Os seres humanos são primatas. Nós descendemos de ancestrais arborícolas
que viveram nas florestas do terciário há 65 milhões de anos. A ideia de que os
seres humanos compartilham uma ascendência comum com os macacos (e outros
animais) chocou o mundo vitoriano de Darwin. Mas por quê? Vamos estudar nessa
última aula as evidências sobre a evolução humana.
Todos os mamíferos podem ser agrupados como primatas. Todos os primatas
compartilham algumas características importantes:
·
Dedos preênseis em todos os quatro membros.
·
Unhas ao invés de garras.
·
Olhos voltados para frente.
·
Visão binocular e uma excelente percepção da profundidade.
·
Mobilidade acentuada dos dedos, especialmente do polegar e do dedo
grande do pé.
·
Redução do número de dentes em comparação com mamíferos basais.
·
Cérebro grande em relação ao tamanho do corpo.
·
Apenas um filhote por gestação, associado à infância e adolescência
prolongadas.
·
Tendência a manter o tronco ereto, conduzindo ao bipedalismo facultativo
Essas modificações todas estão relacionadas ao modo de vida arborícola.
De fato, a maioria dos primatas é arborícola, mas alguns se tornaram,
secundariamente, terrestres e os seres humanos são os mais terrestres de
todos. O modo de vida arborícola levou à seleção para o aumento da
inteligência. Membros flexíveis e mãos e pés preênseis permitem aos primatas à
agarrar aos ramos das árvores, aprender a manipular alimentos e, o mais importante,
utilizar ferramentas. Durante o Oligoceno, dois grupos distintos de
primatas superiores evoluíram: os macacos Platyrrhini dos trópicos do Novo
Mundo e os macacos Catarrhini e grandes primatas do Velho Mundo. Os grandes
macacos aparecem primeiramente entre fósseis de 25 milhões de anos. Nesse
período, as savanas estavam surgindo na áfrica, na Europa e na América do
Norte. Talvez motivados pela grande abundância de alimento no nível do solo,
esses primatas deixaram as árvores e tornaram-se basicamente terrícolas.
Durante o Mioceno, com a expansão das savanas, os macacos adaptaram-se a
um ambiente aberto. O Homo sapiens está inserido no clado Hominoidea juntamente
com outras espécies semelhantes. Os primeiros hominídeos surgiram nesse período
e gradualmente evoluíram para uma postura ereta. Os primeiros fósseis “quase
humanos” aparecem datando de cerca de 4,4, milhões de anos atrás. O que se sabe
é que entre 3 e 4 milhões de anos atrás, duas linhagens bastante distintas de
hominídeos emergiram, coexistindo por no mínimo 2 milhões de anos. Uma linhagem
é a de Homo, nosso gênero. A outra linhagem é de um pequeno hominídeo, o
Australopithecus africanus, que possuía uma face semelhante à de um ser humano
e um encéfalo do tamanho equivalente a quase um terço do encéfalo dos humanos
modernos.
Os pesquisadores não chegaram a um consenso em relação a quais foram os
primeiros membros do gênero Homo, mas todos concordam com o fato de que pelo
menos três espécies de Homo compartilharam a paisagem africana com os australopitecíneos.
Um deles foi o Homo habilis, um hominídeo totalmente ereto e com um encéfalo
maior do que os do australopitecíneos. Há cerca de 1,5 milhões de anos apareceu
o Homo erectus, um hominídeo que alcançava até 170 cm de altura e que se tornou
abundante nas regiões temperadas e tropicais do velho Mundo. O Homo
erectus desapareceu em torno de 300.000 anos atrás. Deste ponto em diante, a
evolução humana e o estabelecimento do Homo sapiens seguiu um complexo caminho.
Há cerca de 130.000 anos surgiram os neandertais, hábeis caçadores e
utilizavam ferramentas. Eles dominaram o Velho Mundo ao final
do Pleistoceno.
Acredita-se que os neandertais foram substituídos e exterminados pelos
humanos modernos há cerca de 30.000 anos atrás. Nós humanos possuímos o
que nenhum outro animal tem: a capacidade de raciocínio. Porém, os primeiros
impactos humanos significativos sobre os outros vertebrados datam do tempo
pré-histórico: No Pleistoceno superior ocorreu à extinção de muitas espécies de
grandes vertebrados provavelmente devido à prática da caça exercida pelo homem.
Daí em diante, o homem continua cada vez mais explorando sem limites os
recursos da natureza. Se quisermos salvar um vestígio significativo das biotas
e ecossistemas naturais, deixando-os intactos para as futuras gerações de seres
humanos, é necessário preservar habitats e ecossistemas naturais em uma escala
grande e representativa e controlar o crescimento da população humana. Caso não
haja essa conscientização global, seremos nós o próximo grupo extinto da face
da terra!
Nenhum comentário :
Postar um comentário