Peixe elétrico monitora a água

Apteronotus albifrons



Peixes elétricos são uma ameaça a nadadores, mas podem ser eficientes instrumentos para assegurar a preservação do meio ambiente. Pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa) vão usar duas espécies deste tipo de peixe como bioindicadores, permitindo a detecção imediata de vazamentos de petróleo. Hoje, os atuais sistemas levam de três a seis horas para identificar derramamentos de óleo nos rios e oceanos. Os primeiros testes serão feitos na Bacia do Urucu (AM), onde a Petrobras mantém 60 poços em operação.

A opção pelos peixes elétricos tem um porquê. ''Como o campo elétrico desses animais é influenciado pelas propriedades físico-químicas da água, qualquer alteração na sua composição implica em mudanças no campo'', explica o oceanólogo José Gomes, da Coordenação de Pesquisas em Biologia Aquática do Inpa. Além disso, os poluentes afetam o próprio peixe, provocando mudanças metabólicas, o que acaba modificando a intensidade do campo elétrico.

Precisão - Para medir qualquer mudança com precisão, no entanto, o campo elétrico dos animais deve ser constante, uma característica que poucas das mais de 120 espécies de peixe elétrico existentes na América do Sul têm. Por isso, Gomes selecionou duas espécies do gênero Apteronotus, endêmicas na Amazônia, cujas descargas elétricas não chegam a 2 volts.
Num primeiro momento, Gomes vai estudar como os Apteronotus reagem ao entrarem em contato com óleo e com água de perfuração (água que se acumula nas jazidas de petróleo ). Os testes serão feitos em laboratório para estabelecer parâmetros de qualidade da água.
A ideia é que os bioindicadores fiquem em aquários para os quais a água do rio será bombeada continuamente e escoada de volta para o rio por um tubo. Qualquer alteração na composição da água implica em transformações no campo elétrico dos peixes, imediatamente detectadas por aparelhos de medição de voltagem. Estes serão conectados a um computador que se encarregará de acionar um alarme.

Verba - O projeto, com duração de dois anos, recebeu R$300 mil do CTPetrus, fundo que arrecada recursos de empresas do setor petrolífero para investimento em pesquisa.
Segundo Ronaldo Mannarino, assistente da gerência-geral da unidade da Petrobras na Bacia de Urucu, a pesquisa será mais uma alternativa para monitorar os rios locais. ''Poderemos eventualemnte fornecer o petróleo necessário para os testes de laboratório'', disse.

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