Como os vertebrados terrestres obtêm oxigênio?
Os primeiros animais foram originados no mar, onde uma grande diversidade ainda vive utilizando o oxigênio dissolvido na água. No decurso dos tempos geológicos, as concentrações de oxigênio aumentaram na atmosfera, até alcançarem 21% dos gases que a compõem. Nesse contexto, os animais aquáticos evoluíram para habitar a superfície terrestre e passaram a utilizar o oxigênio do ar.
Os primeiros animais foram originados no mar, onde uma grande diversidade ainda vive utilizando o oxigênio dissolvido na água. No decurso dos tempos geológicos, as concentrações de oxigênio aumentaram na atmosfera, até alcançarem 21% dos gases que a compõem. Nesse contexto, os animais aquáticos evoluíram para habitar a superfície terrestre e passaram a utilizar o oxigênio do ar.
Há
diferentes propriedades físicas do ar e água que resultam em diferenças
funcionais para os animais de respiração aérea. O ar atmosférico possui um alto
conteúdo de oxigênio, baixa densidade e viscosidade quando comparado com a
água, o que diminui os gastos de energia utilizados na captação do oxigênio.
Além disso, a transição da respiração aquática para a aérea tem requerido
mudanças estruturais e funcionais dos órgãos respiratórios. A constante perda
de água (evaporação), devido ao contato direto dos órgãos respiratórios com o
ar, tornou-se um problema de difícil solução, principalmente para os animais
que efetuam as trocas gasosas pela pele, limitando o habitat destas espécies às
áreas úmidas. Com a finalidade de minimizar o problema da evaporação, a
membrana respiratória foi internalizada na estrutura que passou a ser
denominada de pulmão.
Nos
pulmões, a renovação do ar ocorre pela ventilação regulada por um fluxo
bidirecional do ar atmosférico, que entra e sai do órgão. O movimento
respiratório é realizado pelo bombeamento ativo do ar, que pode ocorrer pela
utilização de uma bomba de pressão (anfíbios), ou por meio de
uma bomba de sucção (répteis, aves e mamíferos). Segue uma
descrição mais detalhada dos mecanismos das trocas gasosas dos vertebrados
terrestres e suas peculiaridades.
Anfíbios: O grupo
dos anfíbios é o que melhor representa a transição entre o ambiente aquático e
o terrestre. Eles podem efetuar suas trocas gasosas através da pele, boca,
brânquias ou pulmões, utilizando os sistemas separadamente ou em combinação.
Apesar dessa ampla variação, existe uma tendência dos anfíbios para a captação
do oxigênio pela via pulmonar, o que pode estar relacionado com o gasto
metabólico, pois o custo para obter o oxigênio do ar é menor que o gasto para
remover o oxigênio da água.
Os
anfíbios, assim como os peixes pulmonados, possuem bomba bucal de pressão
positiva para forçar a entrada do ar nos pulmões. A rã, por exemplo, infla seus
pulmões por meio da tomada do ar no interior da cavidade bucal, fechando a boca
e narinas e pressionando o ar para dentro dos pulmões, com a elevação do
assoalho da boca.
Como
resultado, uma rã pode continuar a tomada de repetidos volumes de ar, sem
deixar o ar sair, inflando até atingir tamanho considerável. A estrutura
morfológica do pulmão dos anfíbios varia entre um pulmão simples, não
segmentado e pouco vascularizado, com a de um pulmão mais desenvolvido,
apresentando mais divisões e bem vascularizado. A pele também é uma via
importante nas trocas gasosas dos anfíbios, relacionados principalmente com a
eliminação do gás carbono.
A maior
modificação do sistema respiratório entre os anfíbios e os demais vertebrados
está vinculada ao processo de captação do ar. Répteis, aves e mamíferos
insuflam seus pulmões por sucção. A expiraçãoseguida da inspiração, que
pode ser passiva, em decorrência do recolhimento elástico das estruturas
respiratórias, ou auxiliada pela contração muscular. Para que a bomba de sucção
funcione a cavidade torácica deve ser fechada e ter condições de manter pressão
interna diferente do ambiente.
Répteis: As
quatro principais ordens dos répteis são: crocodilos, serpentes, lagartos e
tartarugas. Os crocodilos estão sempre associados à água, mas as outras ordens
apresentam algumas espécies de habitat aquático e semiaquático, com respiração
aérea. Nestes animais, o ar entra pelas narinas e passam pelo palato duro,
sobre as coanas, em direção à glote e faringe. A faringe se liga à traqueia
tubular que é reforçada por anéis cartilaginosos. A traqueia se divide em dois
brônquios curtos, os quais seguem para o pulmão direito e esquerdo.
Os
répteis mais primitivos ainda apresentam pulmões que lembram aos dos anfíbios,
mas nos répteis mais evoluídos o pulmão apresenta-se dividido com septos
internos mais altos, mostrando aspecto esponjoso e bastante segmentados. A
porção anterior dos pulmões, principalmente nas cobras e camaleões, é bem
vascularizada e compartimentalizada, quando comparada com a porção mais caudal.
A porção caudal do pulmão dos répteis armazena ar residual da porção anterior,
funcionando como um fole de reserva.
Os
répteis possuem costelas bem desenvolvidas que, geralmente, se articulam com a
coluna vertebral; no entanto esta estruturação não é observada para os
quelônios. A movimentação ventral e dorsal dos músculos costais induz a
movimentação da caixa torácica, causando a expansão dos pulmões e gerando uma
pressão intrapulmonar e intra-abdominal negativa. Neste momento, as narinas e a
glote se abrem e o ar entra para os pulmões (inspiração). No final da
inspiração, a glote se fecha e os pulmões e a caixa torácica se recolhem
passivamente resultando numa pressão intrapulmonar positiva. Neste momento, a
glote se abre novamente e o ar é expulso passivamente dos pulmões (expiração).
Alguns
répteis utilizam outros mecanismos para as trocas gasosas quando submergidos.
Algumas espécies de serpentes marinhas podem realizar respiração cutânea,
enquanto que algumas espécies de tartarugas aquáticas efetuam suas trocas
gasosas ventilando sua mucosa buco-faríngea com a água.
Mamíferos: Nos
mamíferos, a inspiração é auxiliada pela contração do diafragma muscular,
localizado abaixo do pulmão. A descida do diafragma e a ampliação da caixa
torácica criam uma pressão negativa dentro do tórax. A via aérea superior
(glote) se abre, conectando o meio externo com o sistema respiratório e o ar
entra nos pulmões. Na expiração, o diafragma e os outros músculos respiratórios
relaxam, a pressão dentro do tórax aumenta e os gases fluem passivamente para
fora dos pulmões. A traqueia se ramifica até chegar aos brônquios, cujas
ramificações mais finas são amplamente subdivididas e terminam nos alvéolos,
pequenos sacos delicados pelos quais as trocas gasosas são efetuadas.
Aves: A
estrutura do sistema respiratório nas aves é bem diferenciada dos demais
grupos, sendo diferente dos mamíferos que possuem diafragma muscular, por
possuírem diafragma membranoso preso às paredes do corpo. Os pulmões são
pequenos e compactos e se comunicam com sacos aéreos volumosos, de paredes
finas, os quais funcionam como um reservatório do ar durante os eventos
respiratórios. Quando preenchidos com ar, os sacos aéreos ocupam espaços entre
os órgãos internos, e também, suas ramificações alcançam o interior dos ossos
das extremidades e do crânio, os quais ficam preenchidos com ar. Eles formam
anatomicamente e funcionalmente dois grupos: um grupo posterior ou caudal
(sacos abdominal e toracocaudal) e um grupo anterior ou craniano (sacos
cervical, intraclavicular e toracocranial).
Nestes
animais, as narinas estão localizadas no bico e se ligam às coanas acima da
cavidade bucal. A glote está localizada no assoalho da faringe que se abre para
a traqueia. A traqueia continua para baixo do pescoço até a siringe (caixa
vocal), de onde partem dois brônquios principais curtos para cada pulmão
(direito e esquerdo). Os brônquios atravessam os pulmões e se conectam com os
sacos aéreos abdominais. Já a conexão dos sacos aéreos craniais com os
brônquios principais ocorre na parte anterior do pulmão. Nos pulmões, as
traqueias ramificam-se em extensões mais finas denominadas de parabrônquios,
região onde as trocas gasosas são realizadas.
Os
parabrônquios são uma série de tubos cilíndricos abertos, dispostos em
paralelo, que se conectam com os brônquios e sacos aéreos, permitindo a
passagem de um fluxo de ar unidirecional e contínuo.
Nessa
estrutura anatômica, a massa de ar inspirado inicialmente passa dos brônquios
principais diretamente para os sacos caudais (direção posterior), de onde segue
durante a expiração para os parabrônquios. No ciclo respiratório seguinte, na
inspiração, esse volume de ar segue para o saco cranial (direção anterior), e
na expiração é eliminado do sistema respiratório. Assim, são necessários dois
ciclos respiratórios para que a massa de ar inicialmente inspirada seja
eliminada do sistema respiratório de uma ave. Esse sistema cria um fluxo de ar
unidirecional e contínuo, que não retém ar residual, e junto com o sistema de
circulação, denominado corrente cruzada, possibilitam uma boa
oxigenação do sangue.
Em
resumo, podemos verificar que o pulmão dos mamíferos é maior, mais
compartimentalizado e vascularizado que o pulmão dos répteis, apresentando
maior capacidade de obtenção do ar. Em ambos, as trocas gasosas são realizadas
pelos alvéolos pulmonares, com fluxo bidirecional de ar, com retenção de ar
residual. A estrutura pulmonar das aves difere significativamente dos demais
vertebrados, sendo as trocas gasosas realizadas nos parabrônquios onde o fluxo
unidirecional do ar flui continuamente, sem reter ar residual.
Mecânica
Ventilatória
A função
primária dos pulmões baseia-se nas trocas gasosas; no entanto, eles também
auxiliam na defesa do organismo, funcionam como barreira entre o meio externo e
interno, participando ainda na síntese e metabolismo de diversos compostos.
O sistema
respiratório humano é constituído pela cavidade nasal, faringe, glote, cordas
vocais, traqueia, e brônquios, com todas as suas subdivisões até chegar aos
alvéolos pulmonares. Este sistema pode ser dividido em duas vias aéreas: superiores
e inferiores. As vias aéreas superiores iniciam no nariz e seguem até a laringe
(sede das cordas vocais), e as vias aéreas inferiores correspondem ao percurso
entre a traquéia e os alvéolos pulmonares.
Para que
os pulmões possam efetivar as trocas gasosas, o ar inalado entra pelas vias
aéreas superiores e segue em direção à traquéia. As vias aéreas superiores
preparam o ar para que, ao alcançar a traquéia, este esteja aquecido à
temperatura corpórea, umedecida e isenta de partículas grandes (>10 µm). A
traquéia ramifica-se em brônquios, que seguem em direção aos pulmões direito e
esquerdo. À medida que os brônquios seguem na direção dos pulmões, estes vão se
subdividindo em estruturas mais estreitas até formarem os bronquíolos. Os
bronquíolos são estruturas isentas de cartilagem que se subdividem ainda em
bronquíolos terminais (condutores da corrente de gás) e bronquíolos
respiratórios (contém os alvéolos onde as trocas gasosas são realizadas).
Para
facilitar a difusão gasosa dentro dos alvéolos há uma substância conhecida como
surfactante pulmonar. O surfactante pulmonar é uma complexa mistura de
fosfolipídios, lipídios, ácidos graxos e proteína com propriedades antiadesivas
que diminuem a tensão superficial.
O ar
entra no sistema respiratório devido à diferença de pressão gerada pelo
sistema. Os pulmões estão localizados dentro de uma caixa óssea, denominado
tórax. O tórax se expande ou contrai em decorrência da movimentação dos
músculos intercostais e do diafragma. Entre o pulmão e a caixa torácica existe
um duplo folheto seroso formado pela pleura parietal (aderida ao tórax) e a
pleura visceral (reveste a superfície pulmonar).
Entre
estes dois folhetos há um espaço virtual (espaço intrapleural), que é
preenchido por um líquido seroso. A disposição das duas pleuras
facilita o contato por capilaridade e o deslizamento de uma pleura sobre a
outra, tornando os movimentos do tórax independentes dos movimentos dos
pulmões. A facilidade com que a pleura visceral desliza sobre a parietal
gera, dentro da cavidade pleural, uma pressão subatmosférica que pode atingir o
valor de -5 cm H2O.
Desse
modo, à medida que os músculos se contraem, ocasionando a elevação das costelas
e o abaixamento do diafragma, o volume da caixa torácica aumenta. A pleura
parietal acompanha o movimento do tórax, e então uma pressão negativa é gerada
no espaço intrapleural. A diminuição da pressão no espaço intrapleural conduz a
pleura visceral ao encontro da pleura parietal, causando a expansão dos
alvéolos, e o ar entra no sistema, ocasionando a inspiração. À medida que o ar
entra no pulmão, a pressão intrapleural vai tendendo a zero. O tórax e o
diafragma diminuem o volume torácico interno e a pressão alveolar torna-se
positiva (acima da pressão atmosférica), sendo o ar eliminado dos pulmões no
processo denominado de expiração.
A
ventilação pulmonar é gerada pela entrada e saída do ar nos pulmões, que é um
movimento passivo em condições de repouso. O diafragma é o principal músculo
respiratório, mas os músculos intercostais externos (movimentam as costelas) e
alguns músculos tóraco-apendiculares, como os peitorais, serráteis, também
participam na inspiração. Os músculos mais importantes na expiração são o reto
abdominal, oblíquo interno, oblíquo externo, transverso do abdômen e intercostais
internos que geralmente atuam em condições de hiperventilação.
A cada
ciclo respiratório, o pulmão humano, em condições de repouso, pode inspirar um
volume corrente de até 5 L de ar. O trajeto entre a via respiratória superior e
os alvéolos são ocupados por 1,5 L deste volume e somente os 3,5 L restantes
entram em contato com os alvéolos pulmonares.
A
propriedade mecânica do pulmão e a capacidade elástica da parede torácica
caracterizam o estudo da mecânica pulmonar. Todos os volumes pulmonares são
medidas obtidas em litros e representam a capacidade máxima da expansão
pulmonar. O registro dos volumes respiratórios é obtido no espirômetro, cujas
denominações estão relatadas abaixo.
- Volume
corrente (VC): volume de ar inspirado ou expirado em cada respiração normal,
para o homem normal representa até 0,5 L de ar.
- Volume
de reserva inspiratório (VRI): ar que pode ser inspirado além do VC e equivale
a 3 L. A capacidade do VRI diminui com o aumento do VC e está relacionado ao
equilíbrio entre a elasticidade pulmonar e o desempenho muscular do tórax.
- Volume
de reserva expiratório (VRE): ar que falta expirar além do VC e está
relacionado com a força de compressão do músculo torácico, especialmente do
diafragma. A capacidade do VRE é de 1,1L.
- Volume
residual (VR): volume de ar que permanece nos pulmões após uma expiração
máxima, pode chegar a 1,2 L.
As
capacidades pulmonares são as descrições dos eventos do ciclo pulmonar que
representam dois ou mais volumes. Os volumes e capacidades ventilatórias são
maiores nos homens e nas pessoas de porte atléticos, e menores para o sexo
feminino. Abaixo, segue uma breve descrição das capacidades pulmonares:
-
Capacidade vital (CV): quantidade máxima de ar que uma pessoa pode eliminar dos
pulmões após uma inspiração máxima seguida da expiração. Representa à somatória
dos volumes funcionais VC + VRI + VRE e pode chegar a 4,6 L.
-
Capacidade inspiratória (CI): capacidade máxima de ar que pode ser inspirado
representando a somatória do VC + VRI, cujo volume pode chegar a 3,5 L.
-
Capacidade residual funcional (CRF): capacidade máxima de ar que uma pessoa
pode eliminar dos pulmões ao finalizar uma expiração normal. Representa a
somatória entre o VRE + VR, cujo volume de ar pode chegar a 2,3 L.
-
Capacidade total (CT): volume máximo de ar capaz que pode de ser contido no
pulmão. Representa a soma dos quatro volumes VC + VRI + VRE + VR e equivale a
5,8 L.
O que modula a respiração?
A
principal finalidade da respiração é manter os níveis apropriados de oxigênio
(O2) e gás carbono (CO2) nos tecidos. Dentro deste
contexto, a respiração mantém ainda o equilíbrio ácido-básico, por meio dos
efeitos da pressão do gás carbono (PCO2) arterial. Para tanto, é
apropriado que a freqüência respiratória seja modulada pelas alterações dos
níveis arteriais de O2, CO2 e H+.
O sistema
respiratório humano é o mais estudado dentre todos os vertebrados. Por isso, as
descrições que seguem foram obtidas a partir de estudos que focavam compreender
a regulação da respiração humana; todavia este modelo é o reflexo da regulação
da respiração nos mamíferos.
O centro
do controle respiratório está localizado no sistema nervoso central (SNC), mais
precisamente no bulbo e ponte. O SNC controla a frequência e a magnitude do
padrão ventilatório, sua modulação, os reflexos de adaptação em várias
situações, além do recrutamento dos músculos relacionados com a inspiração e
expiração. A modulação da ventilação pulmonar é realizada com base nas
informações que chegam ao SNC. A estimulação de sensores químicos como
mecanorreceptores pulmonares, quimiorreceptores centrais e periféricos, informam
ao SNC da necessidade de aumentar ou reduzir a frequência respiratória.
Os
quimiorreceptores centrais, localizados no sistema nervoso central, são
receptores que detectam as alterações na PCO2 e pH do líquido
cerebroespinhal. Assim, pequenos aumentos na PCO2 ou na
diminuição do pH do líquido cerebroespinhal resultam no aumento da ventilação
pulmonar. O íon hidrogênio, por sua vez, não é um estímulo muito efetivo para a
respiração, pois se difunde com pouca facilidade para o líquido
cerebroespinhal, ao contrário do CO2 que é uma molécula
altamente permeável à barreira hematoencefálica.
O centro
respiratório não é muito sensível às alterações da pressão do oxigênio (PO2).
Os quimiorreceptores periféricos, localizados no corpo carotídeo e arco aórtico
próximo ao coração, são sensíveis às alterações do PO2, porém a
diminuição da PO2 arterial estimula os quimiorreceptores a
aumentar a amplitude e freqüência respiratória.
Desse
modo, o efeito não é muito acentuado, pois o aumento no volume ventilatório
conseqüentemente reduz a PCO2 do sangue, o que diminui a
ventilação. Por isso que a diminuição moderada no O2representa pouco
efeito sobre a respiração, que em circunstâncias normais é regulada principalmente
para manter a PCO2. Adicionalmente, os mecanorreceptores e
receptores irritativos pulmonares também modulam o padrão ventilatório, em
resposta ao grau de insuflação do pulmão ou pela presença de fator irritativo
nas vias aéreas.
Em
resumo, os mamíferos possuem quimiorreceptores (centrais e periféricos)
sensíveis às alterações da PO2, PCO2 e H+ que
regulam a freqüência respiratória com o objetivo de manter a PCO2 próxima
de 40 mm Hg. Tanto nas aves quanto nos mamíferos o principal regulador da
respiração é a PCO2.
A
regulação da ventilação nas aves é mais eficiente com o aumento das
concentrações de CO2 (hipercápnia) do que pela redução do O2 (hipóxia).
Mas, assim como os mamíferos, as aves também apresentam quimiorreceptores
periféricos localizados nas carótidas e corpos aórticos e, ainda, receptores no
trato respiratório que respondem ao aumento da PCO2.
Nos
répteis, os receptores de CO2 estão localizados no trato
respiratório. O estímulo primário para a modulação da respiração oscila
bastante entre os répteis aquáticos e terrestres, mas o principal estímulo para
muitos lagartos, tartarugas e serpentes parece ser a PCO2. Já os
anfíbios possuem quimiorreceptores aórticos que respondem a hipóxia e
hipercápnia, mas as moléculas responsáveis pela regulação da respiração também
variam muito entre os anfíbios aquáticos e terrestres. O PCO2 modula
a respiração dos anfíbios terrestres enquanto o PO2 é um
importante estímulo para a respiração dos anfíbios aquáticos.
A
regulação da respiração pela PCO2 nos animais de respiração
aérea foi uma adaptação à grande disponibilidade de O2 no ar
atmosférico, o que conseqüentemente aumentou a concentração do CO2 nos
órgãos respiratórios. Contudo, a modulação da respiração dos animais aquáticos
é realizada pela PO2. A água do mar é altamente tamponada e
dificilmente os animais marinhos encontram dificuldade para eliminar o CO2.
Já nos
ambientes de água doce estagnada, as concentrações do CO2 podem
ser elevadas, associadas às reduzidas concentrações de O2. Por causa
da oscilação das concentrações do CO2 nos diferentes ambientes
aquáticos, e devido à alta solubilidade desta molécula na água, os animais de
respiração aquática não conseguiram desenvolver uma alta tensão deste gás no
órgão respiratório e, por isso, o O2 se tornou a melhor via
moduladora.
Por isso,
para os crustáceos, polvos e peixes, o principal estímulo para a respiração é a
ausência do O2. Nos peixes de respiração branquial, os receptores de
PO2 podem estar localizados na cavidade bucal, brânquias, cavidade
opercular, vasos, artérias ou cérebro. Já na truta, os receptores de O2 podem
estar localizados no cérebro e aorta. Eles respondem a hipóxia aumentando o
fluxo de água sobre as brânquias até os níveis de O2 arterial
serem normalizados. Para os peixes de respiração aérea facultativa ou
acessória, a redução da concentração de O2 arterial é o
estimulo para a captação do O2 do ar.
Ao longo
do processo evolutivo, os parâmetros moduladores da respiração foram se
estabelecendo devido às características químicas das moléculas e as suas
disponibilidades nos diferentes ambientes (aquático e terrestre). Os sensores
que detectam as oscilações da PO2 e PCO2 no
sangue arterial estão localizados em pontos estratégicos do trato respiratório
e rede arterial. Além de modular os níveis de CO2 e O2 na
corrente sanguínea, o controle da respiração também é extremamente importante
para o equilíbrio ácido-base do organismo.
A modulação
da respiração é realizada por meio da sensibilização de receptores específicos
que estimulam a regulação dos gases respiratórios no corpo. No entanto,
outros ajustes fisiológicos são necessários quando o animal encontra-se em
ambiente com baixa disponibilidade de oxigênio.
Os extremos para a respiração
Hipóxia
em altitudes: o ar
vai ficando mais rarefeito à medida que aumenta a altitude; neste ambiente a
pressão barométrica diminui, bem como a temperatura. Em altas altitudes, a PO2 atmosférica
fica reduzida diminuindo consequentemente a PO2 do sangue
arterial. A baixa PO2 do sangue estimula os quimiorreceptores
periféricos a aumentar a frequência da ventilação pulmonar, eliminando mais CO2.
Por outro
lado, a redução da PCO2 eleva o pH do fluido cerebroespinhal,
reduzindo a ventilação pulmonar e minimizando a hipóxia induzida. No entanto,
quando as condições de hipóxia são mantidas, como ocorrem com os animais que
migram para regiões de altitudes elevadas, os rins aumentam a excreção de
bicarbonato, o que normaliza o pH dos fluídos corpóreos. A resposta para uma
hipóxia prolongada também pode envolver a modulação no efeito do CO2 sobre
a carótida e os corpos aórticos, reajustando os quimiorreceptores para os
baixos níveis de CO2. Nos humanos, esse processo de adaptação demora
quase uma semana.
A hipóxia
pode induzir ainda a vasoconstrição local dos capilares pulmonares, o que
aumenta a pressão arterial pulmonar e melhora as condições para as trocas
gasosas. A prolongada exposição a um ambiente com baixa PO2 induz
o aumento do número de eritrócitos e da concentração de hemoglobina na corrente
sanguínea, devido ao aumento da produção de eritropoietina pelos rins. Nesta
condição, ainda, a afinidade da hemoglobina pelo O2 pode ser
aumentada a fim de que esta ligação não se desfaça facilmente, possibilitando
deslocamento do O2 para regiões de maior privação.
Os
humanos nativos das regiões de altas altitudes apresentam características
físicas peculiares, são de pequena estatura, com pernas e braços de tamanho
reduzido e peito bastante largo, o que reflete o aumento significativo dos
volumes pulmonares. O aumento da captação do O2 neste ambiente
rarefeito é realizado com o aumento da área de troca pelos pulmões, associado à
elevação da pressão sanguínea pulmonar, o que pode desencadear a hipertrofia no
ventrículo direito.
Apneia
durante o mergulho: os
vertebrados terrestres quando mergulham, submetem o organismo a condições de
apneia desencadeando bradicardia, vasoconstrição periférica com hipometabolismo
e hipoperfusão do tecido. Estas alterações conservam o O2 para
o coração e o cérebro, deixando os tecidos periféricos com circulação sanguínea
reduzida. Alguns animais podem apresentar modificações que melhore o estoque do
O2 como o tamanho do baço e o aumento do número de eritrócitos
circulantes, podendo prolongar a duração do mergulho.
Muitos
vertebrados de habitat aquático, que apresentam respiração aérea, mergulham por
um período de tempo que varia entre 10 a 20 minutos. Nos mamíferos, o
sistema nervoso central não suporta anóxia e deve ser abastecido com O2 durante
todo o mergulho.
Neste
caso, os animais que mergulham resolveram o problema elevando os estoques de O2 do
pulmão, sangue e tecidos por meio do aumento dos níveis de hemoglobina (nos
eritrócitos) e mioglobina (no músculo). Durante o mergulho, o O2 é
liberado preferencialmente para o cérebro e coração, por isso o fluxo sanguíneo
para os outros órgãos é reduzido e as células passam a utilizar o metabolismo
anaeróbico. Durante um mergulho prolongado esses animais apresentam
bradicardia, acompanhada da redução do débito cardíaco.
A
estimulação dos receptores que detectam a água localizada perto da glote, boca
e nariz induz a apneia e bradicardia inibindo a aspiração da água. Diferente
dos vertebrados de habitat terrestre, a diminuição dos níveis de O2 no
sangue e o aumento dos níveis de CO2 não estimulam a ventilação
durante o mergulho, pois a sensibilização dos quimiorreceptores periféricos é
ignorada pelo centro respiratório enquanto estes animais estão submersos.
O tempo
de mergulho em alguns animais pode ser melhorado com o aumento do número de
eritrócitos e a concentração de hemoglobina; aumento da mioglobina nos tecidos;
utilização de processos anaeróbicos pelas células (formação de ácido lático);
redução da taxa metabólica e ou pela utilização da respiração acessória, como a
respiração cutânea.
As focas
e as baleias são mamíferos bem adaptados ao mergulho. Esses animais mergulham a
profundidades consideráveis sem apresentarem problemas com a pressão
hidrostática gerada pela coluna d’água. O pulmão das baleias é pequeno, mas o
espaço traqueal é grande. Quando elas mergulham, a pressão da coluna d’água
comprime os pulmões e o ar contido é empurrado para a traqueia. Sem ar nos
pulmões o animal não corre o risco de o nitrogênio se dissolver no sangue, como
ocorre com o homem. Adicionalmente, durante o mergulho, o fluxo sanguíneo para
os pulmões é reduzido e isso também contribui para o animal aumentar a
profundidade do mergulho.
Nos
humanos, quando um mergulhador fica submerso por um tempo prolongado e em
grande profundidade (cerca de 20 m abaixo do nível do mar), se ele voltar
rapidamente para a superfície poderá desenvolver embolia, ou seja, bolhas de ar
que poderão ser formadas nos tecidos e na corrente sanguínea (doença dos nós).
Devido à pressão hidrostática gerada pela coluna de água sobre o corpo do
mergulhador, o nitrogênio presente nos pulmões passa para a corrente sanguínea,
dissolvendo-se nos tecidos.
Tenho por agradecer bastante este valioso ensinamento. Pois que contribuiu significativamente no meu ciclo de aprendizagem.
ResponderExcluiragradeco pelo conteudo, pois ajudou-me bastante
ResponderExcluirUm conteúdo bem enriquecido e ajudou-me bastante nessa matéria. Meu muito obrigado.
ResponderExcluirUm conteúdo bem enriquecido e ajudou-me bastante nessa matéria. Meu muito obrigado.
ResponderExcluirUm conteúdo bem enriquecido e ajudou-me bastante nessa matéria. Meu muito obrigado.
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