A disciplina de Genética é uma área da Biologia que tem
como objetivo estudar herança biológica, também conhecida como hereditariedade,
ou seja, a transmissão das características dos pais para os filhos, seus
descendentes, ao longo das gerações. O termo Genética deriva do grego genno
(que significa fazer nascer) e foi utilizado pela primeira vez pelo cientista
Willian Bateson em uma carta dirigida a Sedgewick, datada de 18 de abril de
1905.
Apesar de a hereditariedade despertar a curiosidade das
pessoas desde a pré-história, quando já faziam a seleção e domesticação de
animais e plantas de acordo com características que mais lhes convinham,
somente no século XX essa área da ciência se desenvolveu de maneira mais
expressiva.
Uma viagem rápida à Grécia Antiga nos dá uma clara visão
de como as pessoas tentavam explicar as semelhanças entre pais e filhos, por
exemplo, por volta de 500 a.C., um dos discípulos de Pitágoras de Samos,
chamado Alcmeon de Crotona, acreditava que os homens e as mulheres tinham
sêmen, e este se formava no cérebro.
Ainda segundo ele, o gênero da criança seria determinado
de acordo com o predomínio do sêmen de um dos pais e, caso tivessem a mesma
pro-porção, ocorreria o que chamamos de hermafroditismo. Um pouco mais adiante
na história da Grécia podemos encontrar Empédocles de Acragas (492-432
a.C.), que dizia que se o útero materno fosse quente nasceria um menino; e, se
fosse frio, nasceria uma menina.
Já Anaxágoras de Clazomene (500-428 a.C.) postulava
que somente no homem ocorria o sêmen e que este sêmen continha o protótipo de
cada órgão que formaria o futuro ser. Além disso, Anaxágoras também postu-lou
que os meninos seriam gerados do lado direito do corpo, enquanto as meninas
seriam geradas do lado esquerdo do corpo, sendo que essa teoria ficou conhecida
como “Teoria direita e esquerda”. A partir do Renasci-mento, as idéias dos
filósofos gregos Hipócrates e Aristóteles passaram a exercer uma forte
influência no pensamento ocidental.
Hipócrates de Cos (460-370 a.C.) desenvolveu a hipótese
da pangênese, se-gundo a qual cada parte do corpo de um organismo vivo
produziria gêmulas, as quais seriam partículas hereditárias que migrariam para
o sêmen tanto do macho quanto da fêmea e seriam passadas aos descendentes no
momento da concepção, explicando o motivo pelo qual os descendentes apresentam
semelhanças com seus genitores. Entretanto, Aristóteles (384-322 a.C.), um
século depois das idéias de Hipócrates, escreveu um tratado que trazia no-vas
idéias sobre a hereditariedade e o desenvolvimento dos animais. No seu livro,
De Generatione Animlium (Geração de Animais), Aristóteles distinguiu 4 tipos de
geração: 1) reprodução sexuada com cópula; 2) reprodução se-xuada sem cópula;
3) brotamento e 4) abiogênese. No que se entendeu por reprodução sexuada,
Aristóteles acreditava que o indivíduo era formado por uma contribuição
diferencial dos gêneros, sendo que a fêmea forneceria a “matéria” básica que
constituiria e nutriria o novo ser que se desenvolve, ao passo que o macho
forneceria a “essência”, transmitindo-lhe a alma, a qual seria a fonte da forma
e do movimento.
Mas não pára por ai. Segundo o mesmo tratado, caso o novo
indivíduo nascesse normal, isso significaria que a forma paterna havia
prevalecido e que o novo ser seria igual ao pai. Entretanto, se houvesse uma
falha no desenvolvimento, o indivíduo seria parecido com a mãe. Caso ocorressem
mais falhas, o indivíduo estaria mais relacionado com os avós e,
sucessivamente, de ancestrais mais distantes até que, por fim, estaria
relaciona-do a um ser inumano.
Desde a época de Aristóteles até o final do século XIX
houve pouco avanço sobre as idéias da hereditariedade. Somente na segunda
metade do século XIX ocorreu um aumento considerável no conhecimento dos
princípios bá-sicos da reprodução dos seres vivos, o que foi essencial para o
posterior desenvolvimento do conhecimento da herança biológica.
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