As atividades que mantém ritmos são
observadas nas plantas e nos animais. Por exemplo, as plantas realizam
fotossíntese durante o dia, o que representa uma atividade diária vinculada à
presença de luz, mas o período de luminosidade do dia varia durante o ano,
devido à influência sazonal das estações. Ao relatar a influência das estações,
deve-se salientar que há variações na temperatura e no nível das marés, ao
longo das diferentes estações, o que também exerce efeito sobre o comportamento
das plantas e animais.
Por outro lado, o ciclo
lunar altera o comportamento das marés e alguns animais marinhos apresentam
ritmos biológicos que acompanham estas alterações. Muitos animais restringem
suas atividades a algum período do dia. Os roedores, por exemplo, utilizam o
período noturno para se alimentar, assim como a fase larval de algumas espécies
de mariposas. Desse modo, a periodicidade dos ritmos varia para as diferentes
atividades e organismos podendo ser curta (1 a 2 milessegundos para marcador
neuronal) ou apresentando períodos de tempo maior com os observados para o
ciclo das marés (12,4 h), ciclo circadiano (24 h), ciclo lunar (29,5 dias) e
ciclo anual (365 dias).
Os diferentes ritmos
biológicos podem ser classificados em circadianos, ultradianos e infradianos.
Os ciclos circadianos são os ritmos que correspondem a um período de ± 24 h no
qual a influência rítmica está relacionada principalmente com o período
claro/escuro. O ciclo ultradiano representa período de 20 h ou mais de um ciclo
a cada 24 h, como é observado no ciclo celular (1 ciclo a cada 20 minutos), no
batimento cardíaco (1 ciclo por segundo), ou para as ondas cerebrais (1 ciclo a
cada 0,1 segundo). O ciclo infradiano corresponde os ciclos mais longos, com
período de tempo superior a 28 h, como é observado no ciclo estral (1 ciclo
entre 4 a 5 dias) e o ciclo menstrual (1 ciclo a cada 28 dias).
Nas aves e mamíferos, o
relógio biológico reside em um pequeno núcleo do hipotálamo chamado
supra-quiasmático. E nos mamíferos, a glândula pineal também está envolvida com
a ritmicidade circadiana. Como a produção de melatonina, hormônio sintetizado
pela glândula pineal, é inibida pela luz ambiente, esta glândula passa a ser
uma estrutura intermediária entre o ciclo claro/escuro. O tempo de duração do
período noturno é determinado pela melatonina, que poderia ser base referencial
para os ritmos circadianos e sazonais.
As alterações do ciclo
circadiano relacionadas com a temperatura do corpo é motivo de avaliação nas
aves e mamíferos. A temperatura corpórea dos humanos com peso entre 50 a 80 kg
varia durante o dia em 0,6 °C. Para pequenos mamíferos, como o beija-flor e o
musaranho, essa flutuação na temperatura diária pode chegar a 20 °C, o que
provavelmente está relacionado com o estado de torpor destes animais. O padrão
diário da temperatura corpórea de muitos mamíferos e aves segue o ciclo de luz.
Tanto o ciclo da
temperatura quanto o ciclo correspondente à taxa metabólica não podem ser
alterados pela inversão dos períodos claro/escuro, pois se todas as variações luminosas
forem suprimidas e se os animais forem mantidos sob uma luz uniforme e
contínua, as variações da temperatura continuarão em sincronia. Isso é
denominado de período de funcionamento independente, sendo considerado um ciclo endógeno por persistir na ausência do estímulo externo. Na ausência do
estímulo externo ou em livre curso a frequência da duração do ciclo ultrapassa
as 24hs.
Alguns exemplos do ciclo
circadiano endógeno são: o ritmo de ovoposição, o ritmo de liberação de
feromônio nos insetos, o ritmo da excreção urinária no homem, e o ritmo
metabólico para um grupo de espécies variadas. Por outro lado, os ritmos que
necessitam de estímulo externo constante para serem mantidos são considerados ciclos exógenos.
Os fatores ambientais
que regulam o relógio biológico aos ciclos ambientais são denominados Zeitgeber
(do alemão Zeit, tempo e geber, doador) ou sincronizadores externos. O
sincronizador circadiano endógeno mais conhecido é o ciclo diário de luz. Os
animais utilizam os sinais da luz para sincronizar seus ritmos com o ciclo
ambiental, pois na natureza a troca e a intensidade da iluminação são os
indicadores mais eficientes sobre a hora do dia.
Para muitas espécies de
aves e mamíferos, o prolongamento da claridade com o encurtamento do período noturno
representa o sinal para o início da reprodução. A temperatura é outro fator que
oscila durante o dia, acompanhando a intensidade luminosa. Os ritmos lunares e
anuais assim como os diários persistem de forma endógena no organismo, mesmo na
ausência dos sinais ambientais.
Desse modo, percebemos que o principal fator que rege o nosso relógio
biológico é o ciclo claro/escuro, cujo indicador é a melatonina.
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