As
plantas conhecidas popularmente como briófitas são caracterizadas como plantas
de pequeno tamanho, de hábito primariamente terrestre e ausência de vasos
condutores de seiva desenvolvidos. Elas estão em um nível evolutivo superior ao
das algas, porém, devido à ausência de sementes, flores e frutos, são ainda
incluídas no grupo das Criptógamas.
Dentre as
briófitas temos as hepáticas, musgos e antóceros – pequenas plantas folhosas ou
talosas.
As
briófitas representam a transição entre as algas verdes e as plantas vasculares.
Compartilham semelhanças com as plantas vasculares que as distinguem das algas
verdes, como a presença de gametângios masculinos e femininos (denominados
anterídios e arquegônios respectivamente).
Esses
vegetais são largamente distribuídos pelo mundo, desde o Ártico e ambientes
alpinos até os trópicos úmidos; desde regiões semi-áridas até regiões submersas
pela água. Formam extensas vegetações em latitudes mais frias e climas
extremamente úmidos das regiões tropicais e temperadas.
Algumas
vezes formam um tapete com um verde vivo em florestas e extensos pântanos de
coloração verde, marrom ou vermelha. Árvores também podem conter briófitas, as
quais se estendem ao longo dos troncos e galhos, como epífitas (termo que se
utiliza para designar plantas que vivem sobre outras, apenas usando-as como
substrato, sem ocasionar nenhum prejuízo)
– ver Figura 1.
Podem também viver sobre rochas (Figura 2).
Figura 1 – Briófitas sobre tronco de árvore como epífita. Foto tirada no Parque Estadual da Cantareira, em São Paulo. |
Figura 2 – Briófitas sobre uma rocha granítica no meio da mata. Foto tirada no Parque Estadual da Cantareira, em São Paulo. |
Segundo
Oliveira (2003), as briófitas são bastante comuns em locais úmidos e
sombreados, especialmente junto a quedas d’água onde há borrifos constantes e
áreas sujeitas a neblina, como na Serra do Mar. O autor ainda cita que algumas
espécies podem ser encontradas em ambientes mais secos, inclusive na Caatinga
nordestina.
No
Ártico, assim como em outros ambientes extremos, as briófitas exercem um papel
ecológico muito importante. Colonizando essas regiões, as briófitas, assim como
os liquens, participam da construção do solo e produzem um substrato que
propicia condições para que outras plantas possam se estabelecer.
As
briófitas são subdivididas em três Filos (Evert e Eichhorn, 2014):
Filo
Marchantiophyta, representado pelas hepáticas.
Filo
Bryophyta, representado pelos musgos.
Filo
Anthocerotophyta, representado pelos antóceros.
Algumas
briófitas, como os antóceros e certas hepáticas são conhecidas como talosas. Os
talos representam a raiz, o caule e as folhas de uma planta evoluída. Fazem a
captação da água e de nutrientes e também do CO2. Nos esporófitos
das briófitas podemos encontrar uma estrutura que é considerada análoga aos
estômatos, poros aeríferos, que tem como função a regulação das
trocas gasosas. Essa estrutura está associada à presença de uma cutícula cerosa
semelhante à das plantas vasculares.
Como a
raiz é ausente neste grupo, há uma fileira de células ou uma única célula,
denominada rizoide que permite ancorar as plantas, não tendo função de fixação
e nem de absorção de água e nutrientes.
Algumas
briófitas podem se reproduzir assexuadamente por FRAGMENTAÇÃO,
ou propagação vegetativa. Também pode ocorrer a produção de gemas que darão
origem a uma nova planta. A reprodução sexuada envolve a produção de anterídios
e arquegônios em gametófitos separados.
A água é
necessária para que haja a fecundação. O Anterídio desenvolve anterozoides que
são os gametas masculinos que irão fecundar a oosfera, gameta feminino
desenvolvido pelo arquegônio. O anterozoide é biflagelado e nada até a oosfera.
Os
esporos das briófitas estão envoltos por uma parede de esporopolenina, uma
substância que impede a degradação dos esporófitos e permite que sobrevivam à
dispersão pelo ar.
O ciclo
de vida das briófitas é caracterizado por uma marcada ALTERNÂNCIA DE
GERAÇÕES entre a geração do GAMETÓFITO e a geração do ESPORÓFITO.
A planta
adulta é o GAMETÓFITO haplóide (n), que constitui a geração dominante do ciclo
de vida, isto é, a geração que forma o corpo da planta adulta. O gametófito na
fase juvenil é denominado Protonema. Na fase adulta (quando já é capaz de
produzir os órgãos sexuais masculinos e femininos) é denominado Gametóforo. O
talo vegetativo do gametófito é formado, nos musgos e hepáticas folhosas, por
filídios, caulídios e rizóides.
O
ESPORÓFITO é diplóide (2n) e constitui a fase transitória do ciclo de vida,
pois somente é formado quando a planta passa por um processo de reprodução
sexuada, o que nem sempre ocorre.
Apesar de
ser fotossintetizante a maior parte da vida, o esporófito é parcialmente dependente
do gametófito em relação aos produtos nutritivos.
Quanto à
sua morfologia, é uma estrutura não-ramificada, composta geralmente por uma
região basal, presa ao gametófito e denominada pé; uma região alongada chamada
seta e um esporângio terminal, denominado cápsula, onde são produzidos os
esporos. A figura 3 mostra um musgo hipotético contendo gametófito e
esporófito.
Figura 3 – Musgo hipotético mostrando suas duas gerações do ciclo de vida: gametófito folhoso e esporófito nele inserido. Inspirado no Atlas de Pique e Brito (1996). |
FILO MARCHANTIOPHYTA
Nesse
grupo estão inclusas cerca de 5.200 espécies de hepáticas, briófitas que
apresentam esporófitos morfologicamente mais simples que o dos outros grupos. O
gametófito das hepáticas pode apresentar formato folhoso, como os musgos, ou
hábito prostrado, crescendo rastejante sobre barrancos, rochas ou troncos de
árvores.
Um
interessante exemplo de hepática talosa, comum nas regiões úmidas, é Marchantia
chenopoda. Essa planta apresenta um talo com formato de fita bifurcada,
preso ao substrato por rizóides e contendo pequenos poros para trocas gasosas
em toda a sua superfície e estruturas em forma de cálice chamadas CONCEPTÁCULOS,
dentro das quais encontramos pequenas gemas. Essas gemas são dispersas por
gotas de chuva e, quando caem em substrato adequado, dão origem a novos
gametófitos.
Figura 4 – Hepáticas pertencentes à espécie Marchantia chenopoda. |
FILO
BRYOPHYTA
Dentro
desse grupo estão inclusas as briófitas popularmente conhecidas como musgos. Os
seus gametófitos podem apresentar desde 0,5 milímetros até 50 centímetros ou
mais. Tais gametófitos adultos são folhosos e eretos, com o talo dividido em
filídios, caulídios e rizóides (vistos anteriormente).
Os
caulídios conseguem se manter eretos devido à presença de tecidos mecânicos e à
presença de um sistema vascular simplificado. Os filídios podem se enrolar
quando a umidade do ambiente é baixa, mecanismo que auxilia na redução da
evaporação. Os rizóides atuam na fixação da planta ao substrato e na absorção
de água e sais minerais. Esta absorção, no entanto, pode também ocorrer por
toda a superfície da planta.
FILO
ANTHOCEROTOPHYTA
No
Brasil, os integrantes desse Filo não possuem uma nomenclatura popular, sendo
chamados de antóceros, termo que representa “uma flor com chifres”, do grego anthos=flor
e ceros=chifre. Esse nome certamente se deve ao fato da
pequenina planta, de 1 a 2 cm de diâmetro, apresentar um gametófito prostrado,
em formato de roseta, que contém numerosos esporófitos crescendo sobre ele. O
esporófito é diferenciado de todos os outros grupos, pois é constituído apenas
por um pé e uma cápsula longa, verde, de crescimento indeterminado, dentro da
qual encontramos esporos em diversas fases de desenvolvimento.
A figura 5 mostra um esquema da estrutura de um antóceros hipotético. |
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