Anfíbios

Temática: Anfíbios – Classificação

Os anfíbios são os primeiros vertebrados que ocuparam o ambiente terrestre. Atualmente, existem por volta de 3.000 espécies de anfíbios vivendo no planeta. A característica principal dos anfíbios é o desenvolvimento na fase larvária em meio aquático e na fase adulta em meio terrestre. A classe Amphibia é dividida em três ordens: ANURA, URODELA e GYMNOPHIONA.

Ordem ANURA



Caracterizados por sapos, rãs e pererecas, são chamados de anuros por não apresentarem cauda na fase adulta.  São conhecidas por volta de 4.000 espécies de anuros e sua distribuição é predominantemente tropical. A fauna brasileira é a mais rica em anfíbios anuros, contando com aproximadamente 600 espécies conhecidas.  O corpo destes animais é curto (10 mm a 30 cm) possui cabeça é longa e dois pares de pernas bem desenvolvidas.  Podem ser aquáticos, terrestres, arborícolas (que vivem em árvores), cavadores e ainda bromelículas (vivem nas bromélias) e saxícolas (sob pedras).

São cosmopolitas, estando ausentes apenas na região dos polos.

Os sapos locomovem-se lentamente e quase sempre a pequenos saltos. Habitam os ambientes terrestres, sua pele é rugosa e seca. Apresentam um par de protuberâncias glandulares atrás de cada um dos dois olhos, chamadas paratoides.  As rãs são animais exclusivamente aquáticas. A pele é lisa, úmida, glandular e altamente vascularizada. A locomoção é rápida e os saltos são de grande extensão.  As pererecas possuem a pele lisa e úmida e locomovem-se rapidamente através de saltos. Possuem nas pontas dos dedos discos adesivos que lhes permite subir nas paredes e na vegetação.
 É comum ouvirmos durante a noite os sapos, rãs e pererecas cantando nos brejos, riachos e lagoas, não é mesmo?! O som provém dos machos que cantam à noite chamando as fêmeas para o acasalamento. Cada espécie tem seu canto bem característico. O macho possui um ou dois sacos vocais que se enchem de ar e funcionam como uma caixa amplificadora do som que pode assim ser ouvido a grandes distâncias.

Ordem CAUDATA ou URODELA



São representados pelas salamandras e tritões, que fazem parte desta ordem.  Estes animais possuem cauda. O corpo é alongado (30 mm a mais de 1, 5 m) com dois pares de pernas na fase adulta, que podem ser reduzidas dependendo do hábito de vida do animal.  As espécies são exclusivamente aquáticas ou terrestres. A maioria é terrestre na vida adulta, mas voltam à água na época da reprodução.
Algumas linhagens de salamandras desenvolveram adaptações para uma existência dentro de cavernas, como por exemplo, coloração clara, perda da visão, pernas extremamente longas e focinho achatado, utilizado para explorar debaixo de pedras. A esta prática damos o nome de troglobitismo.
Outra curiosidade em relação a estes animais é o fato de muitas famílias terem se tornado pedomórficas, isto é, os adultos conservam muitas características de larva e não completam sua metamorfose. A pedomorfose entre as salamandras evoluiu como um processo de neotenia. A neotenia é uma estratégia evolutiva que capacita estes animais a permanecerem aquáticos e escapar dos rigores da vida terrestre.
São conhecidas cerca de 420 espécies de distribuição predominantemente temperada e setentrional. No Brasil conhecemos, até o momento, somente uma espécie de salamandra que vive na região Amazônica.

Ordem GYMNOPHIONA ou ÁPODA



Representada pelas cecílias.  Esta é a ordem menos conhecida. As cecílias podem ser aquáticas, mas geralmente são escavadores que vivem no ambiente subterrâneo. Deste modo, é raro nos depararmos com este animal. O corpo é alongado (7 cm a 1,5 m), vermiforme, desprovido de pernas. Os olhos são recobertos por pele ou ossos, o que os torna cegos. Possuem um par de tentáculos protráteis entre os olhos e as narinas, sendo este é um órgão sensorial.
No entanto, são vertebrados, o que os separa dos anelídeos. A maioria das espécies são primariamente fossórias, habitando o ambiente subterrâneo, e secundariamente aquáticas. Principalmente por essas qualidades, constituem o grupo de vertebrados menos conhecidos pelos zoólogos.
Há cerca de 170 espécies conhecidas, com distribuição tropical e meridional. No Brasil existem mais ou menos 20 espécies.

Temática: Anfíbios – Características Gerais

Na escala evolutiva, os anfíbios situam-se entre os peixes e os répteis e são o primeiro grupo de vertebrados a ocupar o meio terrestre. Muitas espécies de anfíbios apesar  de viverem fora do ambiente aquático, continuam apresentando grande dependência da água, pelo menos durante a fase reprodutiva. Seus ovos, desprovidos de casca, necessitam de umidade constante. E os filhotes, que respiram por meio de brânquias, dependem da água para sobreviverem. 



Pele



A pele é fina, úmida e desprovida de escamas, o que confere aos anfíbios uma suscetibilidade à perda de água. Para contornar esse problema, uma das estratégias que utilizam é a de serem, na grande maioria das espécies, animais noturnos.  Para proteger estes animais contra predadores, a pele possui glândulas secretoras de substâncias tóxicas ou alucinógenas.
 A superfície externa de toda a pele é trocada periodicamente pelos anfíbios. Processo denominado muda. A muda, provavelmente, está sob controle hormonal. Não é a pele inteira que é trocada, mas fragmentos da camada externa. A frequência das mudas varia de acordo com as diferentes espécies.  Os anfíbios são animais ectotérmicos, isto é, dependem de fontes externas de calor para manutenção da temperatura corpórea.

Sistema Esquelético



O crânio é largo e achatado com dois côndilos occipitais. O esqueleto é majoritariamente ossificado. As costelas, quando presentes, não são ligadas ao esterno.  O esterno aparece pela primeira vez nos anfíbios que possuem costelas pouco desenvolvidas e, por isso, nunca ligadas ao esterno, como ocorre na maioria dos répteis e em aves e mamíferos. Os anfíbios apresentam dois pares de pernas. Na perna anterior existem quatro dedos e na posterior, cinco. Vamos lembrar que as cecílias não possuem pernas! 



O transporte do peso do corpo através das quatro pernas dá a coluna vertebral uma nova função. A compressão dos membros é transmitida à coluna por meio das cinturas. Esta nova função dá a coluna maior ossificação e articulação, a flexibilidade torna-se menos importante que a força, isto é, o corpo torna-se mais rígido.  O esqueleto axial é formado pelo crânio e a coluna vertebral.  O esqueleto apendicular é formado pela cintura escapular, cintura pélvica e membros.  A cintura escapular protege os órgãos internos e serve de apoio aos membros anteriores. A cintura pélvica liga os membros posteriores à coluna vertebral e, na locomoção, transmite o impulso dos membros posteriores ao corpo.

Sistema Muscular



O sistema muscular dos anfíbios mostra-se como uma transição entre os peixes e os répteis. A realização de diferentes tipos de movimentos que os anfíbios necessitam executar, como nadar, andar, saltar e trepar, exigiu o desenvolvimento de muitos outros tipos de músculos. Alguns desses músculos localizam-se dentro dos membros e são por isso chamado de músculos intrínsecos.

Sistema Circulatório



O coração dos anfíbios possui três câmaras (duas aurículas e um ventrículo) e recebe sangue oxigenado, proveniente dos pulmões, e sangue não-oxigenado, proveniente do corpo. Para evitar a mistura excessiva dos sangues o sistema circulatório é duplo.

Sistema Digestivo



A maioria dos anfíbios possui língua protrátil. Os sapos e rãs a utilizam na captura e alimentos que, geralmente, provém da água.  Os dentes são finos e o esôfago é curto. Há a produção de HCl pelo estômago e o intestino varia em tamanho de acordo com a espécie. Em algumas espécies o intestino é diferenciado em delgado e grosso.


Sistema Respiratório

Durante a fase larval, a maioria dos anfíbios respira pelas brânquias (três pares). Ao contrário dos peixes, que possuem brânquias internas, as brânquias dos anfíbios são externas. Durante a metamorfose, as brânquias são reabsorvidas ou degeneram.  Os pulmões dos anfíbios são estruturas simples e em forma de saco. O ar é bombeado para os pulmões por meio do processo de deglutição.
 Os anfíbios também respiram através da pele. Algumas espécies de salamandras não apresentam pulmões e dependem exclusivamente da pele e da cavidade bucal para a absorção de oxigênio. Para tanto, é necessário que a pele esteja sempre úmida, o que é conseguido através das glândulas mucosas presentes na superfície do corpo.  Na laringe de sapos e rãs existem cordas vocais, com as quais os machos emitem os chamamentos de acasalamento. O limite entre a laringe e a faringe é uma abertura chamada glote.

Sistema Excretor



Assim como nos peixes os rins são do tipo mesonéfricos. São dois rins presentes, um em cada lado da coluna vertebral. Como os anfíbios dependem da água doce e passam muito tempo nela, eles desenvolveram corpúsculos renais para auxiliar a eliminação de água e, desta maneira, impedir a diluição excessiva dos líquidos do corpo.
 A bexiga dos anfíbios é diferente daquela encontrada nos peixes. Ela se desenvolve como uma evaginação do assoalho da cloaca. Desta maneira, a urina passa dos ductos dos rins para a cloaca, no qual passa para a bexiga para ser armazenada. Alguns anfíbios terrestres reabsorvem parte da água da urina em determinadas épocas do ano para compensar a umidade perdida pela pele.
 Espécies aquáticas e larvas da maioria das espécies excretam grande quantidade de nitrogênio na forma de amônia. Adultos terrestres eliminam ureia, que por ser menos tóxica, não precisa ser excretada tão rapidamente.

Sistema Nervoso



O sistema nervoso dos anfíbios é semelhante ao dos peixes, porém um pouco mais desenvolvido. E constituído por um sistema nervoso central (encéfalo e medula espinhal) e um sistema nervoso periférico. Existem 10 pares de nervos cranianos.


Sistema Reprodutor



A diversidade de modos reprodutivos dos anfíbios ultrapassa aquela de qualquer outro grupo de vertebrados, com exceção dos peixes. Os anfíbios são monoicos e podem apresentar dimorfismo sexual.  A fecundação é interna (nos urodelos e ápodos) e externa (nos anuros), sendo as espécies geralmente ovíparas, porém a viviparidade pode ser encontrada nas três ordens.  Na fecundação interna, o esperma é transferido para o corpo da fêmea envolto numa cápsula gelatinosa chamada espermatóforo, como no caso dos urodelos ou através de um órgão semelhante a um pênis, como no caso dos ápodos.  Os ovos podem ser depositados na água, nas poças que ficam nas axilas das plantas, como as bromélias, e algumas espécies retêm os ovos no interior do corpo de formas diversas.
 O ciclo de vida dos anfíbios apresenta geralmente três fases: ovo, larva e adulto. Durante a passagem de larva aquática para adulto, ocorre uma metamorfose radical. O exemplo mais dramático de metamorfose é encontrado na ordem dos anuros, onde praticamente toda a estrutura do girino é alterada. O clímax metamórfico inicia-se com o aparecimento das pernas anteriores e termina com o desaparecimento da cauda. Essa passagem é rápida. Mas o período larval pode estender-se por semanas ou meses.
 Os ovos contêm uma grande quantidade de vitelo e são envoltos por uma capa gelatinosa que seca rapidamente em contacto com o ar, mas não têm anexos embrionários. Há espécies que colocam apenas dois ou três ovos, soltos ou em cordões, mas espécies que atingem até 50000 ovos por postura.

Órgãos dos Sentidos

No teto da boca, língua e na mucosa existem botões gustativos. Uma outra estrutura olfativa que surge pela primeira vez nos anfíbios é o órgão de Jaccbson ou órgão vomeronasal. Ele surge como uma evaginação da passagem nasal e é revestido com epitélio olfativo.  Os olhos são protegidos por duas pálpebras. A fim de evitar o ressecamento dos olhos devido à evaporação, os anfíbios possuem glândulas lacrimais, mas que são pouco desenvolvidas. Surge então uma outra glândula secretora de óleo, a glândula de Harder.



O aparelho auditivo é mais desenvolvido nos anfíbios, pois já há o aparecimento do ouvido médio ou caixa timpânica. Esta caixa é limitada externamente pela membrana do tímpano, que pode ser observada na superfície do corpo do animal, na cabeça. Os sons são transmitidos da membrana timpânica para o ouvido interno por meio de um osso chamado columela. O sistema da linha lateral, semelhante ao dos peixes, é encontrado nas larvas dos anfíbios (girinos) e até na fase adulta de certas espécies aquáticas.

Temática: Biologia de Anfíbios

Os anfíbios são verdadeiros sensores ambientais, uma vez que necessitam de um ecossistema equilibrado para que possam manter sua diversidade. São os primeiros animais a denunciarem a degradação de uma área e por isso são bons indicadores biológicos e ambientais. 

Ambientes e Habitats
Os anfíbios podem ser encontrados em quase todos os ambientes de água doce e úmido. Também há muitas espécies bem adaptadas aos ambientes abertos com estrutura vegetal diversa, como a do cerrado e caatinga. Existem espécies cavadoras que cavam o substrato seguindo a umidade do solo.  Assim, os anfíbios podem ser tanto aquáticos quanto terrestres, porém não habitam o ambiente marinho.  A maioria das espécies localiza-se em torno da linha do equador. Mas a maior diversidade de espécies se dá nas grandes florestas tropicais.

Locomoção
As cecílias e as salamandras se locomovem por contrações laterais.  As rãs possuem pernas longas e musculosas e movem-se por saltos. As cinturas são reforçadas e entre os dedos existem amplas membranas que auxiliam a locomoção dentro da água.  Os sapos possuem pernas relativamente curtas e membranas interdigitais pouco desenvolvidas (habitam a terra). O corpo é pesado e o deslocamento é lento.  As espécies escavadoras possuem pernas curtas, corpo vigoroso, cabeça pontuda e um focinho que auxilia na escavação do substrato.  As pererecas apresentam cintura delgada e pernas longas. Além de saltarem, algumas espécies escalam de forma quadrúpede. Para tanto, possuem discos digitais aumentados.

De acordo com o comprimento relativo de seus membros, podemos agrupar os anuros em duas categorias diferentes de modo de forrageamento:

·         Espécies de pernas curtas (sapos): predadores de grande raio de ação
·         Espécies de pernas longas (rãs e pererecas): predadores de tocaia

As especializações do sistema locomotor dos anuros são utilizadas para distingui-los como mostra o esquema abaixo:




Alimentação
Três processos estão envolvidos na alimentação dos anfíbios: escolha, localização e captura da presa.

Escolha da presa
Os anfíbios geralmente são considerados como oportunistas em relação à alimentação, isto é, comem o que encontram pela frente.  As limitadas informações indicam que todos os anfíbios adultos são carnívoros, ingerindo principalmente insetos, e que a herbivoria é uma característica de larvas de anuros.  Primeiramente, o animal seleciona sua presa pelo tamanho (sempre menor que o seu tamanho) e, depois, pelo paladar. Indivíduos de uma mesma espécie podem apresentar significativa variação quanto ao tipo e quantidade de presas consumidas em diferentes habitats, refletindo as diferenças na disponibilidade de presas entre eles. Mudanças sazonais na dieta também são registradas. O hábito alimentar reflete, talvez, um dos aspectos mais marcantes no papel ecológico dos anfíbios.

Mecanismos de localização de presas
A localização, identificação e procura da presa depende de todos os sentidos do animal, mas um ou outro é predominante.

 Visão: Muitos anfíbios são predadores visuais, possui uma percepção aumentada quando a imagem do objeto é menor que o campo visual, assim, o predador pode determinar a velocidade, a direção do movimento e a distância relativa da presa. 
Olfação e gustação: Usada para localizar e identificar a presa. 
Audição: Localizam a presa por som aéreo.

Captura das Presas
Exceto as cecílias, todos os anfíbios terrestres utilizam à língua na captura da presa.  A língua dos anfíbios possui glândulas produtoras de uma secreção pegajosa que serve para aderir à presa na superfície da língua. As salamandras capturam suas presas por mecanismo de sucção.  Em todos os grupos, a presa é apertada contra o teto da boca e manipulada na cavidade bucal. Este processo é facilitado pela secreção das glândulas intermaxilares.



Cuidado Parental
Diversos grupos de anfíbios desenvolveram meios de proteger seus filhotes, contudo não se sabe ao certo qual dos sexos está envolvido no cuidado com a prole, pois em muitas espécies é extremamente difícil identificar o sexo externamente. Algumas espécies podem guardar temporariamente os filhotes na boca, no estômago, ou em pregas da pele semelhantes às bolsas dos marsupiais.
Os machos do sapo aru, que também é conhecido como pipa, conduzem os ovos, depois de fecundados ao dorso da fêmea, no qual ficam protegidos dentro da pele até o nascimento dos filhotes. 
A nossa rã mais comum, a rã pimenta, monta guarda permanente desde a postura dos ovos até a metamorfose dos girinos, tornando-se muito agressiva com os eventuais predadores.  As cecílias terrestres cuidam de seus ovos enrodilhando se em torno deles e assim permanecendo por um longo tempo, mesmo após o nascimento dos filhotes.

Temática: Inimigos Naturais e Mecanismos de Defesa dos Anfíbios

Os anfíbios estão sujeitos a grande quantidade de predadores e doenças. Ainda há pouca informação sobre o efeito debilitador de patógenos ou parasitas sobre os anfíbios individuais ou sobre populações na natureza. Além destas ameaças, o homem e a degradação da natureza são outras grandes ameaças que atingem os anfíbios atualmente. Vamos estudar nesta aula os mecanismos de defesa que estes animais desenvolveram para garantir a sobrevivência da espécie.

Doenças
Os anfíbios estão sujeitos na natureza a uma grande quantidade de doenças, causadas por vírus (herpes e carcinomas), bactérias e fungos.  Muitos parasitas, externos e internos, também são uma ameaça constante aos anfíbios, uma vez que vivem associados aos adultos e às larvas. Até os ovos são parasitados por larvas de insetos.

Alguns tipos de parasitas comuns aos anfíbios:

Protozoários: os anfíbios têm algum grau de infestação por protozoários, que podem causar delimitação ou morte.
Helmintos: vermes de intestino, como os nematodas.
Anelídeos: as sanguessugas são parasitas externos extremamente comuns.
Artrópodes: diversos grupos de aracnídeos parasitam anfíbios terrestres.
Insetos: os dípteros são os maiores parasitas dos anfíbios. As moscas podem depositar seus ovos sobre o corpo de anuros ou sobre os ovos terrestres, e, quando ocorre a eclosão dos ovos, as larvas tornam-se parasitas dos adultos ou dos embriões.
Mecanismos Antipredatórios

Os anfíbios desenvolveram vários mecanismos morfológicos e fisiológicos para se protegerem. O comportamento de fuga é um deles. A predação pode ser evitada pela fuga de um predador potencial antes do seu encontro. Isso, é claro, envolve a detecção da presença do predador pela presa. A fuga pode ser afetada por um rápido movimento ou por uma combinação deles, o que depende da capacidade locomotora do indivíduo. A locomoção por saltos de muitos anuros é um excelente mecanismo de fuga.
O comportamento de fuga envolve uma série de estratégias dependendo da espécie e do ambiente em que ela está inserida.  A coloração críptica é uma destas estratégias. O aspecto geral do corpo do organismo (cores, padrões, marcas luminosas sobre o dorso) se confunde com algum elemento do fundo, quer o fundo seja ou não um outro ser vivo. Isto causa uma ilusão de óptica no predador.  A coloração disruptiva é outra estratégia utilizada pelos anfíbios. A imagem de procura visual de um predador pode ser confundida pelo padrão de cor que quebra o contorno da presa.
A coloração aposemática é também uma estratégia utilizada pelos anfíbios que adverte o predador. A cor do animal é uma cor de aviso que informa o predador que ele não é palatável. O predador que comete o erro de capturar um animal desses provavelmente irá rejeitá-lo devido ao seu sabor desagradável. Em outras ocasiões, o predador irá lembrar-se dessa experiência desagradável, evitando o animal marcado que a produziu.
O mimetismo é adotado pelos anfíbios que não apresentam comportamento aposemático. A espécie que não apresenta propriedades tóxicas (o mímico) assemelha-se a um modelo nocivo, e essa semelhança faz com que o predador confunda o mímico com o modelo. Além dessas estratégias, o muco que recobre a pele dos anfíbios torna o indivíduo escorregadio dificultando sua captura pela presa além de possuir várias propriedades. Algumas espécies apresentam atividade antibacteriana – um potente antibiótico extremamente útil na medicina. Outras espécies possuem muco adesivo que também dificulta a sua captura.  O muco tem propriedades irritantes e/ou tóxicas. O sistema de defesa químico dos anfíbios está localizado nas glândulas de veneno, concentradas na superfície dorsal do animal. Tanto nos anuros como nas salamandras, as posturas de defesa envolvem a apresentação das áreas glandulares aos predadores.

Temática: Anfíbios: Identificação, Coleta de Campo e Técnicas de Preparação em Laboratório

Pesquisa de campo com anfíbios frequentemente envolve captura e coleta de espécimes que implicam em vários fatores: preservação, registro de data, marcação, confinamento temporário. O coletor/pesquisador deve atentar para coletar um número suficiente de indivíduos para a amostragem a fim de não provocar desequilíbrios no meio ambiente. Vamos estudar agora as técnicas utilizadas em campo e no laboratório!

Coleta
Os anfíbios podem ser coletados durante o dia, mas à noite, quando estão vocalizando, é a melhor hora para coletá-los. As épocas de chuva também são mais favoráveis para coletá-los de anfíbios, já que eles dependem de ambientes úmidos. Em ambiente seco é necessário explorar locais úmidos e sombrios onde estes animais se refugiam.  Anfíbios em geral são animais muito frágeis. Quando mortos e expostos à temperatura ambiente, logo se decompõem. Mesmo se nos depararmos com espécimes mortos, é interessante fotografá-las e coletá-las, pois o crânio e partes do esqueleto podem ser aproveitados em coleções didáticas e científicas.

As coletas podem ser ativas ou passivas 
Os diversos tipos de armadilhas utilizados funcionam como captura passiva. As armadilhas passivas são construídas com baldes, gaiolas, covos e até com cola adesiva fixada em troncos para capturar exemplares arborícolas.  As coletas ativas são realizadas durante os dias e as noites em diversos tipos de ambientes. Um bom rendimento no esforço de captura e coleta depende da utilização do equipamento adequado (lanterna de cabeça e de mão, sacos para acondicionar os espécimes coletados, entre outros) e da habilidade do coletor. (No campo é imprescindível a utilização de roupas adequadas: bota de borracha, camisa de manga comprida, boné etc.
Os girinos podem ser coletados com puçá, peneira, covo e até com as mãos. São facilmente encontrados em lagoas, poças, interior de bromélias, buracos rasos do chão da mata, etc.  No campo é importante explorar bem todos os micro habitats, virar e revirar troncos podres caídos, folhiços, pedras, examinar valas, poças e o interior de bromélias, procurar em buracos e troncos.  Os pesquisadores devem sempre ter em mãos um caderno de campo e caneta para fazer todas as anotações possíveis. Um bom equipamento fotográfico também é importante para registrar a fauna e a flora do local. 

Acondicionamento
Após coletado os anfíbios devem ser acondicionados em sacos de pano umedecidos e bem fechados. Outra possibilidade é colocar um pouco de folhiço dentro do saco para que o ambiente fique úmido e o animal não morra ressecado.  Para não danificar os indivíduos coletados, é importante colocar poucos indivíduos por saco.  Se o acondicionamento durar mais de um dia, devem-se limpar as fezes e a urina que possam estar no saco e também lavar os espécimes em água corrente.

Morte
Os anfíbios devem ser mortos por afogamento em álcool 40%.

Como fixar 
Depois de morto, o indivíduo devem ser pesado e fixado em formalina 10% através de uma seringa com agulha fina introduzida no ânus. Vinte e quatro horas depois, podem ser transferidos para recipientes contendo formalina  10%. Passadas mais vinte e quatro horas, podem ser conservados em álcool 70%.  Os girinos também podem ser afogados em álcool 40% e fixados em formalina 5% ou álcool 70%.
É prudente matar o mais rápido possível o animal capturado para não se perder informações do mesmo. (conteúdo estomacal, perda de massa e outros)  Antes de matar o animal é importante limpá-lo bem e observar se há ectoparasitas aderidos ao dorso. Se houver, é importante coletá-los também para posterior estudo.  A etiqueta de identificação deve conter o nome científico do organismo, o nome do coletor, a data de coleta (dia/mês/ano) e o local onde foi coletado.

As coleções de anfíbios podem ser de quatro tipos diferentes: 

 Coleção de espécimes em via úmida: os indivíduos são fixados em formalina 10% e conservados em álcool 70%, preferencialmente em locais escuros.
 Coleção de espécimes em via seca: as peças ósseas são devidamente acondicionadas e etiquetadas. 

 Coleção de tipos (parátipos): os indivíduos fixados são mantidos em armários separados, seguindo a organização da coleção geral, com fichário à parte.

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