Répteis

Temática: Répteis – Origem, Evolução e Classificação

A era Mesozoica é frequentemente chamada de a Era dos Répteis. Os répteis surgiram a partir de ancestrais anfíbios. Hoje são conhecidas por volta de 6.000 espécies viventes que incluem os lagartos, serpentes, tartarugas, jabutis, crocodilos, jacarés e a tuatara da Nova Zelândia. Das 16 ordens conhecidas, apenas quatro sobreviveram à extinção dos dinossauros.



Os répteis têm sua origem datada do final do Carbonífero. Sua evolução coincidiu com a grande expansão dos insetos alados e com o aumento em quantidade e diversidade de espécies vegetais terrestres. Acredita-se que os primeiros répteis eram de pequeno porte, semelhantes, quanto à forma, a um lagarto. Os répteis constituem o primeiro grupo de vertebrados adaptados à vida em lugares secos. A pele, antes fina e úmida dos anfíbios, agora, nos répteis, é seca e córnea. As escamas presentes resistem à perda de umidade do corpo facilitando a vida em terra num ambiente seco.

Uma característica extremamente importante da classe Reptilia é o surgimento do ovo amniótico.



O ovo possui uma casca dura externa que impede a dissecação do embrião e um conjunto de membranas que protegem o embrião em desenvolvimento, permitindo as trocas gasosas com o meio. A albumina confere proteção mecânica e constitui um reservatório de água e proteína. O vitelo fornece energia necessária ao desenvolvimento do embrião. As membranas são: o córion, que rodeia o embrião, âmnion, que é um saco que circunda o embrião que está imerso no líquido amniótico e a alantoína, uma membrana entre o córion e o âmnion que armazena os produtos do metabolismo do embrião. Os embriões dos répteis, aves e mamíferos se desenvolvem dentro do âmnion.




Deste modo, diferentemente dos anfíbios, os répteis não dependem mais da água ou de ambientes úmidos para sobreviverem.  Os vestígios dos répteis mais primitivos foram encontrados no início do Carbonífero Superior em troncos de árvores fósseis. Os répteis arcaicos são designados de Anapsideos (subclasse Anapsida). Neste tempo geológico, já havia vestígios dos répteis de uma linhagem precursora que viria a originar os mamíferos no Triásico (subclasse Sinapsida). A subclasse Diapsida reúne a maior parte dos répteis vivos e extintos.

Répteis diapsídeos tecodontes ancestrais diretos de dinossauros, crocodilos e aves eram quadrúpedes, mas alguns estavam desenvolvendo andar bípede, esse é um deles. O euparkeria era curioso, alguns acreditam que ele é de uma linhagem exclusiva de réptil.
erythrosuchus



No final do Triássico, os Sinapsídeos já haviam desaparecido e as duas grandes linhagens dos Diapsídeos começaram a prosperar e a diversificar-se. O primeiro grupo inclui a maioria dos répteis hoje vivos, as tuataras, os lagartos, serpentes e as cobras-de-duas-cabeças. O segundo, dos Arcossauros, inclui os já extintos dinossauros e os crocodilos, únicos representantes atuais dessa linhagem.  Os quelônios (representados pelas tartarugas) possuem características únicas, o que faz supor que tenham se separado dos répteis primitivos no início da evolução dos répteis. De qualquer modo, as tartarugas ainda são inclusas na subclasse dos Anapsídeos, a par da maior parte dos répteis conhecidos primitivos.  Os répteis atuais são representados por quatro ordens: Testudinata, Crocodilia, Rhyncocephalia e Squamata.



Ordem TESTUDINATA


O grupo tem cerca de 300 espécies e é formado pelas tartarugas marinhas e de água doce, pelos cágados, que vivem em água doce, e os jabutis, que vivem em terra firme.  O casco é o caráter distintivo do grupo. São duas conchas ósseas, uma carapaça dorsal e um plastrão ventral ligados lateralmente.  As tartarugas são tão especializadas que nenhum estado de caráter intermediário que as ligue aos outros vertebrados pode ser identificado. O pescoço é retrátil (com exceção das tartarugas marinhas) e os dentes ausentes. As mandíbulas são bem desenvolvidas e a língua não é extensível.  Os testudinatas têm vida longa, os jovens não atingem a maturidade antes dos sete anos de idade e os adultos podem viver até 14 anos ou mais.



Ordem CROCODILIA



É a ordem de répteis que inclui os crocodilos, jacarés e o gavial. São os maiores vertebrados que habitam a Terra e são conhecidas 23 espécies. O corpo destes animais é longo e a cabeça é comprida e grande. Possuem mandíbulas e maxilas poderosas com numerosos dentes cônicos. Os dedos têm garras e entre eles há uma membrana natatória que auxilia o deslocamento na água.
Todos têm algumas características em comum, como poderosas mandíbulas e pele grossa, mas a principal característica que os difere das demais ordens é a presença de um coração com quatro câmaras.  Os crocodilos habitam rios e lagos de água doce. Poucas espécies vivem no mar. São considerados animais semiaquáticos, pois quando não estão dentro da água estão próximos a ela.
Os filhotes começam a vocalizar antes de terem emergidos completamente dos ovos. As vocalizações são intensas e estimulam um ou ambos os pais a escavar o ninho, usando as patas e maxilas, para retirar os filhotes. Os crocodilos jovens permanecem perto da mãe por um período considerável – dois anos para o jacaré americano. Mas não são dependentes dos pais para a nutrição, os filhotes são capazes obter o próprio alimento logo após terem eclodido do ovo.



Ordem RHYNCHOCEPHALIA


Essa ordem reúne apenas duas espécies restritas à Nova Zelândia, conhecidas como tuataras. O nome tuatara quer dizer espinho no dorso (possuem uma fileira mediano dorsal de espinhos baixos) e é considerada uma espécie ameaçada.
 As tuataras apresentam características mistas entre lagartos, tartarugas e aves. São terrestres e habitantes de regiões frias por não suportarem temperaturas acima dos 27ºC. Os adultos são noturnos e os jovens diurnos, por serem as uma das presas favoritas das tuataras adultas.  Podem chegar aos cem anos de vida e crescem continuamente até aos 35 anos de vida.



Ordem SQUAMATA


Representada pelos lagartos, serpentes e cobras-de-duas-cabeças. Cerca de 95% dos répteis atuais pertencem aos Squamata, sendo 98% cobras e lagartos. Possuem pele com escamas ou placas epidérmicas córneas. Os lagartos pertencem à subordem Lacertilia.  São conhecidas por volta de 3.300 espécies que variam em tamanho desde as diminutas lagartixas, com apenas 3 cm de comprimento, até o dragão-de-Komodo, que na maturidade atinge cerca de 3 m de comprimento.  Cerca de 80% dos lagartos pesam, quando adultos, menos de 20 gramas e a grande maioria alimenta-se de insetos. Possuem quatro patas, pálpebras nos olhos, e ouvidos externos. Alguns tipos de lagarto são capazes de regenerar patas perdidas.
cobra-de-duas-cabeças
Muitas espécies são arborícolas e as mais especializadas são frequentemente achatadas lateralmente.  O registro fóssil dos Squamatas é bastante incompleto durante a metade do Mesozoico. Os principais grupos de lagartos provavelmente divergiram por volta do final do Jurássico. A mais antiga serpente conhecida é do Cretáceo superior. As cobras-de-duas-cabeças são conhecidas do Paleoceno, mas provavelmente originaram-se mais cedo.




As serpentes pertencem à subordem Ophidia


As cobras apresentam corpo longo e são desprovidas de pernas, pés, abertura dos ouvidos e bexiga urinária. Possuem olhos que não se movem, cobertos por escamas transparentes e sem pálpebras; A língua é delgada, bífida e protrátil. Os dentes são delgados e cônicos e estão presentes na mandíbula, maxilas e no teto da boca.



As cobras-de-duas-cabeças pertencem à subordem Amphisbaenia.    O nome cobra-de-duas-cabeças foi dado à estes animais por terem a cauda arredondada, mais ou menos no mesmo formato da cabeça. Os olhos são bem pequenos e ficam cobertos por uma pele sendo praticamente imperceptíveis ao observador, por isso são também chamadas de cobras-cegas. 




Temática: Répteis – Características Gerais





Os répteis desenvolveram uma série de características fundamentais para que pudessem habitar superfícies mais secas e até mesmo áridas. Entretanto, por serem animais ectotérmicos (como os peixes e anfíbios), isto é, a temperatura do corpo acompanha a do meio ambiente, os répteis habitam preferencialmente lugares quentes, não sobrevivendo em ambientes de baixas temperaturas. Por esta razão, são muito comuns em regiões tropicais e subtropicais da África, Ásia, Austrália e Américas, onde temperaturas mais altas e a grande oferta de alimento lhes permitem desenvolver-se. Vamos estudar agora as características morfológicas e fisiológicas destes animais que permitiram a conquista definitiva do ambiente terrestre.

Pele


A pele dos répteis é seca e córnea, desprovida de glândulas mucosas. É revestida por um escudo, nas tartarugas, por placas ósseas, nos crocodilos, ou ainda por escamas, nas serpentes. Esse tipo de proteção é extremamente importante, pois evita que o animal perca água para o meio externo, facilitando sua vida em lugares secos. A impermeabilização da pele é conseguida graças à epiderme que produz intensamente queratina.   



Nas serpentes e nos lagartos a pele muda em intervalos regulares. Antes da muda, as células da epiderme produzem nova cutícula sob a anterior. A pele revestida de placas ósseas dos crocodilos funciona como uma armadura ou exoesqueleto, que cresce junto com ele, sem ser trocado.



Sistema Esquelético

A ossificação do crânio dos répteis é maior do que a dos anfíbios. O esqueleto é bem ossificado e a articulação esqueleto à coluna vertebral é feita por um só côndilo occipital.  As tartarugas não possuem dentes, mas apresentam um bico córneo. Em todos os demais répteis, os dentes estão presentes.


Sistema Muscular

A maioria dos répteis é capaz de realizar movimentos maiores da coluna vertebral. Os membros desenvolvem-se se adaptando à locomoção num meio terrestre. Geralmente, possuem dois pares de membros, cada um com cinco dedos e unhas córneas, adaptados para correr, trepar e rastejar. As cobras não têm membros e cinturas, mas movem-se ou nadam com desenvoltura por ondulações laterais do tronco e cauda.

Sistema Circulatório

O sistema circulatório é mais eficiente do que o dos anfíbios. O coração da maioria dos répteis apresenta um sínus, dois átrios e dois ventrículos incompletamente separados, salvo nos crocodilianos em que a separação é completa.  A circulação dos répteis é dupla e incompleta, como nos seus ancestrais, os anfíbios. Dentro do coração, os dois tipos de sangue (oxigenado e desoxigenado) não se misturam, mas ocorre alguma mistura em outras partes do sistema circulatório.  Os répteis possuem hemácias elípticas e nucleadas.



Sistema Digestivo

Os répteis apresentam boca com dentes (exceto nas tartarugas), língua protrátil bem desenvolvida nos lagartos e cobras e não estendida nos cro-codilianos e tartarugas, esôfago bem dilatado, estômago (com moela, nos corcodilianos), intestino delgado e grosso, terminando em cloaca. Apre-sentam ainda glândulas salivares, fígado e pâncreas.  Os répteis terrestres possuem glândulas orais desenvolvidas que auxiliam a umedecer o alimento seco a fim de reduzir a fricção durante a deglutição. Estas glândulas orais incluem as glândulas palatinas, as labiais, as linguais e as sublinguais. As glândulas venenosas dos répteis originam-se destas glândulas orais.  De um modo geral, os répteis se alimentam poucas vezes, mas quando o fazem, ingerem grande quantidade de alimento. Possuem digestão lenta e seu suco digestivo é forte, digerindo até os ossos de suas presas.

Os répteis podem ser herbívoros ou carnívoros.


Sistema Respiratório

A respiração é exclusivamente pulmonar. Os pulmões são mais complexos e eficientes nas trocas gasosas do que o dos anfíbios, pois possuem um maior número de câmaras internas e alvéolos.  Nas cobras, o pulmão direito é atrofiado. Podem ocorrer sacos aéreos em conexão com os pulmões, funcionando como reserva de ar, durante a deglutição, evitando uma interrupção na respiração.  Nos répteis em geral, a respiração consiste numa verdadeira inspiração e expiração, em consequência da dilatação do tórax por movimento das costelas. Nas tartarugas, onde não existe a possibilidade de expansão do corpo, a inspiração ocorre pelos movimentos do pescoço.  Nos quelônios aquáticos, há uma respiração auxiliar, feita por meio de sacos cloacais, daí a razão da tartaruga poder permanecer bastante tempo debaixo da água.


Sistema Excretor

Os rins funcionais dos répteis, como os das aves e mamíferos, são do tipo metanefro. Não há bexiga nos ofídeos e crocodilianos. O produto final da excreção é o ácido úrico, cujo grau de toxidez é menor que o da amônia e ureia. Nos quelônios aquáticos, a excreção é uma mistura de ureia e ácido úrico.  Lembremos que a excreção do ácido úrico está relacionada ao desenvolvimento do ovo com casca, onde os excretas nitrogenados do embrião devem ficar armazenados de forma a não o intoxicar, a não ocupar muito espaço interno e não utilizar muito água – que é escassa. A transformação dos excretas em ácido úrico diminui a toxidez e permite o armazenamento temporário na vesícula extraembrionária chamada alantoide, que como os outros anexos embrionários, é descartável no final do desenvolvimento. O aparecimento de um sistema excretor mais eficiente, provavelmente, se deu para satisfazer as exigências impostas pela maior atividade metabólica destes animais.

Sistema Nervoso

Pela primeira vez nos vertebrados, aparecem 12 pares de nervos cranianos. Nos répteis também ocorre a mudança do centro nervoso: do encéfalo médio para o cérebro. Isto ocorre porque os hemisférios cerebrais aumentam em tamanho a partir dos répteis, aumentando o número de células nervosas também.

Sistema Reprodutor

Os répteis são animais de sexos separados (a jararacailhoa, uma exceção, é hermafrodita). Possuem fecundação interna e desenvolvimento direto.  A maioria dos répteis é ovípara e esconde seus ovos no solo, areia, leito de folhas, onde o calor do ambiente ajuda a incubá-los, buracos em madeiras ou paredes. O desenvolvimento embrionário ocorre inteiramente no interior de um ovo dotado de casca protetora, calcária porosa, que permite a ocorrência de trocas gasosas.  Algumas espécies de cobras e lagartos retêm seus ovos no oviduto, onde os embriões se desenvolvem usando a reserva vitelínica; são, portanto, ovovivíparos.  O genital masculino apresenta um par de testículos, epidídimo, canais deferentes e órgão copulador: pênis nas tartarugas e nos crocodilos; hemi-pênis em cobras e lagartos.  O genital feminino apresenta um par de ovários e ovidutos, formando o útero.

Órgãos dos Sentidos

A partir dos répteis, há uma inovação no mecanismo de acomodação focal. Nos vertebrados inferiores, a acomodação da visão (perto/longe) é realizada através do movimento do cristalino para frente e para trás. Nos répteis e demais amniotas, a acomodação é efetuada não pelo movimento do cristalino, mas sim pela mudança de sua forma (curvatura de sua superfície). Quando o cristalino está em repouso, o animal enxerga de longe. Quando em compressão, enxerga de perto. A compressão é realizada pelos músculos do corpo ciliar que por distenção comprimem o cristalino tornando maior a sua curvatura e, assim, possibilitando a visão de perto. Nas tuataras e em muitos lagartos, encontra-se o olho pineal (ou olho parietal) com componentes em forma de lente e retina. A função do olho pienal permanece obscura. Há evidência, contudo, que, nos lagartos, ele registre radiações solares e, via secreção hormonal, influencie o comportamento termo-regulador expondo o animal à luz do sol. É possível também que o complexo pineal exerça alguma função no controle da reprodução. 
Olho pienal

Há uma considerável variação na estrutura do ouvido dos répteis.  Cobras não possuem ouvido médio, a columela é ligada ao quadrado e é por este que o animal recebe vibrações do solo. As tartarugas são surdas.  A estrutura do ouvido dos lagartos é quase a mesma dos anfíbios. Somente a logena é maior e a colulema é formada por dois ossículos.Os órgãos da linha lateral inexistem nos répteis e em outros amniotas. As serpentes apresentam um órgão importante no rastrear de presas, é o órgão de Jacobson, um quimioreceptor situado na boca. 

A língua das cobras recolhe partículas olfativas e enfia no órgão de jacobson, também chamado órgão vomeronasal. Em uma única família de cobras, Viperidae, encontra-se a fosseta lacrimal, muito sensível aos raios infravermelhos – é um termo receptor. Deste modo, podemos dizer que características como a impermeabilização da pele, a respiração pulmonar, a economia de água pela urina, a fecundação interna, os ovos com casca e os anexos embrionários (córion, âmnion e alantoide) tornaram a maioria dos répteis bem adaptados ao meio terrestre, mesmo em habitats muito áridos.





Temática: Biologia de Répteis
  

Ambientes e Habitats

A maioria das tartarugas é marinha e apresentam corpo mais achatado em relação aos jabutis; o que reflete uma adaptação à vida aquática. Os cágados, que também vivem dentro da água, têm a mesma forma corpórea das tartarugas. Já os jabutis, que são terrestres, apresentam um corpo mais espesso e suas pernas são mais cilíndricas.  Os crocodilos são encontrados em águas salgadas e podem medir até 7 m de comprimento. O focinho é curto, estreito e pontudo. Os jacarés podem atingir 5 m de comprimento. Possuem focinho curto, largo e arredondado e habitam as águas doces. As gavias medem até 6m e possuem focinho muito fino e alongado, de modo que estes animais mordem de lado.
Todos os crocodilos apresentam narinas superficiais no topo do rosto e um palato falso que conduz o ar até a extremidade posterior da boca. Como passam a maior parte do tempo na água (ou muito próximos a ela) possuem especializações para uma vida aquática. Na base da língua, existe um tabique que impede a entrada de água na garganta permitindo que os crocodilianos respirem, quando imersos na água, apenas com a superfície superior do rosto à superfície.  Os lagartos
ocupam habitats que variam de pântanos a desertos; são animais facilmente adaptáveis. Muitas espécies são arbóreas, como o camaleão (Chamaeleonidae). As espécies com membros reduzidos ou sem pernas estão associadas a um habitat de vegetação baixa e densa.





Locomoção

A morfologia do casco dos quelônios reflete a ecologia da espécie: os jabutis possuem cascos em forma de cúpula e pés semelhantes ao dos elefantes. As espécies de menor tamanho apresentam adaptações à escavação, como os jabutis toupeiras e possuem pés em forma de pá. Já as formas aquáticas possuem carapaças baixas que oferecem pequena resistência ao deslocamento na água e membros adaptados para a natação (em forma de remo).

Algumas tartarugas aquáticas possuem casco muito leve para reduzirem o peso dentro da água, e possuem pés achatados e alargados, em forma de barbatana que auxiliam no deslocamento dentro da água conferindo maior velocidade à natação.  Entre os dedos dos crocodilos há uma membrana natatória que auxilia o deslocamento dentro da água. As cobras possuem formato do corpo bastante especializado. As terres-tres têm olhos grandes e são alongadas; as escavadoras são curtas e fortes, com cabeças largas, cauda pequena e olhos pequenos; as formas arbóreas são extremamente longas o que permite distribuir o seu peso em comprimento e enrolar-se em ramos muito pequenos sem os partir.

Alimentação e Hábito Alimentar

A grande maioria dos répteis são carnívoros e oportunistas. Lagartos, tartarugas, crocodilos e muitas cobras capturam a presa com a boca e mastigam ou a engolem por inteiro.  As tartarugas não possuem dentes, mas apresentam um bico córneo forte que serve para apanhar as presas (pequenos invertebrados) ou arrancar pedaços de plantas.  As tartarugas terrestres são herbívoras alimentando-se de materiais vegetais.
Os lagartos de grande porte, como as iguanas, são herbívoros. Os demais ingerem pequenos invertebrados, sobretudo artrópodes, como as aranhas e os insetos. Os padrões de atividade dos lagartos variam de espécies extremamente sedentárias, que passam horas em determinado local, até espécies que estão em quase sempre em movimento. Lagartos com modos diferentes de forrageio utilizam diferentes métodos de detecção de presas. 
As cobras são carnívoras e desenvolveram métodos mais sofisticados para conseguirem alimento: possuem glândulas de veneno e picam suas vítimas com rapidez, injetando nelas poderosas toxinas, matando-as ou paralisando-as. Todas as cobras produzem veneno num par de glândulas salivares modificadas, mas nem todas são capazes de inoculá-lo (por isso, costuma-se separá-las em peçonhentas e não-peçonhentas). As cobras constritoras, como a píton e as jiboias, capturam suas presas de uma outra maneira: esmagam suas presas até a morte, antes de engoli-las, enrolando-se
em anéis ao redor do animal, impedindo-o de respirar.
 A frequência com que os répteis se alimentam está relacionada à disponibilidade de alimento e a necessidade de energia que o animal requer. Os lagartos, por exemplo, comem várias vezes ao dia e as cobras alimentam-se com menos frequência. As cobras são capazes de engolirem presas muito maiores do que elas mesmas. Isso se deve ao fato dos ofídios possuírem uma articulação extremamente flexível das mandíbulas e um esqueleto flexível que permite não só a distenção do corpo como complexos movimentos de locomoção.


Reprodução e Cuidado Parental

Durante as interações sociais, os testudinatas empregam sinais táteis, visuais, olfativos e auditivos. Todas as espécies e quelônios depositam ovos, mas nenhuma apresenta cuidado parental. Todas as tartarugas são ovíparas e colocam um número variável de ovos. A temperatura do ninho afeta a taxa de desenvolvimento embrionário e o sexo do filhote. Quanto menor a temperatura, maior a probabilidade de machos e maiores temperaturas favorecem o desenvolvimento de fêmeas. A mudança de um sexo para o outro ocorre dentro de um intervalo de 3º a 4ºC.

 As tartarugas marinhas migram até milhares de quilômetros entre suas áreas de alimentação e suas praias de nidificação, mas, infelizmente, os mecanismos de navegação utilizados por elas são em grande parte desconhecidos. Todas as espécies de crocodilos apresentam algum tipo de cuidado parental. As fêmeas sempre constroem seus ninhos em lugares protegidos, evitando a ação de predadores e do meio ambiente. As espécies que habitam pântanos, por exemplo, constroem ninhos elevados reunindo uma pilha de vegetação no qual depositam seus ovos. Outras espécies nidificam onde o chão é alto o bastante para escavar um ninho no solo sem perigo de que seja inundado pela chuva.

   O comportamento de corte envolve a vocalização inicial dos machos para anunciar status territorial e, durante a corte, ambos os sexos vocalizam.  As tuataras não possuem órgão copulador e as fêmeas levam muitos anos para atingir a maturidade sexual. Os ovos são colocados apenas de quatro em quatro anos. O período entre a copulação e a eclosão é de 12 a 15 meses.  Os Squamatas praticamente não paresentam nenhum cuidado parental.

Poucas espécies guardam os seus ovos.


Temática: Reconhecimento de Serpentes
  
As serpentes são animais vertebrados, carnívoros, pertencentes à classe Reptilia (do latim reptilis = que rasteja), subordem Ophidia Estes animais despertam grande interesse nas pessoas pelo fato de muitas espécies apresentarem glândulas secretoras de veneno, causando inúmeros acidentes, muitas vezes fatais. As serpentes podem ser classificadas em peçonhentas e não peçonhentas, ambas encontradas no Brasil, inclusive em ambientes urbanos. O objetivo dessa aula é apresentar as características distintivas entre os dois grupos de serpentes.




Segundo dados do Ministério da Saúde, no Brasil ocorrem, por ano, entre 19.000 e 22.000 acidentes ofídicos com aproximadamente 115 óbitos. A maioria destes acidentes deve-se a serpentes do gênero Bothrops e Crotalus.  Atualmente, são conhecidas três mil espécies de serpentes em todo o mundo e destas, apenas 410 são consideradas perigosas para o homem.

No Brasil, as serpentes peçonhentas pertencem ao gênero Bothrops (ja-aracas em geral, urutus, cotiaras, caiçaras, responsáveis por quase 90% dos acidentes), ao gênero Micrurus (coral-verdadeira, com 1% dos acidentes), ao gênero Crotalus (cascavéis, responsáveis por 8% dos acidentes) e ao gênero Lachesis (sururucu pico-de-jaca, a maior de todas, com até 4,5 metros de comprimento e 3% dos acidentes).

Primeiramente, vamos desfazer uma confusão extremamente comum:

Existe uma diferença entre animais peçonhentos e animais venenosos.

Animais peçonhentos, são aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunicam com dentes ocos, ou ferrões, ou aguilhões, por onde o veneno passa ativamente. Ex.: serpentes, aranhas, escorpiões, abelhas, arraias.  Animais Venenosos, são aqueles que produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculador (dentes, ferrões) provocando envenenamento passivo por contato (taturana), por compressão (sapo) ou por ingestão (peixe baiacu).

Todas as cobras possuem veneno num par de glândulas salivares modi-icadas, mas nem todas são capazes de inoculá-lo, o que as difere em peçonhentas e não-peçonhentas. O veneno contém muitos polipeptídeos e proteínas, que incluem neurotoxinas que impedem a transmissão dos impulsos nervosos aos músculos e enzimas hemolíticas que destroem fatores de coagulação do sangue, produzem hemorragias internas e destroem alguns tecidos. A exata composição do veneno varia com a espécie.

Os venenos variam em função dos seus princípios ativos, determinando uma sintomatologia variável, segundo a espécie, quantidade de veneno e localização da picada. Os venenos neurotóxicos atuam sobre o sistema nervoso, provocando dormências e insensibilidade no local da picada, paralisias musculares, perda de visão e prostração geral. Os hemolíticos causam a hemólise e escurecem a urina.

Os proteolíticos causam intensa dor no local da picada. Os tecidos sofrem necrose e podem gangrenar. 

Os coagulantes em pequenas doses coagulam o fibrinogênio, e impedem a coagulação do sangue, e em grandes doses provocam coagulação intensa e fatal.

O veneno das cascáveis tem ação neurotóxica, hemorrágica e coagulante. Nas jararacas a ação é proteolítica, coagulante e hemorrágica (nos casos graves).

O veneno da surucucu tem ação proteolítica, coagulante, hemorrágica e neurotóxica. Nas corais-verdadeiras a ação é neurotóxica.

Levando em conta as adaptações da dentição das serpentes à capacidade inoculadora de veneno, podemos classificá-las em quatro grupos:




Aglifodontes: todos os dentes sem sulco ou canal inoculador (exemplo: sucuri)

Proteroglifodontes: um par de dentes sulcados na parte anterior da boca (exemplo: coral-verdadeira)

Opistoglifodontes: um par de dentes sulcados, situados na parte posterior da boca. Por isso, só excepcionalmente causam acidentes (exemplo: falsas corais)

Solenoglifodontes: um par de grandes presas anteriores, móveis, renováveis, com canal central por onde escorre o veneno (exemplo: casca-véis, jararacas e surururs).   


Fosseta lacrimal ou loreal


Do ponto de vista sensorial, os órgãos mais importantes das serpentes pesçonhentas – com exceção da coral-verdadeira – são as fossetas lacrimais ou loreais, localizadas entre as narinas e os olhos. As fossetas, que funcionam como órgão termorreceptor, capacita às serpentes que se alimentam de animais de sangue quente a sentir a aproximação da presa e a dar um bote preciso, mesmo que no escuro. O mesmo sistema pode ser encontrado em fossetas menores e mais numerosas na borda da boca de jiboias e sucuris, que também se alimentam de animais homeotermos. 

O elemento mais importante na identificação das serpentes mais perigosas, com exceção da coral-verdadeira, é justamente a fosseta loreal. Mas há outras características, que associadas a outros elementos, podem ajudar na diferenciação entre serpentes peçonhentas e não-peçonhentas.

São elas:

Cabeça: Nas peçonhentas é chata, triangular, bem destacada e recoberta por escamas semelhantes às do resto do corpo. Possui fosseta loreal e presas anteriores. As não-peçonhentas apresentam cabeça estreita e alongada recoberta por escamas grandes (placas), diferentes das que revestem o resto do corpo. Não possuem fosseta loreal e presas anteriores. 

Olhos: As peçonhentas possuem olhos pequenos com pupila em fenda vertical. As não-peçonhentas possuem olhos grandes e pupilas arredondadas. 

Corpo: Nas peçonhentas o corpo tende a ser grosso e não muito longo, a cauda é curta. Nas não-peçonhentas o corpo tende a ser fino e longo. 

Cútis: Áspera nas peçonhentas e lisa nas não-peçonhentas. 

Comportamento de defesa: Quando perseguidas, as peçonhentas colocam-se em posição de defesa se enrolando. As não-peçonhentas, quando perseguidas, tendem a fugir. 

Hábitos: As peçonhentas são noturnas e as não-peçonhentas, diurnas. 

Movimentos: As peçonhentas são vagarosas e as não-peçonhentas, rápidas. 

Postura de filhotes: As peçonhentas são ovovivíparas e as não-peçonhentas, ovíparas.
  
É muito importante lembrar que existem numerosas exceções para todos esses casos, de modo que o diagnóstico deve ser baseado num conjunto de características e não em uma apenas. Assim, por exemplo, a presença de fosseta lacrimal indica certamente que se trata de serpente peçonhenta, mas as corais venenosas não a apresentam. Temos que procurar outra peculiaridade que, no caso da coral peçonhenta, seria o tipo de cauda.  Os soros antiofídicos agem como anticorpos específicos para cada tipo de picada e quando a espécie não é identificada, aplica-se o soro polivalente.  A identificação da serpente causadora do acidente pode ser feita diretamente ou pela sintomatologia apresentada em virtude da ação específica de cada veneno.


Os venenos das serpentes também apresentam utilidades médicas. Alguns são utilizados nos distúrbios nervosos da hanseníase, por exemplo.



Curiosidades


Qual a diferença entre crocodilo e jacaré?






















As diferenças entre os crocodilos e os jacarés são apenas físicas, o jacaré tem o focinho mais largo e arredondado, tem também membranas entre os dedos das patas traseiras, já o crocodilo tem a cabeça mais afilada e escamas no ventre. Mas a diferença mais visível está nos dentes, os jacarés possuem quatro dentes caninos que se encaixam na mandíbula, enquanto nos crocodilos, estes mesmos dentes ficam expostos quando eles fecham a boca.




Parque dos Dinossauros













Parque dos Dinossauros – falando sobre fóssil e DNA.

Será que é possível montar algo como o parque visto nos filmes?

Com a tecnologia disponível atualmente, (in) felizmente não.

Segundo pesquisadores dedicados ao estudo de DNA antigo, foi possível fazer uma análise de DNA proveniente de múmias egípcias com aproximadamente 4000 anos. Outro grupo de cientistas, trabalhando com 158 fósseis de pernas de Moa (uma ave gigante que viveu na Nova Zelândia), datando entre 600 e 8.000 anos, conseguiram estimar o tempo de meia vida para o decaimento do DNA. O valor encontrado foi de 521 anos, significando que nas condições locais de clima após cerca de 10.000 anos restariam apenas fragmentos de DNA, impossível de trazer qualquer tipo de informação. Entretanto, sob determinadas condições encontradas em regiões do planeta onde o solo permanece congelado há milhões de anos esse estimativa pode ser muito maior (1.000.000 de anos).

Importante lembrar que o conhecimento atual sobre DNA foi produzido a partir dos trabalhos de Watson & Crick, em 1953 (ganhadores do prêmio Nobel de Fisiologia de 1962).

Se a ciência/tecnologia continuar nesse ritmo, esse paradigma será quebrado brevemente.