Peixes – Classe Osteichthyes (Osteíctes)



• Características Gerais

A principal característica dos osteíctes é a presença de um endoesqueleto predominantemente ósseo (do grego osteos, osso, e ichthyos, peixe).  

O corpo dos osteíctes é fusiforme e achatado lateralmente, possui escamas de origem dérmica que recobrem todo o corpo, diferentemente das escamas dos condríctes que são de origem epidérmica. As escamas são recobertas por uma epiderme fina, transparente e escorregadia devido à presença de muitas glândulas produtoras de muco. Este muco isolante que recobre o corpo dos peixes ajuda na locomoção e protege o indivíduo contra a entrada de bactérias. Existem em algumas espécies, glândulas venenosas que secretam toxinas que auxilia na defesa contra predadores.

 As escamas podem ser de três diferentes tipos: cicloides, quando a superfície for lisa e quando observadas contra a luz, apresentam apenas as linhas concêntricas de crescimento, ctenoides quando a porção exposta apresenta minúsculas projeções em forma de espinhos e ganoides que são ósseas e cobertas por uma substância dura semelhante ao esmalte chamado de ganoína.
 Há peixes que não possuem escamas, e por isso são chamados peixes de couro, como os da família dos bagrídeos (bagres, jaú, surubim, mandi, pintado) e outros, como o atum, bonito e as enguias.  Os osteíctes apresentam coloração variada devido à presença dos cromatóforos, células estreladas e pigmentadas situadas na derme, capazes de se contrair ou expandir-se, produzindo mudanças de cor. Estas organelas têm função vital nos mecanismos de mimetismo e na reprodução.  As nadadeiras são responsáveis pela locomoção e equilíbrio dos peixes. As peitorais e pélvicas são pares e as nadadeiras anal, caudal, dorsal e adiposa são ímpares.



 A boca localiza-se numa posição terminal. No processo respiratório, a água entra exclusivamente pela boca e abandona a faringe por meio de quatro pares de fendas branquiais, não visíveis externamente, pois são cobertas por uma placa óssea de cada lado, chamada opérculo, que as protege.   As brânquias constituem-se de filamentos canelados altamente vascularizados que se apoiam em arcos cartilaginosos, que por meio de um mecanismo conhecido como contracorrente, ocorre a troca gasosa.



 Durante a respiração os opérculos se fecham contra o corpo e os arcos branquiais arcam-se lateralmente, enquanto a água entra pela boca aberta. A válvula oral então se fecha, os arcos branquiais se contraem, os opérculos se levantam e a água é forçada para fora, passando sobre os filamentos. O sangue dos filamentos elimina o dióxido de carbono e absorve oxigênio da água.  Além das brânquias, os peixes ósseos apresentam um outro órgão que auxilia no processo de troca de gases: a bexiga natatória, que hoje é também chamada de bexiga de gás. A bexiga de gás nada mais é que um grande saco de paredes finas e irrigadas derivado da zona anterior do intestino, que ocupa a zona dorsal da cavidade do corpo. A bexiga de gás permite a troca de gases (O2, N2, CO2) com os tecidos, servindo como um pulmão rústico. Além desta função, a bexiga de gás atua como um orgão hidrostático que auxilia o peixe a manter-se em determinada profundidade.  A capacidade da bexiga de gás é superior nos peixes de água doce uma vez que esta é menos densa que a salgada, não podendo sustentar o peixe com a mesma facilidade.



 Os ouvidos internos são responsáveis pela audição nos peixes ósseos. Sem orifício para comunicação com o exterior, os peixes utilizam à bexiga natatória, bem como todo o corpo como receptores de sons. Ao conjunto de ossos pares (tripus, scaphum e intercalar) que constituem o ouvido interno dá-se o nome de aparelho de Weber.  A boca é ventral rodeada de maxilas e mandíbulas distintas, onde estão implantados dentes cônicos e finos. Existem outros dentes, localizados nos primeiros arcos branquiais, úteis para prender e triturar o alimento. Na boca existe ainda uma pequena língua.
Os osteíctes não possuem cloaca, que é substituída pelo orifício anal e por uma papila urogenital que se encontra atrás do ânus, no qual terminam o sistema reprodutor e urinário. Podemos dizer então que o sistema digestivo dos peixes ósseos é completo, pois possuem boca, esôfago, estômago, intestino grosso, intestino delgado, reto e ânus.  O sistema excretor é formado por rins mesonéfricos e o produto da excreção é a ureia.



 Quanto à reprodução, os sexos são geralmente separados, com ou sem dimorfismo sexual. A fecundação é quase sempre externa, mas há casos de fecundação interna, geralmente associados à produção de um número reduzido de óvulos; nesses casos, podem ser ovíparos ou ovovivíparos e o desenvolvimento pode ser indireto, com larvas chamadas alevinos, ou direto.



A tabela abaixo mostra as principais diferenças entre as duas classes de peixes: Condrichthyes e Osteichthyes.



Classificação e Evolução dos Osteichthyes

A classe Osteichthyes está dividida em três subclasses.

• Acanthodii

Um grupo já extinto. As espécies apresentavam corpo hidrodinâmico, olhos grandes e bocas largas com numerosos dentes e nadadeiras pares com uma base larga, sustentadas por espinhos simples. Esta característica deu o nome à subclasse; Acanthodii que significa “em forma de espinho”.




Actinopterygii
A maioria dos peixes ósseos pertence a esta subclasse (são mais de 27.000 espécies presentes em todos os ambientes aquáticos). Os actinopterígeos possuem nadadeiras pares em forma de abano sustentadas por raios moles, esqueleto interno tipicamente calcificado e aberturas branquiais protegidas por um opérculo ósseo. A subclasse Actinopterygii está dividida em três infraclasses: Chondrostei, Holostei e Teleostei, os quais formam uma sequência evolutiva pela ordem dos nomes. Os grupos diferem entre si em relação ao grau de ossificação do esqueleto; mobilidade ou pareamento de certos ossos da cintura escapular e ossos do crânio, forma das nadadeiras anal e caudal e presença ou não de espiráculo.







• Sarcopterygii

Os peixes desta subclasse possuem nadadeiras carnosas, sustentadas por um eixo em seu centro de origem óssea (e nao por raios, como nos actinopterígeos). Viveram no Devoniano, 160 milhões de anos antes da evolução dos teleósteos. Depois do período Triássico, os sarcopterígios aquáticos diminuíram drasticamente em número e diversidade. Atualmente, há poucas espécies viventes. (Todos os vertebrados terrestres são Sarcopterygii. Deste modo, o número de Sarcopterygii terrestres atuais é enorme)  Os sarcopterígeos são agrupados em duas subclasses: Dipnoi e Actinistia. Os Dipnoi também são chamados de peixes pulmonados, pois possuem pulmões funcionais (não possuem brônquios, mas são capazes de extrair oxigênio diretamente do ar atmosférico). O sistema circulatório é diferenciado e as narinas internas são atípicas uma vez que se abrem dentro da cavidade bucal.
 Por apresentarem estas características, os peixes pulmonados já foram considerados no passado os ancestrais dos tetrápodes. Mas esta teoria não é mais sustentada, pois a superordem Actinistia, que veremos a seguir, também possui (ou já possuiu) estes carcteres que é bem menos especializada em relação a outras características.  O esqueleto dos peixes pulmonados é ossificado e possuem na boca placas dentárias para esmagar o alimento, basicamente constituído por moluscos e crustáceos. Apenas três espécies sobrevivem hoje na América do Sul, Austrália e África. Os Dipnoi vivem exclusivamente na água doce.
 Os Actinistia se diferenciam dos Dipnoi por possuírem um padrão diferente de ossos cranianos (perderam, entre outros, os ossos maxilares) e uma estrutura interna muito complexa de numerosos dentes. Atualmente, apenas uma espécie, chamada celacanto, é encontrada nas Ilhas do Oceano Índico.





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