Morfologia Externa e Interna das Folhas

A folha é o órgão da planta onde se processa a elaboração dos alimentos em presença de luz, fenômeno este conhecido como Fotossíntese. Geralmente, a folha apresenta uma ampla superfície externa, que é especializada para o desempenho das funções de troca gasosa entre a folha e o meio externo (entrada de oxigênio para a respiração; saída de gás carbônico; liberação de vapor d´água na transpiração, dentre outros). As características morfológicas das folhas tornam esse órgão capaz de realizar todas essas funções de maneira adequada.



MORFOLOGIA FOLIAR

Geralmente, a folha é compreendida por um LIMBO ou LÂMINA FOLIAR, que é a região mais proeminente da folha, na qual ocorre a absorção da energia luminosa e onde ocorrem as trocas gasosas com o meio externo. O limbo se prende ao caule por uma estrutura cilíndrica e resistente denominada PECÍOLO. A inserção do pecíolo no caule pode ocorrer diretamente ou por intermédio de uma expansão, muito desenvolvida em algumas plantas: a BAINHA.
A base das folhas de algumas plantas pode, ainda, apresentar pequenas ou grandes expansões denominadas ESTÍPULAS. Tanto as estípulas como a bainha têm como função proteger os botões germinativos do caule.


Na literatura, encontramos informação de que uma folha completa é aquela formada por quatro partes: limbo, pecíolo, bainha e estípulas (como citado por FERRI, 1985) ou apenas por três partes: limbo, pecíolo e parte basal, muitas vezes composta pela bainha e estípulas, como citado por Rawitscher, em sua obra clássica de 1951. Em nossa aula, consideraremos uma folha completa aquela que possui, no mínimo, três partes.
Qualquer uma das partes de uma folha pode faltar, sendo menos frequente a ausência do limbo. Quando o pecíolo e a bainha estão ausentes, a folha é chamada SÉSSIL e se prende diretamente ao caule. Temos como exemplo a folha do tabaco (Nicotiana tabacum)
Nicotiana tabacum

As folhas variam muito em relação ao seu formato e à estrutura interna. Nas eudicotiledôneas, por exemplo, grupo de plantas que inclui a maioria das ervas, arbustos e árvores conhecidas, a folha costuma ser formada por limbo, pecíolo e estípulas, sendo que muitas não apresentam pecíolo nem bainha. Inclusive a bainha é a diferença fundamental entre as folhas das monocotiledôneas e eudicotiledôneas.

Nas monocotiledôneas, como o milho, a bananeira, o bambu e o palmito, a presença de bainha é constante. Nas eudicotiledôneas, há presença de bainha somente em poucas famílias.
Nas gramíneas, ocorre o que chamamos de BAINHA INVAGINANTE; são aquelas bainhas que envolvem o caule em grande extensão, protegendo gomos que dão origem aos ramos laterais do caule.

As estípulas, assim como as bainhas, podem também desempenhar uma função protetora. Elas são encontradas especialmente em folhas jovens. Geralmente, quando as folhas se desenvolvem e os limbos desabrocham, essas estípulas perdem sua função, secam e caem. Isso é perfeitamente observado na planta popularmente conhecida como unha-de-gato. Em outras, como na ervilha, as estípulas podem se desenvolver muito, e exercer a função do limbo e tornando-se verdadeiras lâminas assimiladoras.

FILOTAXIA
Chamamos de filotaxia a disposição das folhas no caule. Esta pode ser:
a) VERTICILADA (quando saem três ou mais folhas de cada nó do caule); por exemplo, visto na planta conhecida como espirradeira.

b) OPOSTA (quando saem duas folhas do mesmo nó do caule, em direções opostas). Ex. goiabeira.

c) ALTERNADA (quando sai apenas uma folha de cada nó, cada qual indo para
um dos lados do caule, em cada nó). Ex. pata-de-vaca.



As folhas podem ser ainda classificadas em SIMPLES, COMPOSTAS e BICOMPOSTAS.
As folhas simples são aquelas cujos limbos são indivisos, isto é, inteiros, sem divisões. Exemplos desse tipo de folha são os da bananeira, da quaresmeira ou do café.
 
Folha simples
As folhas compostas são aquelas que apresentam limbos divididos em folíolos (como se fossem pequenas folhinhas), sendo que dois tipos podem ser observados na natureza:

a)    Folhas compostas pinadas
b)    Folhas compostas digitadas

Nas folhas compostas pinadas, os folíolos ou pinas crescem de ambos os lados de um eixo: a RAQUE, como uma pena. A raque é uma extensão do pecíolo. Exemplo: roseira.
Roseira

As folhas compostas digitadas não possuem raque e as folhas partem todas do ápice do pecíolo. Ex. folhas de cheflera ou da paineira.
 
Paineira

ANATOMIA DA FOLHA

Um corte transversal de uma folha mostra a existência dos tecidos formadores desse órgão.

Tanto a parte superior quanto a inferior é revestida por uma EPIDERME (tecido de revestimento), a qual tem por finalidade proteger a folha de choques mecânicos, permitir a ocorrência de trocas gasosas, bem como controlar a perda de água por evaporação.
Entre a epiderme superior e a inferior, encontra-se o PARÊNQUIMA (tecido de preenchimento, assimilação e reserva). Do lado superior, as células desse tecido se dispõem lado a lado e são alongadas, formando o chamado PARÊNQUIMA PALIÇÁDICO. Do lado inferior, está o PARÊNQUIMA LACUNOSO, composto por células sem formato definido, as quais são delimitadas por grandes lacunas. Tanto nas células do parênquima paliçádico como no lacunoso encontramos numerosos cloroplastos, que comprova, assim, ser esse tecido associado ao processo da fotossíntese.
Encontramos, ainda, em meio às duas epidermes, tecidos vasculares e tecidos de sustentação.
A epiderme das folhas apresenta algumas estruturas anexas, relacionadas às trocas gasosas entre a planta e o meio externo e ao controle da perda de água pela transpiração. Tais estruturas são chamadas de ESTÔMATOS.


Os estômatos são formados por duas células (chamadas de CÉLULAS-GUARDA), providas de cloroplastos para a fotossíntese. Estas células têm o formato de dois grãos de feijão e apresentam um lado da parede celular bastante espessado.
Entre uma célula-guarda e outra, encontra-se uma pequena abertura denominada OSTÍOLO. É por essa abertura que gases importantes entram e saem da planta, como o gás carbônico.


De forma geral, as folhas refletem, na sua morfologia externa e interna, as características do ambiente em que elas vivem. Existem, na natureza, diversas folhas modificadas, que assumem funções das mais variadas e apresentam formatos, tamanhos e estruturas internas diferenciadas para o exercício de tal função.







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