Temática: Aves – Origem e Classificação
As aves junto com os mamíferos são os vertebrados mais recentes a
habitarem a terra. A Classe das Aves contém cerca de 9.000 espécies, mais do
que qualquer outra classe de vertebrados, distribuídas desde o Ártico até
a Antártica, tanto nos mares quanto nos continentes. Vamos agora estudar como
as aves se originaram e como estão classificadas dentro do Filo Chordata.
A origem das aves ainda é um assunto polêmico e muito discutido no meio
científico. A teoria mais aceita e difundida entre os cientistas é a que
defende que as aves evoluíram a partir de pequenos e ágeis dinossauros
terópodes. Com os milhões de anos eles adquiriram penas e posteriormente
aprenderam a voar.
Os Theropoda são bípedes e carnívoros. A similaridade entre aves e
dinossauros foi reconhecida há muito tempo. Nas décadas de 1860 e 1870, Thomas
Henry Huxley defendeu esse parentesco escrevendo que as aves nada mais são que
“répteis glorificados”.
As similaridades entre aves e Theropoda incluem as seguintes
características:
1. Pescoço alongado e móvel em forma de S;
2. Crânio e pescoço articulados por meio de um côndilo occipital;
3. Junta intertarsal no tornozelo;
4. Ossos pneumáticos ocos;
5. Escamas epidérmicas.
As aves diferem dos demais Theropoda principalmente em características
diretamente associadas ao voo e à endotermia, ambos dependentes das penas.
As aves são os primeiros animais endotérmicos, isto é, produzem seu
próprio calor. O calor é gerado internamente a partir das reações metabólicas
energéticas. Também são chamados homeotermos, porque podem manter a temperatura
de seus corpos razoavelmente alta, ainda que constante.
A descoberta do Archaeopteryx, em particular, convenceu muita gente de
que os dinossauros são a origem das aves modernas. O fóssil do Archaeopteryx
foi encontrado na Alemanha em 1860 e constituiu uma das descobertas fósseis
mais importantes e comentadas. O Archaeop-teryx apresenta características
comuns a dinossauros terópodes e aves e, por essa razão, os cientistas se
dividem com relação à sua origem, capacidade de voo e posição na suposta
sequência evolutiva de répteis a aves.
Era um pouco maior que uma pomba e possuía cauda longa percorrida pela
coluna vertebral, como os répteis. Apresentava também dentes, dedos
individualizados com garras e, como característica mais marcante, penas do
corpo e penas de voo assimétricas (indícios de que esse animal era capaz de
voar).
Para muitos paleontólogos, o Archaeopteryx é considerado um dinossauro
alado que vivia em terra. Obviamente essa conclusão supõe que os dinossauros
foram os ancestrais das aves. Outros cientistas têm proposto que o
Archaeopteryx não é ave, nem réptil, nem dinossauro, mas simplesmente
Archaeopteryx, indicando assim sua unicidade e singularidade. Estes estudiosos
defendem a criação de uma classe de organismos separada de Répteis, Aves e
Mamíferos, composta unicamente por Archaeopteryx.
Conforme o aparecimento de novos fósseis, a compreensão sobre a evolução
das aves muda. Outros animais semelhantes às aves, do mesmo período, foram
encontrados na China, e fósseis de aves de outras linhagens foram encontrados
na Ásia, Europa, América do Norte e do Sul. Desse modo, é possível e provável
que novas teorias a respeito da origem e evolução das aves venham a surgir
futuramente.
Classificação das Aves
As aves atuais estão divididas em duas subclasses: a Paleognathae,
das aves conhecidas como ratitas; e a Neognathae, das aves
carinatas.
As ratitas apresentam o osso esterno, situados no meio do peito,
achatado, sem quilha ou carena para a fixação dos músculos peitorais. As asas
são reduzidas ou ausentes, por isso não voam. Três ordens representam as
ratitas:
·
Apterigiformes: não tem asas e
possuem ovos grandes (Ex.: Kixi, da Nova Zelândia).
·
Reiformes: são as maiores aves sul-americanas
(Ex.: ema).
·
Estrutioniformes: inclui a maior ave
vivente (2,10 m de altura e 136 kg) (Ex.: avestruz).
As carinatas apresentam asas bem desenvolvidas com penas especiais para
o voo (com exceção dos pinguins) e esterno com quilha. São representadas por
todas as demais ordens, como:
·
Tinamiformes: Macuco;
·
Esfeniciformes: Pinguim;
·
Peliciformes: Pelicano, biguá;
·
Psitaciformes: Papagaio, arara,
periquito;
·
Galiformes: Codorna, faisão, peru, galinha, perdiz;
·
Anseriformes: Pato, ganso, cisne;
·
Columbiformes: Pombas, rolinhas;
·
Piciformes: Tucano, pica-pau;
·
Falconiformes: Falcão, condor,
águia, carcará;
·
Ciconiformes: Garça, socó,
flamingo;
·
Estrigiformes: Corujas;
·
Apodiformes: Beija-flor;
·
Falconiformes: Pássaros diurnos de
caça;
·
Coraciiformes: Alcião;
·
Psittaciformes: Papagaios;
·
Strigiformes: Corujas;
·
Gruiformes: Grou;
·
Musophagiformes: Turacos;
·
Trochiliformes: Colibri.
·
Passeriformes: passarinhos (gralhas,
joão-de-barro, tico-tico, sabiá, pardal, canário, bem-te-vi)
Passeriforme é a ordem mais populosa de aves, inclui mais de cinco mil
espécies – mais da metade de todas as espécies conhecidas
Temática: Aves – Origem do Voo
O voo é naturalmente a característica que nos dá a mais completa
sensação de que as aves são animais ativos. Apesar de outros animais como os
insetos e os morcegos voarem com eficiência, nenhum deles chega a alcançar a
complexidade e variedade dos mecanismos de voo das aves. Mas como ele teria
surgido?! O que propiciou a evolução do voo das aves? É isso quem vamos estudar
nessa aula!
Quando as aves surgiram, o ar era um habitat relativamente não
explorado e havia ainda uma oferta imensa de insetos para se alimentar. O voo
também permitiria a fuga de predadores terrestres, há migrações a longa distância
em busca do melhor clima, o estabelecimento de novas áreas de reprodução, além
da oportunidade de uma rápida deslocação. Assim como a origem das aves é
um assunto polêmico, a origem do voo também não está totalmente esclarecida e,
como já vimos, a evidência fóssil é muito escassa para nos proporcionar o
registro histórico da origem do voo. Os cientistas propuseram inúmeras
hipóteses e todas levam a duas grandes categorias: a evolução das árvores para
o chão e a evolução do chão para as árvores, isto é, ou as aves começaram a
voar escalando para um local alto e planando para baixo ou começaram a bater as
asas a partir do solo.
Duas hipóteses rivais foram consideradas por um século: a teoria
Arborícola e a teoria Cursora.
A teoria Cursora defende que as aves eram corredoras bípedes velozes que
utilizavam suas asas primitivas como planos que aumentavam a força de ascensão
e aliviavam o peso durante a corrida. As aves utilizavam as asas primitivas
para capturar insetos e com o aumento contínuo de sua utilidade, o animal
corredor bateu asas e alçou voo. A teoria cursora (“groun up”), em sua
forma original, falha como explicação, pois, em termos físicos e mecânicos o
batimento das asas não é um mecanismo eficiente no aumento da velocidade de
corrida. Para obter aceleração ou alta velocidade por meio dos movimentos
das patas, é necessária uma tração máxima sobre o solo, e essa tração somente
pode ser fornecida pelo contato firme dos pés com o substrato sólido.
O planeio com asas primitivas teria reduzido a tração, e o impulso das
pequenas superfícies das protoasas provavelmente não teria compensado a perda
de velocidade obtida pelas patas posteriores, muito menos incrementado a
aceleração. A teoria arborícula (“trees-down”) da origem do voo das aves
dominou o campo por muito tempo e é mais amplamente favorecida. De acordo com
essa visão, as aves relacionadas à Archaeopteryx eram escaladoras arborícolas
que pulavam de galho em galho e de árvores em árvores, de modo muito semelhante
a alguns esquilos, lagartos e macacos atuais.
Sob pressões seletivas que favoreciam o aumento da distância e da
precisão do deslocamento por entre as árvores, as estruturas que
proporcionassem algumas áreas superficiais para a força de ascensão seriam
vantajosas. De acordo com essa teoria, a evolução de formas voadoras passou por
estágios de planeio, seguidos de estágios intermediários, como Archaeopteryx,
no qual o planeio era auxiliado por um débil voo batido. Contudo, um
problema que não foi explicado satisfatoriamente pela teoria arborícola é a
seleção do bipedismo em um hábitat arbóreo. Uma criatura bípede poderia pousar
ereta em um galho de árvore sem possuir previamente uma habilidade de frenagem
aerodinamicamente controlada bem coordenada?
Possivelmente, somente uma nova perspectiva que seria fornecida pela
descoberta de fósseis de outras espécies de aves primitivas, resolverá a
questão sobre a origem do voo das aves. Uma coisa parece certa e não gera
discordância no meio científico: as penas foram absolutamente necessárias para
o voo. A origem evolutiva das penas precede o voo: as penas surgiram com a
função original de termorregulação e, posteriormente, tornaram possível a
evolução do voo.
Temática: Estudo das Aves – Pele e Penas
Muitas das características das aves relacionam-se, direta ou
indiretamente, ao voo. Elas estão adaptadas, tanto estrutural como
funcionalmente a fim de garantir um alto dispêndio de energia num corpo
muito leve. As penas são características exclusivas das aves, que as distingue
de outros animais. Nessa aula, vamos estudar as características da pele e das
penas das aves.
Pele
A pele das aves é fina, frouxa e seca. Não apresenta glândulas, salvo a
uropigiana, localizada na base da cauda. Esta glândula produz uma secre-ção
oleosa que impermeabiliza as penas e é mais desenvolvida nas formas
aquáticas. O isolamento térmico é garantido pela camada de gordura
subcutânea e pelas penas. Além da epiderme e da derme, a pele das aves
apresenta uma terceira camada, de tecido adiposo (hipoderme), característica de
animais endo-térmicos que controlam sua temperatura. Essa camada é particularmente
bem desenvolvida em aves com penas reduzidas, como os pingüins; e como a
gordura é menos densa que a água, esses animais podem boiar facilmente. A
pele possui uma espessa camada de queratina, como nos répteis, que evita a
perda excessiva de água e forma muitos anexos córneos (placas nos pés, garras,
esporões, bico).
Penas
Parece que na história evolutiva a função de regulação térmica veio
pri-meiro. As duas principais funções de conservação do calor e vôo são na
verdade, hoje desempenhadas por penas de diferentes tipos. Todas as penas
são baseadas no mesmo plano. As penas desenvolvem-se de reentrâncias ou
folículos na pele, geralmente arranjados em regiões ou pterilas, que são
separadas por aptérias, isto é, áreas da pele sem penas. Em algumas espécies,
como as ratitas, os pingüins e os Coliidae não existem pterilas e as penas
distribuem-se uniformemente sobre a pele.
Tipos básicos de penas
As aves apresentam seis tipos de penas:
1. Penas de contorno
Cobrem o corpo e auxiliam no voo. As penas de contorno têm uma base
curta e tubular, o cálamo, que permanece firmemente implantando no folículo até
que ocorra a muda. Ao longo do cálamo existe uma longa e afilada raque que
possui ramificações laterais, poucos separadas, chamadas barbas; a mais
inferior delas demarca externamente o limite entre o cálamo e a raque. As
barbas de cada lado da raque constituem uma superfície denominada vexilo. Os
vexilos podem ser simétricos ou assimétricos. As partes proximais dos
vexilos de uma pena têm uma textura plumácea ou de penugem, sendo macia, solta
e fofa. Isto confere à plumagem de uma ave excelentes propriedades de
isolamento térmico.
As partes mais distais dos vexilos têm uma textura penácea ou laminar,
firme, compacta e intimamente entrelaçada. Esta parte exposta produz um
aerofólio que protege a penugem que fica embaixo, repele a água, reflete ou
absorve radiação solar e pode exercer um papel nas comunicações visual ou
auditiva. As bárbulas são estruturas que mantêm o caráter penáceo
dos vexilos da pena. Elas são organizadas de tal modo que qualquer desarranjo
físico do vexilo é facilmente corrigido pelo hábito, que as aves possuem, de
alisar as penas com o bico. Deste modo, as aves realinham as bárbulas
deslizando sobre elas seu bico levemente entreaberto. As remiges (penas
das asas) e as rectrizes (penas da cauda) são grandes e duras; na maioria das
vezes penas de contorno penáceas que são modificadas para o voo.
2. Plúmulas
Geralmente curtas e localizadas abaixo das penas de contorno. São penas
inteiramente plumáceas. Nelas, a raque é mais curta do que a maior barba ou
está ausente. As plúmulas provêm isolamento térmico para as aves adultas de
todas as espécies. Além disso, a plúmula do recém-nascido, que é
estruturalmente mais simples que a plúmula do adulto, fornece uma cobertura
isolante em muitas aves já na eclosão do ovo ou logo depois.
As plúmulas do recém-nascido antecedem, usualmente, o desenvolvimento
das primeiras penas de contorno e as plúmulas está associado com aptérias (os
espaços entre as regiões com penas de contorno). As plúmulas definitivas
são aquelas que se desenvolvem com a plumagem completa do corpo.
3. Semiplumas
Intermediárias entre plumas e penas de contorno. Elas combinam uma raque
grande com vexilos inteiramente plumáceos e podem ser distinguidas das plúmulas
pelo fato da raque ser mais longa do que a maior barba. Em geral, as
semiplumas estão escondidas entre as penas de contorno. Elas fornecem
isolamento térmico e ajudam a preencher o contorno do corpo de uma ave.
4. Plúmulas de pó
Crescem continuamente e nunca sofrem muda. Produzem um pó branco,
extremamente fino, composto por grânulos de queratina. O pó, que é
espalhado por toda a plumagem, é hidrofóbico. Por isto, supõe-se que ele também
forneça uma outra espécie de cobertura à prova d´água para as penas de
contorno. Todas as aves possuem plúmulas de pó, mas elas são mais bem
desenvolvidas nas garças.
5. Filoplumas
São penas finas, capilares, com poucas barbas curtas ou bárbulas nas
pontas. Normalmente, elas não estão expostas. As filoplumas são estruturas
sensoriais que ajudam na ação das outras penas. Possuem numerosas terminações
nervosas nas paredes de seus folículos e estes nervos se conectam a receptores
de pressão e de vibração ao redor dos folículos. Aparentemente, as filoplumas
transmitem informações sobre a posição e o movimento das penas de contorno, via
estes receptores. Este sistema sensorial tem, provavelmente, o papel de manter
as penas de contorno no lugar, ajustando-as adequadamente para o voo,
isolamento, banho ou exibição.
6. Cerdas
As cerdas ocorrem mais comumente em torno da base do bico, ao
redor dos olhos como pestanas, na cabeça ou mesmo nos artelhos de algumas aves.
São penas de contorno modificadas, especializadas, com uma raque rígida e
barbas, quando existem, apenas na parte proximal. Não apresentam vexilos.
Na maioria das cerdas, a parte distal da raque é colorida de marrom-escuro ou
preto por grânulos de melanina. As cerdas e as penas estruturalmente
intermediárias, chamadas semicerdas, repelem partículas estranhas protegendo as
narinas e os olhos de muitas aves. Elas atuam como órgão sensorial
táctil. Pode-se afirmar então que as penas têm por função proteger o
corpo (contra choques mecânicos, físicos, agressões, chuva, ação dos raios
solares e, principalmente, mudanças bruscas de temperatura) e auxiliar o voo.
Temática: Formação das Penas
As penas são uma característica específica do grupo das aves. Estima-se
que um pássaro normal possa ter entre 1500 a 3000 penas (7% do peso total). Já
sabemos que as penas permitem o voo, oferecem proteção contra a
dissecação e outras agressões e protegem do frio e do calor excessivo. Vamos
estudar agora como as penas, tão importantes para as aves, são formadas.
Nos estágios iniciais, o desenvolvimento de uma pena é comparável com aquele de
uma escama réptil. Tecidos mesodérmicos, contendo pequenos vasos sanguíneos,
aglomeram-se sob o local da futura pena para formar a papila da mesma. Acima
desta, a epiderme se evagina, adquirindo o aspecto de estrutura cônica
recoberta por um epitélio e possuindo uma polpa central.
Deste ponto em diante, o desenvolvimento difere daquele da escama córnea
dos répteis. A papila não permanece na superfície, ao invés disso, a
epiderme que a circunda aprofunda-se formando o folículo da pena, através do
qual a papila cresce durante o desenvolvimento. Analisando, inicialmente,
o desenvolvimento de uma pluma, verificamos que a papila se transforma numa
estrutura tubular muito alongada. Os tecidos mesodérmicos vivos da papila, a
polpa nutritiva, acompanham o comprimento do tubo durante o desenvolvimento.
A superfície epidérmica adquire gradualmente um caráter cornificado.
Na região proximal, que corresponde ao futuro cálamo, o tubo epidérmico
é um cilindro simples. Na região distal, contudo, uma fina camada externa
separa-se, como uma bainha cônica, da parte interna do epitélio. Esta massa
interna desenvolve-se como uma série de cristas longitudinais espessadas.
Ao completar o crescimento de uma pena, o tecido mesodérmico da parte distal da
mesma é reabsorvido. Quando se rompe a delgada bainha, as cristas são
liberadas, convertendo-se nos filamentos expandidos da porção distal da pluma.
Na região proximal, contudo, o tubo permanece intacto, formando o
cálamo. O tecido mesodérmico que o preenche seca. Os dois orifícios de uma pena
já desenvolvida são as aberturas originais, proximal e distal, deste segmento
tubular. Um pouco mais elaborado, porém basicamente semelhante, é o
desenvolvimento de uma pena de contorno. Assim como na pluma, o rudimento
da pena toma a forma de um cone epidérmico, preenchido por mesoderma, na parte
distal do qual se separa uma camada superficial como uma bainha delgada. As
futuras barbas surgem (tais como aquelas de uma pluma) como estruturas que
crescem paralelamente, a partir de um “colar” basal.
Ao atingir certo ponto, desenvolve-se um processo especial, resistente,
que forma a raque. As barbas migram, progressivamente, nesta raque à medida que
a mesma se desenvolve, sendo que as novas barbas se formam a partir do colar,
continuando o processo migratório.
Em uma fase posterior, originam-se as bárbulas a partir das barbas.
Quando a pena está completamente formada no interior da bainha, esta se
rompe e a pena tem simplesmente que se distender para atingir seu estado de
desenvolvimento completo. Quando a pena está completamente formada no
interior da bainha, esta se rompe e a pena tem simplesmente que se distender
para atingir seu estado de desenvolvimento completo.
Usualmente diversas gerações de penas são produzidas. Primeiro as penas
dos recém-nascidos (neóptila), depois, uma ou mais gerações de penas de juvenis
que podem ser de vários tipos: prefiloplumas, preplúmulas e, finalmente, penas
de adultos (teleóptilo).
A substituição das penas processa-se durante toda a vida e recebe o nome
de muda. A papila, na base de cada folículo, bem como sua cobertura
epidérmica, persiste como uma matriz a partir das quais novas penas se
formam. Em muitas aves, particularmente aquelas das regiões temperada e
ártica, a substituição das penas é um fenômeno sazonal de muda. Em outras, pode
ocorrer uma substituição gradual durante o ano todo. Terminações nervosas
sensoriais, localizadas na base da pena, podem registrar sensações tácteis
sendo que nas aves de hábito noturno, como as corujas, penas sensoriais,
filiformes, podem estar presentes na face.
Cor
A cor das penas é produzida parte por pigmentos e parte por efeito de
reflexão e difração. Os pigmentos mais comuns são as melaninas, indo do
preto e marrom a amarelo e deixados nas penas por células especiais na papila e
os lipocromos, que produzem o amarelo, laranja, vermelho, azuis e verdes. Estes
são menos resistentes que as melaninas, gastando-se mais depressa.
Somente as penas que ficam expostas ao sol têm pigmentos. Estes têm a função de
proteger as penas dos raios ultravioletas e aumentar a resistência das penas. O
processo desses cromatóforos amebóides transporta grânulos de pigmentos para
dentro das bárbulas, onde elas são deixadas em camadas entre aquelas de
queratina. Alguns animais, como os patos, têm zonas do corpo, que vistas de
certo ângulo, revelam cores resultantes da reflexão da luz. As cores que podem
ser vistas de qualquer ângulo são atribuídas à reflexão da luz pelo ar
existente nas penas. É o mesmo processo que faz com que o céu seja azul.
Comunicação
As penas desempenham um importante papel na comunicação visual das aves.
Elas contribuem com os movimentos realizados para a biologia reprodutiva das
espécies, refletem o dimorfismo sexual (os machos são mais coloridos do que as
fêmeas). A cor e a forma do revestimento das penas também podem apresentar
potencialidades miméticas, sobretudo nas aves que forrageiam no solo e habitam
lugares onde há neve.
Temática: Asas, Mecânica de Voo e Migração
As penas das aves são essenciais para o voo. Porém, há outros fatores
essenciais para esse meio de locomoção. Um deles é a musculatura peitoral,
bastante desenvolvida, que fornece a força motriz para as asas. A mecânica de
voo das aves tem sido muito estudada nos últimos anos. Nós agora vamos estudar
como funciona essa mecânica e como as aves participam desse processo. Vamos lá!
As asas de uma ave são aerodinâmicas. Essa característica é de extrema
importância, pois reduz a resistência ao ar. As asas funcionam como superfície
de elevação e como impulsionadoras. Para voar, as aves devem gerar forças de
ascensão maiores que suas próprias massas, para assim serem transportadas pelo
ar e promover propulsão para se movimentar, o que é feito utilizando as asas.
A parte distal das asas é responsável pela propulsão e a sustentação é
proporcionada pelas penas na parte medial das asas. O ar desliza suavemente
sobre as asas, gerando ascensão com um mínimo de arrasto. As penas que
auxiliam o voo são chamadas remiges. E são classificadas em primárias,
secundárias e terciárias, em número variável de acordo com a espécie. As
remiges são estruturas rígidas e fixas aos principais ossos da asa. As penas de
cobertura, mais macias, estão adaptadas de forma a favorecer o aerodinamismo.
Os movimentos comuns desempenhados pelas asas durante o voo são: para baixo e
para frente no movimento para baixo e para cima e para trás no movimento para
cima. Ainda nesse movimento a asa é parcialmenete dobrada a fim de reduzir a
resistência ao ar.
As aves podem desempenhar dois tipos de voo:
Voo Planado: O gasto de energia é muito pequeno. A ave permanece
com as asas abertas utilizando as correntes de ar ascendentes,
mantendo-se planando.
Voo Batido: Requer grande gasto de energia. As asas são
movimentadas contra o corpo e elevadas pela ação dos músculos.
O voo batido requer duas forças: uma vertical de ascensão, para suportar
o peso da ave, e uma força horizontal de propulsão, para movimentar a ave para
frente, contra as forças de resistência de fricção. A força de propulsão
é fornecida pelas remiges primárias nas extremidades das asas, enquanto as
remiges secundárias do interior das asas atuam como um aerofólio, produzindo a
ascensão. Existem quatro diferentes tipos de asas de aves.
Elas variam em tamanho e forma de acordo com o tipo de hábitat explorado, os
quais requerem necessidades aerodinâmicas diferentes. Um dos fatores
considerados para a relação entre asa e voo é o quociente de proporcionalidade,
a razão entre o comprimento e a largura média da asa.
1. Asas Elípticas
O coeficiente de proporcionalidade é baixo. As asas elípticas existem
nas aves que precisam manobrar em habitats florestados, como os pardais,
pica-paus, rolas e gralhas. As asas são fendidas entre as remiges primárias
propiciando alta ascensão em baixa velocidade.
2. Asas de Alta Velocidade
A borda posterior da asa é reta e a extremidade, afilada. Esse arranjo
reduz a turbulência ocasionada em voos de alta velocidade. É comum nas aves que
se alimentam em voo, tais como andorinhas, beija-flores e nas que realizam
grandes migrações como os maçaricos, que atingem até 175 km por hora.
3. Asas Planadoras
Presentes nas aves oceânicas, como o albatroz. O coeficiente de
proporcionalidade é alto. As asas são longas e estreitas e não possuem fendas
como as elípticas. São asas adaptadas para velocidade e ascensão altas,
planando dinamicamente. As asas planadoras têm a mais alta eficiência
aerodinâmica de todas as aves, mas são menos manobráveis que as asas largas com
fendas dos planadores terrestres. As aves exploram os ventos marinhos usando
correntes adjacentes de ar com diferentes velocidades. Só são vantajosas em
zonas de muito vento como as orlas marinhas e em zonas de montanha.
4. Asas de Grande Sustentação
Presentes em espécies predadoras que carregam carga pesada. As asas são
muito arqueadas, com fendas, que fornecem alta sustentação em velocidade baixa.
Muitas destas aves são planadoras terrestres, com asas amplas e fendidas, que
permitem uma resposta sensível para manobrar, necessária para planar
estaticamente nas correntes inconstantes de ar sobre a terra.
Migração e Navegação
Não são todas as aves que migram, mas muitas espécies de aves são
migratórias e mudam de uma região para outra, principalmente, quando ocorrem
alterações no clima. De acordo com a época em que as aves permanecem numa dada
região, as espécies migratórias podem ser divididas em nidificantes e
invernantes. As aves migratórias têm suas rotas bem estabelecidas e a maioria
das migrações dão-se no sentido norte-sul, segundo a latitude (latitudinais).
No hemisfério norte, onde está concentrada a maior parte de massas de terra, a
maioria das aves migra para o sul no inverno e para o norte no verão. Um
movimento oposto, menos predominante, existe no hemisfério sul. Outras aves
apresentam migrações altitudinais, isto é, para o topo das montanhas no verão e
de regresso aos vales no inverno.
Algumas espécies de aves, sobretudo as aquáticas, completam suas rotas
migratórias em períodos curtos. Outras, entretanto, fazem a viagem
vagarosamente, parando ao longo do percurso para se alimentar. Normalmente
percorrem 160 a 500 km/dia. Antes de iniciarem a migração, as aves
adquirem reservas de lipídeos, que garantem energia suplementar durante os
longos períodos de voo. Esse processo é desencadeado via sistema endócrino e o
principal estímulo é a alteração no número de horas do dia (fotoperiodismo). O
longo comprimento do dia estimula o lobo anterior da hipófise a entrar em
atividade e, assim, uma série de mudanças fisiológicas e comportamentais passam
a ocorrer, resultando no crescimento das gônadas, depósito de gordura, migração
e comportamentos de acasalamento. Pode ocorrer de algumas aves estritamente
diurnas tornarem-se noturnas durante a migração. Mudanças nas condições
atmosféricas também podem estimular o momento da partida. As aves podem
desempenhar suas rotas migratórias seguindo marcos, como rios, vales e linhas
costeiras, ou sobre rotas com poucas características direcionais, como os mares
e terras planas.
Não se sabe ao certo porque algumas espécies migram e outras não.
Algumas espécies migram em busca de alimento e muitas dessas, acabam
tornando-se sedentárias quando perto de habitações humanas que lhe providenciam
alimento. Há uma hipótese que defende a ideia de que as aves eram
predominantemente tropicais e subtropicais e nestas regiões nidificavam e
criavam seus descendentes. Com o aumento da população, as aves passaram a
migrar para o norte a procura de alimento. Voltavam ao sul para reproduzir. Mas
essa teoria só é válida para poucas espécies nativas dos trópicos.
Algumas aves migram em bandos e outras, sozinhas. As aves navegam,
principalmente, orientadas pela visão. Mas já se sabe que as aves possuem um
senso inato altamente acurado de tempo e direção, que somados à experiência,
aperfeiçoa cada vez mais a habilidade de navegação das aves.
Temática: Características Gerais das Aves
O voo é uma característica evolutiva fundamental e decisiva que aparece
na Classe das Aves. A morfologia e o metabolismo das aves também estão
relacionados e adaptados ao voo de modo a garantir a redução da massa
corporal e um alto consumo de energia. Vamos estudar nessa aula o conjunto das
características que tornaram possível a adaptação ao voo.
Sistema Esquelético e Muscular
Os ossos são muito leves, finos e ocos. Muitos dos ossos contêm
extensões dos sacos aéreos (expansões membranosas dos pulmões), que penetram no
interior de muitos ossos, como os das pernas e das asas. São chamados
pneumáticos. Dentes pesam e precisam implantar-se em maxilas fortes,
movidos por músculos especiais. A cabeça das aves não pode ser pesada! Os maxilares
leves são desprovidos de dentes e o bico – mesmo sendo grande como o de um
tucano – é surpreendentemente leve. Aves que se alimentam de grãos trituram-nos
numa moela bem desenvolvida, deslocada para o interior do corpo.
A cabeça e o pescoço são muito móveis, pois o bico utilizado na captura
de alimentos, alisamento das penas, construção de ninhos e defesa, precisa ter
liberdade de movimento. O esqueleto da coluna vertebral e cinturas é
modificado de tal maneira que permite suportar o peso do corpo de duas
distintas maneiras: sobre as asas ou sobre as pernas. Todo o eixo de uma
ave é morfologicamente mais curto que qualquer outro vertebrado, exceto as rãs
e as tartarugas, somente o pescoço permanece uma estrutura longa e móvel. O
número de vértebras cervicais varia e é maior em aves com pescoço longo. O
centro das vértebras cervicais apresenta forma côncava e convexas ao mesmo
tempo, são chamadas vértebras heterocélicas. O osso esterno é largo e,
nas aves voadoras, apresenta uma quilha que aumenta a área de inserção dos
músculos do vôo, que podem representar 25 a 35% do peso do corpo.
Sistema Circulatório
Muitos dos aspectos característicos de aves dependem de uma eficiente
circulação, permitindo uma alta taxa de metabolismo e, assim, alta e constante
temperatura. O coração é relativamente grande, completamente dividido em
lados direito e esquerdo (4 cavidades), impedindo a mistura do sangue arterial,
rico em oxigênio, com o sangue venoso. Grande quantidade de hemoglobina
presente no sangue. Apenas como um dado anatômico que permite identificar
as aves, nelas encontramos apenas uma artéria aorta que, ao sair do coração,
curva-se para o lado direito do corpo.
Sistema Digestivo
O alimento quando entra na boca é manipulado por uma longa e afilada
língua, ainda na boca recebe o tratamento pela saliva que é constituído por
muco. O alimento é usualmente engolido inteiro e vai para o esôfago, que
geralmente é dilatado abaixo no qual forma um largo receptáculo, o papo, encontrado
especialmente em aves que comem grãos e peixes. O papo é principalmente
uma câmara de armazenamento pelo qual o alimento amolece pela absorção de água.
O papo também pode ser utilizado para estocar alimento para os jovens.
O estômago verdadeiro é dividido em duas partes: o estômago químico ou
proventrículo glandular no qual o alimento é misturado com enzimas pépticas
(equivalente ao nosso suco gástrico) e o estômago mecânico ou moela, que
tritura o alimento. Há um par de cecos entre o intestino e o reto. O
alimento entra no ceco, mas sua função não é clara, possivelmente está
relacionado com a absorção d água e pode também ter digestão microbiana. O
intestino termina numa cloaca que como nos répteis é adaptada a reabsorção de
água.
Sistema Respiratório
Os pulmões das aves são pequenos e esponjosos, com pouca
elasticidade. São proporcionalmente menores que dos mamíferos, mas são mais
eficazes porque mantêm o fluxo de ar numa única direção, mantendo a
concentração de oxigênio em contato com as superfícies epiteliais de troca
muito maior do que nos vertebrados que ventilam seus pulmões
bidirecionalmente. Esse fluxo unidirecional somente é possível porque os
pulmões estão conectados com sacos aéreos anteriores e posteriores – expansões
membranosas dos pulmões – que funcionam como foles e se encontram expandidos
entre órgãos.
Os sacos aéreos se comunicam com os ossos pneumáticos, reduzindo o
peso das aves. Contribuem ainda para a regulação térmica, na medida em que sua
ampla superfície permite a evaporação da água, dissipando calor do corpo.
Movimento do pulmão Quando o animal está em repouso (andando ou pousado),
o ar é bombeado pelos movimentos provocados pelos músculos intercostais para
inspiração e músculos abdominais para expiração.
Quando o animal está em voo, pelos músculos peitorais; esses músculos
movem o esterno para frente e para trás.
Bem próxima à bifurcação da traqueia, existe uma caixa vocálica, chamada
siringe, onde é produzido o som.
Sistema Excretor
Rim funcional metanefros grandes, alongados e lobulados. O produto
excretado pela urina, predominantemente nas aves, é o ácido úrico. Por se
tratar de um composto nitrogenado quase insolúvel e pouco tóxico, pode ser
eliminado com uma quantidade de água muito pequena, sob a forma de cristais,
numa pasta branca, junto com as fezes. As aves não têm bexiga urinária, o
que as faz mais leves para o voo. Aves marinhas eliminam o excesso de sal
por meio de glândulas situadas acima dos olhos e lançadas no interior das
fossas nasais.
Sistema Nervoso
O encéfalo é proporcionalmente ao corpo muito grande, mais do que em qualquer
outro grupo de vertebrado visto até agora. Possuem 12 pares de nervos
cranianos. Lobos ópticos e cerebelo grande. O olfato não é muito importante
para as aves. Já a visão é muito importante para a maioria dos animais
voadores.
Sistema Reprodutor
Todas as aves apresentam sexos separados, dimorfismo sexual e fecundação
interna. São ovíparas e os ovos são ricos em vitelo e dotados e casca calcária.
O âmnion e o alantoide estão presentes no desenvolvimento embrionário. A
oviparidade soluciona o problema do reduzido espaço interno, evita o excesso de
peso e não altera a dinâmica do voo. Somente o ovário esquerdo das fêmeas
é funcional, o direto é rudimentar.
Órgãos dos Sentidos
As aves dependem mais dos olhos do que de outros sentidos. Os olhos das
aves são grandes e representam cerca de 15% do peso da cabeça. A visão a cores
é bem desenvolvida. Sob as pálpebras existe uma membrana nictante transparente
que se estende sobre a superfície do globo ocular, protegendo-o contra
ressecamento e poeira. As aves possuem duas fóveas e, portanto, podem ver
três campos diferentes ao mesmo tempo. A audição é bem desenvolvida, até
mesmo pela importância do canto no comportamento de muitas espécies.
Temática: Biologia das Aves
Adaptadas ao voo, as aves conquistaram o meio terrestre e o meio aéreo.
Como se distribuem no meio ambiente? Como se alimentam e sobrevivem frente à
competição? É isso que veremos nessa aula. Vamos lá!
Distribuição Geográfica
As aves apresentam ampla distribuição geográfica, são cosmopolitas.
Estão distribuídas de polo a polo. Contudo, diversos grupos de aves têm
distribuição restrita a determinadas regiões. Por exemplo, os pinguins
(Spheniciformes) estão presentes apenas no hemisfério sul. A ema, na América do
sul. Outros grupos estão espalhados por quase todo o mundo, como, por exemplo,
os “passarinhos” (Passeriformes).
Seleção de Habitat
O êxito das aves é devido, em grande parte, à grande variedade e
eficiência de estratégias na procura de alimento e do local de
reprodução. O poder de seleção de hábitat das aves permite a
diversificação das espécies reduzindo a competição interespecífica. Encontrando
um novo ambiente, uma ave pode explorá-lo ativamente na procura de alimento ou
defesa contra inimigos. As aves, com sua habilidade de voar, são
extremamente móveis e exploram essa motilidade exaustivamente. Essa motilidade
lhes permite explorar fontes de alimento distribuídas no tempo e no espaço, bem
como alimentar-se e reproduzir-se em áreas diferentes. Dessa maneira, é difícil
especificar o seu ambiente, ainda mais quando se trata de aves
migratórias. Se observarmos as aves das cidades e campos, logo notaremos
que elas estão “em casa” numa grande variedade de situações. As aves mostram,
em alto grau, dois dos aspectos mais comumente utilizados como critério para o
reconhecimento de um animal superior:
1. A liberdade para mover em diferentes condições.
2. A habilidade de obter sustento em circunstâncias não
promissoras.
Há evidências de que um hábitat apropriado é reconhecido por todos os
membros da espécie, por um número relativamente pequeno de características
evidentes, independentemente do aprendizado.
Alimentação
As aves apresentam uma grande variedade de especializações morfológicas,
fisiológicas e comportamentais associadas com a alimentação a partir de várias
fontes de alimento. Esse fato é importante, pois leva a pouca competição
entre espécies com relação ao alimento, mesmo quando elas vivem no mesmo ambiente.
Por exemplo: Diferentes espécies de “finchs” comem sementes de diferentes
tamanhos ou a diferentes níveis numa mesma árvore. Associados ao
comportamento alimentar estão à forma do bico, formas do trato digestivo e os
órgãos do sentido.
Tipos de bicos
Diferentes formas de bico de acordo com o hábito alimentar. Algumas
categorias podem ser reconhecidas:
a - Insetívoras
a.1. Bicos finos, curtos e pontiagudos. Ex.: Parulídeos – encontram alimento
na superfície da folha;
a.2. Bico curto e frágil com uma fenda bucal. Ex.: Bacuraus – são varredores
aéreos que coletam as presas no ar;
a.3. Bicos em forma de gancho. Ex.: Tiranídeos – caçam insetos no voo.
b – Carnívoros e predadores
b.1. Bicos robustos e pontiagudos. Ex.: corvos e siriema.
b.2. Bico cuja ponta tem a forma de um gancho. Ex.: biguás - que são piscívoros.
b.3. Bico fino, curto e serrilhado. Ex.: biguatinga - também piscívoro.
c – Filtradores
c.1. Bicos com lamelas córneas. Ex.: aves aquáticas como o pato - no bico há
corpúsculos sensoriais. Retiram da água e da lama plâncton e micro-crustáceos.
c.2. Bicos que escumam a superfície da água. Ex.: colheiros.
d – Granívoros
d.1. Pontas dos bicos divergentes. Ex: cruza-bicos – extraem as sementes de
coníferas que estão entre as escamas dos cones.
e - Sondadores
e.1. Bicos longos para investigar vermes e crustáceos na lama ou na areia.
Ex.: Narcejas;
e.2. Usam a língua para se alimentarem. Ex. beija-flores.
Hábitos Alimentares
De acordo com o hábito alimentar, as aves podem ser classificadas em
nove grupos:
Ictiófagos e Predadores Aquáticos
Aves que se alimentam de peixes e invertebrados aquáticos. Podem
capturar a presa no ar, como fazem as fragatas, podem obrigar outras aves a
regurgitar ou devolver suas presas, como faz as gaivotas e, enquanto em voam
podem capturar presas na superfície d´água ou mergulhar atrás da presa. O
mergulho pode ser feito com as patas, asas ou ambos. Algumas aves mergulham a
cabeça, nadam à superfície e chegam fundo. Outras caminham no fundo e
segurando-se a este com as patas.
A detecção da presa é feita propriamente por meio através da
visão.
Filtradores Aquáticos
Alimentam-se de pequenos animais, plantas e detritos (diatomáceas e
algas) filtrados no lodo, areia ou na água. Para tanto, as mandíbulas são bem
distendidas. Os flamingos e patos filtram em estruturas do bico.
Predadores Terrestres
A carnivoria está presente em muitas ordens. Anfíbio e répteis são os
animais predados com maior frequência, mas até mamíferos e outras aves podem
ser predados. A maior parte das espécies predadoras é diurna e, em geral,
as aves predam utilizando o bico e as garras das pernas que tendem a ser
largas. Os predadores menos especializados engolem a presa inteira e os mais,
dão bicadas ingerindo-a aos poucos. O estômago dos predadores possui
poderosas enzimas proteolíticas e os restos da digestão são regurgitados.
Necrófagos
Os necrófagos possuem cabeça e pescoço pelados para não sujar a plumagem
e pés adaptados para andar no chão. Localizam a carcaça por meio da visão
ou olfato, como os abutres. As variações na forma e tamanho do bico e no
tamanho do corpo são especializações para se alimentar da carcaça de diferentes
tamanhos ou diferentes partes da carcaça.
Insetívoras e que se alimentam de Invertebrados Terrestres
60% das aves são até certo ponto insetívoras. Capturam os insetos
utilizando a visão. Apresentam uma diversidade de especializações de
forrageio: os respigadores (forma mais antiga e comum) dão rápidas bicadas a
partir de uma posição empoleirada. Ex.: Parulídeos. Os sondadores
introduzem os bicos em buracos e fendas no solo e na vegetação para capturar insetos,
ovos e larvas. Os perfuradores de madeira, como os pica-paus, cavam buracos nos
troncos de árvores mortas a fim de expor insetos escondidos. Algumas aves voam
alto e de bico aberto para capturar os enxames de insetos.
Nectarívoros
São sondadores. A língua tem escovas na ponta para aspirar o néctar. O
comprimento e a forma do bico dependem da planta da qual se alimentam.
Frugívoros
Os juvenis alimentam-se de insetos, pois nessa fase da vida dependem de
uma dieta rica em proteínas. O trato digestivo dessas aves é curto e
tubular e o estômago é pouco desenvolvido. O alimento passa rápido pelo
estômago e, geralmente, só a polpa do fruto é digerida.
Granívoros
As espécies que ingerem as sementes inteiras dependem do papo e de moela
poderosa para digestão. Os bicos são fortes para abrir as sementes.
Herbívoros
Poucas espécies alimentam-se exclusivamente de plantas. A maioria
complementa a dieta com proteína animal. Os exclusivamente herbívoros possuem
tubo digestivo com sacos laterais onde o material é armazenado e digerido por
bactérias simbióticas. A maior parte das espécies não se encaixa
exclusivamente em uma só categoria. Os resíduos não digeridos,
normalmente, são regurgitados sob a forma de pequenas massas de pelos, penas ou
escamas. A visão e a audição são os principais sentidos utilizados na
alimentação. O odor e o gosto são poucos desenvolvidos. Algumas dietas
estranhas existem: aves (Geospiza difficilis) que se alimentam do sangue de
outras aves, dieta de excrementos e mamíferos, medusas tóxicas, entre
outras. Para estudar os hábitos alimentares das aves, devemos: observas
como elas se comportam em campo, isto é, nos seus ambientes naturais, analisar
o conteúdo estomacal, analisar os excremento s e as regurgitações e analisar os
restos deixados no ninho.
Pode-se ainda, utilizar crias artificiais.
Temática: Biologia Reprodutiva das Aves
Muitos dos complexos comportamentos sociais das aves estão associados à
reprodução e as aves têm contribuído enormemente para a nossa compreensão da
relação entre os fatores ecológicos e os sistemas de acasalamento dos
vertebrados. Vamos juntos nessa aula conhecer o comportamento reprodutivo das
aves!
Acasalamento
Um macho não tem qualquer participação além da inseminação, já a fêmea
precisa, no mínimo, carregar os ovos até eles serem postos. E, provavelmente,
ela ainda irá chocar os ovos e cuidar das crias. Um macho está pronto
para acasalar-se de novo poucas horas após ter inseminado uma fêmea; mas ela
precisa ovular e formar uma nova postura antes de tentar um segundo
acasalamento. Para o macho a estratégia mais produtiva é acasalar-se com o maior
número de fêmeas possível, enquanto para as fêmeas, a melhor estratégia é
escolher o melhor macho. A maioria das aves é monogâmica. Entretanto, a
poliginia verifica-se em algumas espécies (cerca de 2% do total). A poliginia
implica que os machos tomem conta do harém, enquanto as fêmeas cuidam dos
filhotes.
Pode ocorrer também a poliandria, quando as fêmeas controlam ou têm
acesso a vários machos. Este padrão de reprodução entre as aves é típico de
situações nas quais o custo de cada esforço reprodutivo para as fêmeas é baixo
(alimento abundante) e a probabilidade de sucesso da ninhada é pequena. A
parada nupcial é o primeiro passo do acasalamento e envolve comportamentos
sociais do macho para com a fêmea, como o canto. Depois, vêm à cópula.
Algumas espécies copulam apenas antes da nidificação, outras prolongam o ato
durante a incubação.
Manifestações sonoras
Há dois tipos de canto: o do ano inteiro e o da reprodução. As
manifestações sonoras possuem um fundo genético, mas também são adquiridas por
aprendizagem.
Nidificação
Os ninhos fornecem aos ovos proteção contra agressões físicas, tais como
o calor, o frio ou a chuva e predadores. O tipo de ninho a ser construído varia
de acordo com o habitat em que a espécie está inserida e pode variar desde
cavidades rasas no solo até enormes estruturas. A maior parte das aves
nidifica individualmente. Mas há espécies, como 98% das aves marinhas, que
nidificam em colônias. A nidificação colonial oferece vantagens e desvantagens.
Muitos indivíduos nidificando juntos podem atrair predadores, mas também a alta
densidade de aves nidificando pode oferecer certa proteção. Geralmente é
a fêmea quem faz o ninho, enquanto o macho cuida do território. A construção de
um ninho pode variar de seis horas a seis semanas. Os materiais utilizados
na construção dos ninhos podem ser galhos, briófitas, lã, pelos e teias de
aranha. Todos os anos um novo ninho é criado, mas há espécies que perdem
o hábito de nidificar e acabam usando ninhos abandonados. O macho é o
responsável pela escolha do local de nidificação e o tamanho desta está
relacionado à oferta de alimento.
Ovos e Incubação
As aves podem botar de um a 20 ovos, conforme a espécie. O tamanho do
ovo varia de acordo com o tamanho da espécie e, geralmente, os ovos são
esbranquiçados ou cinzentos, de cor uniforme ou manchados. Algumas
espécies de aves começam a incubação tão logo é posto o primeiro ovo, enquanto
outras esperam completar a postura. Incubar logo após a postura do primeiro ovo
trás desvantagem para este ovo, uma vez que ele eclodirá antes dos últimos que
foram postos, para os pais que terão que dividir o tempo entre cuidar do ninho
e procurar alimento para este filhote e para os últimos ovos que foram postos,
que produzirão filhotes menores e têm menor chance de sobrevivência. Ao
incubarem seus ovos, as aves sofrem a pelada da incubação. As penas de contorno
caem na região ventral do corpo do animal e a densidade de plúmulas aumenta.
Assim, as aves transmitem calor ao ovo. A fêmea, o macho ou ambos podem
incubar.
Cuidado Parental
Após o nascimento dos filhotes, os pais removem as cascas e as membranas
dos ovos para evitar a aproximação de predadores. Há filhotes, como o das
espécies que habitam o solo, que são totalmente independentes dos pais e
abandonam o ninho poucas horas após o nascimento. Por outro lado, há espécies
que nascem cegas, nuas e totalmente dependentes dos pais (a maior parte dos
Passeriformes). Os pais ingerem os excrementos dos filhotes a fim de
limpar os ninhos. Os alimentos são dados no bico de forma regurgitada, a presa
pode ser dada inteira ou partida em bocados. O tempo de cuidado parental
é muito variável: os filhotes de pássaros pequenos são capazes de voar após
duas semanas do nascimento e por mais uma a três semanas dependem dos pais para
a alimentação, abandonando o ninho logo em seguida. Os filhotes de gansos,
cisnes e algumas rapinas ainda se encontram com seus progenitores um ano após o
nascimento.
BRASIL LIDERA RANKING DE AVES EM
EXTINÇÃO
http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/story/2004/03/040308_passaroscg.shtml
O Brasil lidera o ranking das espécies de aves em extinção, segundo um relatório da BirdLife International, coalizão de organizações ambientalistas, divulgado nesta segunda-feira. Dos 1.211 tipos de pássaros sob risco de extinção, 119 estão no Brasil, de acordo com o relatório, intitulado O Estado do Mundo, Pássaros 2004. São pássaros como o Zidedê-de-barriga-laranja e o Conuro Dourado.
O Brasil lidera o ranking das espécies de aves em extinção, segundo um relatório da BirdLife International, coalizão de organizações ambientalistas, divulgado nesta segunda-feira. Dos 1.211 tipos de pássaros sob risco de extinção, 119 estão no Brasil, de acordo com o relatório, intitulado O Estado do Mundo, Pássaros 2004. São pássaros como o Zidedê-de-barriga-laranja e o Conuro Dourado.
O segundo país com maior número de espécies ameaçadas é a Indonésia, com 117.
A concentração no Brasil tem a ver com o clima tropical do país. "Algumas regiões e países se destacam por ter densidades particularmente altas de espécies globalmente ameaçadas. Por exemplo, a cadeia dos Andes, a
Floresta Atlântica do Brasil, o leste do Himalaia, o leste de Madagascar e os arquipélados do sudeste asiático", afirma o relatório, intitulado O Estado do Mundo, Pássaros 2004.
Termômetro
De acordo com a BirdLife e a sua parceira britânica, Royal Society for the Protection of Birds, um terço das espécies (cerca de 400) ameaçadas só podem ser salvas com medidas urgentes.
Ainda segundo o relatório, 280 das espécies (24% das ameaçadas) que receberam ajuda responderam de forma positiva, mostrando que, em tempo, a ação humana pode evitar que desapareçam.
Tanto a BirdLife quanto a RSPB dizem que a presença de pássaros é um bom medidor da qualidade do meio ambiente.
"Pássaros são excelentes indicadores ambientais, e o que eles estão nos dizendo é que existe uma doença fundamental na forma como tratamos o nosso meio ambiente", afirma Leon Bennum, editor do relatório.
Ambientalistas estão reunidos em uma conferência em Durban, na África do Sul, para discutir o relatório, apresentado como o mais completo levantamento já feito das espécies de pássaros, a sua distribuição pelo mundo, as ameaças à sua sobrevivência e o que está sendo feito para salvá-las.
Entre os fatores que mais ameaçam os pássaros, estaria a agricultura, maior responsável pela destruição de habitats.
"O Estado do Mundo, Pássaros 2004 apresenta fortes provas de que nós estamos perdendo pássaros e biodiversidade em um ritmo alarmante e cada vez maior", afirma o diretor da BirdLife, Michael Rands.
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