Filo Cnidária



O Filo Cnidária (gr. Knide, urtiga) apresenta esse nome por possuir células chamadas cnidócitos, as quais são urticantes (nematocisto). Existe um vasto número de indivíduos que pertencem a esse filo, aproximadamente 10.000 espécies amplamente dispersas no mar, que inclui algumas das criaturas mais estranhas da natureza como: hidras, águas-vivas, anêmonas do mar, corais moles (gorgônias) e outros. A coloração brilhante de muitas espécies combinada com sua simetria radial é com frequência incrivelmente bonita.



Os cnidários são marinhos, com a exceção das hidras e de uns poucos hidrozoários de água doce. Embora todos os cnidários sejam basicamente tentaculados e radialmente simétricos, encontram-se duas formas básicas dentro do filo. A forma que é geralmente sedentária ou séssil (pólipo) habita rochas ou formações coralinas nas águas tropicais. A outra forma é livre-natante, ou flutuante (medusa).
Tipicamente o corpo de um pólipo é tubular ou cilíndrico, com a extremidade oral (incluindo a boca e os tentáculos) direcionada para cima, enquanto a extremidade oposta ou aboral fica presa. Estes indivíduos possuem extremidade cefálica. A boca (que também serve de ânus) é a única abertura da cavidade interna, denominada "celêntero", a qual engloba ou inclui uma parte da água em que o animal vive. A simetria radial permite a captura de alimento de todos os lados, mas pode ser secundariamente modificada em relação a necessidades funcionais particulares.



A troca gasosa ocorre através da superfície corporal geral. Os detritos nitrogenados (amônia) também se difundem pela superfície corporal geral. Como em muitos outros animais de água doce, há um influxo contínuo de água no interior dos corpos das hidras através da parede corporal. A água em excesso, que é hipoosmótica em relação aos fluidos teciduais, é removida periodicamente da cavidade gastrovascular através da boca. A cavidade gastrovascular age consequentemente como um vacúolo contrátil gigante ou um nefrídio de um animal superior.



Os Cnidários podem mover partes de seus corpos (principalmente os tentáculos) para alterar a forma corporal. A locomoção (movimento de um lugar para outro) ocorre nas medusas e também em alguns pólipos. O movimento por contração muscular requer um esqueleto, pois os músculos precisam de alguma resistência contra a qual empurrar para que haja algum efeito; após a contração, eles devem ser novamente estendidos. Assim como outros animais de corpo mole, os cnidários usam a incompressibilidade da água como um esqueleto hidrostático. Estruturas rígidas existem nos cnidários, como os esqueletos calcários de corais, mas não cumprem nenhuma função na contração muscular.
Ao contrário das esponjas, os cnidários possuem uma cavidade intestinal revestida por uma endoderme, como a maioria dos outros animais. No entanto, nos cnidários, ela é referida como cavidade gastrovascular por funcionar na circulação além de na digestão. A cavidade gastrovascular abre-se externamente em uma extremidade para formar uma boca. Nos cnidários, um círculo de tentáculos (representando evaginações da parede corporal) circunda a boca para ajudar na captura e na ingestão de alimento.



Existem apenas duas camadas celulares, o ectoderma (também denominado epiderme) e o endoderma (também denominado gastroderme). Eles são separados por uma "mesogléia" gelatinosa, que contém algumas células e fibras de tecido conjuntivo, mas não é uma camada celular propriamente dita. Por essa razão, os Cnidários são considerados "diploblásticos" em contraste com todos os outros animais multicelulares (exceto as esponjas), os quais são "triploblásticos" por possuírem três camadas celulares.



A Epiderme é composta das seguintes células epitélio muscular principais: Epiteliomusculares, Intersticiais, Secretoras de Muco, Células Receptoras e Nervosas.
Os nematocistos são os tipos de cnidoblastos mais importantes e são encontrados em todos os cnidários. Os outros dois tipos, os espirocistos e os pticocistos, só são encontrados nos antozoários. Os nematocistos funcionam na captura de presas, e muitos podem injetar uma toxina. O cordão fica geralmente aberto na ponta e frequentemente se arma com espinhos. Na descarga, o cordão perfura o seu caminho no interior dos tecidos da presa e injeta uma toxina proteica que tem uma ação paralisante. Embora os nematocistos estejam ausentes na gastroderme das hidras e de outros hidrozoários, encontram-se presentes em áreas restritas desta camada nas outras classes de cnidários.



O efeito tóxico dos nematocistos da maioria dos cnidários não é perceptível pelos humanos. No entanto, algumas espécies marinhas possuem nematocistos que podem produzir uma sensação de queimadura dolorosa e uma irritação ou até a morte.
Quase todos os cnidários (incluindo as hidras) são carnívoros e alimentam-se principalmente de pequenos crustáceos. O contato com os tentáculos acarreta uma descarga de nematocistos, que enredam e paralisam a presa. Os tentáculos então puxam o animal capturado em direção à boca, que se abre para recebê-lo.
As células nervosas arranjam-se em uma rede nervosa irregular ou plexo, na base da epiderme e da gastroderme, e concentram-se particularmente ao redor da boca. Um sistema de rede nervosa duplo na mesma camada corporal é comum nos cnidários que não sejam hidras. Uma rede nervosa age como um sistema de condução lenta e difusa de neurônios multipolares; os outros agem como um sistema de condução rápida de neurônios bipolares.
A reprodução assexuada por brotamento (em pólipo) ou reprodução sexuada por gametas (em todas as medusas, em alguns pólipos) as formas sexuais são monoicas ou dioicas. O tipo larval é a plânula e ocorre clivagem indeterminada holoblástica. 

(Veja o vídeo no final da postagem.)




Classe - Hydrozoa (Hidróides)

Os hidroides caracterizam tipicamente estágios de pólipo (solitários e cilíndricos) e medusa no ciclo de vida. O seu tamanho pode variar de uns poucos milímetros até 1cm ou mais de comprimento, e, no entanto, o diâmetro raramente excede 1mm. Os pólipos são pequenos, sem mesentérios no celêntero, e a medusa pode ter um velo. As colônias de pólipos vivem frequentemente na região do entre-marés; alguns grupos são oceânicos. A Hydra vive na água doce.

Hydra

A extremidade aboral da haste corporal cilíndrica forma um disco basal, por meio do qual o animal prende-se a um substrato (locomoção). A extremidade oral contém uma plataforma ou cone chamado de hipostômio, com a boca no topo. Ao redor da base do cone encontra-se um círculo de cerca de seis tentáculos, este apresenta nematocisto e paralisa a presa, no entanto, a digestão começa somente na cavidade gastrovascular.
As hidras reproduzem-se sexuada e assexuadamente. Na forma assexuada, os brotos, aparecem e desenvolvem hidras jovens. Geralmente a maioria das espécies é dióica, e as jovens eclodem na primavera quando o tempo é favorável.

Classe - Scyphozoa (Cifomeduzas)



Inclui a maioria das águas-vivas maiores. Podem atingir um diâmetro do sino que excede os 2 metros e tentáculos que possuem de 60 a 40 m de extensão. A maioria dos cifozoários flutua em mar aberto em uma profundidade de até 3.000 metros. Sua coloração varia de incolor a rosa.

Os sinos das diferentes espécies variam desde uma forma rasa de pires até o fundo de uma cuia. A margem do sino é lobada, possui um par de lóbulos e entre eles há um órgão do sentido (ropálio). A boca é central no lado da subumbrella*. O manúbrio normalmente forma quatro braços orais com frisos que são utilizados para a captura e ingestão de presa, como por exemplo, Aurélia aurita.

Aurélia aurita

No estômago dos cifozoários há quatro bolsas gástricas nas quais a gastroderme se estende em pequenas projeções dos tentáculos chamados de filamentos gástricos. Estes filamentos estão cobertos com nematocistos. Os filamentos gástricos estão ausentes nas hidromedusas. Um sistema de canais radiais se ramifica a partir de bolsas até um canal anelar e forma uma parte da cavidade gastrovascular.
O sistema nervoso em cifozoários é uma rede nervosa com uma rede umbrelar que controla as pulsações do sino e outra rede mais difusa que controla as reações locais, tais como a alimentação.
Os sexos são separados com gônadas na bolsa gástrica. A fertilização é interna. A larva plânula ciliada torna-se presa e desenvolve-se em um cifístoma. Por um processo de estrobilação, o cifístoma forma brotos (éfiras) denominado estróbilo. A partir do momento que as éfiras se desprendem, crescem até se tornar águas vivas maduras.

Classe - Cubozoa
A forma medusoide é predominante e o polipoide é inconspícuo, na maioria dos casos é desconhecido. Algumas podem variar até 25 cm de altura sendo que a maioria tem aproximadamente 2 a 3 cm.



As cubomedusas são nadadoras vorazes, alimentando-se principalmente de peixes. O envenenamento por algumas espécies pode ser fatal aos seres humanos.
O ciclo de vida é completo e conhecido apenas por uma espécie, Tripedalia cystophora.  Os novos pólipos brotam lateralmente, separam-se e saem rastejando. Os pólipos não produzem éfiras, mas se metamorfoseiam diretamente em medusas.

Classe - Anthozoa (Anêmonas do mar, Corais)


São pólipos com aparência de flor. Não há nenhuma fase de medusa. São todos marinhos e encontrados em águas profundas e rasas, tanto em mares polares como em mares tropicais. Apresentam grande variedade de tamanho e podem ser solitários ou coloniais. A maioria das formas é suportada pelo esqueleto.
Pólipos com divisões verticais (mesentérios) do celêntero.  Não apresenta nenhuma forma de medusa.

Subclasse - Zoantharia

Compreendem as anêmonas-do-mar, corais e outros. As anêmonas-do-mar são cilíndricas em forma com uma coroa de tentáculos organizada ao redor da boca caracterizando o disco oral. A boca produz a faringe, e dentro desta há o sifonoglife que cria uma corrente de água para dentro da faringe. A faringe produz a cavidade gatrovascular que é dividida em seis câmaras radiais (hexâmeros) e seis pares de septos primários, ou mesentérios. Os septos menores são chamados incompletos e a extremidade deste é filamento septal.
A epiderme na base da coluna secreta uma teca de esqueleto calcário, incluindo esclerosseptos que se projetam superiormente no pólipo entre seus septos verdadeiros. Em muitos corais coloniais, os esqueletos podem ficar volumosos, construídos ao longo de muitos anos, com o coral vivo formando uma lâmina de tecido por cima de sua superfície.
     * Umbrella – Palavra originada do inglês, que significa guarda-chuva.
    
As anêmonas são carnívoras, alimentando-se de peixes ou de qualquer animal vivo ou morto. Os sexos são separados e algumas são hermafroditas.



Peixes palhaços e anêmonas - Mutualismo

O motivo pelo qual o peixe-palhaço não sofre os efeitos das células urticantes da anêmona ainda não é bem conhecido.

Alguns cientistas acreditam que o muco que recobre o peixe protege-o contra o veneno. Entretanto, somente os peixes-palhaços sadios estão protegidos. Os doentes são mortos pela anêmona.
Na natureza, o peixe palhaço não consegue sobreviver sem a presença de uma anêmona, pois elas lhe fornecem abrigo, proteção, delimitam seus territórios, afastam possíveis predadores e servem como local de desova. Elas são beneficiadas também, pois seus tentáculos são aerados com os movimentos dos peixes, conseguem capturar presas mais facilmente, atraídas pelos movimentos e cores dos peixes palhaço e ainda se beneficiam de fragmentos de alimentos consumidos por eles. Essa relação entre ambos se chama Mutualismo.

Subclasse - Ceriantipatharia


Esta subclasse é representada pelos ceriantos e antipatários. Estes indivíduos apresentam septos casados, mas não pareados. Os ceriantos são solitários e vivem enterrados em sedimentos moles até o nível do disco oral. Ocupam tubos construídos com muco secretado e filamentos de organelas semelhantes aos nematocistos, para retrair. Os antipatários ou corais negros são coloniais e fixos a um substrato firme. O seu esqueleto é de material córneo e possui espinhos. Exemplos: Cerianthus sp, Antipathes sp, Stichopathes sp.

Subclasse - Alcyonaria
São representados pelos corais moles e córneos, como penatuláceos, gorgônias e outros. Possuem pólipos com oito tentáculos (octômeros) e, tipicamente, oito tentáculos pinados organizados ao redor da margem do disco oral.

A cavidade gastrovascular é grande e dividida por septos, mesentérios, que são extensões dentro da parede do corpo e se comunica por um sistema de tubo gastrodérmicos chamados solênicos, estes atravessam a mesogleia (cenênquima). O esqueleto é secretado no cenênquima e consiste em espículas cálcarias, espículas fundidas ou uma proteína córnea. Exemplos: Dendronephthya sp, Tubipora sp e Renilla sp.

Dendronephthya sp



Reprodução Assexuada - Estrobilização (medusa)



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