A Genética em si começou a existir de maneira formal
somente em 1900, quando três biólogos, o austríaco Erich von
Tschermark-Seysenegg (1871-1962), o alemão Carl Erich Correns (1864-1933) e o
holandês Hugo de Vries (1848-1935), estudando de forma independente, chegaram
juntos às mesmas explicações para a hereditariedade. Entretanto, quando esses
cientistas pesquisaram trabalhos de seus antecessores, descobriram que suas ideias
a respeito da hereditariedade não eram originais, uma vez que o monge austríaco
Gregor Johann Mendel (1822-1884) já havia chegado aos mesmos resultados 35 anos
antes.
Gregor Johann Mendel nasceu em 1822 no nordeste da
Morávia, em um vilarejo chamado Heinzendorf, região que na época pertencia à
Áustria e hoje pertence à República Tcheca. Em 1847, ordenou-se padre no
mosteiro agostiniano de São Tomás, na cidade de Brünn. Durante o período do seu
noviciado, Mendel teve formação básica, no qual aprendeu técnicas de
polinização artificial e Ciências Agrárias. Ao terminar essa etapa, Mendel
tornou-se professor substituto de uma escola, passando a lecionar Matemática e
Grego. Almejando o cargo de professor titular, Mendel submeteu-se a exames de
competência em Viena, sendo reprovado duas vezes. Embora o curso que Mendel
escolheu formalmente tenha sido Física, ele frequentou cursos como Fisiologia
Vegetal, Paleontologia, Zoologia, Botânica, Química e Matemática.
Apesar de não ter sido aprovado para o cargo de
professor, os seus estudos o colocaram na presença de professores renomados, os
quais tiveram grande influência em sua vida e obra. Durante o período que
passou em Viena, Mendel se deparou com grandes questões a serem respondidas
pela Biologia, dentre elas a hereditariedade. Como sua formação básica incluía
a polinização artificial, Mendel concluiu que o caminho para a compreensão da
hereditariedade seria por meio do cruzamento entre variedades que diferissem
quanto a suas características hereditárias.
Dessa maneira, Gregor Mendel deu início a suas pesquisas,
escolhendo como material para estudo a ervilha-de-cheiro Pisum sativum. A
escolha dessa espécie não foi aleatória. Mendel se baseou em alguns pontos que
o levaram a optar por essa espécie: facilidade de cultivo; ciclo de vida curto
(o que permite obter várias gerações em um espaço curto de tempo); existência
de variedades facilmente identificáveis por características dis-tintas;
facilidade de realização de polinização; obtenção de descendência fértil no
cruzamento de variedades diferentes.
Para iniciar seus experimentos, Mendel utilizou 34
variedades diferentes de ervilhas, dentre as quais selecionou as que mais lhe
convinham para seus estudos. Nesse caso, Mendel desejava trabalhar com
variedades cujas características não sofressem alterações de uma geração para
outra, o que lhe garantiria estar trabalhando com características hereditárias
e não decorrentes das variações do meio ambiente. Mendel também só avaliava uma
característica de cada vez, ou seja, se ele estava verificando a cor da
semente, as características secundárias, como tamanho e forma, eram deixadas de
lado. Além disso, era necessária a utilização somente de plantas puras em seus
cruzamentos. Para Mendel, plantas puras eram plantas que, por autofecundação,
geravam somente descendentes iguais entre si. Por exemplo, se cruzarmos plantas
puras que possuam vagem verde, todos os descendentes também terão vagens verdes
e, se cruzados entre si, continuarão a aparecer somente vagens verdes.
Para uma melhor identificação, Mendel denominou as
plantas puras como geração parental, ou geração P, em sua forma abreviada. Os
descendentes diretos da geração P são chamados primeira geração híbrida, ou
geração F1. Essa geração F1, quando autofecundada, dá origem a segunda geração
híbrida, ou geração F2.
Gregor Mendel observou que quando cruzadas plantas puras
que possuí-am sementes de cor amarela com plantas, também puras, que possuíam
sementes verdes, todos os descendentes em F1 possuíam sementes de cor amarela.
De acordo com a observação desse fato, Gregor Mendel cha-mou de caráter
recessivo o fator que não se manifestava em F1, nesse caso a cor verde, e de
caráter dominante o caráter que se manifestava nesse caso a cor amarela.
Embora descontente com os resultados desse primeiro
cruzamento, uma vez que se esperava obter metade das plantas com sementes de
cor verde e a outra metade com sementes de cor amarela, Mendel decidiu auto-fecundar
F1. Para sua surpresa, em F2, as sementes de cor verde que haviam desaparecido
em F1 voltaram a se manifestar.
Observe a imagem a seguir:
Como exposto anteriormente, três outros biólogos haviam
chegado às mesmas conclusões 35 anos depois de Mendel. A diferença entre os
trabalhos deles e o de Gregor Mendel foi a relação matemática estabelecida por
Mendel e que fugiu aos outros biólogos.
Na verdade, Mendel cruzou milhares de plantas. Utilizando
o exemplo da cor das sementes, Mendel cruzou plantas puras verdes com plantas
puras amarelas e obteve em F2 um total de 8023 sementes, das quais 6022 eram
amarelas e 2001 eram verdes. Ao se dividir o número de sementes ama-relas pelo
número de sementes verdes obtém-se a proporção 3:1. Como Mendel não analisou apenas
uma característica, podemos demonstrar os resultados obtidos por ele ao
considerar sementes puras lisas e sementes puras rugosas, onde de um total de
7324 sementes, 5474 sementes eram lisas e 1850 eram rugosas. Novamente
dividindo-se o valor das sementes lisas pelo das sementes rugosas encontramos a
proporção 2,96:1 ou seja, aproximadamente 3:1.
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