No
caminho das sensações
Nos organismos pluricelulares, os órgãos dos sentidos
captam as informações do ambiente e respondem a situações de perigo, busca
do alimento, procura do parceiro para a copulação, sensações de prazer,
manutenção da temperatura, entre outros.
Os órgãos sensitivos são encontrados
na superfície do corpo dos animais sésseis e, em maiores proporções, nas
espécies bilateralmente simétricas. Estas estruturas, denominadas de receptores, podem ser separadas
conforme o estímulo que o sensibiliza: os quimiorreceptores são sensíveis a modificações químicas;
os mecanorreceptores ao estímulo mecânico; os fotorreceptores a ondas luminosas; os temorreceptores a temperatura; e os eletrorreceptores percebem
sinais elétricos. Os diferentes sentidos foram se aperfeiçoando à medida que
animais começaram a invadir os diferentes ambientes. A invasão do ambiente
terrestre, por exemplo, aprimorou sentidos como a audição, olfato e visão.
Até
mesmo, organismos simples como os protozoários respondem a estímulos químicos.
No entanto, estes animais não possuem órgãos sensoriais distintos para a
sensibilização química, os quais irão estar mais desenvolvidos nos artrópodes e
vertebrados. Os sentidos químicos são muito eficientes como sentido de alerta
ou advertência, direcionando a atividade dos outros sentidos. O olfato e o
paladar, por exemplo, são estímulos muito utilizados para direcionar os insetos
na procura do alimento.
Os insetos possuem um sistema
sensorial extremamente aguçado, seus receptores gustativos, geralmente, estão
localizados nas antenas. Um único pelo gustativo possui na sua base cinco
neurônios sensoriais, constituído por um mecanorreceptor e quatro
quimiorreceptores. Na mosca-varejeira, a probóscide possui um grande número de pelos
sensoriais gustativos capazes de perceber as substâncias químicas. Na base do pelo
existem vários neurônios sensoriais, cada um com certo grau de especialização
aos compostos pelos quais eles respondem. A identificação do alimento pelos
insetos ocorre com a identificação de uma trilha odorífera. A localização final
do local almejado é realizada pelo gradiente de concentração da substância
sinal. A molécula utilizada como sinal químico deve ser duradoura e estável;
por outro lado, uma molécula utilizada como sinal de alarme deve ser instável e
de rápida dissipação, a fim de evitar falsos sinais de alerta.
O uso do termo paladar é
convenientemente utilizado para substâncias que estimulem os quimiorreceptores
pelo contato, particularmente pela boca, mas no bagre estes quimiorreceptores gustativos
estão localizados na superfície do corpo. Nesses animais, a localização do
alimento ocorre por meio da sensibilização das papilas gustativas pelos
aminoácidos. A sensibilidade química gerada por substâncias irritantes ocorre
em toda a superfície do corpo de anfíbios, peixes e outros animais aquáticos,
assim como na boca e cavidade nasal do homem.
A audição é um sentido captado por um
órgão especializado chamado vestíbulo-coclear (ouvido). Trata-se de um órgão
sensível que percebe as ondas regulares de compressão transmitidas pelo ar
(som). Entretanto, o som também pode ser transmitido por ondas de compressão
formadas pela água ou elementos sólidos.
Os peixes cartilaginosos e peixes
ósseos possuem nas laterais do corpo estruturas sensoriais que detectam a
vibração da água, denominada de linha lateral. A linha lateral é constituída
por mecanorreceptores que controlam a velocidade da natação e curso de direção
dos peixes, principalmente em relação aos peixes vizinhos. As ondas da
superfície são utilizadas para estabelecer a direção e a distância dos peixes
em relação às presas. No entanto, os peixes também podem detectar as vibrações
da água por meio da estrutura auditiva localizado no interior da cabeça,
homóloga aos animais terrestres.
As serpentes possuem um sistema
auditivo pouco desenvolvido, que responde à vibração do ar e outro extremamente
aguçado, o qual responde à vibração do substrato devido a sua sensibilidade
pela vibração da cabeça. Nas aves, o sistema auditivo é mais desenvolvido que
nos anfíbios e répteis, tendo capacidade de captar freqüência sonora de maior
amplitude que o ouvido humano. As aves podem perceber diferentes notas sonoras
em rápida seqüência. A capacidade para a captação do som varia para os
diferentes animais, o ouvido humano é sensível a ondas regulares de compressão
no ar com intervalo de 40 a 20.000 Hz, o cachorro de 30.000 a 40.000 Hz, e o
morcego em até 100.000 Hz.
A visão é um sentido relacionado com a
percepção da luz. A estrutura capaz de perceber a imagem através da captação da
luz é a retina, dentro do globo ocular (olho), que evoluiu a partir de
estruturas mais simples como as manchas ocelares dos cnidários e moluscos. Os
olhos bem desenvolvidos estão distribuídos em cinco filos: celenterados,
anelídeos, moluscos, artrópodes e vertebrados. Um olho formador de imagem pode
ser multifacetado apresentando o mesmo ângulo de resolução para longe e perto,
como nos insetos, ou semelhante a uma câmara com dispositivos para ajustar o
foco da imagem, como nos vertebrados. Nos vertebrados, o olho é uma estrutura
análoga a uma câmara escura, com uma lente biconvexa transparente (cristalino)
que forma a imagem dos objetos na retina, onde existem os fotorreceptores: os
cones, sensível às cores, e os bastonetes, sensíveis ao preto e branco.
Os receptores táteis são denominados
mecanorreceptores porque são sensíveis à compressão mecânica. Este tipo de
receptor é comumente encontrado nos tentáculos dos cnidários e anelídeos, nas
antenas dos artrópodes e amplamente observado na superfície da pele dos
vertebrados.
Neste contexto, os exteroceptores são
os receptores que respondem às condições ambientais, localização do animal no
tempo e espaço (fotorreceptores, mecanorreceptores, quimiorreceptores, etc.)
Mas há ainda os interoceptores, receptores
que monitoram o ambiente interno do organismo, como os barroceptores que
controlam o fluxo do sangue venoso e arterial, os quimiorreceptores sensíveis
às alterações da PCO2 e PO2 e o pH, os osmorreceptores que controlam as concentrações iônicas de Na+do sangue e a concentração
osmótica, e os receptores do hipotálamo que monitoram a temperatura do corpo,
dentre outros.
No controle do movimento
O sistema nervoso é responsável pela integração do corpo
com o ambiente interno ou externo, sendo capaz de elaborar finos ajustes para
adequar o corpo às oscilações de temperatura ou mesmo identificar situações de
perigo. Nesta aula, vamos entender como o sistema nervoso é capaz de manter a
postura do corpo, ou até mesmo proporcionar os precisos movimentos das mãos.
Sistema Nervoso Central (SNC) |
Sistema Nervoso Periférico (SNP) |
O sistema nervoso central é formado
pelo encéfalo e medula espinhal. O encéfalo humano é constituído pelo cérebro,
tronco encefálico, e cerebelo. O tronco encefálico representa o conjunto
formado pelo mesencéfalo, ponte e medula ablonga. O cérebro é a região que mais
se desenvolveu no encéfalo humano, representando até 90% da massa encefálica.
Este é amplamente pregueado, dividido por sulcos e depressões.
Uma fissura longitudinal mediana bem
profunda separa o cérebro em hemisfério direito e esquerdo, sendo a conexão
desses dois hemisférios realizada pelo corpo caloso. Alguns dos sulcos mais
profundos delimitam as áreas conhecidas como lobos. Assim os hemisférios
direito e esquerdo são divididos em lobo frontal, parietal, temporal, occipital
e límbico. O córtex dos lobos frontais controlam os músculos esqueléticos, o
pensamento e a fala e estão localizados na porção anterior de cada hemisfério.
Os lobos parietais estão relacionados
com as sensações provenientes da pele, músculos, juntas e tendões,
localizando-se nas laterais superiores da cabeça. Os lobos temporais estão
localizados na região das têmporas e são relacionados com a audição. A região
responsável pela visão está na parte posterior do cérebro, denominada de lobos
occipitais, e os lobos olfativos na parte inferior do cérebro, associado ao
olfato.
A maior parte do controle dos
movimentos do corpo está associada às áreas encefálicas do mesencéfalo, tronco
cerebral (ponte), cerebelo e medula espinhal. O mesencéfalo coordena a
intensidade da contração muscular e as informações sobre a postura. A ponte
liga o córtex cerebral ao cerebelo, que participa na manutenção da postura, no
equilíbrio do corpo e no tônus muscular. O cerebelo é uma região extremamente
importante na manutenção do equilíbrio e postura. Localizado entre a parte
posterior do cérebro e a ponte, o cerebelo se conecta com o córtex cerebral,
tronco encefálico e medula espinhal por meio de uma rede de fibras nervosas.
Ele recebe informação do encéfalo sobre o grau de estiramento muscular, a
posição das articulações, orientações auditivas e visuais que possibilita
coordenar os movimentos, direcionar a postura corporal e realizar ajustes
precisos na atividade muscular. É devido à complexidade da organização do
cerebelo que é possível desenvolver atividades musculares rápidas como nadar,
correr, andar de bicicleta e dançar.
Os nervos estabelecem conexão das diversas regiões do corpo com o sistema nervoso central. Estas células nervosas podem ser classificadas como sensitivas (aferente) ou motoras (eferentes). Os nervos aferentes recebem o estimulo das células sensoriais (receptores químicos, mecânicos) e as conduzem até o sistema nervoso central. Os nervos motores, por sua vez, conduzem o impulso do sistema nervoso central para os órgãos efetores, sejam eles um músculo ou uma glândula.
A medula espinhal também participa no
controle motor, mas em ajustes mais simples, estabelecendo respostas imediatas,
desencadeadas pelo reflexo simples.
Um exemplo de resposta medular rápida é o reflexo patelar estimulado pela leve
pressão do martelo no joelho. Neste caso, somente dois tipos de neurônios são
envolvidos, o sensitivo e o motor. O impulso nervoso é transmitido pelo nervo
sensitivo até a medula espinhal, e o nervo motor conduz a resposta até o
músculo, estimulando a contração e desencadeando o movimento.
Respostas um pouco mais complexas
podem ser elaboradas pela medula, mas, nesse caso, outro neurônio é envolvido
no sistema, o neurônio associativo (Fig. Tipos de Neurônio).
Localizado no interior da medula espinhal, o neurônio associativo faz conexão
com o neurônio sensitivo e o motor. Após receber a informação do neurônio
sensitivo, o neurônio associativo estimula o neurônio motor e ao mesmo tempo
conduz impulsos para o encéfalo, para tomar consciência do ocorrido.
Assim, a manutenção da postura e os
movimentos do corpo estão relacionados com a contração dos músculos que operam,
principalmente, em torno das regiões de articulação. A coordenação das
contrações musculares depende da quantidade e do momento das descargas dos
neurônios motores nos músculos apropriados e da ausência de descargas dos
neurônios para os músculos inadequados.
O controle da postura e dos movimentos
é realizado em todos os animais que apresentam organização neural adequada. O
que varia entre um grupo e outro é a complexidade da rede de conexões nervosa.
Os peixes, por exemplo, precisam sincronizar seus movimentos para capturar o
alimento ou fugir do predador, ajustando a atividade dos diferentes músculos
que constituem seu corpo. Assim como as contrações espasmódicas dos músculos
são realizadas para aumentar a temperatura do corpo de um vertebrado
endotérmico (homeotérmico), quando a temperatura ambiente está baixa.
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