Temática: Transporte em membranas
Hoje começaremos uma discussão que só terminará na próxima aula. Vamos
começar a estudar os tipos de transporte de substância por meio de membranas
celulares.
Como vimos na aula anterior, uma das características necessárias
de uma membrana celular, além de isolar o meio interno, deve ser a
possibilidade de comunicação desse meio isolado com o meio que o cerca. Isso é
importante não só para a manutenção das boas condições celulares, mas também
para a manutenção do organismo como um todo, uma vez que a multicelularidade
proporcionou o poder de especialização celular. Assim, determinadas células
especializadas na produção de uma determinada substância ficariam totalmente
sem função, se não houvesse uma comunicação entre elas e outras células por
meio de mensageiros químicos. Por outro lado, a entrada de substâncias é vital
para a manutenção das condições celulares, uma vez que essas condições dependem
diretamente dessas substâncias, como a glicose, que serve como fonte química
para a produção de ATP.
O transporte de substâncias através da membrana plasmática pode ocorrer
com ou sem gasto de energia. Chamamos transporte ativo o tipo
de transporte que necessita de energia para ocorrer, e é chamado transporte passivo,
o tipo de transporte que ocorre sem gasto de energia.
Transporte passivo
Algumas substâncias possuem tamanho diminuto, e, por esse motivo,
conseguem atravessar a membrana diretamente. Essa passagem é conhecida como difusão e,
longe de ser apenas uma simples passagem, ela necessita de algumas condições
para ocorrer. Primeiro, a membrana deve ser permeável a essa substância.
Segundo, deve haver uma diferença de concentração entre os dois lados da
membrana. Como a natureza tende ao equilíbrio, onde se gasta a menor quantidade
de energia para se manter, as partículas (moléculas, íons, etc.) que estão do
lado mais concentrado se difundem para o lado menos concentrado, até o
equilíbrio. Atingindo o equilíbrio tem-se a impressão de uma total monotonia
microscópica. Entretanto, o equilíbrio alcançado não é estático, mas sim
dinâmico. Assim, nesse momento, há uma troca em igual quantidade entre os dois
lados da membrana.
Onde k é a dimensão do sistema e pode assumir os
valores 1, 2 ou 3, D é o coeficiente de difusão das partículas e t é o tempo.
Quando queremos assumir um sistema tridimensional, usamos a equação:
Algumas partículas não possuem características necessárias para
atravessar a membrana sozinha. Essas partículas se difundem com a ajuda de
proteínas especializadas no transporte de substâncias, tanto para dentro quanto
para fora da célula. Esse tipo de difusão é conhecido como difusão facilitada.
Transporte ativo
Determinadas substâncias devem ser mantidas em concentrações diferentes
dentro e fora da célula, o que pode ocorrer mesmo dentro da célula, onde essas
substâncias podem estar em concentrações diferentes entre uma dada organela e o
citoplasma. Essas diferenças de concentração são conseguidas por meio de “bombas”
que lançam essas substâncias para o local onde devem ficar em maior
concentração. Esse tipo de transporte demanda um gasto de energia e é por isso
chamado de transporte ativo. O clássico exemplo de transporte ativo é a bomba
de sódio-potássio.
Essa bomba funciona lançando para fora da célula três átomos de sódio e
enviando para dentro da célula dois átomos de potássio. Os átomos de sódio se
ligam à proteína (bomba) e causam uma alteração conformacional nela, o que faz
com que uma molécula de ATP se ligue a ela. Nesse momento, o ATP é quebrado,
formando ADP e Pi (fosfato inorgânico), o que causa uma nova alteração
conformacional na proteína, fazendo-a fechar o lado citoplasmático e abrir o
lado voltado para o exterior, por onde os átomos de sódio irão sair. Ao sair,
os átomos de sódio causam uma nova alteração conformacional na proteína, o que
aumenta a afinidade de outros dois sítios da bomba por átomos de potássio.
Novamente, ao se ligarem, os átomos de potássio alteram a conformação da
proteína e são liberados no interior da célula.
Para ilustrar a importância do bom funcionamento do transporte de
membrana vamos falar um pouco sobre uma doença chamada Fibrose Cística.
Essa doença decorre de uma alteração genética de caráter recessivo e
possui uma frequência de 1 em 2000 em caucasianos (pessoas de origem européia e
adjacências). Em geral, a vida média das pessoas afetadas é de cerca de 26
anos, embora aproximadamente 10% morram antes de completar 10 anos de idade.
Essa doença é caracterizada por distúrbios nos pulmões e pâncreas.
Nas pessoas afetadas, o muco produzido pelos pulmões e pelo pâncreas é
mais viscoso do que o normal, o que dificulta o seu fluxo nos ductos das
glândulas, acabando por bloqueá-las. Essas secreções viscosas não conseguem ser
varridas eficientemente da superfície dos órgãos e acabam se acumulando, o que
favorece infecções. Descobriu-se que o gene mutante que causa a doença é
responsável por bombear íons cloro (Cl-) através da membrana. Como essa proteína
não funciona, há um desequilíbrio nas concentrações internas e externas de
cloro nas células glandulares, com a concomitante diminuição da quantidade de
água no muco, tornando-o mais concentrado e adquirindo a consistência viscosa.
Temática: Osmose
Anteriormente estudamos os dois tipos de transporte de substâncias que
existem: um com gasto de energia (transporte ativo) e outro sem gasto de
energia (transporte passivo). Hoje vamos estudar um tipo especial de transporte
passivo que, por sua importância, foi separado da aula anterior: a osmose.
A osmose é definida como a passagem de água por através de uma membrana.
Nesse caso, a membrana é impermeável aos solutos (substâncias que estão
dissolvidas na água), o que impossibilita o processo de difusão ou difusão
facilitada. Assim, ao invés de as partículas se moverem através da membrana,
quem se move é a água.
Existem três tipos de meios possíveis de concentração para os solutos, a
saber:
1. meio hipotônico: o meio onde a célula se encontra possui
uma concentração de determinada partícula menor do que dentro da célula.
2. meio isotônico: o meio onde a célula se encontra possui
a mesma concentração de determinada partícula existente dentro da célula.
3. meio hipertônico: o meio onde a célula se encontra possui
uma concentração de determinada partícula maior do que dentro da célula.
Lembre-se de que concentração é a relação entre massa e volume ou número
de mols e volume:
Agora que já conhecemos os tipos de meios que existem, podemos verificar
o que ocorre com uma célula, quando é colocada em cada um deles. Quando uma
célula é colocada em meio hipotônico (água destilada, por exemplo) existe uma
concentração de solutos maior dentro da célula do que fora.
Como esses solutos não podem sair, porque a membrana é impermeável a
eles, a água entra na célula a fim de diminuir a concentração interna. Com a
entrada de água na célula ela fica túrgida. Células que não possuem
uma estrutura externa à membrana plasmática que seja resistente, como a parede
celular das células vegetais e de algumas bactérias, ela pode se romper, como
ocorre nas células animais quando colocadas nesses meios. A ruptura de uma
célula por tal motivo é conhecido como plasmoptise.
Se uma célula é colocada em meio isotônico (soro fisiológico, Ringer
lac-tato, por exemplo) a água entra e sai em quantidades iguais, não alterando
o volume celular. Nunca imagine que por possuírem concentrações iguais, a água
nem entra nem sai; lembre-se de que na natureza todo e qualquer tipo de
equilíbrios é dinâmico.
Quando uma célula é colocada em meio hipertônico, a água existente no
seu interior deixa a célula, o que faz com que a concentração de solutos no
interior da célula aumente, indo em direção ao equilíbrio com o meio exter-no.
Essa saída de água provoca uma diminuição no volume celular, conhe-cido como plasmólise,
e a célula encontra-se, portanto, plasmolisada. Se essa célula for colocada em
um meio hipotônico, ela retoma seu volume original, processo conhecido como desplasmólise.
Agora talvez faça um pouco mais de sentido o porquê de quando ficamos em uma
piscina (meio hipertônico para o Cl-) ou no mar (meio hipertônico para vários
íons) nossa pele fica enrugada, principalmente mãos e pés. Tente descobrir por
que náufragos não devem beber água do mar!
Temática: Biosinalização
Anteriormente discutimos as propriedades das membranas biológicas.
Deixamos claro que o papel delas não é só um meio de determinar o que está
dentro e o que está fora da célula. As membranas biológicas possuem um papel
fundamental em diversos outros mecanismos e um deles é a comunicação da célula
com o meio externo. Essa comunicação é realizada por meio de receptores
encontrados na membrana, os quais enviam os sinais do meio extracelular para o
interior da célula. Esses sinais são indispensáveis para a vida dos organismos
multicelulares, que, como já mencionado anteriormente, possuem células
altamente especializadas. Assim, uma determinada célula em uma região do corpo
envia um sinal para que células encontradas do lado oposto sintetizem uma determinada
substância.
Um exemplo de biosinalização ocorre entre o
sangue e o pâncreas. As células pancreáticas possuem receptores que detectam os
níveis de glicose no sangue (glicemia), cujos valores devem se encontrar
entre 70 a 110 mg/dl. Quando esses receptores detectam um valor acima de 110
mg/dl, as células beta do pâncreas passam a produzir insulina e
a lançam no sangue, fazendo com que essa glicose em “excesso” entre nas células
para gerar ATP com a concomitante diminuição dos níveis sanguíneos de glicose
(efeito hipoglicemiante). Ao contrário, quando a glicemia cai abaixo dos 70
mg/dl, as células alfa do pâncreas passam a produzir um outro hormônio chamado glucagon,
o qual aumenta a glicemia até níveis normais.
O exemplo acima foi apenas um dos milhares de tipos de comunicação que
existem em organismos multicelulares. Obviamente, quanto mais complexo é um
indivíduo, mais complexos são os tipos de biosinalização. A biosinalização pode
indicar a um organismo a presença de um predador ou de um parasita e pode
indicar a disponibilidade de oxigênio, luz, comida ou agentes tóxicos. Esse
sistema de integração atua junto com os outros sistemas corpóreos, mantendo o
equilíbrio dinâmico de um organismo (homeostase). De forma geral, os organismos
recebem os sinais que ativam ou desativam determinados genes, ou seja, todo
sinal de alguma forma é levado até o interior do núcleo celular onde
encontramos o DNA.
As proteínas (receptores) são altamente específicas para um determinado
fator, podendo identificar quantidades mínimas dele no meio circundante. Alguns
receptores conseguem identificar uma concentração do seu ligante da ordem de
10-12 M (picomolar). Essas proteínas possuem uma sítio específico para o seu
ligante na superfície extracelular da membrana plasmática e um outro sítio
ativo na região citosólica da membrana. O tipo mais comum de enzima ligada ao
receptor é uma proteína quinase que fosforila reíduos de
tirosina em regiões específicas de determinadas proteínas. Já outras sintetizam
um segundo mensageiro intracelular (cGMP – guanosi-na
monofosfato cíclica).
Três fatores básicos fazem parte dessa extraordinária sensibilidade
celular.
São eles:
1. Amplificação dos sinais: essa amplificação resulta
quando uma enzima associada a um receptor é ativada, a qual irá catalisar a
ativação de diversas outras moléculas de uma segunda enzima, as quais irão
ativar terceiras enzimas e assim por em diante. Isso forma uma cascata
enzimática até a mensagem chegar ao núcleo celular, o qual irá
coordenar os passos seguintes do metabolismo celular.
2. Desensibilização: imagine um sinal que permanecesse
continuamente, como a pressão que a roupa faz sobre a pele. Quando
acabamos de vestir uma roupa nós sentimos a presença da roupa inicialmente, mas
logo em seguida nós não a sentimos mais, a não ser que desejemos isso. Esse
processo de perda da sensibilidade é conhecido como desensibilização. Quando o
estímulo que produziu essa desensibilização é retirado, o sistema volta a ser
ativado.
3.Integração: A integração é a característica que define toda a
função da biosinalização. Por meio dela os múltiplos sinais
recebidos são processados e transformados em uma resposta.
De forma geral, embora o “gatilho” que dispara cada sistema seja
diferente, os outros processos são similares: o sinal interage com o receptor,
que, agora ativado, interage com a maquinaria celular produzindo um novo sinal,
agora interno, que poderá provocar uma alteração na atividade das proteínas
celulares ou interagir diretamente com o núcleo celular, o qual enviará uma
resposta que pode variar em forma e intensidade.
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