A frase acima pode ser
traduzida da seguinte maneira: todo animal se origina de um ovo. É com
essa frase, de autoria do médico inglês William Harvey (1578-1657), que vamos
começar a nossa aula a respeito das bases da hereditariedade.
Durante a época de Harvey,
as idéias mais difundidas e aceitas sobre a hereditariedade partiam do
pressuposto da geração espontânea. A teoria de Harvey é de fundamental
importância, pois se opunha totalmente a esta. Harvey propunha, em sua teoria,
que o ovo produzido pela fêmea deveria ser fertilizado pelo sêmen, que provinha
do macho, para poder gerar um novo indivíduo. Após sua fertilização, Harvey
acreditava em duas possibilidades para o desenvolvimento do ovo:
1) que o material necessário
para produzir um novo ser já estaria presente dentro do ovo ou;
2) que o material necessário
para constituir o novo ser seria produzido conforme o desenvolvimento e o tempo
que esse organismo seria moldado.
Um dos pontos-chave para o
desenvolvimento da Genética foi a descoberta de que um novo ser se origina da
fusão de duas células, os gametas (do grego gamos, união, casamento).
Somente após essa descoberta as leis que controlam a herança biológica foram
compreendidas.
O espermatozoide (do grego
spermatos, semente; zoon, animal; oide, que se origina de) foi observado pela
primeira vez em 1667 por Antonie van Leeuwnhoek. Ele imaginou que essas células
estavam envolvidas com o processo de reprodução e que dentro de cada célula
existia um ser em miniatura já pré-formado. Entretanto, muitos cientistas da
época contestaram a ideia de que essas células estariam envolvidas em tal
processo, acreditando que elas eram micróbios parasitas do sistema genital
masculino.
Somente em 1841, o
anatomista e fisiologista Rudolf Albert Von Kölliker (1817-1905) estudando
a estrutura microscópica dos testículos, provou que os espermatozoides não eram
parasitas do sistema genital masculino.
A descoberta dos óvulos dos
animais vivíparos ocorreu na segunda metade do século XVII, pelo médico holandês
Regnier de Graaf (1641-1673), quando relacionou os folículos ovarianos
(inchaços encontrados no ovário) com elementos reprodutivos. O óvulo em si só
foi descoberto em 1828 pelo alemão Karl Ernst Von Baer (1792-1876), quando
ele estudava o interior dos folículos ovarianos. Somente no ano de 1861, o
anatomista ale-mão Karl Gegenbaur (1826-1903) conseguiu demonstrar,
definitivamente, que o óvulo dos animais vertebrados é uma única célula.
Apesar de a descoberta dos
gametas ter ocorrido no século XVII, a consolidação da ideia da formação de um
novo ser pela fusão de duas células di-ferentes se deu somente na segunda
metade do século XIX, processo esse que passou a ser denominado fecundação (do
latim fecundus, produtivo, fértil) ou fertilização (do latim fertilis,
produtivo, fértil).
Embora tenha ocorrido um
grande avanço na compreensão dos mecanismos reprodutivos durante esses últimos
séculos, ainda ficava uma dúvida no ar: se os gametas são as estruturas físicas
que unem as gerações, então eles devem conter toda a informação hereditária
para originar um novo ser vivo. De que forma eles continham essas informações?
Essa dú-vida levou os cientistas da época a voltarem seus estudos para as
células gaméticas. Para responder essa questão, os cientistas contaram com o
desenvolvimento da Teoria Celular por Henri Dutrochet (1776-1847), François
Raspail (1794-1878), Mathias Jakob Schleiden (1804-1881), Theodor Schwann
(1810-1882) e Rudolph Virchow (1821-1902), dentre outros. De acordo com essa
teoria, a célula é a unidade fundamental de qualquer ser vivo. O próprio
Rudolph Virchow, em 1855, resumiu toda a teoria em uma única frase: “omnis
cellula ex cellula”.
Uma das primeiras descrições
dos eventos que ocorrem durante a mitose foi feita em 1873 por Friedrich Anton
Schneider (1831-1890). Em 1888, os filamentos observados na mitose receberam o
nome de cromossomos (do grego krôma, cor, e soma, corpo) pelo fato da sua alta
afinidade por determinados corantes. O responsável por esse feito foi o biólogo
alemão Wilhelm Gottfried Waldeyer (1836-1921). A partir desse ponto, a
genética experimentou um grande desenvolvimento.
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