O sistema respiratório é um dos sistemas de
maior relevância para a manutenção das estruturas corpóreas, tendo o oxigênio
papel fundamental neste processo. Para que não ocorram alterações fisiológicas
importantes no organismo, os níveis de oxigênio devem ser mantidos constantes
nas células, do mesmo modo que o gás carbono precisa ser removido. Assim, uma
das principais funções do sistema respiratório é o de realizar as trocas
gasosas.
Respirar refere-se a um
conjunto de processos físico, físico-químico e químico empregado para a
captação do oxigênio e eliminação do gás carbono. Nos animais com menos de 1 mm2 de área corporal, as células efetuam
as trocas gasosas por difusão, diretamente com o meio.
Nos grandes animais isso não é possível por causa da sua extensa massa corporal maior, havendo a necessidade de utilizar mecanismos mais especializados para realizar este processo. Desse modo, os animais aquáticos precisam de um mecanismo eficiente para bombear água para dentro do órgão respiratório, e os animais de ambiente terrestre precisam de estruturas capazes de capturar o ar atmosférico, mas ambos necessitam de um sistema circulatório bem desenvolvido para distribuir o gás a todos os tecidos.
Nos grandes animais isso não é possível por causa da sua extensa massa corporal maior, havendo a necessidade de utilizar mecanismos mais especializados para realizar este processo. Desse modo, os animais aquáticos precisam de um mecanismo eficiente para bombear água para dentro do órgão respiratório, e os animais de ambiente terrestre precisam de estruturas capazes de capturar o ar atmosférico, mas ambos necessitam de um sistema circulatório bem desenvolvido para distribuir o gás a todos os tecidos.
Por isso, a respiração
ocorre em três fases: obtenção do oxigênio do meio ambiente pelo órgão
respiratório, difusão dos gases por meio de uma superfície respiratória
(membrana permeável), e transporte deste para as células por meio de um sistema
circulatório eficiente. Na primeira fase, a captura do oxigênio pode ser
realizada por diversos órgãos, sistemas ou aparelhos respiratórios bem
vascularizados como o revestimento do corpo, brânquias, pulmões ou traqueias.
Apesar destas estruturas serem anatomicamente diferentes, com exceção das
traqueias, as demais possuem uma característica em comum, uma membrana úmida
permeável por onde as moléculas de oxigênio e dióxido de carbono se difundem
com facilidade. Segue uma descrição sucinta das principais estruturas que
efetuam as trocas gasosas, com esquema estrutural na figura 1.
Figura 1. Esquema dos diferentes sistemas utilizados para efetuar as trocas gasosas (Withers, 1992) |
Brânquias: o sistema branquial é
utilizado principalmente pelos animais de habitat aquático (peixes em geral),
mas também é relatado para alguns animais de habitat terrestre. As brânquias
são extensões evaginadas da superfície do corpo que se apresentam altamente dobradas
para aumentar a interface da sua área da membrana. O bombeamento unidirecional
da água sobre as brânquias possibilita as trocas gasosas neste sistema. A
distribuição dos gases é realizada por um sistema de circulação interna bem
desenvolvida que conduz o sangue oxigenado das brânquias para o restante do
corpo.
Pulmões: O sistema pulmonar é
muito utilizado nos animais de habitat terrestre (anfíbios, répteis, aves e
mamíferos), mas também é encontrado em alguns animais aquáticos (peixes
pulmonados, focas, baleias). Os pulmões são superfícies internalizadas
(invaginadas), altamente ramificadas, potencializando a superfície de área de
membrana para as trocas gasosas. O mecanismo ventilatório bidirecional é
utilizado para movimentar o ar para dentro e para fora do pulmão, e um sistema
circulatório bem desenvolvido transporta os gases dos pulmões para o corpo e
vice-versa.
Traqueias: O terceiro mecanismo
do sistema respiratório é o traqueal. Esse é um mecanismo diferenciado dos
demais, pois representa apenas duas etapas no processo das trocas gasosas: a
captura do oxigênio do meio ambiente e a difusão dos gases diretamente para a
célula, sem o intermédio do sistema respiratório. O sistema traqueal é
utilizado por muitos invertebrados, mas os insetos são os mais abundantes e bem
adaptados. Esses animais possuem aberturas na superfície do corpo
(espiráculos), cujas extensões em forma de tubo (traqueias) alcançam os
tecidos. Internamente as traqueias ramificam-se em numerosos tubos menores
(traqueolos), os quais chegam até as células.
O processo
físico-químico, utilizado para a transferência do oxigênio dos órgãos
respiratórios para a circulação sanguínea, assim como o gás carbono da
circulação para o meio externo é a difusão. De acordo com as leis dos gases,
cada gás comporta-se independente dos outros. Quando existe uma diferença de
pressão de difusão entre os dois lados de uma membrana, uma quantidade maior de
moléculas irá passar para a região de menor pressão do que na direção oposta.
A pressão parcial do
oxigênio, tanto no ar quanto na água, é maior do que a pressão desta molécula
no corpo do animal, pois o oxigênio é constantemente utilizado pelo metabolismo
celular de modo que o gás tende a entrar por qualquer membrana apropriada. Por
outro lado, a pressão parcial do gás carbono é grande no interior do animal,
tendendo sempre a sair. A difusão do oxigênio e do gás carbono através da
membrana semipermeável ocorre simultaneamente e representa a segunda fase no
processo respiratório.
Assim, o oxigênio é
capturado pelo órgão respiratório e por difusão passa para a circulação (com
exceção do sistema traqueal). Uma pequena quantidade de oxigênio pode ser
transportada livremente no sangue, porém grande quantidade é transportada de
forma mais eficiente ligada à molécula de hemoglobina (pigmento respiratório),
que nos vertebrados está armazenada dentro dos eritrócitos. O sistema
circulatório transporta o oxigênio até as células, o qual, por diferença de
pressão, desfaz-se da ligação com a hemoglobina e entra para o interior da
célula. A oxidação dos alimentos no interior das células gera energia (ATP),
água e gás carbono.
Por isso, o gás carbono
encontra-se em maior concentração no interior das células, e por causa da
diferença de pressão ele sai das células para a corrente sanguínea. O gás
carbono pode ser transportado na sua forma livre (em pequena quantidade),
ligado à molécula de hemoglobina ou associado à molécula de água na forma de
íon bicarbonato. Ao chegar aos órgãos respiratórios o gás carbono é liberado e
o oxigênio é capturado.
O transporte dos gases
pela corrente sanguínea é a última etapa do sistema circulatório. Este é um
processo químico que envolve principalmente a afinidade dos gases ao pigmento
respiratório. A hemoglobina é o pigmento mais encontrado nos vertebrados, mas
há outros pigmentos relatados para os invertebrados, como a hemocianina,
hemiretrina e clorocruorina. Outro pigmento importante é a mioglobina.
Localizada nos músculos dos mamíferos elas armazenam oxigênio, liberando-o
durante atividade física intensa.
A eficiência da respiração está relacionada com a extensão e espessura
da membrana respiratória, pelo tempo de contato adequado entre o meio externo e
interno para proporcionar as trocas, pela eficiência no transporte dos gases e,
por fim, por um gradiente de difusão adequado para cada gás.
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