Vamos aprender um pouquinho mais sobre alelos múltiplos. Ficou
compreendido que um indivíduo tem 2 cromossomos iguais, um proveniente do macho
e o outro proveniente da fêmea.
Podemos então definir como indivíduos diploides (2n) aqueles que têm esse conjunto duplo, e
indivíduos haploides (n) aqueles que têm apenas um conjunto de
cromossomos. O mesmo vale para classificação das células: uma célula haploide,
por exemplo, seria um gameta humano e uma diploide seria, por exemplo, um
neurônio. Embora tenhamos visto até o momento apenas um alelo em cada
cromossomo, existem algumas características no qual se encontram três ou mais
alelos diferentes na população, como por exemplo, os alelos do grupo sanguíneo,
onde podemos encontrar os fenótipos A, B, AB e O. Nesses casos, portanto,
estamos falando em Alelos
Múltiplos.
Vamos começar com um exemplo muito conhecido: a pelagem dos
coelhos. Em coelhos, o gene que determina a cor da pelagem apresenta-se sobre 4
formas alélicas diferentes: C (determina a pelagem
castanho-acinzentada, também conhecida como selvagem ou aguti), cch (determina a pelagem cinzenta-prateada, também conhecida como
chinchila), ch (determina uma pelagem branca com extremidades escuras, também
conhecida como himalaia) e c (determina a pelagem totalmente branca, também
conhecida como albina). Existe uma relação de dominância entre esses genes,
sendo que o gene C domina todos os outros, o gene cch domina o ch e c, o gene
ch domina apenas o c e o c não domina ninguém, apenas se
expressando em homozigose.
C > cch > ch > c
Vamos a um exemplo prático: um coelho selvagem, heterozigoto para
o himalaia, é cruzado com uma coelha chinchila, heterozigota para albino.
Quais são os possíveis descendentes desse cruzamento?
Genótipo do macho: Cch
Genótipo da fêmea: cchc
P: Cch x cchc
F1: Ccch (selvagem), Cc (selvagem), cchch
(chinchila), chc (himalaia)
Proporção fenotípica: 50% selvagem, 25%
chinchila, 25% himalaia
VARIAÇÃO DESCONTÍNUA
Vimos até agora que os
diferentes genótipos são bem distintos, produzindo proporções genotípicas e
fenotípicas estritamente como o esperado pela lei de Mendel (lei da
segregação). Em alguns casos vamos perceber que diversos genótipos podem
corresponder a fenótipos alternativos, um bem diferente do outro. Quando isso
ocorrer, falaremos então de variação descontínua.
NORMA DE REAÇÃO DOS GENES
Devido ao fato da variação
descontínua ser pouco frequente na natureza, o mais comum é um mesmo genótipo
produzir uma gama variada de fenótipos. A essa variação chamamos de norma de reação.
Aqui podemos usar como
exemplo o feijão carioca, que pode ser obtido em qualquer supermercado. Esse
tipo de feijão possui variegações em sua casca, com listras escuras e que não
seguem um padrão e, portanto, são irregulares. Essa característica é determinada
pelo alelo dominante L. O
seu alelo recessivo l determina um feijão totalmente
pigmentado, não apresentando variegações, passando a ser chamado de feijão
mulatinho.
Se você possuir em sua
casa um pacote de feijão carioca você observará que a maioria dos grãos é
variegada, sendo que aproximadamente 5% dos grãos são totalmente pigmentados,
parecendo-se com o feijão mulatinho. Como o feijão carioca é homozigoto (LL),
esses 5% não expressaram o fenótipo correspondente. A explicação para esse fato
é que o alelo L tem uma norma de reação tão grande que alguns indivíduos LL não
exibem esse fenótipo.
O caso do feijão-carioca
nos dá a ideia de penetrância
gênica, ou seja, mesmo sendo LL, 5% dos feijões não expressaram o fenótipo
apropriado, em outras palavras, o gene L tem uma penetrância de 95%, que é
calculado subtraindo-se esses 5% dos 100% esperados inicialmente.
Vamos exemplificar a
penetrância gênica com um caso em humanos. A presença de 1 dedo extra na mão ou
no pé, ao lado do quinto dedo, é conhecida como polidactilia postaxial (do grego polys, muitos; daktylos,
dedos). A existência desse dedo extra é determinada pela presença de um alelo
dominante com dominância incompleta. Na África foi realizado um estudo que
estimou que a penetrância desse alelo é de 64,9%, ou seja, 35,1% (100– 64,9) da
população que tenha esse alelo não apresentará o dedo extra.
Nenhum comentário :
Postar um comentário