A
Organografia é a área da Botânica que trata da morfologia externa das plantas,
estendendo-se para o estudo das plantas superiores. Estudaremos os órgãos
vegetativos: raízes, caules, folhas, e os reprodutivos: flores, frutos e
sementes. Cada um desses órgãos desempenha um papel importante na planta e
merece atenção especial.
Além
do estudo da morfologia externa é importante compreender como tais órgãos são
formados internamente; diferenciando seus tecidos internos e suas estruturas
especializadas.
Será
que todas as plantas que conhecemos na natureza apresentam raízes?
Na
verdade não. Nem todas as plantas possuem raízes verdadeiras. Algumas pequenas
plantas, como os musgos, por exemplo, os quais são encontrados sobre troncos de
árvores, barrancos, solos úmidos e até sobre rochas e calçadas, não apresentam
raízes. Vivem presas ao seu substrato por intermédio de estruturas menos complexas.
As
primeiras plantas que apresentaram raízes verdadeiras foram as Pteridófitas,
representadas pelas samambaias, tão comuns em nossas matas e em nossas casas.
Você já parou para pensar quantas partes
têm a raiz de uma planta?
Quando
andamos em um parque ou jardim e nos deparamos com aquelas árvores imensas, é
comum pensarmos que suas raízes são também grandes e profundas. Mas será que
todas as raízes são iguais? Será que todas têm o mesmo tamanho e formato?
A raiz é
um importante órgão vegetal, o qual constitui na maioria das plantas, um
sistema subterrâneo que está envolvido nos processos de fixação da planta ao
substrato e à absorção de água e sais minerais do solo. É a primeira
estrutura a emergir da semente em germinação para que a plântula possa
se fixar no solo e iniciar a absorção de água e nutrientes que possibilitarão o
crescimento do vegetal, chamada de raiz primária.
Quando
comparamos as raízes com os caules, verificamos que as raízes não apresentam
ramos foliares nem botões vegetativos, mas que ambos possuem tecidos
embrionários em suas extremidades, responsáveis pelo crescimento da planta em
extensão.
Muitas
raízes são importantes órgãos de reserva ou até mesmo de armazenamento de
substâncias, como a cenoura, beterraba, batata-doce, entre outras.
É
importante compreender que o crescimento de muitas raízes, é aparentemente um
processo contínuo, que só cessa dentro de condições adversas do ambiente, como
períodos de seca ou de baixas temperaturas no solo. O crescimento segue um
padrão de procura por espaços já disponíveis no solo, como por exemplo, o
espaço deixado por outras raízes que morreram e sofreram decomposição.
PARTES
FORMADORAS DE UMA RAIZ
COIFA: conjunto de células
parenquimáticas vivas, que se assemelham à estrutura de um dedal (aquele usado
pelas nossas avós para colocar a linha na agulha de costura e não furar o
dedo). Esse conjunto de células envolve externamente a ponta da raiz,
protegendo-a de choques mecânicos, amortecendo o choque entre essa extremidade
delicada e as partículas do solo. Ajuda no processo de penetração da raiz no
solo e controla a resposta da raiz à gravidade (as raízes têm geotropismo
positivo, isto é, crescem em direção ao solo, a favor da gravidade).
A coifa é
especialmente desenvolvida em raízes de plantas aquáticas, protegendo a ponta
da raiz do ataque de microrganismos.
ZONA LISA
DE CRESCIMENTO OU DE ELONGAÇÃO: É o nome que se dá à região logo acima da
coifa. Nessa região está presente o chamado Meristema Apical da raiz, um
tecido composto por células embrionárias com ativa capacidade de crescimento,
por isso, nessa região se observa o maior crescimento da raiz em distensão.
ZONA
PILÍFERA: Região
onde se encontram os chamados pelos radiculares ou absorventes. Tais pelos
desempenham a importante função de absorver água e sais minerais do solo
adjacente. Por serem efêmeros, ou seja, provisórios, os pelos radiculares
morrem e caem à medida que as raízes envelhecem, sendo substituídos por
ramificações da raiz. Essas ramificações são mais desenvolvidas quanto mais
distantes estiverem da ponta da raiz.
ZONA SUBEROSA OU DE RAMIFICAÇÃO: Região da raiz em que se desenvolvem as
raízes laterais, secundárias ou terciárias. Essas raízes ampliam a superfície
lateral ocupada pelas raízes no solo.
Quando
um jardineiro pretende transplantar uma muda de um vaso para outro ou de um
local do jardim para outro, é muito importante que ele tome bastante cuidado
com a região mais jovem da raiz, pois tais raízes jovens, em crescimento, estão
envolvidas na absorção de água e íons inorgânicos do solo. Ao transplantar a
muda, deve-se remover o máximo de solo possível ao redor das raízes, de modo
que as pequenas raízes jovens sejam mantidas junto à planta. Se a planta for
“arrancada” a maior parte das suas raízes finas serão destacadas e a planta
poderá morrer.
CLASSIFICAÇÕES
DAS RAÍZES EM RELAÇÃO À SUA ORIGEM
De acordo
com sua origem, as raízes podem ser classificadas como primárias, secundárias
ou adventícias.
RAIZ
PRIMÁRIA, É
aquela originada a partir do desenvolvimento do embrião da planta durante a
germinação da semente. É a primeira raiz da planta, denominada radícula.
RAIZ
SECUNDÁRIA, É o
nome que se dá às raízes laterais da planta, originadas a partir de
ramificações da raiz primária.
RAIZ
ADVENTÍCIA, É
aquela originada a partir do caule.
TIPOS DE SISTEMAS
RADICULARES
As raízes
podem apresentar, basicamente, dois tipos principais de sistemas radiculares: o
sistema radicular axial ou pivotante e o sistema radicular fasciculado ou em
cabeleira.
SISTEMA
RADICULAR AXIAL OU PIVOTANTE: Neste sistema a radícula origina um eixo
principal que cresce e permanece durante toda a vida da planta sendo mais
evidente que as raízes laterais que se desenvolvem ao longo de seu crescimento.
É ausente nas Angiospermas monocotiledôneas e é o tipo
comum de sistema radicular encontrado nos outros grupos das Angiospermas. Ex.
abacateiro, coentro, mostarda
Raiz do coentro |
SISTEMA
RADICULAR FASCICULADO OU EM CABELEIRA: São os tipos de raízes que apresentam uma
raiz primária de vida curta e logo é substituído por um emaranhado de raízes
adventícias. Nesse tipo de sistema radicular, nenhuma raiz é mais proeminente
do que outra e por esse motivo possui uma aparência de cabeleira. É o tipo
comum de sistema radicular encontrado nas plantas Angiospermas Monocotiledôneas. Ex.
alho-poró, cebolinha
IMPORTÂNCIA
ECOLÓGICA DO SISTEMA RADICULAR EM CABELEIRA
O sistema
radicular axial ou pivotante penetram mais profundamente no solo do que o
sistema fasciculado. No entanto, o fato do sistema cabeleira apresentar-se mais
superficialmente e firmemente agarrado às partículas do solo, faz com que sejam
especialmente apropriados à cobertura dos solos, a fim de prevenir a erosão
pela chuva ou pelo vento.
Você
já deve ter notado ao observar um barranco de beira de estrada, que é comum a
presença de gramíneas forrando esse barranco. As gramíneas possuem um sistema
radicular do tipo cabeleira e acabam protegendo o solo inclinado da erosão,
ocasionada especialmente pela água da chuva. Caso essas plantas não estivessem
ali, o solo exposto à chuva seria desagregado com facilidade, no qual
provocaria desmoronamentos de terra.
Fonte: http://www.hypeness.com.br/2013/05/eles-usam-raizes-de-arvores-para-construir-pontes-naturais-que-duram-ate-500-anos/
Atlas de Anatomia Vegetal: http://atlasveg.ib.usp.br/focara.html
Tipos
Especiais de Raízes Encontrados na Natureza
Raízes
Tuberosas, são raízes bem desenvolvidas e especializadas
como órgãos de reserva devido ao acúmulo de substâncias nutritivas. Na
natureza, podemos encontrar casos em que a raiz tuberosa provém de uma raiz
principal que se transformou em tuberosa, como é o caso da cenoura, da
beterraba, do rabanete e do nabo.
Há casos, ainda, em que a raiz tuberosa provém de uma
raiz secundária, como é o caso a batata-doce.
Raízes
Aéreas, são aquelas que se desenvolvem expostas ao ar. São
geralmente adventícias, isto é, se originam do caule da planta. Há vários tipos
de raízes aéreas, que podem ser classificadas como:
- Raízes
Tabulares:
São raízes que crescem acima do nível do solo, e
desenvolve-se no sentido vertical e tornando-se chatas como tábuas. Essas
raízes, encontradas comumente em grandes figueiras, ampliam a base de fixação
da planta ao substrato, no qual confere maior estabilidade e aumento da
superfície respiratória. Isso é importante, pois as plantas que apresentam tais
raízes geralmente crescem em solos ricos em microrganismos, os quais competem
por oxigênio com o emaranhado de raízes subterrâneas que elas possuem.
- Raízes
Estrangulantes:
São raízes de plantas epífitas (ver glossário) que descem
e envolvem o tronco de uma planta hospedeira. Apesar de não ser o intuito
natural da planta, pode acontecer dessas raízes se espessarem muito e de
impedirem que a planta hospedeira prossiga o seu crescimento, no qual pode
provocar sua morte. Quando isso ocorre a trama de raízes da epífita já se
instalou no solo, formando um sistema de suporte bem desenvolvido. É o exemplo
das conhecidas figueiras mata-pau.
- Raízes Respiratórias:
São raízes encontradas em certas plantas subaquáticas,
nas quais, além das raízes normais utilizadas pela planta para a absorção de
água e sais minerais, há raízes mais curtas e grossas, formadas por um tecido
frouxo. Essa característica permite a tais raízes o armazenamento de ar, o que
auxilia na flutuação da planta e também nas trocas gasosas com a atmosfera. Ex.
planta que apresenta esse tipo de raiz: Jussiaea repens (planta encontrada em
brejos brasileiros).
- Rizóforos:
No ecossistema manguezal, o solo é muito rico em
nutrientes, pois ocorre continuamente uma mistura da água doce, vinda de rios,
com a água salgada, vinda do oceano pela variação de maré, o que torna essa
região muito importante do ponto de vista ecológico. Por outro lado, apesar da
riqueza em nutrientes, o manguezal apresenta um solo pobre em oxigênio, devido
à própria característica física (é um solo muito lodoso, que retém muita água).
A água, por sua vez, é salobra (resultado da mistura da água salgada com a água
doce). Tais fatores exigem das plantas uma boa adaptação ao ambiente para que
elas consigam crescer e se reproduzir.
No Brasil, a flora típica de mangue é composta por três
espécies principais, verdadeiramente adaptadas às condições de salinidade e
aeração do solo, características do ecossistema manguezal.
A espécie Rhizophora mangle é a espécie mais popular,
sendo conhecida como mangue-vermelho. Pode atingir 12 m de altura e de seu
caule parte estruturas conhecidas como rizóforos. Os rizóforos são estruturas
respiratórias que apresentam lenticelas para permitir a oxigenação das raízes
profundas. Além disso, também diminuem o impacto das ondas na maré enchente.
Até alguns anos atrás, acreditava-se que essa espécie
apresentava raízes de suporte como as do milho, denominadas raízes-escora. No
entanto, a pesquisadora brasileira Nanuza L. de Menezes demonstrou, em um
trabalho apresentado durante o XV Congresso Internacional de Botânica, em 1993,
em Tókio, que tais raízes-escora tratam-se, na realidade, de caules-escora
(caules com geotropismo positivo, isto é, que crescem em direção ao solo e
formam raízes nas suas extremidades).
- Pneumatóforos ou Raízes de Aeração:
Outras duas plantas de mangue (Avicennia sp. e
Laguncularia racemosa) apresentam os chamados pneumatóforos, que são raízes
respiratórias.
Avicennia é uma árvore alta, com cerca de 10 m de altura;
seu sistema radicular desenvolve-se horizontalmente, a poucos centímetros
abaixo da superfície do sedimento. Essas raízes axiais originam ramificações,
que crescem eretas, expostas ao ar e são chamadas de pneumatóforos. Tais raízes
apresentam consistência esponjosa e têm função de permitir as trocas gasosas
entre a planta e o meio externo.
Laguncularia racemosa é uma árvore pequena, com cerca de
6 m de altura, cujas folhas têm duas glândulas para eliminação de sal junto ao
pecíolo. O seu sistema radicular é semelhante ao de Avicennia, pois também
apresenta pneumatóforos.
- Raízes Grampiformes:
São raízes em formato de grampos, que ocorrem nos nós e
entrenós de caules rastejantes de plantas como a hera, as quais podem escalar
suportes como muros e paredes devido à força preênsil dessas raízes aéreas.
- Raízes apressórias:
Em ecossistemas tropicais, como na Mata Atlântica, é comum
encontrarmos uma planta epífita conhecida vulgarmente como imbé: o filodendro.
Tal planta apresenta raízes adventícias aéreas que partem do caule e se dirigem
verticalmente para o solo, pelo qual pode atingir algumas dezenas de metros.
Quando atingem o solo, essas raízes penetram e podem se ramificar. Enquanto
elas estão expostas ao ar, permanecem sem ramificações, desde que não sejam
danificadas.
- Raízes
sugadoras ou haustórios:
São raízes que se desenvolvem em
plantas parasitas, como as chamadas ervas-de-passarinho. As sementes dessas
plantas germinam sobre a casca de outras plantas, sendo revestidas por uma
substância adesiva. A primeira raiz dirige-se para o caule suporte e forma uma
estrutura chamada apressório, a partir da qual sai o primeiro haustório, que
penetra nos vasos condutores de seiva da planta hospedeira. Esse tipo de raiz
também ocorre em outras plantas parasitas, como o cipó-chumbo.
- Raízes
especiais de epífitas:
As orquídeas epífitas, aquelas que se
desenvolvem sobre outras plantas apenas utilizando-as como substrato e sem
ocasionar nenhum prejuízo a elas, costumam apresentar raízes aéreas
características. Tais raízes, de aparência esbranquiçada e muito delicada,
apresentam uma epiderme múltipla, denominada VELÂMEN, que ajuda na absorção de água.
Espaço saber
mais...notícias...
Eles
usam raízes de árvores pra cultivar pontes naturais que duram até 500 anos
É um belíssimo exemplo de arquitetura sustentável e de como
o homem pode conviver em paz com a natureza, mesmo quando ela mostra sua força. Meghalaya,
na Índia, é um lugar frequentemente assolado por chuvas torrenciais, que chegam
aos 15 metros por ano. Por isso os habitantes decidiram que em vez de construir
pontes, iriam cultivá-las.
São pontes vivas e que se fortalecem ao longo dos anos. O
processo é feito recorrendo às raízes da Ficus Elastica, uma espécie de
figueira, que os habitantes fazem crescer entre as margens dos rios. Como elas
estão vivas, vão ficando maiores, cada vez mais fortes e seguras, chegando
a suportar mais de 50 pessoas. A região é uma das mais úmidas do mundo e é
conhecida pelos seus rios e córregos de fluxo rápido, que com as fortes chuvas,
são capazes de destruir uma ponte convencional.
O processo de criação dessas verdadeiras obras de arte
naturais é passado de geração em geração, como você pode verno vídeo abaixo.
Uma ponte pode demorar entre 10 a 15 anos a ficar totalmente funcional. Depois
disso, algumas duram mais de 500 anos.
Atlas de Anatomia Vegetal: http://atlasveg.ib.usp.br/focara.html
Resolva
os testes a seguir:
1) São funções básicas das raízes subterrâneas de uma
planta:
a) Realizar a sustentação dos
ramos foliares.
b) Permitir as trocas gasosas
entre a planta e o meio externo.
c) Fixar a planta ao substrato e
promover a absorção de água e substâncias inorgânicas do solo.
d) Realizar a fotossíntese.
2) Massa de células que envolve externamente a ponta
da raiz, protegendo-a de choques mecânicos, amortecendo o choque entre essa
extremidade delicada e as partículas do solo, ajudando a raiz a penetrar no
solo e controlando a resposta da raiz à gravidade. Estamos nos referindo à:
a) Raiz lateral
b) Coifa
c) Região dos pêlos radiculares
d) Região cortical
3) Sistema radicular caracterizado por um emaranhado
de raízes adventícias, no qual nenhuma raiz é mais proeminente do que outra e a
raiz primária tem vida curta. Tal sistema é conhecido por:
a) Sistema Fasciculado ou em Cabeleira
b) Sistema Axial ou Pivotante
c) Sistema Radicular Aberto
d) Sistema Primário
4) Tipo de raiz especial encontrado em grandes figueiras
no meio da mata, a qual cresce verticalmente, achatada como tábua e amplia a
base de fixação da planta ao seu substrato, sendo também importante nas trocas
gasosas entre a planta e o meio externo. Estamos nos referindo a:
a) Raiz tuberosa
b) Raiz grampiforme
c) Raiz estrangulante
d) Raiz tabular
5) Raízes que crescem verticalmente, e apresentam uma
estrutura esponjosa e porosa, capaz de realizar trocas gasosas com a atmosfera
e aumentar a oxigenação da planta em solos pobres em oxigênio, como aqueles
típicos do ecossistema manguezal. Tais raízes são conhecidas como:
a) Rizóforos
b) Pneumatóforos
c) Grampiformes
d) Apressórias
6) Epiderme múltipla encontrada em raízes especiais de
plantas epífitas, as quais atuam especialmente na proteção da planta contra
choques mecânicos e na retenção de água é conhecida como:
a) Cutícula
b) Rizóforo
c) Haustório
d) Velâmen
Respostas:
1 – C
2 – B
3 - A
4 – D
5 – B
6 – D
As raízes que crescem verticalmente, pergunta da questão de nº 05, presenta como resposta a letra "b", onde diz: PNEUMATÓFOROS. Neste caso, a resposta também estaria correta se respondesse: RAÍZES RESPIRATÓRIAS.
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