Temática: Anfíbios – Classificação
Os anfíbios são os primeiros vertebrados que ocuparam o ambiente
terrestre. Atualmente, existem por volta de 3.000 espécies de anfíbios vivendo
no planeta. A característica principal dos anfíbios é o desenvolvimento na fase
larvária em meio aquático e na fase adulta em meio terrestre. A classe Amphibia
é dividida em três ordens: ANURA, URODELA e GYMNOPHIONA.
Ordem ANURA
Caracterizados por sapos, rãs e pererecas, são chamados de anuros por não apresentarem cauda na
fase adulta. São conhecidas por volta de 4.000 espécies de anuros e sua
distribuição é predominantemente tropical. A fauna brasileira é a mais rica em
anfíbios anuros, contando com aproximadamente 600 espécies conhecidas. O
corpo destes animais é curto (10 mm a 30 cm) possui cabeça é longa e dois pares
de pernas bem desenvolvidas. Podem ser aquáticos, terrestres, arborícolas
(que vivem em árvores), cavadores e ainda bromelículas (vivem nas bromélias) e
saxícolas (sob pedras).
São cosmopolitas, estando ausentes apenas na região dos polos.
Os sapos locomovem-se lentamente e quase sempre a pequenos saltos.
Habitam os ambientes terrestres, sua pele é rugosa e seca. Apresentam um par de
protuberâncias glandulares atrás de cada um dos dois olhos, chamadas
paratoides. As rãs são animais exclusivamente aquáticas. A pele é lisa,
úmida, glandular e altamente vascularizada. A locomoção é rápida e os saltos
são de grande extensão. As pererecas possuem a pele lisa e úmida e locomovem-se
rapidamente através de saltos. Possuem nas pontas dos dedos discos adesivos que
lhes permite subir nas paredes e na vegetação.
É comum ouvirmos durante a noite os sapos, rãs e pererecas
cantando nos brejos, riachos e lagoas, não é mesmo?! O som provém dos machos
que cantam à noite chamando as fêmeas para o acasalamento. Cada espécie tem seu
canto bem característico. O macho possui um ou dois sacos vocais que se enchem
de ar e funcionam como uma caixa amplificadora do som que pode assim ser ouvido
a grandes distâncias.
Ordem CAUDATA ou URODELA
São representados pelas salamandras e tritões, que fazem parte desta
ordem. Estes animais possuem cauda. O corpo é alongado (30 mm a mais de
1, 5 m) com dois pares de pernas na fase adulta, que podem ser reduzidas
dependendo do hábito de vida do animal. As espécies são exclusivamente
aquáticas ou terrestres. A maioria é terrestre na vida adulta, mas voltam à
água na época da reprodução.
Algumas linhagens de salamandras desenvolveram adaptações para uma
existência dentro de cavernas, como por exemplo, coloração clara, perda da
visão, pernas extremamente longas e focinho achatado, utilizado para explorar
debaixo de pedras. A esta prática damos o nome de troglobitismo.
Outra curiosidade em relação a estes animais é o fato de muitas
famílias terem se tornado pedomórficas, isto é, os adultos conservam muitas
características de larva e não completam sua metamorfose. A pedomorfose entre
as salamandras evoluiu como um processo de neotenia. A neotenia é
uma estratégia evolutiva que capacita estes animais a permanecerem aquáticos e
escapar dos rigores da vida terrestre.
São conhecidas cerca de 420 espécies de distribuição predominantemente
temperada e setentrional. No Brasil conhecemos, até o momento, somente uma
espécie de salamandra que vive na região Amazônica.
Ordem GYMNOPHIONA ou ÁPODA
Representada pelas cecílias. Esta é a ordem menos conhecida. As
cecílias podem ser aquáticas, mas geralmente são escavadores que vivem no
ambiente subterrâneo. Deste modo, é raro nos depararmos com este animal. O
corpo é alongado (7 cm a 1,5 m), vermiforme, desprovido de pernas. Os olhos são
recobertos por pele ou ossos, o que os torna cegos. Possuem um par de
tentáculos protráteis entre os olhos e as narinas, sendo este é um órgão
sensorial.
No entanto, são vertebrados, o que os separa dos anelídeos. A maioria das espécies são primariamente fossórias, habitando o ambiente subterrâneo, e secundariamente aquáticas. Principalmente por essas qualidades, constituem o grupo de vertebrados menos conhecidos pelos zoólogos.
Há cerca de 170 espécies conhecidas, com distribuição tropical e
meridional. No Brasil existem mais ou menos 20 espécies.
Temática: Anfíbios –
Características Gerais
Na escala evolutiva, os anfíbios situam-se entre os peixes e os répteis
e são o primeiro grupo de vertebrados a ocupar o meio terrestre. Muitas
espécies de anfíbios apesar de viverem fora do ambiente aquático,
continuam apresentando grande dependência da água, pelo menos durante a fase
reprodutiva. Seus ovos, desprovidos de casca, necessitam de umidade constante.
E os filhotes, que respiram por meio de brânquias, dependem da água para
sobreviverem.
Pele
A pele é fina, úmida e desprovida de escamas, o que confere aos anfíbios
uma suscetibilidade à perda de água. Para contornar esse problema, uma das
estratégias que utilizam é a de serem, na grande maioria das espécies, animais
noturnos. Para proteger estes animais contra predadores, a pele possui
glândulas secretoras de substâncias tóxicas ou alucinógenas.
A superfície externa de toda a pele é trocada periodicamente pelos
anfíbios. Processo denominado muda. A muda, provavelmente, está sob controle
hormonal. Não é a pele inteira que é trocada, mas fragmentos da camada externa.
A frequência das mudas varia de acordo com as diferentes espécies. Os
anfíbios são animais ectotérmicos, isto é, dependem de fontes externas de calor
para manutenção da temperatura corpórea.
Sistema Esquelético
O crânio é largo e achatado com dois côndilos occipitais. O esqueleto é
majoritariamente ossificado. As costelas, quando presentes, não são ligadas ao
esterno. O esterno aparece pela primeira vez nos anfíbios que possuem costelas
pouco desenvolvidas e, por isso, nunca ligadas ao esterno, como ocorre na
maioria dos répteis e em aves e mamíferos. Os anfíbios apresentam dois pares de
pernas. Na perna anterior existem quatro dedos e na posterior, cinco. Vamos
lembrar que as cecílias não possuem pernas!
O transporte do peso do corpo através das quatro pernas dá a coluna
vertebral uma nova função. A compressão dos membros é transmitida à coluna por
meio das cinturas. Esta nova função dá a coluna maior ossificação e
articulação, a flexibilidade torna-se menos importante que a força, isto é, o
corpo torna-se mais rígido. O esqueleto axial é formado pelo crânio e a
coluna vertebral. O esqueleto apendicular é formado pela cintura
escapular, cintura pélvica e membros. A cintura escapular protege os
órgãos internos e serve de apoio aos membros anteriores. A cintura pélvica liga
os membros posteriores à coluna vertebral e, na locomoção, transmite o impulso
dos membros posteriores ao corpo.
Sistema Muscular
O sistema muscular dos anfíbios mostra-se como uma transição entre os
peixes e os répteis. A realização de diferentes tipos de movimentos que os
anfíbios necessitam executar, como nadar, andar, saltar e trepar, exigiu o
desenvolvimento de muitos outros tipos de músculos. Alguns desses músculos
localizam-se dentro dos membros e são por isso chamado de músculos intrínsecos.
Sistema Circulatório
O coração dos anfíbios possui três câmaras (duas aurículas e um
ventrículo) e recebe sangue oxigenado, proveniente dos pulmões, e sangue
não-oxigenado, proveniente do corpo. Para evitar a mistura excessiva dos
sangues o sistema circulatório é duplo.
Sistema Digestivo
A maioria dos anfíbios possui língua protrátil. Os sapos e rãs a
utilizam na captura e alimentos que, geralmente, provém da água. Os
dentes são finos e o esôfago é curto. Há a produção de HCl pelo estômago e o
intestino varia em tamanho de acordo com a espécie. Em algumas espécies o
intestino é diferenciado em delgado e grosso.
Sistema Respiratório
Durante a fase larval, a maioria dos anfíbios respira pelas brânquias
(três pares). Ao contrário dos peixes, que possuem brânquias internas, as
brânquias dos anfíbios são externas. Durante a metamorfose, as brânquias são
reabsorvidas ou degeneram. Os pulmões dos anfíbios são estruturas simples
e em forma de saco. O ar é bombeado para os pulmões por meio do processo de
deglutição.
Os anfíbios também respiram através da pele. Algumas espécies de
salamandras não apresentam pulmões e dependem exclusivamente da pele e da
cavidade bucal para a absorção de oxigênio. Para tanto, é necessário que a pele
esteja sempre úmida, o que é conseguido através das glândulas mucosas presentes
na superfície do corpo. Na laringe de sapos e rãs existem cordas vocais,
com as quais os machos emitem os chamamentos de acasalamento. O limite entre a
laringe e a faringe é uma abertura chamada glote.
Sistema Excretor
Assim como nos peixes os rins são do tipo mesonéfricos. São dois rins
presentes, um em cada lado da coluna vertebral. Como os anfíbios dependem da
água doce e passam muito tempo nela, eles desenvolveram corpúsculos renais para
auxiliar a eliminação de água e, desta maneira, impedir a diluição excessiva
dos líquidos do corpo.
A bexiga dos anfíbios é diferente daquela encontrada nos peixes.
Ela se desenvolve como uma evaginação do assoalho da cloaca. Desta maneira, a
urina passa dos ductos dos rins para a cloaca, no qual passa para a bexiga para
ser armazenada. Alguns anfíbios terrestres reabsorvem parte da água da urina em
determinadas épocas do ano para compensar a umidade perdida pela pele.
Espécies aquáticas e larvas da maioria das espécies excretam grande
quantidade de nitrogênio na forma de amônia. Adultos terrestres eliminam ureia,
que por ser menos tóxica, não precisa ser excretada tão rapidamente.
Sistema Nervoso
O sistema nervoso dos anfíbios é semelhante ao dos peixes, porém um
pouco mais desenvolvido. E constituído por um sistema nervoso central (encéfalo
e medula espinhal) e um sistema nervoso periférico. Existem 10 pares de nervos
cranianos.
Sistema Reprodutor
A diversidade de modos reprodutivos dos anfíbios ultrapassa aquela de
qualquer outro grupo de vertebrados, com exceção dos peixes. Os anfíbios são
monoicos e podem apresentar dimorfismo sexual. A fecundação é interna
(nos urodelos e ápodos) e externa (nos anuros), sendo as espécies geralmente
ovíparas, porém a viviparidade pode ser encontrada nas três ordens. Na
fecundação interna, o esperma é transferido para o corpo da fêmea envolto numa
cápsula gelatinosa chamada espermatóforo, como no caso dos urodelos ou através
de um órgão semelhante a um pênis, como no caso dos ápodos. Os ovos podem
ser depositados na água, nas poças que ficam nas axilas das plantas, como as
bromélias, e algumas espécies retêm os ovos no interior do corpo de formas
diversas.
O ciclo de vida dos anfíbios apresenta geralmente três fases: ovo,
larva e adulto. Durante a passagem de larva aquática para adulto, ocorre uma
metamorfose radical. O exemplo mais dramático de metamorfose é encontrado na
ordem dos anuros, onde praticamente toda a estrutura do girino é alterada. O
clímax metamórfico inicia-se com o aparecimento das pernas anteriores e termina
com o desaparecimento da cauda. Essa passagem é rápida. Mas o período larval
pode estender-se por semanas ou meses.
Os ovos contêm uma grande quantidade de vitelo e são envoltos por
uma capa gelatinosa que seca rapidamente em contacto com o ar, mas não têm
anexos embrionários. Há espécies que colocam apenas dois ou três ovos, soltos
ou em cordões, mas espécies que atingem até 50000 ovos por postura.
Órgãos dos Sentidos
No teto da boca, língua e na mucosa existem botões gustativos. Uma outra
estrutura olfativa que surge pela primeira vez nos anfíbios é o órgão de
Jaccbson ou órgão vomeronasal. Ele surge como uma evaginação da passagem nasal
e é revestido com epitélio olfativo. Os olhos são protegidos por duas
pálpebras. A fim de evitar o ressecamento dos olhos devido à evaporação, os
anfíbios possuem glândulas lacrimais, mas que são pouco desenvolvidas. Surge
então uma outra glândula secretora de óleo, a glândula de Harder.
O aparelho auditivo é mais desenvolvido nos anfíbios, pois já há o
aparecimento do ouvido médio ou caixa timpânica. Esta caixa é limitada
externamente pela membrana do tímpano, que pode ser observada na superfície do
corpo do animal, na cabeça. Os sons são transmitidos da membrana timpânica para
o ouvido interno por meio de um osso chamado columela. O sistema da linha
lateral, semelhante ao dos peixes, é encontrado nas larvas dos anfíbios
(girinos) e até na fase adulta de certas espécies aquáticas.
Temática: Biologia de Anfíbios
Os anfíbios são verdadeiros sensores ambientais, uma vez que necessitam
de um ecossistema equilibrado para que possam manter sua diversidade. São os
primeiros animais a denunciarem a degradação de uma área e por isso são
bons indicadores biológicos e ambientais.
Ambientes e Habitats
Os anfíbios podem ser encontrados em quase todos os ambientes de água
doce e úmido. Também há muitas espécies bem adaptadas aos ambientes abertos com
estrutura vegetal diversa, como a do cerrado e caatinga. Existem espécies
cavadoras que cavam o substrato seguindo a umidade do solo. Assim, os
anfíbios podem ser tanto aquáticos quanto terrestres, porém não habitam o
ambiente marinho. A maioria das espécies localiza-se em torno da linha do
equador. Mas a maior diversidade de espécies se dá nas grandes florestas
tropicais.
Locomoção
As cecílias e as salamandras se locomovem por contrações laterais.
As rãs possuem pernas longas e musculosas e movem-se por saltos. As cinturas
são reforçadas e entre os dedos existem amplas membranas que auxiliam a
locomoção dentro da água. Os sapos possuem pernas relativamente curtas e
membranas interdigitais pouco desenvolvidas (habitam a terra). O corpo é pesado
e o deslocamento é lento. As espécies escavadoras possuem pernas curtas,
corpo vigoroso, cabeça pontuda e um focinho que auxilia na escavação do
substrato. As pererecas apresentam cintura delgada e pernas longas. Além
de saltarem, algumas espécies escalam de forma quadrúpede. Para tanto, possuem
discos digitais aumentados.
De acordo com o comprimento relativo de seus membros, podemos agrupar os
anuros em duas categorias diferentes de modo de forrageamento:
·
Espécies de pernas curtas (sapos): predadores de grande raio de ação
·
Espécies de pernas longas (rãs e pererecas): predadores de tocaia
As especializações do sistema locomotor dos anuros são utilizadas para
distingui-los como mostra o esquema abaixo:
Alimentação
Três processos estão envolvidos na alimentação dos anfíbios: escolha,
localização e captura da presa.
Escolha da presa
Os anfíbios geralmente são considerados como oportunistas em relação à
alimentação, isto é, comem o que encontram pela frente. As limitadas
informações indicam que todos os anfíbios adultos são carnívoros, ingerindo
principalmente insetos, e que a herbivoria é uma característica de larvas de
anuros. Primeiramente, o animal seleciona sua presa pelo tamanho (sempre
menor que o seu tamanho) e, depois, pelo paladar. Indivíduos de uma mesma
espécie podem apresentar significativa variação quanto ao tipo e quantidade de
presas consumidas em diferentes habitats, refletindo as diferenças na
disponibilidade de presas entre eles. Mudanças sazonais na dieta também são
registradas. O hábito alimentar reflete, talvez, um dos aspectos mais marcantes
no papel ecológico dos anfíbios.
Mecanismos de localização de presas
A localização, identificação e procura da presa depende de todos os
sentidos do animal, mas um ou outro é predominante.
Visão: Muitos anfíbios são predadores visuais,
possui uma percepção aumentada quando a imagem do objeto é menor
que o campo visual, assim, o predador pode determinar a velocidade, a direção
do movimento e a distância relativa da presa.
Olfação e gustação: Usada para localizar
e identificar a presa.
Audição: Localizam a presa por som aéreo.
Captura das Presas
Exceto as cecílias, todos os anfíbios terrestres utilizam à língua na
captura da presa. A língua dos anfíbios possui glândulas produtoras de
uma secreção pegajosa que serve para aderir à presa na superfície da língua. As
salamandras capturam suas presas por mecanismo de sucção. Em todos os
grupos, a presa é apertada contra o teto da boca e manipulada na cavidade
bucal. Este processo é facilitado pela secreção das glândulas intermaxilares.
Cuidado Parental
Diversos grupos de anfíbios desenvolveram meios de proteger seus
filhotes, contudo não se sabe ao certo qual dos sexos está envolvido no cuidado
com a prole, pois em muitas espécies é extremamente difícil identificar o sexo
externamente. Algumas espécies podem guardar temporariamente os filhotes na
boca, no estômago, ou em pregas da pele semelhantes às bolsas dos marsupiais.
Os machos do sapo aru, que também é conhecido como pipa, conduzem os
ovos, depois de fecundados ao dorso da fêmea, no qual ficam protegidos dentro
da pele até o nascimento dos filhotes.
A nossa rã mais comum, a rã pimenta, monta guarda permanente desde a
postura dos ovos até a metamorfose dos girinos, tornando-se muito agressiva com
os eventuais predadores. As cecílias terrestres cuidam de seus ovos
enrodilhando se em torno deles e assim permanecendo por um longo tempo, mesmo
após o nascimento dos filhotes.
Temática: Inimigos Naturais e Mecanismos de Defesa dos
Anfíbios
Os anfíbios estão sujeitos a grande quantidade de predadores e doenças.
Ainda há pouca informação sobre o efeito debilitador de patógenos ou parasitas
sobre os anfíbios individuais ou sobre populações na natureza. Além destas
ameaças, o homem e a degradação da natureza são outras grandes ameaças que
atingem os anfíbios atualmente. Vamos estudar nesta aula os mecanismos de
defesa que estes animais desenvolveram para garantir a sobrevivência da
espécie.
Doenças
Os anfíbios estão sujeitos na natureza a uma grande quantidade de
doenças, causadas por vírus (herpes e carcinomas), bactérias e fungos.
Muitos parasitas, externos e internos, também são uma ameaça constante aos
anfíbios, uma vez que vivem associados aos adultos e às larvas. Até os ovos são
parasitados por larvas de insetos.
Alguns tipos de parasitas comuns aos anfíbios:
Protozoários: os anfíbios têm algum grau de infestação por
protozoários, que podem causar delimitação ou morte.
Helmintos: vermes de intestino, como os nematodas.
Anelídeos: as sanguessugas são parasitas externos extremamente
comuns.
Artrópodes: diversos grupos de aracnídeos parasitam anfíbios terrestres.
Insetos: os dípteros são os maiores parasitas dos anfíbios. As moscas podem
depositar seus ovos sobre o corpo de anuros ou sobre os ovos terrestres, e,
quando ocorre a eclosão dos ovos, as larvas tornam-se parasitas dos adultos ou
dos embriões.
Mecanismos Antipredatórios
Os anfíbios desenvolveram vários mecanismos morfológicos e fisiológicos
para se protegerem. O comportamento de fuga é um deles. A predação pode ser
evitada pela fuga de um predador potencial antes do seu encontro. Isso, é
claro, envolve a detecção da presença do predador pela presa. A fuga pode ser
afetada por um rápido movimento ou por uma combinação deles, o que depende da
capacidade locomotora do indivíduo. A locomoção por saltos de muitos anuros é
um excelente mecanismo de fuga.
O comportamento de fuga envolve uma série de estratégias dependendo da
espécie e do ambiente em que ela está inserida. A coloração críptica é
uma destas estratégias. O aspecto geral do corpo do organismo (cores, padrões,
marcas luminosas sobre o dorso) se confunde com algum elemento do fundo, quer o
fundo seja ou não um outro ser vivo. Isto causa uma ilusão de óptica no
predador. A coloração disruptiva é outra estratégia utilizada pelos
anfíbios. A imagem de procura visual de um predador pode ser confundida pelo
padrão de cor que quebra o contorno da presa.
A coloração aposemática é também uma estratégia utilizada pelos anfíbios
que adverte o predador. A cor do animal é uma cor de aviso que informa o
predador que ele não é palatável. O predador que comete o erro de capturar um
animal desses provavelmente irá rejeitá-lo devido ao seu sabor desagradável. Em
outras ocasiões, o predador irá lembrar-se dessa experiência desagradável,
evitando o animal marcado que a produziu.
O mimetismo é adotado pelos anfíbios que não apresentam comportamento
aposemático. A espécie que não apresenta propriedades tóxicas (o mímico)
assemelha-se a um modelo nocivo, e essa semelhança faz com que o predador
confunda o mímico com o modelo. Além dessas estratégias, o muco que recobre a
pele dos anfíbios torna o indivíduo escorregadio dificultando sua captura pela
presa além de possuir várias propriedades. Algumas espécies apresentam
atividade antibacteriana – um potente antibiótico extremamente útil na
medicina. Outras espécies possuem muco adesivo que também dificulta a sua
captura. O muco tem propriedades irritantes e/ou tóxicas. O sistema de
defesa químico dos anfíbios está localizado nas glândulas de veneno,
concentradas na superfície dorsal do animal. Tanto nos anuros como nas
salamandras, as posturas de defesa envolvem a apresentação das áreas
glandulares aos predadores.
Temática: Anfíbios: Identificação, Coleta de Campo e Técnicas
de Preparação em Laboratório
Pesquisa de campo com anfíbios frequentemente envolve captura e coleta
de espécimes que implicam em vários fatores: preservação, registro de data,
marcação, confinamento temporário. O coletor/pesquisador deve atentar para
coletar um número suficiente de indivíduos para a amostragem a fim de não
provocar desequilíbrios no meio ambiente. Vamos estudar agora as técnicas
utilizadas em campo e no laboratório!
Coleta
Os anfíbios podem ser coletados durante o dia, mas à noite, quando estão
vocalizando, é a melhor hora para coletá-los. As épocas de chuva também são
mais favoráveis para coletá-los de anfíbios, já que eles dependem de ambientes
úmidos. Em ambiente seco é necessário explorar locais úmidos e sombrios onde
estes animais se refugiam. Anfíbios em geral são animais muito frágeis.
Quando mortos e expostos à temperatura ambiente, logo se decompõem. Mesmo se
nos depararmos com espécimes mortos, é interessante fotografá-las e coletá-las,
pois o crânio e partes do esqueleto podem ser aproveitados em coleções didáticas
e científicas.
As coletas podem ser ativas ou passivas
Os diversos tipos de armadilhas utilizados funcionam como captura
passiva. As armadilhas passivas são construídas com baldes, gaiolas, covos e
até com cola adesiva fixada em troncos para capturar exemplares
arborícolas. As coletas ativas são realizadas durante os dias e as noites
em diversos tipos de ambientes. Um bom rendimento no esforço de captura e
coleta depende da utilização do equipamento adequado (lanterna de cabeça e de
mão, sacos para acondicionar os espécimes coletados, entre outros) e da
habilidade do coletor. (No campo é imprescindível a utilização de roupas
adequadas: bota de borracha, camisa de manga comprida, boné etc.
Os girinos podem ser coletados com puçá, peneira, covo e até com as
mãos. São facilmente encontrados em lagoas, poças, interior de bromélias,
buracos rasos do chão da mata, etc. No campo é importante explorar bem
todos os micro habitats, virar e revirar troncos podres caídos, folhiços,
pedras, examinar valas, poças e o interior de bromélias, procurar em buracos e
troncos. Os pesquisadores devem sempre ter em mãos um caderno de campo e
caneta para fazer todas as anotações possíveis. Um bom equipamento fotográfico
também é importante para registrar a fauna e a flora do local.
Acondicionamento
Após coletado os anfíbios devem ser acondicionados em sacos de pano
umedecidos e bem fechados. Outra possibilidade é colocar um pouco de folhiço
dentro do saco para que o ambiente fique úmido e o animal não morra ressecado.
Para não danificar os indivíduos coletados, é importante colocar poucos
indivíduos por saco. Se o acondicionamento durar mais de um dia, devem-se
limpar as fezes e a urina que possam estar no saco e também lavar os espécimes
em água corrente.
Morte
Os anfíbios devem ser mortos por afogamento em álcool 40%.
Como fixar
Depois de morto, o indivíduo devem ser pesado e fixado em formalina 10%
através de uma seringa com agulha fina introduzida no ânus. Vinte e quatro
horas depois, podem ser transferidos para recipientes contendo formalina
10%. Passadas mais vinte e quatro horas, podem ser conservados em álcool
70%. Os girinos também podem ser afogados em álcool 40% e fixados em
formalina 5% ou álcool 70%.
É prudente matar o mais rápido possível o animal capturado para não se
perder informações do mesmo. (conteúdo estomacal, perda de massa e
outros) Antes de matar o animal é importante limpá-lo bem e observar se
há ectoparasitas aderidos ao dorso. Se houver, é importante coletá-los também
para posterior estudo. A etiqueta de identificação deve conter o nome
científico do organismo, o nome do coletor, a data de coleta (dia/mês/ano) e o
local onde foi coletado.
As coleções de anfíbios podem ser de quatro tipos diferentes:
Coleção de espécimes em via úmida: os indivíduos são
fixados em formalina 10% e conservados em álcool 70%,
preferencialmente em locais escuros.
Coleção de espécimes em via seca: as peças ósseas são
devidamente acondicionadas e etiquetadas.
Coleção de tipos (parátipos): os indivíduos fixados
são mantidos em armários separados, seguindo a organização da
coleção geral, com fichário à parte.
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