répteis também são hospedeiros). Como se prendem à pele de um hospedeiro de movimentos rápidos, os monogêneos são dorsoventralmente achatados e possuem um grande órgão de ligação posterior, o haptor, que porta ganchos e ventosas, permitindo que o parasita se grude tenazmente ao hospedeiro. O ciclo de vida monogêneo é diferente dos Digenea, pois não há hospedeiro intermediário, e de um ovo eclode uma larva ciliada denominada de oncomiracidio que origina um verme adulto, daí o nome monogenea, que significa "uma geração".



Os gêneros comuns são: Gyrodactylus, Dactylogyrus sendo ambos de importância econômica aos produtores de peixes, e Polystoma, encontrado na bexiga urinária de anfíbios.


Classe Cestoidea


Os Cestoidea, representado principalmente pelas tênias, são os mais evolutivamente derivados das classes de vermes chatos. As 3.400 espécies de Cestoidea são endoparasitas com um corpo recoberto por um tegumento sincicial como nos Digenea e nos Monogenea, mas os cestóides têm modificações tegumentares especiais associadas com o consumo de nutrientes, pois não têm trato digestivo.

Os cestoides são geralmente conhecidos como solitárias. O corpo de uma solitária adulta é diferente daquele dos outros vermes chatos em que existe uma região de cabeça anterior (escólex), que é adaptada para aderir ao hospedeiro. Por trás do escólex encontra-se um colo estreito, que é proliferativo e dá origem ao corpo, algumas vezes chamado de estróbilo. O estróbilo consiste de secções segmentares linearmente arranjadas, chamadas proglótides, que constituem a maior parte do verme. As solitárias são geralmente longas; algumas espécies podem atingir comprimentos de 15m. O escólex, o colo e o estróbilo são considerados como um único indivíduo e não como uma colônia.




Comparado com as proglótides maduras, o escólex é frequentemente diminuto. Geralmente é uma saliência de quatro lados provida com ventosas ou ganchos para a ligação com a parede intestinal do hospedeiro. Embora haja geralmente quatro grandes ventosas arranjadas ao redor dos lados do escólex nas solitárias tais como a Taenia, o escólex é frequentemente uma estrutura mais complexa nos outros representantes.

As camadas musculares das solitárias consistem das camadas circular e longitudinal comuns, mas, além disso, há uma musculatura de fibras longitudinais, transversais e dorsoventrais, que inclui o parênquima interior.

O sistema nervoso, protonefrídios e a musculatura longitudinal se estendem através da cadeia de proglótides. Uma massa nervosa anterior repousa no escólex e os dois cordões longitudinais laterais se estendem posteriormente através dos estróbilos. Pode também haver um par de cordões dorsal e ventral e, mais comumente, os cordões laterais acessórios. As comissuras anelares conectam os cordões longitudinais em cada proglótide.

Ocorre um sistema reprodutivo completo dentro de cada proglótide e este constitui uma parte importante de cada uma dessas secções corporais. O sistema reprodutivo da solitária é basicamente semelhante ao dos Digenea. Há geralmente um átrio e um gonóporo masculino e feminino comuns. No entanto, a solitária difere de muitos digêneos no fato de que um canal vaginal separado se estende entre o átrio genital e o receptáculo seminal próximo ao lado do oótipo. O útero é geralmente um saco cego que se estende para fora do oótipo no interior do parênquima da proglótide e funciona somente no armazenamento dos ovos maduros.



A fertilização cruzada é provavelmente à regra onde houver mais de um verme no intestino do hospedeiro, mas sabe-se que ocorre uma autofertilização entre duas proglótides no mesmo estróbilo ou mesmo dentro da mesma proglótide.

Na cópula, o cirro do macho se everte no interior da abertura vaginal da proglótide de um verme adjacente. O esperma é armazenado no receptáculo seminal do sistema feminino e depois liberado para a fertilização dos ovos no oviduto antes de entrar no oótipo junto com um número de células de gema. O zigoto permanece no útero de extremidade cega, onde o desenvolvimento começa e a cápsula ovígera fica endurecida. Em muitos casos, as proglótides terminais (embaladas com cápsulas ovígeras) se separam do estróbilo. As cápsulas se liberam da proglótide, ou dentro do intestino do hospedeiro ou após saírem com as fezes.

As solitárias são endoparasitas nos intestinos de todas as classes de vertebrados. Seus ciclos de vida exigem um, dois ou algumas vezes mais hospedeiros intermediários, que são geralmente artrópodos e vertebrados. Encontram-se incluídos aqui dois ciclos de vida: em um a transmissão se dá por meio de uma cadeia alimentar aquática; na outra, a transmissão é terrestre.

Download - Manual das doenças transmitidas por alimentos – Taenia Saginata e Teníase





As espécies da família Taeniidae estão entre as solitárias mais conhecidas. A solitária bovina (Taenia saginatus) é cosmopolita e uma das espécies mais comumente ocorrentes nos humanos, onde vive no intestino e pode atingir um comprimento de mais de 3m. As proglótides contendo ovos embrionados são eliminadas através do ânus, geralmente com fezes. Se uma pessoa infectada defecar em um pasto, as cápsulas ovígeras podem ser ingeridas pelos bovinos em pastejo. Ao eclodir no intestino do hospedeiro intermediário, a oncosfera (portando três pares de ganchos) perfura a parede intestinal, onde é capturada pelo sistema circulatório e é transportada para o músculo estriado. A oncosfera se desenvolve em um metacestodo, nesse caso chamado de cisticerco. O cisticerco (algumas vezes chamado de verme-bexiga) é um verme oval com cerca de 10 mm de comprimento, com um escólex invaginado. Se os humanos ingerirem uma carne crua ou insuficientemente cozida, o cisticerco se libera e o escólex evagina, proliferando numerosas proglótides para que se desenvolvam em um verme adulto no intestino.



A solitária suína (Taenia solium) também é um parasita de humanos, mas o hospedeiro intermediário é o suíno e o cisticerco provém de sua carne. A Taenia pisifonnis ocorre nos gatos e nos cães, com os coelhos como hospedeiros intermediários. Essa ordem (Cyclophyllidea) contém solitárias que são predominantemente parasitas de aves e mamíferos. Os vertebrados, insetos, carrapatos, anelídeos e moluscos servem como seus hospedeiros intermediários.



Uma infecção severa de solitárias adultas pode causar diarreia, perda de peso e reações aos resíduos tóxicos do verme. Os vermes podem ser eliminados facilmente com drogas. Muito mais sérias são as infecções "acidentais" com os cisticercos tendo os humanos no papel de hospedeiro intermediário. No caso da solitária suína (Taenia solium) e da solitária canina (Echinococcus granulosus), pode ocorrer uma doença séria nos humanos. O verme-bexiga ou hidatídeo do Echinococcus se desenvolve principalmente no pulmão ou no fígado, mas também pode se desenvolver em muitos outros locais. Os cisticercos da solitária suína se desenvolvem no tecido conjuntivo subcutâneo e no olho, no cérebro, no coração e em outros órgãos. Os vermes-bexiga de ambas as espécies constituem riscos de vida quando crescem em lugares tais como o cérebro e podem danificar muito qualquer lugar. Os cistos hidáticos podem atingir um tamanho grande e conter um grande volume de fluido (até muitos litros), que se for liberado no interior do hospedeiro pode causar reações severas. Os cistos do verme-bexiga só podem ser removidos por meio de uma cirurgia.

Cisticercos no cérebro humano


Classe Trematoda

Os trematódeos são vermes parasitas e como os adultos a maioria é endoparasita de vertebrados. Apresentam forma foliácea e semelhante aos turbelários de ovos ectocélicos, a diferença está no tegumento que não possui cílios no adulto. Esses animais retêm várias características ancestrais como canal alimentar bem desenvolvido com a boca na região cefálica e sistema reprodutivo, excretor e nervoso semelhantes e os órgãos dos sentidos são pouco desenvolvidos.



Esta classe inclui duas subclasses de vermes chatos parasitas intimamente relacionados, os Digenea (importância econômica e médica) e os Aspidogastrea (sem nenhuma importância médica ou econômica).

Subclasse Digenea

Existem aproximadamente 11.000 espécies de digêneos, mais do que todos os outros vermes chatos combinados, e eles são os segundos em diversidade entre os parasitas metazoários (perdem somente para os vermes redondos). Alguns causam doenças debilitantes nos animais domésticos e nos humanos. Variam em tamanho de aproximadamente 0.2mm a 6.0cm de comprimento. O desenvolvimento é indireto, e o ciclo de vida sempre inclui pelo menos dois estágios infectivos, o que responde pelo nome Digenea, que significa "duas gerações". Dois ou mais hospedeiros são infectados antes de se completar o ciclo. O primeiro hospedeiro intermediário é tipicamente um caramujo gastrópodo; caso um segundo hospedeiro intermediário esteja envolvido, ele é geralmente um artrópodo, e o hospedeiro definitivo é um vertebrado. Tendo invadido com sucesso o primeiro hospedeiro intermediário, os estágios de desenvolvimento digêneos sofrem duas rodadas de divisões assexuadas, que aumentam enormemente o seu número, e consequentemente as suas chances de completar o ciclo de vida. Consequentemente, um ovo dá origem a dúzias de adultos sexuais no hospedeiro definitivo.

O ciclo de vida dos digêneos varia, dependendo da espécie, mas é possível se descrever um padrão geral.  Uma fascíola adulta libera ovos em cápsulas que devem ser eliminados pelo hospedeiro. Os ovos são geralmente eliminados nas fezes, embora em algumas espécies saiam na urina ou no esputo. A primeira clivagem divide cada zigoto em duas células: uma célula somática e uma célula germinativa. As células somáticas tomam o corpo do parasita e as células germinativas são reprodutivas. Quando o ovo deixa o corpo do hospedeiro, poderá ser ingerido acidentalmente pelo primeiro hospedeiro intermediário (geralmente um evento terrestre), ou, nas situações aquáticas, um miracídio ciliado geralmente eclode a partir da cápsula, procura e penetra ativamente na pele do hospedeiro gastrópodo. Uma vez na hemocele do caramujo, o miracídio se metamorfoseia em um esporocisto sacular, contendo um número de células germinativas que se divide e darão origem uma outra geração de esporocistos ou a uma rédia, que também tem numerosas células germinais no seu interior. Cada célula germinativa se desenvolve em uma cercária. A cercária, o quarto estágio de desenvolvimento, possui um trato digestivo, ventoso e uma cauda. A cercária deixa o hospedeiro-caramujo e é geralmente livre-natante. Onde houver um segundo hospedeiro intermediário, este pode ser um invertebrado (comumente um artrópodo) ou um vertebrado (comumente um peixe) no qual a cercária se encista, perdendo a sua cauda. O estágio de repouso encistado é chamado de metacercária. Se o artrópodo-hospedeiro e a sua metacercária forem ingeridos pelo hospedeiro vertebrado final, a metacercária escapa de seu cisto, migra e cresce até o estágio adulto dentro de uma localização característica no hospedeiro final. Em muitos digêneos, as cercárias se encistam na vegetação aquática e são ingeridas pelo hospedeiro definitivo.



A grande maioria dos digêneos infecta o intestino ou os derivados intestinais do seu hospedeiro definitivo. Os pulmões, os dutos biliares, os dutos pancreáticos e os intestinos constituem locais comuns.

O sistema reprodutivo é semelhante ao dos turbelários neoóforos, mas a produção de ovos é estimada como sendo 10.000 a 100.000 vezes maior que a dos vermes chatos de vida livre. Existem geralmente dois testículos, e a sua posição tem importância taxonômica.

Uma vez liberados do ovário, os ovos são fertilizados no oviduto ou no interior do oótipo. Em virtude dos ovos dos digêneos serem ectolécitos, como os dos turbelários neoóforos, a gema é fornecida pelas células de gema, que também transportam o material necessário para a formação da cápsula ovígera. As cápsulas ovígeras passam ao longo de todo o comprimento do útero, onde geralmente começa o desenvolvimento embrionário, e finalmente são liberadas do gonóporo.


Exemplos de Ciclo de Vida  
  
A fascíola hepática chinesa, Opisthorchis (ou Clonorchis) sinensis, infecta os dutos biliares de mais de 20 milhões de asiáticos orientais. As fascíolas adultas atingem 2.5cm de comprimento e podem viver por 8 anos, com cada fascíola produzindo 4.000 ovos por dia por até 6 meses do ano.



Os ovos da fascíola hepática chinesa são eliminados nas fezes dos humanos e dos animais domésticos (especialmente os cães) na água, onde são consumidos por determinadas espécies de caramujos gastrópodos aquáticos, os primeiros hospedeiros intermediários. Uma vez ingerido pelo caramujo, o miracídio penetra na parede intestinal e se metamorfoseia em um esporocisto dentro dos tecidos do hospedeiro. O esporocisto produz a geração das rédias, que dá origem as cercárias que escapam para a água. Cada cercária nada à superfície utilizando a cauda muscular e depois afunda lentamente através da água até que entre em contato com um objeto inerte, ou seja, perturbada por uma turbulência na água. Quando isso acontece, a cercária é estimulada a retomar a superfície onde afunda novamente. Esse comportamento de nado e afundamento repetitivo mantém a cercária fora do fundo, onde é mais provável que encontre o segundo hospedeiro intermediário (um peixe). Em contato com um peixe, a cercária se prende com suas ventosas, perde sua cauda e perfura a pele do peixe. No interior do tecido subcutâneo ou da musculatura, a cercária se encista para formar uma metacercária. Quando os humanos ou outros mamíferos ingerem o peixe cru, os vermes jovens emergem de seus cistos no intestino delgado e migram para os dutos biliares.

Existem três famílias de digêneos que habitam o sangue de seus hospedeiros, mas certamente a mais conhecida das fascíolas sangüíneas pertence à família Schistosomatidae, que contém espécies que produzem a doença humana conhecida como esquistossomose. O Schistosoma mansoni, uma das várias espécies parasitas dos humanos, ocorre na África e nas áreas tropicais do Novo Mundo. O adulto, como o das outras espécies de esquistossomos, habita as veias intestinais. Os membros dessa família, ao contrário da maioria dos outros vermes chatos, são dióicos, com um macho e uma fêmea permanentemente pareados por toda a vida. O macho tem 6 a 10mm de comprimento e 0.5mm de largura. Outros membros dos Schistosomatidae infectam várias aves e mamíferos, incluindo as espécies domésticas. A "sarna de nadador" é uma irritação produzida pela penetração incompleta de cercárias de fascíolas sangüíneas de aves na pele humana.



Combate ao parasita e importância econômica

Os efeitos dos tremátodes em humanos dependem da extensão da infecção. Uma maior infecção pode resultar até mesmo em morte. Os casos são diagnosticados através de exames fecais. Para evitar a infecção, todos os peixes utilizados como alimento deveriam ser completamente cozidos. A destruição dos caramujos é uma maneira de controle desses parasitas.

A condição é mais aborrecedora que propriamente um caso de saúde para tratamento, mas podem existir perdas econômicas para as pessoas dependentes dos ambientes infectados.


Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Ciências Naturais e Biológicas e Eixos Temáticos

No Brasil, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) são diretrizes elaboradas pelo Governo Federal que orientam a educação. São separados por disciplina. Além da rede pública, a rede privada de ensino também adota os parâmetros, porém sem caráter obrigatório.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais de ciências no ensino fundamental:



Os Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Médio foram instituídos como Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio por meio da Resolução CEB nº 3, de 26 de junho de 1998, que foi precedida por debates com setores organizados da sociedade civil e por formulações de consultores e especialistas na área educacional.


Os Parâmetros Curriculares Nacionais de ciências no ensino médio:



Coleção - Explorando o ensino de Biologia



Eixos Temáticos


Com o propósito de organizar a eleição e a articulação entre os diversos conteúdos que compõem a área de Ciências Naturais, os PCNs propõem o desenvolvimento de quatro eixos temáticos que são: Vida e Ambiente, Ser Humano e Saúde, Terra e Universo e Tecnologia e Sociedade. A cada um desses eixos temáticos corresponde uma eleição de conteúdos articulados com o propósito de atender aos objetivos de Ciências Naturais para o Ensino Fundamental.

A compreensão dos fenômenos naturais articulados entre si e com a tecnologia, confere à área de Ciências Naturais uma perspectiva interdisciplinar, pois abrange conhecimentos biológicos, físicos, químicos, sociais, culturais e tecnológicos. A opção do professor em organizar os seus planos de ensino, segundo temas de trabalho e problemas para investigação, facilita o tratamento interdisciplinar das Ciências Naturais. É uma prática que, nesta área, já vem se tornando frequente e é recomendável, pois permite a organização de conteúdos de modo flexível e compatível com os seus critérios de seleção.

Alguns assuntos podem ser indicados para mais de um ciclo, considerando-se os eixos temáticos e os temas transversais: Meio Ambiente, Saúde, Orientação Sexual, Ética, Pluralidade Cultural, Trabalho e Consumo.

A transversalidade pode ser um caminho para abordar, na sala de aula de Ciências, questões atuais como poluição, desmatamento, doenças sexualmente transmissíveis e prevenção quanto ao uso de drogas.

Para exemplificar, o tema “alimentação” pode ser trabalhado tanto no primeiro ciclo como no terceiro. No primeiro ciclo pode ser sugerido aos alunos uma investigação comparativa dos ambientes, como hortas, pomares, grandes plantações e criações que dão origem aos alimentos: as informações podem ser coletadas em ilustrações informativas, visitas ou acompanhamento da própria horta escolar (“Vida e Ambiente”). Valoriza-se a higiene no preparo das refeições. Investigam-se os hábitos alimentares dos estudantes e a importância de uma alimentação variada. (“Ser humano e Saúde” e “Pluralidade Cultural”). A preparação artesanal ou industrial de alimentos pode ser investigada em visitas e oficinas (“Tecnologia e Sociedade”). Observe que três eixos temáticos foram trabalhados neste tema.

No terceiro ciclo o tema “alimentação” pode ser organizado inicialmente por meio de investigação sobre a participação humana em cadeias alimentares de vários ambientes e os diferentes processos de obtenção de alimento nos seres vivos (“Vida e Ambiente”). Os hábitos alimentares nas diversas culturas humanas também podem ser pesquisados (Pluralidade Cultural), interpretando rótulos de alimentos industrializados e comparando processos de conservação desses alimentos a processos domésticos (“Ser Humano e Saúde” e Tecnologia e Sociedade). A partir de dados estatísticos, é possível refletir sobre a fome e as doenças decorrentes de carência alimentar (“Saúde e Trabalho” e “Consumo”).

Como os peixes obtêm o oxigênio?

A função primordial das brânquias é a de realizar as trocas do oxigênio e gás carbono entre a água e a corrente sanguínea. Algumas famílias de peixes, principalmente as de regiões tropicais, precisaram adaptar o seu mecanismo de captação do oxigênio para águas com baixos níveis da molécula, utilizando regiões do corpo altamente vascularizadas, tais como boca, câmaras operculares, superfície do corpo, bexiga natatória, como órgãos acessórios para a respiração. Algumas poucas espécies desenvolveram respiração pulmonar, passando a utilizar uma bomba de sucção para a tomada do ar. Segue descrição das características mais importantes da respiração branquial e da aérea, utilizadas pelos peixes.

Peixes de respiração branquial:


Nos peixes, a área de superfície de uma brânquia deve ser grande o suficiente para promover as trocas gasosas. Por isso, espécies muito ativas apresentam maior área de membrana, pois a extensão da superfície branquial está relacionada com a atividade metabólica do animal. Os filamentos branquiais, em geral, encontram-se no interior do órgão respiratório protegido pelos opérculos, o que permite que a água circule sem comprometer a estrutura.
Para que as trocas gasosas sejam realizadas é necessário que se mantenha um estreito contato entre a água e as brânquias, além de haver um constante fluxo de água sobre as mesmas. Anatomicamente, as brânquias são formadas por diversos arcos principais, por onde se estendem duas fileiras de filamentos branquiais. A ponta destes filamentos projeta arcos adjacentes, os quais direcionam o fluxo da água. Em cada filamento existem lamelas achatadas, densamente enfileiradas e amplamente vascularizadas, por onde a água é conduzida. Assim, as trocas gasosas ocorrem à medida que a água flui por entre as lamelas. O fluxo de água gerado passa em direção oposta ao fluxo do sangue que irriga a região, o que é denominado de fluxo contracorrente. Neste sistema, quando o sangue está saindo da lamela branquial, já em concentrações mais elevadas de oxigênio, ele entra em contato com a água que está chegando nas brânquias, onde o oxigênio ainda não foi removido.
Desse modo, a lamela ao longo de toda a sua extensão consegue remover até 90% do oxigênio da água. As brânquias são estruturas adequadas para as trocas gasosas no meio aquático, pois quando expostas ao ar ficam sem condições de manter sua sustentação e grudam devido à adesão da superfície, impedindo a captação do oxigênio.
O movimento da água sobre as brânquias é realizado por meio do bombeamento por sucção ou pressão, combinado entre a cavidade oral e a cavidade opercular, o que mantém o fluxo contínuo de água sobre as brânquias. O fluxo da água que entra na cavidade oral pode ser aumentado pelo o abaixamento da mandíbula, assim como o volume de água que passa pela cavidade opercular pode ser aumentado por meio do movimento dos opérculos.
Na carpa (peixe ósseo), o processo de movimentação da água ocorre quando os opérculos se fecham e a cavidade oral aumenta, possibilitando a entrada de água na boca. Em seguida, as câmaras branquiais se expandem gerando uma pressão negativa e direcionando a água da cavidade oral para a branquial. A cavidade oral se contrai, as valvas orais são fechadas e a água é forçada a passar pelas brânquias. Por fim, as câmaras branquiais contraem-se forçando a saída da água através das aberturas operculares onde o refluxo é evitado pelas membranas que estão localizadas na margem dos opérculos.

Peixes de respiração aérea:

Muitas espécies de peixes vêm fazendo a transição entre a respiração aquática e aérea, principalmente as de água doce ou pertencente a regiões estuarinas. Muitos peixes empregam a respiração aérea somente em condições de hipóxia, como respiração acessória ou facultativa, em decorrência de alterações que reduzem significativamente os níveis de oxigênio da água. Esta situação pode ocorrer devido às mudanças sazonais estabelecidas pela falta de chuva, aumento da temperatura ou da decomposição de matéria orgânica. No entanto, outros peixes podem apresentar respiração aérea obrigatória (pulmonar), como resposta adaptativa para possibilitar a sobrevivência da espécie em condições de secas temporárias ou, ainda, de migrar para terra, tendo somente o ar como veículo para a obtenção do oxigênio.
Alguns peixes com respiração aérea possuem área branquial restrita, na qual apenas uma pequena troca dos gases pode ser efetuada. Neste caso, as trocas gasosas serão realizadas em regiões do corpo bastante vascularizadas, como a superfície cutânea, bucal, cavidade opercular, estômago, mucosa intestinal, bexiga natatória ou pulmão.
Muitos peixes, principalmente os teleósteos, têm desenvolvido mecanismos de respiração aérea obrigatória. Nestes animais, há uma distinção clara do papel das brânquias e pulmões na tomada de oxigênio e gás carbono. Devido à alta solubilidade do gás carbono na água e ao seu aparente coeficiente de difusão, a molécula se desloca mais rapidamente por meio das brânquias ou pele. Por outro lado, o oxigênio é obtido com mais eficiência pelas vias pulmonares.
Existem várias estratégias para a tomada de oxigênio dos peixes com respiração aérea facultativa, acessória ou obrigatória. Abaixo são descritas peculiaridades da enguia elétrica, do muçum e da piramboia, espécies de água doce encontradas nas regiões tropicais da América do Sul.
- A enguia elétrica (Electrophorus electricus), conhecida popularmente como poraquê, é um peixe de respiração acessória que utiliza basicamente a boca e cavidades operculares para a captação do oxigênio, afogando-se quando impedido de ter contato com o ar. Nesta espécie, o gás carbono é  provavelmente eliminado pelas brânquias rudimentares ou pele.
- O muçum (gên. Synbranchus), como é popularmente conhecido nos pântanos do Brasil, é um peixe com formato de enguia que vive na lama. Emprega a respiração aérea facultativa realizando as trocas gasosas através das brânquias, quando em contato com a água ou com o ar. O aumento dos níveis de gás carbono na água induz o animal a hipóxia, o que estimula a captação do oxigênio do ar.
- Os peixes pulmonados apresentam narinas internas, pulmões funcionais e sistema circulatório avançado, tendo sido descritas espécies na África, América do Sul e Austrália. A piramboia (Lepidosiren paradoxa), um peixe pulmonado encontrado na América do Sul, não apresenta dificuldade na tomada de oxigênio quando removida da água. Nesta espécie, quase todo o oxigênio é obtido pelos pulmões, mas somente 50% do gás carbono é liberado pelo órgão, sendo o restante eliminado pelas brânquias. Dentro do grupo dos peixes pulmonados o pulmão desta espécie é um dos mais desenvolvido, com estrutura pareada e bem compartimentalizada.   
No Brasil, a Amazônia é uma das regiões onde se encontra uma diversidade de peixes que transitam entre a respiração aérea e aquática. O clima é tropical, sujeito aos períodos de chuvas torrenciais e secas intensas. Por isso, os níveis de oxigênio dos rios oscilam entre hipóxia e normóxia devido às variações dos níveis de água, temperatura e decomposição da vegetação ribeirinha, cujo conjunto proporcionou esta riqueza natural. 



Respiração aérea acessória


Órgão utilizado para a respiração aérea
Nome científico
Nome comum
   Foto  
Brânquias
Synbranchus
Muçum
Boca e cavidade opercular
Electrophorus
Pôraque
Boca e cavidade opercular
Clarias
Catfish africano
Estômago
Plecostomus
Cascudo amarelo
Estômago
Anicistrus
Cascudo preto
Intestino
Hoplosternum
Tamboatá
Bexiga natatória
Arapaima
Pirarucú
Pulmão
Lepidosiren
Pirambóia


Muitos peixes respondem à diminuição da concentração do oxigênio se aproximando da superfície, engolfando uma bolha de ar que ajuda um pouco a oferta de oxigênio.
Outros peixes como os expostos na tabela acima, aperfeiçoaram outras interfaces respiratórias para garantir o suprimento sanguíneo, chegando ao extremo de dependerem mais do ar atmosférico do que os gases na água, como o pirarucu e a piramboia.
Como ambientes aquáticos com pouco oxigênio são mais comuns na água doce tropical temos bons exemplos desta adaptação em nosso meio.