Embora se diferenciem estrutural e
funcionalmente, o tecido conjuntivo possui muitas características comuns; por
isso, são considerados em uma mesma categoria. A maioria dos tecidos conjuntivos
é originada do mesoderma, que forma o mesênquima
multipotente do qual se
formam ossos, cartilagens. tendões, ligamentos, cápsulas, sangue, células
hematopoiéticas e células linfóides. Eles são encontrados por todo o corpo,
exercendo várias funções, como: preenchimento, sustentação, nutrição, defesa,
transporte, armazenamento e reparação. São ricos em substância intercelular,
sendo constituídos principalmente de elementos intercelulares com um número
limitado de células.
O mesênquima é um tecido derivado da mesoderme
embrionário, formado por células e substância intercelular. Suas células são
indiferenciadas e têm grande potencialidade para se diferenciar, dando origem
a vários tipos de células. As células chamadas
de multipotentes podem dar origem a diversos outros
tipos de células.
Os
tipos predominantes de células (fig. 1) e a composição da substância
intercelular variam nos diferentes tipos de tecido conjuntivo e segundo GARTNER
& HIATT (2002) eles são classificados principalmente com base nos seus
componentes intercelulares. Embora a precisa disposição dos vários subtipos
difiram de autor para autor, as categorias abaixo são geralmente aceitas:
Tecido
Conjuntivo Propriamente Dito:
-
Denso não-modelado
-
Denso modelado: Colágeno e Elástico
-
Frouxo (areolar)
-
Adiposo
-
Reticular
Tecidos
Conjuntivos Especializados:
-
Tecidos de sustentação: Cartilagem e Osso
-
Sangue
As células encontradas nos
diversos tipos de tecido conjuntivo, inclusive no embrionário, da qual as
demais células se originam, estão apresentadas na figura abaixo (fig. 1).
TECIDO CONJUNTIVO PROPRIAMENTE DITO
O
tecido conjuntivo propriamente dito é constituído por células e substância
intercelular. A substância intercelular (Matriz Extracelular) consiste
em fibras e um material amorfo chamado substância fundamental amorfa. É possível também, encontrar
células mesenquimais, chamadas mesenquimais
indiferenciadas, mesmo em
tecidos conjuntivos já formados. Além delas, encontram-se nesse tecido os
seguintes tipos celulares: fibroblastos,
macrófagos, plasmócitos e mastócitos.
Tipos Celulares:
-
Fibroblastos: são as células mais
freqüentes do tecido conjuntivo. Sua função, quando jovens, é produzir as
fibras e a substância fundamental amorfa. Esses fibroblastos jovens têm forma
irregular, são volumosos, possuem numerosos prolongamentos citoplasmáticos e
sua maquinaria celular encarregada da síntese de proteínas é desenvolvida. Os
fibroblastos maduros, chamados fibrócitos, já sintetizaram fibras e são
menores, com poucos prolongamentos e escasso retículo endoplasmático rugoso.
-
Macrófagos: são células grandes que se
originam de glóbulos brancos (monócitos) que atravessaram a parede do vaso
sangüíneo por meio de um processo conhecido como diapedese e que possuem
aspecto semelhante aos glóbulos brancos do sangue. Possuem pseudópodes e são
capazes de realizar movimentos amebóides. Essas células participam da defesa
do organismo fagocitando microrganismos estranhos. Além disso, fagocitam e
destroem restos de células mortas. Quando o macrófago se encontra em repouso ou fixo recebe
o nome de histiócito.
-
Plasmócitos: Essas células originam-se
de glóbulos brancos denominados linfócitos.
São células ovóides cujo núcleo é grande e localizado fora do centro da célula.
São raros em tecidos conjuntivos normais e aumentam em número durante a
ocorrência de infecções. Isso ocorre porque os plasmócitos produzem
anticorpos. Estes são proteínas especiais, usadas na defesa do organismo.
-
Mastócitos: São grandes células ovaladas. Seu núcleo é central e o citoplasma
se apresenta cheio de grânulos que contém heparina e histamina. A heparina é um anticoagulante do sangue. A histamina (substância vasodilatadora) é liberada
em reações alérgicas, provocando contrações da musculatura lisa dos brônquios
e bronquíolos e aumenta a permeabilidade dos vasos sanguíneos.
-
Células Adiposas ou Adipócitos - são células grandes cujo
papel é armazenar lipídio (gordura), fazem parte do tecido adiposo.
Substância Intercelular
A substância intercelular
é formada por uma parte amorfa, a substância
fundamental, e uma
parte com fibras de natureza protéica. Essas
fibras podem ser de 3 tipos:
Fibras reticulares - são as mais finas e as mais raras, formadas por colágeno associado
a glicídios e lipídios. Recebem esse nome porque se ramificam e se entrelaçam,
formando retículos (em forma de rede). É encontrado, por exemplo, nos
linfonodos, na medula vermelha do osso e baço, que são órgãos formadores de
células sanguíneas, nos quais as células ficam entre as malhas do retículo.
Fibras colágenas – são as mais comuns. São formadas basicamente pela proteína
colágeno.
Fibras
elásticas - são como o seu nome sugere altamente
elástico e mais delgado do que as colágenas, possuem uma proteína amorfa
chamada elastina, que lhe confere a propriedade elástica, rodeada por um
componente microfibrilar. Essas fibras não apresentam uma periodicidade e são
encontradas em regiões do corpo que necessitam de flexibilidade e elasticidade
consideráveis. São encontradas, por exemplo, na cartilagem do pavilhão
auricular.
Matriz Extracelular
A
matriz extracelular do tecido conjuntivo propriamente dito pode ser
subdividida em fibras,
substância fundamental amorfa e líquida tissular.
Podem
ser diferenciados, histologicamente três tipos de fibras: colágena. reticular e
elástica. As fibras colágenas ocorrem em feixes de fibras não-elásticas.
As
fibras reticulares são finas, ramificadas, cobertas por carboidratos, formado
redes delicadas ao redor de certas células e vasos sanguíneos. Elas também
constituem o arcabouço estrutural de certos órgãos, tais como o fígado e o
baço.
Substância Fundamental Amorfa
A
substância fundamental amorfa se apresenta como uma massa gelatinosa e sem
forma. É constituída por mucopolissacarídeos ácidos (ácido hialurônico e ácido
condroitinossulfúrico) associados à glicoproteínas. Ela tem a função de
preencher os espaços entre as células e as fibras do tecido conjuntivo.
- Tipos de Tecido
Conjuntivo Propriamente Dito:
O tecido conjuntivo propriamente dito é classificado, de acordo com sua
função e no tipo, quantidade e disposição dos seus componentes celulares, fibrilares
e amorfos.
1) Tecido conjuntivo propriamente dito denso:
O
tecido conjuntivo denso é um tipo de tecido conjuntivo propriamente dito em que
há predominância das fibras colágenas sobre os demais componentes, um tecido
fibroso, resistente e de pouca elasticidade.
O
tecido conjuntivo denso pode ser de dois tipos: modelado e não
modelado.
- Tecido conjuntivo denso modelado: As poucas células encontradas são os
fibroblastos achatados organizados em fileiras paralelas. Na matriz intercelular, feixes de
fibras colágenas, densamente compactadas, orientam-se em direções definidas
(paralelamente), dispostas regularmente no tecido. Essa orientação confere grande
resistência num sentido único a esse tecido. No organismo, o tecido modelado
formam os tendões que ligam os músculos estriados aos ossos.
- Tecido conjuntivo denso não-modelado: Os principais elementos celulares
encontradas neste tecido são os fibroblastos, macrófagos e as células
associadas aos feixes neurovasculares. É constituído também por grossos feixes
de fibras colágenas, arrumados ao acaso, intercalados com poucas fibras
elásticas e reticulares, daí oferecerem resistência em várias direções. O
tecido denso não modelado é encontrado em cápsulas que envolvem órgãos como o baço
e o fígado.
2) tecido conjuntivo propriamente dito frouxo (areolar):
O tecido conjuntivo frouxo (areolar) está amplamente distribuído
pelo organismo humano, é constituinte principal de envolventes neurovasculares.
As células e os elementos intercelulares descritos acima ajudam a formar este
tecido mais ou menos
amorfo e rico em água.
3) tecido adiposo
É
constituído predominantemente por células especiais chamadas células adiposas ou adipócitos. Essas células
adiposas existem normalmente no tecido conjuntivo frouxo. Quando se organizam
em grande quantidade e formam lóbulos no tecido frouxo, este passa a ser chamado
de adiposo. O tecido adiposo é, portanto, uma variedade especializada do
tecido conjuntivo frouxo. Na matriz
intercelular deste tecido são
encontradas fibras
reticulares, fibras colágenas e
um suprimento vascular.
As células adiposas são grandes e esféricas e a gordura
ocupa a maior parte do espaço intracelular, deslocando o núcleo e o citoplasma
para a periferia da célula. Sua função principal é armazenar gorduras. As
gorduras são reservas energéticas e podem ser utilizadas no metabolismo celular.
A localização do tecido adiposo sob a pele torna-o útil como isolante térmico
e, ainda, protetor contra choques mecânicos.
4) tecido conjuntivo
reticular
As células reticulares têm forma estrelada e só são
encontradas no tecido conjuntivo reticular. O citoplasma destas células não é
bem visível ao microscópio óptico, mas seus núcleos são grandes e ovais. Essas
células envolvem fibras reticulares, que elas mesmas produzem. Nos espaços
intersticiais encontramos outras células (linfócitos.
macrófagos e outras células linfóides). Na matriz intercelular encontramos principalmente fibras reticulares
Esse tecido forma uma rede
de delgadas fibras reticulares que constituem o arcabouço estrutural da medula
óssea e muitas estruturas linfóides, bem como a sustentação de certas células.
O que causa as olheiras?
A pele da pálpebra
inferior é revestida pelo tecido conjuntivo. Abaixo dele, uma camada de tecido
adiposo dá suporte ao tecido conjuntivo e mantém a pele distendida. Quando a
camada adiposa diminui de tamanho, a pele fica ligeiramente enrugada, o que
pode torná-la mais escura. “Para se ter uma ideia de como isso acontece, é só
observar a pele que recobre a junta da parte interna que une o braço com o
antebraço. Quando ele está esticado, e consequentemente a pele também, a cor é
mais clara. A medida que se dobra o braço, a pele enruga e se torna mais
escura”, explica o dermatologista Luiz Carlos Cucé, do Hospital das Clínicas de
São Paulo. Segundo ele, vários fatores biológicos podem provocar a diminuição
da camada adiposa, ocasionando olheiras, tais como: hereditariedade, poucas
horas de sono, constituição física (pessoas magras tendem a ter mais olheiras),
cansaço, tensão emocional, entre outros.
(Superinteressante, 11/91).
·
Tecidos Conjuntivos Especializados:
1) Tecidos de Sustentação
Os tecidos de sustentação do corpo são as cartilagens e os ossos. Nestes
tecidos conjuntivos especializados, também predominam os elementos
intercelulares.
- Tecido Cartilaginoso (Cartilagem):
A cartilagem é um tipo de tecido conjuntivo composto
exclusivamente de células chamadas condrócitos e de uma matriz extracelular
altamente especializada.
O tecido cartilaginoso tem consistência bem mais rígida
que os demais tecidos conjuntivos. É o formador das cartilagens, como, por
exemplo, do pavilhão auditivo (orelhas), a extremidade do nariz, a laringe, a
traquéia, os brônquios e as extremidades ósseas e de parte do esqueleto fetal,
que será substituída por osso.
As células das cartilagens são os condrócitos, que ficam
mergulhados numa matriz densa dentro de pequenos espaços conhecidos como
lacunas, e não se comunicam. Também encontramos condroblastos e células
condrogênicas. Os condroblastos secretam matriz e fibras ao seu redor,
e as células condrogênicas originam os condroblastos. A matriz pode
apresentar fibras colágenas e elásticas, em diferentes proporções, que lhe
conferem respectivamente maior rigidez ou maior elasticidade.
Os condroblastos são as células jovens que se
diferenciaram recentemente e que produzem os elementos da matriz; depois à
medida que formam esses elementos vão ficar aprisionados na matriz; em
cavidades chamadas “lacunas” ou também designadas por condroblastos,
transformando-se posteriormente em condrócitos, células
metabolicamente menos ativas.
Os condroblastos são as células responsáveis pela síntese da maior parte
dos componentes da matriz.
A cartilagem é uma estrutura avascular, resistente e relativamente
flexível, constituída de uma matriz firme de proteoglicanas. Seus
componentes celulares e fibrosos ficam imersos nesta matriz. Podemos encontrar
tecidos cartilaginosos, somente com fibras colágenas, mas também com uma
mistura das fibras elásticas e colágenas, dependendo do tipo de cartilagem.
A cartilagem pode ser hialina quando tem somente fibras
colágenas; elástica, quando apresenta também fibras elásticas; fibrosa,
quando tem ambos os tipos de fibra, com predomínio das colágenas.
A cartilagem hialina é encontrada nas
superfícies articulares da maioria dos ossos; nos anéis da traqueia e nas
cartilagens laríngea, costal e nasal, entre outras.
Fig. 1 – Fotomicrografia de Cartilagem hialina. (corte histológico de traquéia de Macaco, em parafina. 132 x.). A Cartilagem hialina é revestida por um epitélio pseudoestratificado cilíndrico ciliado (EP). Abaixo do epitélio observar a grande veia (V) cheia de sangue. A metade inferior da fotomicrografia mostra a cartilagem hialina com seus condrócitos (C) estão alojados em espaços conhecidos lacunas. Note a matriz na seta. Toda a cartilagem é circulada por um pericôndrio (P) (modificado de GARTNER & HIATT, 2002). |
A cartilagem elástica, como seu nome sugere, possui um alto grau de
elasticidade, que se deve às fibras elásticas da sua matriz. Esta cartilagem é
encontrada em áreas como a epiglote, orelha externa e conduto auditivo e
algumas das menores cartilagens da laringe.
A cartilagem
fibrosa ou fibrocartilagem é um tecido com características
intermediárias entre o conjuntivo denso e a cartilagem hialina encontrada
somente em algumas sínfises, na tuba auditiva, nos discos intervertebrais e
certas áreas de inserção do tendão no osso. É uma forma de cartilagem na qual a
matriz contém feixes evidentes de espessas fibras colágenas. Na cartilagem
fibrosa, as numerosas fibras colágenas constituem feixes, que seguem uma
orientação aparentemente irregular entre os condrócitos ou um arranjo paralelo
ao longo dos condrócitos em fileiras.
Essa
orientação depende das forças que atuam sobre a fibrocartilagem. Os feixes
colágenos colocam-se paralelamente às trações exercidas sobre eles. Na
fibrocartilagem não existe pericôndrio.
Fig. 3 – Fotomicrografia de cartilagem fibrosa ou fibrocartilagem. Observar os condrócitos em suas lacunas e as fibras elásticas. |
A maioria das cartilagens é envolvida por uma
membrana de tecido conjuntivo, o pericôndrio, constituído principalmente por
fibroblastos e fibras colágenas na camada externa e, a camada celular interna,
ou camada condrogênica, é constituída de condroblastos e células
condrogênicas.
Tabela
1 - Diferentes tipos de cartilagem:
Pericôndrio é a túnica de tecido conjuntivo denso não-modelado que
reveste a superfície da cartilagem e é separado por zonas:
- Zona Fibrógena: é
vascularizada e contém (tecido conjuntivo propriamente dito). É responsável
pela nutrição e manutenção deste tecido.
- Zona Condrogênica: é
avascularizada e com células condrogências. É responsável pelo crescimento da
cartilagem.
- Tecido ósseo
O
tecido ósseo formam os ossos que constituem o esqueleto. Apesar de alguns
peixes como os tubarões e raias terem esqueleto cartilaginoso, a grande maioria
dos vertebrados possui esqueleto ósseo. O tecido ósseo é um tecido de
sustentação, sendo mais rígido que o tecido cartilaginoso e que serve como
ponto de inserção para os músculos, constituindo alavancas que aumentam a força
gerada pela contração da musculatura e também formam arcabouços protegendo os
órgãos vitais. Além de dar sustentação ao corpo dos vertebrados, também tem a
função de: proteção, hematopoiese (hemopoiese) e armazenamento de minerais
(cálcio).
O tecido ósseo é um reservatório de cálcio para o
organismo havendo um intercâmbio constante desse íon entre os ossos e o plasma
sangüíneo. Quando a taxa de cálcio aumenta na corrente sangüínea, ele é
depositado no tecido ósseo e quando a taxa é baixa, é retirado
dos ossos indo para o sangue.
O osso é um tecido
conjuntivo vascular, constituído de células, fibras e matriz
intercelular calcificada. Suas células estreladas são chamadas de osteócitos, e a substância
intercelular de matriz ou substância
fundamental, é compacta
e resistente. Estes osteócitos encontram-se em espaços (lacunas) em
meio à matriz, chamadas osteoblastos (Fig. 4).
As células ósseas são na maioria estreladas. Podem ser de três
tipos: osteoblastos, osteócitos e osteoclastos.
- Osteoblastos: são células jovens com intensa
atividade metabólica e responsáveis pela produção da parte orgânica da matriz.
São cúbicas ou cilíndricas e são encontradas na superfície do osso periósteo
(membrana fina que reveste o osso).
- Osteócitos: conforme se dá a calcificação da
matriz óssea (durante a
formação dos ossos), os osteoblastos ficam “aprisionados” em lacunas, e têm
sua atividade metabólica diminuída, passando a ser chamados de osteócitos, que são células
adultas.
- Osteoclastos: são células grandes multinucleadas (diversos núcleos), originadas da
fusão de células ósseas (sincício). São responsáveis pela reabsorção,
regeneração e a remodelação do tecido ósseo após fraturas. São células móveis
gigantes e multinucleadas, com partes dilatadas e extensamente ramificadas,
derivadas de monócitos que atravessam os capilares sanguíneos.
As dilatações dos
osteoclastos, por meio da sua ação enzimática, escavam a matriz óssea, e formam
depressões conhecidas como lacunas de Howship ou simplesmente lacunas.
A matriz óssea é impregnada
por sais de cálcio sem que as células morram. Essa característica confere
rigidez e resistência ao tecido ósseo, que persiste vivo apesar da
calcificação porque a substância intercelular é atravessada por um sistema de
canalículos, os chamados canais
de Volkmam.
Esses canais se estendem de uma lacuna a outra e ligam-se à
superfície óssea, onde se localizam os capilares sanguíneos. Dentro dos
canalículos existem prolongamentos do citoplasma das células cujos corpos
celulares permanecem no interior das lacunas. Esses prolongamentos comunicam-se
uns com os outros.
O espaço no interior dos
canalículos, que não é ocupado pelos prolongamentos, é preenchido por líquido
intercelular. Graças a esse sistema de canalículos, suas células permanecem
vivas. Os nutrientes e o oxigênio, recolhidos dos capilares situados na
superfície óssea, são levados pelo interior dos canalículos até as células. Os
canalículos garantem, portanto, a nutrição e a oxigenação das células,
permitindo que permaneçam vivas dentro das lacunas. Os osteócitos se alocam em círculos concêntricos
ao redor de um canal, o canal
de Havers, por onde passam vasos sangüíneos.
O
osso é classificado em denso (compacto) ou esponjoso (trabecular). O osso esponjoso, encontrado no
interior das epífises ou cabeças dos ossos longos, é sempre envolvido por osso compacto (fig. 6). O osso esponjoso possui
grandes espaços abertos rodeados por finas placas ósseas que se anastomosam
(se unem).
Os
grandes espaços são os espaços
medulares, onde se encontra a medula óssea e as placas ósseas são as trabéculas, constituídas de
muitas camadas ou lamelas. O osso esponjoso é o de menor peso, e geralmente,
localizam-se na parte interna da diáfise ou corpo dos ossos e nas extremidades
ou epífise.
O
osso compacto é muito mais denso do que o osso esponjoso. A matriz
calcificada é constituída de 50% de minerais, 50% de matriz orgânica (colágeno e
glicosaminoglicanas associadas à proteína).
O osso é revestido pelo periósteo, formado por tecido conjuntivo
frouxo, que é uma membrana com uma particularidade fibrosa que se cola com
firmeza a ele. Na sua face interna possui os osteoblastos que participam do
crescimento e da restauração do osso. É vascularizada e por meio de seus vasos
sangüíneos é que chegam nutrientes às células ósseas.
Nas
articulações, onde ocorre o movimento, encontramos uma cobertura de cartilagem
especializada. A cavidade medular é revestida por um endósteo composto de
células osteoprogenitoras (anteriormente conhecidas como células
osteogênicas), osteoblastos e osteoclastos ocasionais. A camada interna
osteogênica (produz células ósseas) consiste em algumas fibras colágenas e
principalmente em células osteogênicas e suas filhas, os osteoblastos.
Tecido Conjuntivo Hemocitopoético
Tecido Sanguíneo
O
sangue é um tipo especial de tecido conjuntivo. É um tecido líquido que
circula dentro de um sistema de vasos por todo o corpo sendo continuamente
impulsionado pelo coração, cujo volume total na média das pessoas é de cerca
de 5 litros. O tecido sanguíneo constitui-se de células, fragmentos celulares
e plasma, um fluido extracelular. O sangue tem múltiplas funções: transporta
nutrientes, oxigênio, excretas, dióxido de carbono, hormônios, células e outras
substâncias.
É por meio da circulação
sanguínea que as inúmeras células do organismo, em todos os tecidos, recebem
sua alimentação, representada por componentes de proteínas, açúcar, gordura,
água e sais minerais. Também é o sangue que, retornando dos tecidos, conduz o
gás carbônico e os resíduos das células do corpo, eliminando-as pela
respiração, suor, urina etc. Além disso, praticamente todo o sistema de defesa
do organismo contra doenças e ataques de organismos patogênicos está
concentrado no sangue. O controle da temperatura do corpo, o equilíbrio da
distribuição de água e o processo de absorção celular também estão diretamente
ligados ao sangue. O oxigênio é levado às células pelo sangue, por meio das
moléculas de hemoglobina existentes nos glóbulos vermelhos.
Setenta por cento do corpo
humano é constituído por água. O sangue é o principal distribuidor desta água,
nas quantidades necessárias a cada atividade orgânica. Além de distribuir, o
sangue concorre para a eliminação dos excessos.
Elementos Figurados (Elementos Formadores do Sangue)
As
células deste tecido são as hemácias ou glóbulos vermelhos e os leucócitos ou glóbulos brancos. Também encontramos corpúsculos anucleados
conhecidos como plaquetas nas quais são encontradas
mergulhadas em um líquido que recebe o nome de plasma, que é formado por água, sais
(cloretos, sulfatos, carbonatos, etc.), proteínas, açúcares, vitaminas,
hormônios, ureia e outras substâncias.
O
sangue, por ser líquido e circulante, funciona como um sistema de transporte,
e percorre todas as partes do corpo nas suas idas e vindas ao coração. Nesse
trajeto recolhe nutrientes, absorvidos no intestino, e leva o oxigênio, obtido
pela respiração, distribuindo-os a todas as células. Delas retira o gás carbônico
e as excretas produzidas no metabolismo celular. O gás carbônico é transportado
aos pulmões, que se encarregam de eliminá-lo. Os produtos de excreção são
levados aos rins, que os eliminam como integrantes da urina.
a) Hemácias ou Glóbulos Vermelhos ou Eritrócitos
Possuem
cor vermelha que é determinada pela presença de um pigmento vermelho chamado hemoglobina. Este pigmento é uma proteína que
contém ferro e é capaz de ligar-se aos gases respiratórios (oxigênio e gás
carbônico). São os elementos encontrados em maior abundância no sangue - o
homem tem cerca de 5 a 5,5 milhões de hemácias por milímetro cúbico, e a mulher
aproximadamente 4,5 milhões.
Enquanto
nos invertebrados o oxigênio é transportado por pigmentos dissolvidos no
plasma, nos vertebrados o pigmento é a hemoglobina que está concentrada nas
hemácias.
As hemácias atuam somente no interior do
sistema circulatório, e transportam oxigênio para os todos os tecidos,
retirando o dióxido de carbono. Possuem a forma de um disco bicôncavo (fig. 1).
Essa forma aumenta a superfície de contato e facilita as trocas gasosas. Nos
mamíferos, as hemácias são tão especializadas que não possui nem mesmo núcleo
(é anucleada), pois a maior parte de seu citoplasma está ocupada pela
hemoglobina. Já as hemácias dos demais vertebrados costumam ter núcleo.
b) Leucócitos ou Glóbulos Brancos
Nosso
sangue possui de 5 000 a 9 000 leucócitos por milímetro cúbico, mas esse número
aumenta quando nosso organismo enfrenta infecções bacterianas em geral
(leucocitose) e inferior durante algumas infecções viróticas (leucopenia).
Os
leucócitos (fig 1) desempenham suas funções fora
do sistema circulatório e utilizam a corrente sanguínea como via de acesso
para chegar aos seus destinos. Existem vários tipos de leucócitos que podem ser
agrupados em duas classes principais:
os agranulócitos e os granulócitos, de acordo com a presença ou
ausência de grânulos no seu citoplasma
Os granulócitos, além de possuírem grânulos no citoplasma, também
possuem núcleos com formas variadas como veremos a seguir.
- Granulócitos: apresentam grânulos no citoplasma, seus núcleos possuem formas
variadas com dois ou mais lóbulos (fig. 2). São, por isso, chamados de
leucócitos polimorfonucleados. Sendo, ainda, separados
conforme sua granulação cuja coloração fundamenta a classificação destas
células, de forma que temos: os neutrófilos, os eosinófilos e
os basófilos.
·
Os Neutrófilos são os leucócitos encontrados com
maior frequência no sangue, correspondendo cerca de 55% a 65% do total de leucócitos.
Recebem esse nome porque apresentam granulos que se coram por meio de corantes
neutros. Os neutrófilos são os mais ativos na fagocitose, e
seus granulos são ricos em enzimas digestivas. Quando as bactérias atravessam o
tecido epitelial e atingem o tecido conjuntivo, ocorre a liberação de substâncias
químicas, que sinalizam e atraem os leucócitos ao local da invasão. Essa
sinalização bioquímica é chamada de quimiotaxia. Esses leucócitos atravessam a
parede dos vasos sanguíneos e se alocam no tecido conjuntivo, essa passagem é
chamada diapedese, sendo facilitada pela histamina produzida pelos
mastócitos do tecido conjuntivo. A histamina dilata os capilares, abrindo
poros que darão passagem ao leucócito. A seguir, os neutrófilos fagocitam a
bactéria, digerindo-a com seus lisossomos. Muitos neutrófilos podem morrer
nessa batalha, vítimas das toxinas liberadas pelas bactérias. Quando isso
ocorre, surge o pus, que é formado por aglomerados de neutrófilos e fragmentos
de células mortas.
·
Os Eosinófilos (ou. Acidófilos) são
aqueles que se coram pela eosina (corante ácido), de vermelho alaranjado (fig.
2). Correspondem a 2% ou 3% do total de leucócitos. Defendem o corpo contra
parasitas e fagocitam o complexo antígeno-anticorpo.
·
Os Basófilos são os leucócitos com menor freqüência
no sangue (cerca de 0,5%) e se coram por corantes básicos (em azul-escuro
quando são usados os corantes de rotina). Embora a função exata dos basófilos
seja desconhecida, o conteúdo de seus grânulos é semelhante ao dos mastócitos.
Possuem grânulos ricos em heparina (substância anticoagulante)
e histamina (substância vasodilatadora) que auxiliam a saída dos neutrófilos
do sangue. Podem transformar-se em mastócitos e atuam nas alergias e
inflamações (fig. 2).
Agranulócitos: não apresentam grânulos no citoplasma e são chamados mononucleados (fig.3). São os linfócitos e os monócitos.
·
Os linfócitos são as células básicas do
sistema imunitário. Existem três tipos: linfócitos B (células B),
linfócitos T (células T) e células Natural Killers (células
NK), que só são separados por técnicas imunocitoquímicas. Constituem 20% a
30% dos leucócitos. Surgem na medula e migram para os tecidos linfáticos (timo,
baço, linfonodos etc.).
Os três tipos de linfócitos (linfócitos T, linfócitos B e células
NK), são morfologicamente indistinguíveis. Costuma-se considerar as células
T como as responsáveis pela resposta imune celular e as células B atuando na
resposta imune humoral. As células NK destroem as células infectadas por vírus
induzindo-as a apoptose, no entanto, as células NK não expressam receptores de
antígenos, dessa maneira elas não reconhecem as proteínas virais que são
expressas nas superfícies das células infectadas. Então, como é que as células
NK são ativadas? Simples, basicamente as células NK monitoram os níveis de MHC
de classe I (Major Histocompatibility Complex) que são expressos na superfície
das células. Quando os níveis de MHC classe I estão baixos na superfície
de determinadas células, as células NK reconhecem esse baixos níveis, ativam
sua atividade citolítica e matam a célula infectada.Os linfócitos
T são assim chamados porque são produzidos a partir de células da
medula que passam pelo timo dirigindo-se depois ao baço,
gânglios e outros órgãos do sistema linfático. Eles estimulam a fagocitose e
atacam diretamente a célula estranha invasora. Os linfócitos B são
produzidos por células da medula que, nas aves, migram para um órgão linfático
chamado “bolsa de Fabrícius” indo depois para os demais tecidos linfáticos. Nos
mamíferos não há bolsa de Fabrícius, as células precursoras do linfócito B saem
medula diretamente para os tecidos linfáticos, onde terminam seu
desenvolvimento. São os responsáveis pela produção de anticorpos, mas
primeiramente têm que se transformar em plasmócitos para produzirem os
anticorpos.
Cada ser vivo possui um grupo de proteínas diferente de qualquer outro
ser vivo. Assim, quando um organismo estranho penetra em nosso corpo suas
proteínas serão reconhecidas como proteínas estranhas ou antígenos. Os
antígenos estimulam a produção de anticorpos. Os anticorpos são produzidos de
forma específica contra o antígeno que estimulou a sua produção.
·
Monócitos. Constituem de 3 % a
10% dos leucócitos. Podem sair dos capilares, transformando-se em macrófagos e
fagocitando microrganismos e células mortas. Quando os monócitos abandonam a
corrente sangüínea e penetram nos espaços do tecido conjuntivo, eles se tornam
conhecidos como macrófagos, células que atuam na fagocitose de partículas,
bem como auxiliando os linfócitos nas suas atividades imunológicas.
·
As células nulas são em pequeno número e não
possuem determinantes na sua membrana celular. Podem ser de 2 tipos:
-Células Natural Killer (NK), que possui a função de
autodestruição de células tumorais e infectadas por vírus.-Células-fonte
hemopoiéticas, relacionadas à formação de novas células.
c) Plaquetas ou Trombócitos O
sangue circulante também contém fragmentos conhecidos como plaquetas ou trombócitos.
Estas estruturas pequenas atuam na hemostasia, o mecanismo de
coagulação do sangue. As plaquetas são representados por pequenos pedaços de
citoplasma de células rompidas, não possuem núcleo e sem elas qualquer
ferimento seria um sério risco de vida devido a hemorragias.
Temática:
Hemostasia e Plasma Sanguíneo
HEMOSTASIA
Quando
um vaso sanguíneo é lesionado, uma série complexa de fenômenos biológicos
inicia-se com o objetivo de estancar a hemorragia. A esse processo dá-se o nome
de hemostasia.
A
hemostasia é o mecanismo de formação de um coágulo sanguíneo e, ocorre em três
fases distintas: Hemostasia primária, coagulação (hemostasia secundária) e
fibrinólise. Esse processo ocorre em função de manter a integridade do tecido e
manter o fluxo sanguíneo sem que haja extravasamento de sangue pelos vasos ou
obstrução do fluxo pela formação de trombos.
A
hemostasia primária é o processo inicial da coagulação, mecanismos biológicos
fazem com que haja vasoconstrição local, alteração da permeabilidade vascular,
edema local, vasodilatação e agregação plaquetária.
O
processo que envolve a coagulação consiste na conversão de uma proteína solúvel
do plasma, o fibrinogênio, em um polímero insolúvel chamado de fibrina, por
ação de uma enzima denominada trombina. A fibrina forma uma rede de fibras
elásticas que atua como um tampão plaquetário.
A
formação do ativador da protrombina (tromboplastina) se dá a partir da
liberação de um fator tecidual e fosfolipídeos pelos tecidos danificados. O
traumatismo do próprio sangue envolvendo plaquetas e íons cálcio também leva à
formação do ativador da protrombina. Este, após ser formado e na presença de
íons cálcio, transforma a protrombina (proteína plasmática produzida no fígado)
em trombina. A trombina é uma enzima que atua sobre uma proteína do
plasma, o fibrinogênio,
convertendo-o em outra proteína, chamada fibrina.
Uma vez formadas, as
moléculas de fibrina se polimerizam e constituem longos filamentos, que se
entrelaçam em forma de rede (fig.1). O coágulo é formado pela rede dos
filamentos de fibrina dispostos em todas as direções, na qual estão presas
plaquetas, hemácias e até plasma.
Fig. 1 – Coágulo de sangue, onde vemos as células sangüíneas vermelhas (hemácias) sendo seguradas por uma rede de fibrina (MARCONDES & LAMMOGLIA, 1994). |
O gráfico abaixo mostra resumidamente o processo
de hemostasia (coagulação sanguínea)
O Plasma Sanguíneo
É
o componente líquido do sangue, cerca de 55% do volume total do sangue. Ele
contém eletrólitos e íons, como o cálcio, sódio, potássio e bicarbonato e
grandes moléculas, principalmente, albumina, globulinas e fibrinogênio entre
outros compostos orgânicos, como aminoácidos, lipídeos, vitaminas, hormônios e
cofatores. Após a coagulação, um soro amarelado é separado do sangue. Este
líquido é idêntico ao plasma, exceto pelo fato de não conter fibrinogênio ou
outros componentes necessários coagulação.
O plasma é o componente
fluido do sangue, possui cor amarelada formado por 90% de água, 1% de
substâncias inorgânicas, como potássio, sódio, cloro e bicarbonato, 7% de
proteínas (albumina, globulinas e fibrinogênio, principalmente) e 1% de
substâncias orgânicas não protéicas, entre outras substâncias dissolvidas, como
gases (oxigênio e dióxido de carbono), nutrientes, excretas, hormônios, enzimas
e pigmentos.
O plasma tem como função
transportar os elementos figurados (hemácias, leucócitos e plaquetas) e
substâncias dissolvidas, como nutrientes, medicamentos, produtos tóxicos (como
o CO2) que as células eliminam. É também o
plasma que transporta para todo o organismo os medicamentos que ingerimos.
As proteínas dissolvidas
no plasma sanguíneo constituem cerca de 60 a 80 gramas por litro, a maior parte
é albumina. Em menor proporção estão as globulinas, relacionadas com a formação
de anticorpos, e o fibrinogênio, fundamental no processo de coagulação. As
proteínas controlam a viscosidade do sangue, a pressão osmótica e regulam a
osmose, entre outras funções.
Dissolvidos no plasma
existem também alguns gases, como o oxigênio, o gás carbônico e,
principalmente, o nitrogênio. Ureia, ácido úrico, creatinina, glicose, gorduras
e ácidos graxos também se encontram presentes neste sistema de alimentação e
defesa do corpo humano.
Dentre as estruturas
orgânicas não protéicas, as gorduras neutras, os fosfolipídeos e o colesterol
são os constituintes do plasma que, basicamente, formam as placas de ateroma.
Por terem menor densidade e não serem hidrossolúveis quando não combinados às
proteínas, o que lhes confere a propriedade de "flutuação" em meio
aquoso, tudo indica que teriam essas substâncias tendência a se acumular em
defeitos nas paredes vasculares durante o fluxo sanguíneo. Este, por ser
laminar, isto é, composto por "camadas" com velocidades diferentes (o
líquido em contato com a parede do vaso tem velocidade menor e o líquido mais
central, maior), pode tornar-se diminuído devido às falhas nas paredes dos
vasos, o que favorece ainda mais o depósito lipídico nessa região.
Ateromas são placas,
compostas especialmente de lipídeos e tecido fibroso, que se formam na parede
dos vasos. Levam progressivamente a diminuição do diâmetro do vaso, podendo
chegar à obstrução total do mesmo e, possivelmente, ocasionando isquemias
teciduais. Isquemia ocorre quando há a interrupção fluxo sangüíneo, levando à
lesão nas células da área que ficou sem a circulação. Se for a área do coração,
poderá ocasionar um infarto, se no cérebro, um acidente vascular cerebral
(AVC), conhecido como “derrame”.
A parte líquida do sangue
forma o plasma sanguíneo. Cerca de 90% do plasma constituem-se de água pura, na
qual estão dissolvidas as numerosas substâncias existentes no sangue. Destas,
cerca de 3/4 são sais como sódio, cloro, fósforo, potássio, magnésio, cálcio e
outros.
Temática: Tecido
Hematopoético
Hematopoiese
As células do sangue
circulante possuem vida relativamente curta e devem ser substituídas por
células recém-formadas. Este processo de substituição de células sanguíneas é
conhecido como hematopoiese ou hematopoese. Todas as células do sangue
desenvolvem-se a partir de uma célula precursora pluripotente, conhecida como célula-fonte hematopoiética
pluripotente.
Uma célula pluripotente é
aquela que tem potencial de se diferenciar em qualquer uma das três
camadas germinativas (endoderma, mesoderma e ectoderma). Células tronco
pluripotentes podem chegar a se especializar em qualquer tecido, mas elas não
podem se desenvolver em um ser adulto, pois elas não podem desenvolver tecido
extra-embrionário, como a placenta.
Célula-tronco pluripotente
é a célula hematopoiética (uma célula-tronco do sangue que pode se desenvolver
em diversos tipos de células sangüíneas), mas não pode se desenvolver em outros
tipos de células. As células-tronco, também conhecidas como células-mãe
ou células estaminais, são células que possuem a capacidade de se dividir dando
origem a células semelhantes às progenitoras e de se transformar (num processo
de diferenciação celular) em outros tecidos do corpo. A diferença entre uma célula pluripotente e uma célula totipotente é que a célula totipotente pode se
dividir e produzir todas as células diferenciadas no organismo, incluindo os
tecidos extraembrionários.
Existem 2 tipos de tecidos hematopoiéticos (tecido responsável pela produção de
células sangüíneas):
Mieloide - é encontrado na medula óssea vermelha e produz hemácias, plaquetas
e certos tipos de glóbulos brancos (ex. neutrófilos).
Linfoide - é encontrado em órgãos como: baço, timo, etc. Sua função é a
produção de glóbulos brancos (monócitos e linfócitos).
A hematopoiese é o processo de substituição das
células sanguíneas, que ocorrem nos chamados órgão hematopoiéticos, que
compreendem a medula óssea e o sistema
linfoide.
O processo de hematopoese
inicia-se no embrião e continua por toda a vida. Nos primeiros dias de vida, o
embrião retira da parede do útero materno os alimentos que necessita. Em torno da
terceira/quarta semana, porém, seu sistema de alimentação sofre uma modificação
radical. O pequeno ser em formação passa a alimentar-se por meio do sangue da
mãe. E, para que os alimentos possam ser distribuídos adequadamente pelo
organismo embrionário, é indispensável um eficiente sistema transportador de
elementos nutritivos. Ao completar um mês, o embrião já possui um sistema
semelhante ao do adulto.
Ao final do primeiro mês,
já existe um coração rudimentar, que bombeia sangue para o corpo em formação.
Durante a vida uterina, o feto sofre as transformações para adaptar o aparelho
circulatório à futura existência fora do útero. Mas, desde o início do segundo
mês, o sangue já está presente, com seus glóbulos vermelhos (hemácias),
glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas.
O saco vitelino, que nas aves e em outros
vertebrados ovíparos funciona como um reservatório de material nutritivo, nos
mamíferos não tem função de reservatório alimentar, também é nele que se inicia
a formação dos vasos sanguíneos e dos glóbulos vermelhos.
A produção de células do
sangue continua, ininterruptamente, pelo resto da vida. Daí por diante, quem se
encarrega de fabricar novos glóbulos vermelhos para o transporte da nutrição do
organismo embrionário são as células que existem no interior dos vasos recém
formados (células reticulares).
Pouco a pouco, o saco
vitelínico deixe de ter qualquer função para a vida embrionária e começa a
involuir. A partir daí, as células do sangue passam a ser produzidas no
interior do próprio organismo.
A MEDULA ÓSSEA (TECIDO MIELOIDE)
É no interior dos ossos,
na Medula Óssea, onde
estão às células progenitoras das células sanguíneas.
Chamamos de células
progenitoras as células
imaturas ou indiferenciadas. Assim como as células-tronco, as células
progenitoras têm uma divisão e uma diferenciação celular, contudo essas
propriedades podem ser limitadas.
A medula óssea é
constituída por um tecido esponjoso mole localizado no interior dos ossos
longos. É nela que o organismo produz praticamente todas as células do sangue;
glóbulos vermelhos (hemácias); glóbulos brancos (leucócitos) e plaquetas. Estes
componentes sanguíneos são renovados continuamente e a medula óssea é quem se
encarrega desta renovação. Trata-se, portanto de um tecido de grande atividade
evidenciada pelo grande número de multiplicações celulares.
Supõe-se que em um adulto
médio, com aproximadamente 5 litros de sangue, existam em cada centímetro
cúbico de sangue, cerca de 4,5 milhões de glóbulos vermelhos, 6 mil glóbulos
brancos e 300 mil plaquetas. Isso significa um total aproximado de 22,5 bilhões
de glóbulos vermelhos, 30 milhões de glóbulos brancos e 1,5 bilhão de
plaquetas.
As células sanguíneas tem
vida curta: os glóbulos vermelhos tem uma vida média de 120 dias, os glóbulos
brancos vivem em média 1 semana, as plaquetas 9 dias. Há, portanto
permanentemente células morrendo, sendo destruídas ou eliminadas e substituídas
por novas células normais.
Ao nascermos todos os
nossos ossos contém medula capaz de produzir sangue: a medula vermelha. Com a passagem
dos anos, a maior parte da medula vai perdendo sua função, sendo substituída
por tecido gorduroso e passa a ser chamada de medula
amarela. No adulto apenas alguns ossos continuam exercendo essa função: as
costelas, o corpo das vértebras, as partes esponjosas de alguns ossos curtos e
das extremidades dos ossos longos dos membros superiores e inferiores, assim
como o interior dos ossos do crânio e do esterno. Os outros ossos do esqueleto
do adulto possuem medula amarela e, portanto, em condições normais, são
incapazes de produzir sangue. Quando há uma necessidade maior como no caso de
uma anemia, parte desta medula óssea amarela pode voltar a produzir células sanguíneas.
Para elaborar novos
glóbulos vermelhos ela aproveita restos de glóbulos vermelhos envelhecidos e
destruídos. O ferro contido na hemoglobina é deixado na medula pelas hemácias
que chegam ao fim da vida e novamente utilizado pela medula para formar novas
moléculas de hemoglobina.
Células fagocitárias do baço, fígado, gânglios linfáticos e da
própria medula encarregadas de englobar os glóbulos envelhecidos e destruí-los
no interior do seu citoplasma, lançam o ferro na circulação para aproveitamento
futuro. Grande parte deste ferro fica armazenada no fígado e na medula. O ferro
da dieta, absorvido pela mucosa do intestino delgado, complementa as
necessidades diárias deste elemento.
Outra substância
indispensável ao funcionamento do tecido hematopoético é a vitamina B12 necessária
em pequenas quantidades, mas para que seja absorvida e aproveitada pelo
organismo, exige a presença do
fator intrínseco da vit. B12,
açúcar de natureza complexa, sintetizado pelas células da mucosa do estômago.
O
tecido linfoide:
O
tecido linfoide forma a base do sistema imune do corpo e drena o excesso de
fluido extracelular. O fluido extracelular que não entra no sistema venoso,
entra para o interior dos capilares
linfáticos, finos vasos de fundo cego do sistema vascular linfático. Após
a passagem pelas cadeias de linfonodos e dos maiores vasos linfáticos, o
fluido, conhecido como linfa, entra no sistema vascular sanguíneo na base do
pescoço.
A linfa é um líquido claro que circula numa
extensa rede de capilares lado a lado com os capilares sangüíneos, drenando
continuamente líquidos dos tecidos, no interior dos órgãos. Quando isso não
acontece, por exemplo, um vaso sofre uma obstrução, o líquido se acumula na
zona afetada, produzindo-se um inchaço denominado edema, mais comuns nas
pernas. É produzida pelo excesso de líquido que sai dos capilares sanguíneos ao
espaço intersticial ou intercelular, sendo recolhida pelos capilares linfáticos
que drenam aos vasos linfáticos mais grossos até convergir em condutos que se
esvaziam nas veias subclávias. Tem a função de eliminar impurezas que as
células produzem durante seu metabolismo.
A linfa não é bombeada pelo coração e sim
pela ação muscular - os músculos ao se movimentar, comprimem os vasos
linfáticos. Outros movimentos corporais também deslocam a linfa, tais como a
respiração, atividade intestinal e compressões externas, como a massagem.
Permanecer por longo tempo parado em uma só posição faz com que a linfa tenha a
tendência a se acumular nos pés, por influência da gravidade, causando inchaço.
Histologicamente,
a linfa assemelha-se ao sangue pela presença de linfócitos e alguns leucócitos
granulócitos. Entretanto, não possui hemácias, plaquetas e monócitos. O
linfócito, a principal célula do tecido linfoide, é responsável pelo
funcionamento adequado do sistema imune.
O
plasma linfático é semelhante ao sanguíneo, mas sua composição química é muito
variável de acordo com região do corpo e com a alimentação, pois absorve
gorduras. As células predominantes são os linfócitos, lançados na linfa quando
esta atravessa os tecidos linfoides dispersos pelo corpo. Esses tecidos
linfoides são encontrados nos linfonodos
(ou gânglios
linfáticos).
O
tecido linfoide está organizado em tecido linfático
difuso e nodular (linfonodos):
-Tecido
Linfoide Difuso: ocorre em todo o corpo,
especialmente sob membranas epiteliais úmidas, onde o tecido conjuntivo frouxo
é infiltrado por células linfoides, isto é, linfócitos, plasmócitos, macrófagos
e células reticulares.
-Linfonodos
(ou gânglios linfáticos): órgãos ovoides ou em forma de rim
encontrados ao longo da rede de vasos linfáticos. Eles são formados por cápsula
fibrosa externa e, internamente, um tecido reticular linfoide, com linfócitos,
plasmócitos e macrófagos. Assim a linfa é lentamente filtrada no interior dos
linfonodos numa espécie de labirinto esponjoso, deixando aí antígenos e
toxinas sob a ação dos macrófagos e dos anticorpos produzidos pelos
plasmócitos. Assim, além de funcionarem na manutenção e produção de células
imunocompetentes, os linfonodos também filtram a linfa.
Quando
há uma infecção, os linfonodos da região comprometida podem se apresentar
inchados e doloridos, sendo conhecidos popularmente como “caroços” ou “ínguas”,
e percebidos principalmente nas virilhas e axilas, ou ainda na região cervical
(pescoço).
Outros
órgãos linfoides, que variam em tamanho, localização e estrutura histológica,
são encontrados em muitas regiões do corpo. Os mais conhecidos são as tonsilas (conhecidas anteriormente como
amígdalas), o timoe o baço. Na parede do tubo
digestivo há também microscópicas estruturas linfoides, chamadas nódulos ou folículos
linfáticos. Eles podem variar em tamanho e número, aumentando, por
exemplo, em regiões com infecção, onde passam a produzir mais linfócitos. São
considerados órgão linfoides.
“A MACONHA E O SISTEMA IMUNOLÓGICO”.
Um estudo demonstrou que pessoas que fumam
maconha adoecem com maior frequência. Suspeitava-se que isso acontecesse porque
a maconha afetaria o sistema imunológico. Agora, cientistas americanos parecem
ter encontrado um indício de que essa hipótese está correta: a substância
ativa da maconha, chamada tetrahidrocanabinol (THC), altera o processo de
maturação dos glóbulos brancos, responsáveis pela defesa do organismo. Na
presença do THC, os glóbulos brancos em formação passam a sintetizar certas
proteínas que não lhes são características. Os cientistas supõem que essa
síntese enfraquece os glóbulos, deixando-os sem condições de cumprir plenamente
sua tarefa.
Superinteressante,
São Paulo, 1986, no 4, p. 11.
Muito interessante o material!,,,,
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