Melhoramento Genético
Desde a pré-história o homem seleciona os organismos cujas
características mais lhe convém. Quando se deseja obter, por exemplo, um
determinado fruto cujo peso pode variar largamente, o cruzamento entre plantas
selecionadas que produzem frutos mais pesados gera descendentes onde a
característica de interesse é preservada. Assim, durante milhares de gerações
os mais diferentes tipos de organismos foram selecionados pelo homem a fim de
aumentar a sua produção ou de forma a encontrar organismos mais adaptados a um
determinado ambiente.
Podemos definir melhoramento genético como um meio de seleção e
aprimoramento das qualidades das espécies observando sua utilização pelo homem.
Diversos são os exemplos de melhoramento genético, mas vamos inicialmente
discutir o melhoramento genético em animais representados aqui pela criação de
uma nova raça de gado.
A raça Shorthorn é criada em determinadas regiões dos Estados Unidos da
América e é um excelente produtor de carne, porém muito sensível a doenças
transmitidas pela picada de carrapatos e insetos, além de ser pouco resistente
ao calor. Já o gado Zebu, de origem indiana, é muito mais resistente às
infecções e ao calor, mas, por outro lado, produz pouca carne. Para se
conseguir um tipo de gado que produzisse muita carne e que fosse resistente às
infecções e ao calor cruzou-se o gado Shorthorn com o gado Zebu. Os cruzamentos
foram realizados diversas vezes, sempre selecionando as características
desejadas, desenvolvendo-se assim uma população homogênea, a qual foi considerada
uma nova raça, denominada Santa Gertrudes.
Um fator importante que deve ser levado em consideração é a dispersão
das variedades que foram melhoradas geneticamente. Em plantas, a maneira mais
utilizada para realizar essa dispersão é a enxertia (do latim insertare,
inserir, introduzir). A enxertia consiste no implante de parte de uma planta
viva em outra. Assim, como a enxertia é um tipo de reprodução assexuada, as
plantas geradas dessa maneira mantêm todas as características dos organismos
originais, uma vez que não sofre o processo de recombinação gênica na formação
dos gametas.
Outra forma assexuada de dispersão de vegetais é por cultura de tecidos.
Esse tipo de cultura consiste na retirada de parte do tecido vivo de um vegetal
e cultura em meio nutritivo, no qual existem fatores de crescimento e
hormônios.
Embora o melhoramento genético produza variedades de organismos muito
adaptadas a uma determinada região, essas linhagens possuem pouca variabilidade
genética para outras características. Assim, se uma determinada plantação for
atacada por uma espécie de parasita, provavelmente toda a lavoura estará
comprometida, uma vez que a chance de se encontrar indivíduos resistentes a
esse parasita é pequena. Um exemplo clássico desse tipo de problema ocorreu na
Irlanda no século
XIX. Na época, o principal alimento da população era a batata, a qual
era derivada de uma única variedade. Num determinado momento, um fungo atacou
as lavouras, dizimando toda a produção, o que culminou com a morte de milhares
de pessoas.
Aconselhamento Genético
Com o aumento do conhecimento humano sobre as doenças de origem genética
e com os avanços científicos nos meios de diagnóstico, muitas doenças podem ser
detectadas durante a vida intrauterina ou mesmo antes, caso um casal já tenha
tido algum filho afetado ou tenha parentes próximos com essa característica.
Alelos deletérios são alelos que diminuem a taxa de sobrevivência ou de
reprodução de um organismo. Muitos desses alelos são encontrados na população
humana e surgem por mutações nos alelos normais. Pessoas que não são portadoras
da doença, mas são portadoras de um alelo mutante para essa doença, podem
realizar exames bioquímicos nos quais esses alelos são detectados, como por
exemplo, os alelos que condicionam a doença de Tay-Sachs e Anemia falciforme.
A probabilidade de alelos recessivos que sejam deletérios ocorrerem em
homozigose aumenta muito em cruzamentos consanguíneos. Entende-se por
cruzamento consanguíneo o cruzamento entre indivíduos com alto grau de
parentesco, como ocorre entre cruzamentos entre primos de primeiro grau.
Algumas culturas proíbem esse tipo de cruzamento, enquanto outras apenas
desaconselham.
Em relação aos principais meios de diagnósticos para se determinar
doen-ças genéticas graves durante a vida intrauterina, encontramos a
amniocentese e a amostragem vilo-coriônica.
Quando o feto se encontra entre a 15a e a 18a semana de vida
intrauterina pode-se realizar a amniocentese, a qual é uma técnica rápida e de
pouco risco tanto para a mãe quanto para o bebê. Essa técnica consiste na
introdução de uma agulha na barriga da gestante até atingir a bolsa amniótica.
Todo o processo é monitorado por um aparelho de ultrassonografia. Quando a
agulha atinge a bolsa amniótica, uma amostra do líquido amniótico é retirada para
análise. Uma amostra de cerca de apenas 20 ml já é suficiente para a realização
de diversos exames.
A amostragem vilo-coriônica é usada somente quando a gestação está entre
a 8a e 11a semana, ou seja, antes do período onde se pode realizar a amniocentese.
Diferente da amniocentese, esse procedimento pode causar o abordo do embrião em
aproximadamente 1% dos casos. Por esse motivo esse tipo de diagnóstico é
somente empregado quando há um alto risco de doença genética e que precisa ser
identificada precocemente.
O procedimento de amostragem vilo-coriônica consiste na introdução de um
instrumento de punção através do canal vaginal, indo até o interior do útero,
de onde se retira uma pequena amostra do envoltório embrionário chamado cório.
As células obtidas nessa amostra podem ser cultivadas ou analisadas
imediatamente.
Essas técnicas de identificação de doenças genéticas colocam em questão
o aborto terapêutico. Em alguns países esse tipo de aborto é legalizado, porém,
em outros como o Brasil, isso não ocorre, sendo somente possível, do ponto de
vista legal, o casal que tiver um diagnóstico de um filho portador de uma
doença genética grave.
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