Relembrando só um pouquinho o que vimos sobre as leis de Mendel,
quando temos um único par de genes que determina o caráter em questão, nós
tínhamos a proporção 3:1, no qual o número 3 indica a possibilidade de
existirem indivíduos com o gene dominante e o número 1 indica a possibilidade
de termos indivíduos com o gene recessivo. Quando analisamos duas
características ao mesmo tempo, chegamos à proporção 9:3:3:1.
Já havíamos comentado
também que os genes agem em conjunto na determinação de várias características.
Assim, passamos a denominar Interação Gênica essa interação entre diferentes
genes que resultarão em diferentes fenótipos. Muitas características
encontradas nos seres vivos são decorrentes desses tipos de interações. Por
exemplo, a pigmentação dos olhos da mosca-da-fruta (Drosophila melanogater).
Nessas moscas, mais de 100 genes atuam em conjunto para determinar a coloração
dos olhos. Vamos agora a um exemplo quase que cotidiano para muitas pessoas: a
coloração da plumagem dos periquitos.
Esses periquitos, também
chamados de periquitos australianos, possuem uma grande diversidade de cores,
as quais são determinadas por dezenas de genes. As cores básicas desses
periquitos – verde, amarelo, azul e branco – entretanto, são determinadas pela
ação conjunta de apenas dois alelos, que chamaremos de A/a e B/b, os quais se
segregam de forma independente. O alelo A condiciona a produção de uma proteína
chamada melanina, um
pigmento escuro que, quando presentes nas penas, caracteriza a cor azul. Essa
coloração se dá graças a um fenômeno óptico chamado de “dispersão Rayleigh”.
Assim, a luz, ao sofrer a dispersão nas camadas superficiais da pena contra um
fundo escuro composto de melanina no centro da pena, aparece como azul. O alelo
recessivo do gene A, o gene a,
não produz melanina, ou seja, é uma forma alterada do gene. Do outro lado está
o gene B. Esse gene, por
sua vez, determina a deposição de um pigmento amarelado na pena chamado de psitacina. O seu alelo b, assim como o alelo a, é uma
versão alterada do gene, não produzindo o pigmento psitacina.
Assim, periquitos com
genótipo aabb não produzem nenhum tipo de pigmeto e,
portanto são brancos.
Periquitos A_B_ possuem os dois pigmentos, apresentando-se verdes. Essa cor é
decorrente da mistura dos dois pigmentos nas penas. Os indivíduos que possuem
apenas o alelo dominante A (A_bb) apresentam cor azul e periquitos que
apresentam apenas o alelo dominante B (aaB) apresentam cor amarela.
Vamos agora à demonstração
de um cruzamento entre dois periquitos australianos. Suponha o cruzamento entre
um macho verde, diíbrido, com uma fêmea de mesmo genótipo.
Analisando
os resultados, obtemos:
9/16 – A_B_ (verdes)
3/16 – A_bb (azuis)
3/16 – aaB_ (amarelos)
1/16 – aabb (brancos)
Outro exemplo de interação
gênica é a forma da crista das galinhas. As diferentes formas de cristas foram
descritas, de forma genética, em 1905 por William Bateson e seus colaboradores.
Essas cristas são chamadas de rosa, ervilha, noz e simples, e são determinadas
pela ação conjunta de dois alelos que se segregam de forma independente, R/r e
E/e. A interação entre os genes E e R resulta em crista noz; entre o alelo R e e resulta em indivíduos com crista rosa;
entre E er resultam indivíduos com crista ervilha
e, entre o gene r e e,
resultam indivíduos com crista simples.
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