Proteínas - Enzimas

Temática: Estrutura das Proteínas
Proteínas são as biomoléculas orgânicas mais abundantes encontradas nos seres vivos. Elas são polímeros de aminoácidos ligados por meio de ligações peptídicas. A reação que liga dois aminoácidos é uma reação de condensação, onde uma molécula de água é retirada das moléculas reagentes. As proteínas desempenham diversas funções nos seres vivos, desde moléculas sinalizadoras até moléculas motoras, passando por funções estruturais.
Antes da descoberta de que o DNA era responsável pelo armazenamento da informação genética, pensava-se que as proteínas eram as moléculas que desempenhavam esse papel, dada sua diversidade e abundância na célula. Por mais que hoje saibamos que a informação genética é armazenada no DNA, as proteínas ainda desempenham papel fundamental na expressão da informação genética. É por meio das proteínas que os genes (entidades discretas formadas por segmentos de DNA) se manifestam. Assim, definimos que toda proteína possui sua “receita” escrita no DNA.
Embora hoje tenhamos conhecimento de que o homem possui entre 20.000 a 25.000 genes, o número de proteínas encontradas no homem é superior a esse número. Esse fato aparentemente contradiz o que acabou de ser explicitado acima, que cada proteína possui um gene. Tal fato é observado porque o mRNA sofre um processo de splicing, criando novas sequências de nucleotídeos. Isso será detalhado na aula 10, quando estudaremos a segunda parte da transcrição genética.

As proteínas são formadas por basicamente 3 tipos de estruturas: a estrutura primária, a estrutura secundária e a estrutura terciária. Entretanto, algumas proteínas apresentam uma estrutura a mais, a estrutura quartenária, como a hemoglobina, por exemplo. A estrutura primária é representada pela sequência linear de aminoácidos ligados covalentemente uns aos outros por meio das ligações peptídicas.
  
Dessa forma encontramos uma extremidade da molécula onde a carboxila é encontrada e, portanto, é chamada de C-terminal. O outro extremo da molécula é chamado de N-terminal, pelo fato de nele se encontrar a amina. Como a cada dois aminoácidos se forma uma ligação peptídica, temos que para n aminoácidos encontraremos n-1 ligações peptídicas. Assim, se possuímos uma proteína composta por 230 aminoácidos, teremos então 229 ligações 
estrutura secundária é representada pela formação de uma alfa-hélice ou folha-beta pela estrutura primária das proteínas. Podemos imaginar isso como a linha do fone do telefone que se enrola (alfa-hélice). Toda alfa-hélice tem passo à direita (gira para a direita). Entretanto, o colágeno é a única exceção a essa regra, uma vez que possui passo à esquerda. Os giros das alfa-hélices são mantidos por meio de pontes de hidrogênio entre um hidrogênio ligado ao átomo de nitrogênio de um resíduo de aminoácido com o oxigênio da carbonila, quatro resíduos de aminoácidos à sua frente.





A estrutura terciária de uma proteína é a sua estrutura tridimensional, com a estrutura secundária enrolando-se em torno de si mesma. Essa estrutura tridimensional é a responsável pelas funções de cada proteína, pois cada proteína passa a ter um domínio próprio, o que promove interações específicas, como no caso dos anticorpos, por exemplo. Quando uma proteína tem sua temperatura elevada a certos níveis, ela perde sua configuração tridimensional, passando a não exercer mais seu papel. Essa perda de configuração é conhecida comodesnaturação. Um exemplo de proteína desnaturada ocorre no ovo cozido onde as proteínas da clara do ovo literalmente se desenrolam, formando aquela “massa” branca em torno da gema. É por esse motivo que febres acima dos 40°C são particularmente perigosas. Elas fazem com que as proteínas (e as enzimas, que também são proteínas) passem a funcionar mais lentamente pela perda de sua configuração original, o que diminui a velocidade das reações celulares. Algumas proteínas possuem um quarto tipo de estrutura, a estrutura quartenária. Como já dito anteriormente, a hemoglobina é um exemplo de proteína desse tipo. A estrutura quartenária é a união de duas ou mais estruturas terciárias para formar uma única molécula. No caso da própria hemoglobina (proteína transportadora de O2 no sangue), ela é composta por 4 estruturas terciárias unidas por quatro grupos heme. Observe a imagem ao lado. 


Agora veremos uma classe especial de proteínas, as enzimas.


Hemoglobina


Temática: Proteínas Especiais: Enzimas
As enzimas são uma classe de proteínas bem distintas. Elas atuam como catalizadores biológicos, ou seja, elas aumentam a velocidade das reações sem interferir no produto final das mesmas. Embora classifiquemos todas enzimas como proteínas o inverso não é verdadeiro. Assim, nem toda proteína é uma enzima. Além disso, alguns RNA's também atuam como catalizadores.
Na aula passada comentamos a respeito da desnaturação das proteínas. Definimos como desnaturação a perda da configuração tridimensional de uma proteína. Como as enzimas são proteínas, a desnaturação tem um significado especial para elas. Ao perder a sua configuração espacial, a enzima diminui a sua velocidade de reação, podendo chegar a perder sua função.
A nomenclatura das enzimas é feita da seguinte maneira: adicionando-se o sufixo -ase à sua função ou ao nome do seu substrato. Isso ocorre por exemplo com as enzimas DNA polimerase (responsável pelas reações de polimerização do DNA), Helicase (responsável por girar o DNA), etc. Entretanto, algumas enzimas foram consagradas pelo seu nome mais usual, como as enzimas tripsina (digere proteínas) e ptialina (responsável pela digestão inicial do amido, ainda na boca). Com o avanço das pesquisas em genética, biologia molecular e bioquímica, tem se isolado um grande número de novas enzimas. Para contornar esse problema foi criado um sistema internacional de nomenclatura de enzimas, o qual será melhor discutido na aula 10 da disciplina de bioquímica.
As enzimas têm a propriedade de serem altamente específicas, geralmente atuando sobre apenas um único tipo de substrato. 


Elas conseguem aumentar a velocidade das reações bioquímicas por diminuir a quantidade de energia de ativação da reação. Na imagem ao lado a reação catalisada sem enzima é demonstrada pela linha vermelha, enquanto a mesma reação, agora catalisada por uma enzima é demonstrada pela linha azul. Repare na diferença de quantidade de energia de ativação entre as duas reações. 
Cada enzima possui um pH e uma temperatura ótimos para sua atuação. Nessas condições a velocidade de reação é máxima e somente a concentração do substrato influenciará essa velocidade. As imagens abaixo demonstram exatamente esse fato:





No gráfico da velocidade em função do pH notamos que existem duas enzimas (A e B), cada uma atuando em um pH ótimo. A enzima A tem um pH ótimo ácido, em torno de 3,5. Já a enzima B tem um pH ótimo básico, em torno de 9. Quando essas enzimas são colocadas em ambientes onde o pH não reflete o seu pH ótimo a velocidade de reação cai drasticamente, como demonstrado no gráfico.
Em relação a temperatura (gráfico de velocidade de reação em função da temperatura), podemos notar que a enzima tem sua temperatura ótima em torno de X°C. Qualquer temperatura, seja ela acima ou abaixo da temperatura ótima, fará com que a enzima atue com mais lentidão.
Em biologia molecular iremos nos defrontar com algumas enzimas muito importantes, todas elas relacionadas ao metabolismo dos ácidos nucleicos. Por esse motivo vamos listar abaixo algumas delas que encontraremos com mais frequência:
DNA polimerase: cataliza a reação de polimerização do DNA (adição de nucleotídeos à cadeia polinucleotídica). Atua na replicação do DNA.
RNA polimerase: enzima responsável pela polimerização do RNA  (adição de nucleotídeos à cadeia polinucleotídica) no processo de transcrição gênica.
Ligase: liga duas extremidades livres de uma molécula de DNA, fazendo as funções de uma “cola”. Na verdade ela catalisa a formação de uma ligação fosfodiéster.
Girase: gira a molécula de DNA, diminuindo a tensão na molécula.
Transcriptase reversa: cria uma molécula de cDNA fita simples a partir de uma molécula molde de RNA, ou seja, converte RNA em DNA.
Helicase: abre a dupla fita de DNA para a ação de outras enzimas.


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