Temática: Sistema Nervoso
O
tecido nervoso se origina do ectoderma e forma um dos sistemas responsáveis
pela coordenação das funções dos diferentes órgãos, constituindo o sistema nervoso ou sistema
neural. A informação é processada, integrada e comparada com experiências
arquivadas e/ou respostas predeterminadas (reflexos), para selecionar e
efetuar uma reação apropriada. A recepção da informação é a função do
componente sensorial do sistema
nervoso periférico (SNP).
Os
processos de integração, análise e resposta são realizados pelo cérebro e
medula nervosa, compreendendo o sistema
nervoso central (SNC), com
sua substância branca e cinzenta. A transmissão da resposta ao órgão efetor é
restrita ao componente motor do SNP. Entretanto, deve ser considerado que o SNP
é simplesmente uma extensão física do SNC, e a separação dos dois não implica
uma real dicotomia (GARTNER & HIATT, 2002).
Anatomicamente
o sistema nervoso pode ser dividido em duas partes: Sistema Nervoso Central
(SNC), que compreende o cérebro, a medula espinhal e a parte neural do olho e o
Sistema Nervoso Periférico (SNP), que compreende os gânglios periféricos,
nervos e terminações nervosas que conectam os gânglios com o SNC e os
receptores e efetores do corpo.
Os
componentes celulares básicos que constituem o SNC são os neurônios e a glia.
Já o SNP contêm as células de sustentação chamadas de células satélites e as
células de Schwann.
Os neurônios são células altamente excitáveis e
especializadas têm a propriedade de receber e transmitir estímulos nervosos, o
que permite ao organismo responder a alterações do meio. São células formadas
por um corpo celular, de
onde partem dois tipos de prolongamento: dendritos e axônios.
As células da glia têm a função de fornecer sustentação
estrutural aos neurônios, bem como manter as condições do microambiente para
que as funções neuronais ocorram. As células gliais incluem os astrócitos (responsáveis
pela formação da matriz estrutural do sistema nervoso), os oligodendrócitos
(responsáveis pela mielinização dos axônios) e as microglias (responsáveis pela
fagocitose, protegendo o sistema nervoso).
As
células de Schwann são responsáveis pela formação da bainha de mielina que
recobre os neurônios. As células satélites formam uma cápsula ao redor dos
corpos celulares dos neurônios dos gânglios e da raiz dorsal.
O
sistema nervoso pode ser também dividido funcionalmente em sistema nervoso
somático e autônomo. O sistema nervoso somático exerce controle consciente
sobre as funções voluntárias, enquanto o sistema nervoso autônomo controla as
funções involuntárias.
O
sistema nervoso autônomo é um sistema motor, agindo no músculo liso, músculo
cardíaco e em algumas glândulas. Seus dois componentes, o sistema nervoso
simpático e o parassimpático, geralmente agem em conjunto para manter a
homeostase. O sistema nervoso simpático prepara o organismo para ações, do tipo
“lutar ou fugir”, enquanto o sistema parassimpático atua acalmando o organismo
e promovendo a inervação secreto-motora da maioria das glândulas exócrinas
(GARTNER & HIATT, 2002).
Temática:
Células do Tecido Nervoso
Neurônios e Células de Suporte (neuróglia).
A
unidade estrutural e funcional do sistema nervoso é o neurônio, uma célula que é
altamente especializada em realizar duas principais funções: irritabilidade e condutibilidade.
Cada neurônio é composto de um corpo
celular (ou soma, ou pericário), e prolongamentos, o
mais longo é chamado de axônio, os demais de dendritos (fig. 1).
O corpo celular dos neurônios é geralmente
grande com núcleo também grande e arredondado. Em seu citoplasma, além das
organelas comuns em todas as células animais, apresentam manchas chamadas de corpúsculos de Nissi, que são acúmulos de ergastoplasma (retículo
endoplasmático) em pontos diferentes. Também apresentam grande quantidade de
mitocôndrias e complexo de Golgi, bem desenvolvido. Além disso, em preparações
microscópicas foi possível observar um grande número de filamentos, chamadas
de neurofibrilas.
Os corpúsculos de Nissi são acúmulos de retículo
endoplasmático especializados em fabricar substâncias denominadas
neurotransmissores.
O axônio é único, mas o número de dendritos pode
variar: O neurônio pode ser unipolar, chamado assim quando apresenta um único prolongamento que não é o dendrito
(raramente em vertebrados); pode ser considerado, bipolar quando
apresentar um axônio e um dendrito e, o mais comum, multipolar (um
axônio e vários dendritos). Existe um outro tipo, quando um único dendrito e
o axônio se fundem durante o desenvolvimento embrionário, dando a falsa
aparência de neurônio unipolar; por isso, ele é chamado de neurônio pseudo-unipolar (fig.3)
Os dendritos são prolongamentos ramificados da
célula especializados em receber estímulos (o impulso nervoso é sempre
transmitido no sentido dendrito → corpo celular → axônio). O axônio tem a
função de transmitir os impulsos nervosos para outros neurônios ou para outros
tipos celulares, como as células de órgãos efetores (musculares e
glandulares). É uma expansão celular fina, alongada e de diâmetro constante,
com ramificações em sua porção final. Os principais componentes celulares
do tecido nervoso são os neurônios e as células da glia ou neuróglia (fig. 4). As células da glia fornecem
suporte para o metabolismo dos neurônios, revestindo toda a sua superfície. No
SNC (Sistema Nervoso Central), estas células são chamadas de astrócitos e oligodendróglia. No SNP (Sistema Nervoso Periférico),
são chamadas de células capsulares (ou satélite) e células de Schwann.
Fig. 4 – Células da Glia ou Neuróglia.
Os astrócitos são as maiores células da neuróglia
e podemos encontrar nelas, variações morfológicas determinadas pelas suas
diferentes localizações. As oligodendróglia e células de Schwann têm a capacidade de formar um
invólucro de natureza lipídica, enrolando-se em espiral torno dos axônios. Esse
invólucro é conhecido como bainha de mielina. Essa
bainha atua como isolante elétrico e contribui para o aumento da velocidade de
propagação do impulso nervoso ao longo do axônio. A bainha de mielina, porém,
não é contínua. Entre uma célula de Schwann e outra existe uma região de
descontinuidade da bainha, o que acarreta a existência de uma constrição (estrangulamento)
denominada nódulo de Ranvier (ou estrangulamento de
Ranvier). Existem axônios em que as células de Schwann não formam a bainha de
mielina. Portanto, há duas variedades de axônios: os mielínicos (possuem a
bainha de mielina) e os amielínicos (que não possuem a bainha de mielina)(fig.
5).
As ramificações do axônio podem comunicar-se com
os dendritos, com um músculo, com estruturas sensoriais ou com uma glândula.
Entretanto, um neurônio não se comunica fisicamente com outro neurônio nem com
a fibra muscular ou com a célula glandular. Entre um neurônio e outro ou entre
um neurônio e um órgão por ele conectado há um delgado espaço denominado sinapse (fig.
6). A transmissão do impulso nervoso se dá por meio da ação de mediadores
químicos ou neurormônios. Como os neurormônios capazes de transmitir o impulso
nervoso acham-se presentes apenas nas extremidades dos axônios, conclui-se que
o sentido de propagação do impulso ao longo do neurônio é unidirecional.
Geralmente, deve ter o seguinte trajeto: dendrito → corpo celular → axônio.
Então, as sinapses são regiões de conexão química
estabelecidas entre um neurônio e outro ou entre um neurônio e uma fibra
muscular ou entre um neurônio e uma célula glandular. Logo, as sinapses podem
ser interneurais (entre um neurônio e outro), neuromusculares (entre um
neurônio e uma fibra muscular) ou neuroglandulares (entre um neurônio e uma
célula glandular). Os neurormônios mais comuns são a acetilcolina e a adenalina. Assim, as fibras nervosas podem ser
classificadas, basicamente em colinérgicas (quando liberam acetilcolina) ou adrenérgicas (quando
liberam adrenalina). Há neurônios que se iniciam em órgãos sensoriais (neurônios sensoriais) e
outros que terminam em músculos ou glândulas (neurônios efetores ou motores), existem ainda os que apresentam relações
funcionais entre um e outro (neurônios associativos ou
intercalares).
Temática: Fibras Nervosas
e Sistema Nervoso Central (SNC)
FIBRAS NERVOSAS
As chamadas fibras
nervosas são formadas pelos prolongamentos dos neurônios (dendritos ou axônios)
e seus envoltórios. Cada fibra nervosa é envolvida por uma camada conjuntiva
denominada endoneuro. Assim, em uma fibra mielinizada, temos três bainhas envolvendo
o axônio: bainhade mielina (de natureza lipídica), bainha de Schwann e o
endoneuro.
As fibras nervosas
organizam-se em feixes. Cada feixe, por sua vez, é envolvido por uma bainha
conjuntiva denominada perineuro. Vários feixes agrupados paralelamente formam
um nervo. O nervo também é envolvido por uma bainha de tecido conjuntivo
chamado epineuro. Os nervos não contêm os corpos celulares dos neurônios; esses
corpos celulares localizam-se no sistema nervoso central ou nos gânglios
nervosos, que podem ser observados próximos à medula espinhal.
Quando partem do encéfalo,
os nervos são chamados de nervos cranianos; quando partem da medula espinhal,
denominam nervos raquidianos. Os nervos permitem a comunicação dos centros
nervosos com os órgãos receptores (sensoriais) ou, ainda, com os órgãos
efetores (músculos e glândulas). De acordo com o sentido da transmissão do
impulso nervoso, os nervos podem ser:
- sensitivos ou aferentes -- quando transmitem os impulsos nervosos dos órgãos receptores
até o sistema nervoso central;
- motores ou eferentes -- quando transmitem os impulsos nervosos do sistema nervoso
central para os órgãos efetores;
- mistos -- quando possuem tanto fibras sensitivas quanto fibras motoras.
Os nervos mistos são os mais comuns no organismo.
Chamamos nervo periférico
ou simplesmente nervo, a um feixe de axônios do SNP. Um feixe de axônios que
atravessa o SNC é chamado de trato (fascículo, coluna). Um gânglio nervoso é
a coletânea de corpos de células nervosas no SNP, enquanto a reunião similar de
corpos de neurônios no SNC é chamada de núcleo.
O SISTEMA NERVOSO CENTRAL
( SNC)
O sistema nervoso é
constituído por uma parte central (SNC), no qual inclui o encéfalo e a medula
espinhal e por uma parte periférica (SNP) formada pelos nervos (fibras
nervosas). Outra parte, chamado de Sistema Nervoso Autônomo, é responsável por
funções autônomas como respiração e batimentos cardíacos.
O encéfalo está protegido
pela caixa craniana, por membranas finas chamadas meninges e pelo líquido
cefalorraquidiano. O cérebro (principal constituinte do encéfalo) é o principal
órgão do sistema nervoso central e o centro de controle de muitas atividades
voluntárias e involuntárias do nosso corpo.
Assim, o SNC é protegido
por uma estrutura óssea, constituída pela caixa craniana e pela coluna vertebral,
e pelas meninges, um envoltório composto por uma tripla camada de tecido
conjuntivo. A meninge mais externa é a dura-máter, fibrosa e espessa. Abaixo da
dura-máter situa-se a aracnóide, uma membrana avascular de tecido conjuntivo.
Mais profundamente, localiza-se a pia-máter, o revestimento mais interno do SNC.
O espaço entre a membrana aracnóide e a pia-máter é chamado de espaço
subaracnóide.
Este é constituído por um
fluído limpo, o líquido cerebroespinhal ou cefalorraquidiano (CSF), e por um
conjunto de pequenas artérias que fornecem sangue à superfície exterior do
cérebro.
No sistema nervoso central
há certa segregação entre os corpos celulares dos neurônios e os seus
prolongamentos. Isto faz com que sejam reconhecidas no encéfalo e na medula
espinhal duas porções distintas, denominadas substância branca e substância
cinzenta.
A substância cinzenta é
assim chamada porque mostra essa coloração quando observada macroscopicamente.
É formada principalmente por corpos celulares de neurônios e células da glia,
contendo também prolongamentos de neurônios.
A substância branca não
contém corpos de neurônios, sendo constituído por prolongamentos de neurônios e
células da glia. Seu nome origina-se da presença de grande quantidade de um
material esbranquiçado denominado mielina, que envolve os axônios.
No cérebro e no cerebelo,
os corpos celulares dos neurônios situam-se na periferia desses órgãos,
enquanto os axônios situam-se na parte interna. Como muitos axônios são
revestidos de mielina, que é esbranquiçada, a parte central do cérebro e do
cerebelo tem essa cor e dizemos que é formada por substância branca. Os corpos
celulares dos neurônios ficam dispostos na periferia do cérebro e do cerebelo,
dando a essa região uma tonalidade acinzentada à observação macroscópica que é
chamada de substância cinzenta.
Já na medula oblonga
(bulbo cerebral) ocorre o contrário, os corpos celulares estão na parte interna
e os axônios estão na periferia, ou seja, a substância branca fica por fora e a
substância cinzenta por dentro.
A substância branca é
formada por axônios dos neurônios e as bainhas de mielina que os envolvem,
enquanto que a substância cinzenta é formada pelos corpos celulares dos
neurônios.
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