O
currículo, enquanto instrumentação da cidadania democrática, deve contemplar
conteúdos e estratégias de aprendizagem que capacitem o ser humano para a
realização de atividades nos três domínios da ação humana: a vida em
sociedade, a atividade produtiva e a experiência subjetiva, visando à
integração de homens e mulheres no tríplice universo das relações políticas, do
trabalho e da simbolização subjetiva.
Nessa
perspectiva, incorporam-se como diretrizes gerais e orientadoras da proposta
curricular as quatro premissas apontadas pela UNESCO como eixos estruturais da educação na sociedade contemporânea:
•
Aprender a conhecer
Considera-se
a importância de uma educação geral, suficientemente ampla, com possibilidade
de aprofundamento em determinada área de conhecimento. Prioriza-se o domínio
dos próprios instrumentos do conhecimento, considerado como meio e como fim.
Meio, enquanto forma de compreender a complexidade do mundo, condição
necessária para viver dignamente, para desenvolver possibilidades pessoais e
profissionais, para se comunicar. Fim, porque seu fundamento é o prazer de
compreender, de conhecer, de descobrir.
O aumento
dos saberes é que permitem compreender o mundo, favorecer o desenvolvimento da
curiosidade intelectual, estimular o indivíduo a ser crítico e compreender o
real, mediante aquisição da autonomia na capacidade de discernir.
Aprender
a conhecer garante o “aprender a aprender” e constitui o passaporte em que
fornece as bases para continuar aprendendo ao longo da vida.
•
Aprender a fazer
O
desenvolvimento de habilidades e o estímulo ao surgimento de novas aptidões
tornam-se processos essenciais, na medida em que criam as condições necessárias
para o enfrentamento das novas situações que se colocam. Privilegiar a
aplicação da teoria na prática e enriquecer a vivência da ciência na
tecnologia e destas no social passa a ter uma significação especial no
desenvolvimento da sociedade contemporânea.
•
Aprender a viver
Trata-se
de aprender a viver juntos, desenvolvendo o conhecimento do outro e a percepção
das interdependências, de modo a permitir a realização de projetos comuns ou a
gestão inteligente dos conflitos inevitáveis.
•
Aprender a ser
A educação deve estar comprometida com o desenvolvimento
total da pessoa. Aprender a ser supõe a preparação do indivíduo para elaborar
pensamentos autônomos e críticos e para formular os seus próprios juízos de
valor, de modo a poder decidir por si mesmo, frente às diferentes
circunstâncias da vida. Supõe ainda exercitar a liberdade de pensamento,
discernimento, sentimento e imaginação, para desenvolver os seus talentos e
permanecer, tanto quanto possível, dono do seu próprio destino.
Tendo em
vista o contexto histórico da sociedade, que está em constante mudança, o
currículo está submetido a uma verdadeira prova de relevância social.
É no
contexto da Educação Básica que a Lei nº. 9.394/96 determina a
construção dos currículos, no Ensino Fundamental e Médio, com uma Base
Nacional Comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e
estabelecimento escolar, por uma parte diversificada exigida pelas
características regionais, e locais da sociedade, da cultura, da eco-nomia e da
clientela (Art. 26).
Essa
proposta aponta para um planejamento e desenvolvimento do currículo de forma
orgânica, superando a organização por disciplinas estanques e revigorando a
integração e articulação dos conhecimentos. Essa proposta de organicidade está
contida no Art. 36, segundo o qual o currículo do Ensino Médio destacará a educação tecnológica
básica, a compreensão do significado da ciência, das letras e das artes; o
processo histórico de transformação da sociedade e da cultura; a língua
portuguesa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício
da cidadania.
A reforma
curricular do ensino Médio estabelece a divisão do conhecimento escolar em
áreas, uma vez que entende os conhecimentos cada vez mais imbricados aos conhecedores,
seja no campo técnico-científico, seja no âmbito do cotidiano da vida social. A
organização em três áreas – Linguagens, Códigos e suas Tecnologias,
Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias e Ciências Humanas e suas
Tecnologias – tem como base a reunião daqueles conhecimentos que compartilham
objetos de estudo e, portanto, mais facilmente se comunicam, criando condições
para que a prática escolar se desenvolva numa perspectiva de
interdisciplinaridade.
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