Os
organismos conhecidos genericamente como fungos têm sido estudados
tradicionalmente nos cursos de Botânica, apesar de apresentarem características
que não são necessariamente encontradas nas plantas.
Mas,
então, por que isso acontece?
Na
verdade, a história é longa, pois os fungos sempre foram organismos difíceis de
classificar. Antigamente, os fungos eram classificados junto às bactérias, mas
como estes dois grupos de organismos apresentam uma organização celular
diferente (as bactérias são seres procariontes, enquanto os fungos são
eucariontes), acabaram indo para Reinos diferentes. Até hoje, as bactérias
fazem parte do Reino Monera, enquanto os fungos fazem parte do Reino Fungi (um
Reino específico, que inclui todos os fungos).
A verdadeira
área de estudo dos fungos é a Micologia, área relativamente recente (cerca de
250 anos) em comparação à Botânica e à Zoologia. Muitos grupos de fungos foram
somente conhecidos entre 30 e 40 anos atrás. Além disso, temos hoje conhecidas
pouco mais de 100.000 espécies de fungos, mas os pesquisadores acreditam que
esse número possa ser muito maior.
Mas para
que você entenda por que eles são estudados na Botânica, vou citar três
características encontradas nos fungos que também são encontradas nas plantas,
mas não nos animais: são imóveis; possuem parede celular e se reproduzem por
intermédio de esporos.
Infelizmente,
os fungos ainda são organismos pouco conhecidos popularmente. Poucas pessoas
têm consciência do verdadeiro papel que esses organismos desempenham em nosso
ambiente e em nossa vida. Sabe aqueles frutos e animais mortos que caem nas
florestas e que sofrem decomposição? Aquelas manchas brancas que ficam
dentro do guarda-roupa úmido? Ou aquele queijo gostoso que compramos em um
dia especial? Em todas essas situações temos fungos envolvidos.
Os fungos
dependem da água líquida para o seu crescimento, essencial para o processo
vital. A maioria depende do oxigênio para realizar o processo de respiração
aeróbia, sendo chamados FUNGOS AERÓBICOS. Muitos, porém, são ANAERÓBICOS
FACULTATIVOS, realizando a respiração em presença de oxigênio e a fermentação
em ausência deste. Tanto a respiração aeróbia quanto a fermentação são
processos de obtenção de energia.
Com
relação às condições ambientais, as temperaturas entre 20oC e 30oC
são ideais para o crescimento dos fungos, porém muitos crescem em temperaturas
extremas (até –6oC, atacando carnes em frigoríficos). O pH em torno
de 6,0 (pH ácido) é ideal para o crescimento da maioria dos fungos, pois, em meios
de cultura, impedem o crescimento de bactérias competidoras. A luz também pode
interferir na diferenciação de muitas espécies.
Os fungos
são encontrados nos mais variados ambientes, tanto aquáticos (ambientes
marinhos e de água doce) quanto terrestres. É muito comum a presença de esporos
no ar.
Características
Básicas dos Fungos
Os fungos
são organismos eucariontes, aclorofilados e, portanto, heterótrofos (não
conseguem produzir o seu próprio alimento). Alguns fungos até possuem
pigmentos, mas nenhum deles é capaz de absorver energia luminosa para a síntese
de compostos orgânicos.
O corpo
dos fungos, assim como o das algas, ainda é designado como TALO, talvez por
serem estudados basicamente por botânicos. Quanto à morfologia, podem ser
unicelulares ou filamentosos estes últimos designados por alguns autores como
multicelulares. Os fungos unicelulares incluem as chamadas LEVEDURAS. Alguns
fungos aquáticos também podem ser unicelulares.
Em sua
maioria, os fungos são filamentosos. Os que produzem estruturas, como os
cogumelos, são constituídos de inúmeros desses filamentos microscópicos
tubulares conhecidos como HIFAS que densamente unidos formam
os MICÉLIOS.
O micélio
é um sistema de filamentos geralmente muito ramificado, constitui, às vezes, corpos
muito complexos. As espécies filamentosas incluem os BOLORES,
COGUMELOS-DE-CHAPÉU e ORELHAS-DE-PAU (Figuras 1 a 3).
Figura 1 - Bolores, fungos pertencentes ao grupo dos Ascomicetos |
Figura 2 – Fungo orelha-de-pau crescendo sobre barranco úmido. Foto tirada no Parque Estadual da Cantareira, em São Paulo. |
Figura 3 – Fungo do tipo cogumelo-de-chapéu, crescendo sobre tronco podre. Foto tirada no Parque Estadual da Cantareira, em São Paulo. |
Como nem
todos os fungos são filamentosos, como as leveduras, a reprodução ocorre por
fissão ou brotamento. Uma levedura mais comum é a Saccharomyces
cerevisiae, importante economicamente pelo seu uso na fermentação dos
cereais utilizados na fabricação da cerveja.
A parede
celular dos fungos é muito complexa quimicamente. Os principais constituintes
são a quitina e a celulose. A celulose é encontrada somente em alguns grupos,
pois muitos fungos são degradadores de celulose e não poderiam ser compostos
por essa substância. Nesses casos, a parede é composta por quitina.
Com
relação à reprodução dos fungos, esta é bastante diversificada.
A
reprodução assexuada pode ocorrer de diversas maneiras:
1. Simples
divisão celular
2. Brotamento
3. Fragmentação
do micélio
4. Produção
de esporos
A
reprodução sexuada pode ocorrer com gametas masculinos e femininos idênticos
(ISOGAMIA); gametas masculinos e femininos diferenciados (OOGAMIA) ou, ainda,
por SOMATOGAMIA (quando ocorre fusão de hifas).
Ocorrem,
ainda, processos chamados de parassexuais, nos quais há fusão de núcleos de
hifas sexualmente compatíveis, que produz recombinações genéticas.
Diferentemente
dos animais, os fungos são considerados heterótrofos por absorção, pois possuem
um aparato enzimático que liberam no meio onde crescem. Essas enzimas quebram
as moléculas maiores em moléculas menores, capazes de serem absorvidas por
eles. Os animais, por sua vez, primeiro ingerem o alimento para depois
digeri-lo.
Podemos
subdividir os fungos em três grupos, de acordo com o modo de nutrição:
Saprófitas, Parasitas e Simbiontes.
Os saprófitas,
juntamente com as bactérias, são essenciais aos ecossistemas, pois atuam como
agentes decompositores de matéria orgânica na natureza, responsáveis pela
ciclagem de nutrientes, fundamental para a manutenção da vida.
Os parasitas atacam
outros organismos, como animais, plantas e o homem, causando doenças conhecidas
como Micoses. Quando os fungos atacam plantações, provocam doenças que geram
enormes prejuízos aos produtores. Os fungos causadores de doenças em plantas
são denominados FITOPATOGÊNICOS.
Os simbiontes formam
importantes associações com plantas superiores ou com algas, que formam,
respectivamente, Micorrizas e Liquens (estudados posteriormente). Nessas
associações, ambos os participantes se beneficiam mutuamente, daí o termo
simbiose mutualística.
IMPORTANTE:
A
reprodução por esporos é muito eficiente na propagação dos fungos por que:
- Os
esporos são produzidos em grande quantidade;
- São
facilmente dispersos pelo ar;
- São
resistentes às variações ambientais.
Os ciclos
de vida são bastante diversificados, de forma geral.
Importância
ecológica e econômica dos fungos
Os fungos
são os principais decompositores da Biosfera, junto com as bactérias
heterotróficas. Estima-se que os 20 cm superiores do solo possuam quase cinco
toneladas de fungos e bactérias por hectare. Não há distinção do tipo de
material que os fungos possam “atacar”, incluindo na lista árvores, tecidos,
papeis, fios, filmes, entre muitos outros. Isso acarreta prejuízos ao homem,
pois muitas vezes os fungos tornam-se destrutivos.
As frutas
e verduras, pães e carnes também não são perdoadas, causando a prejuízos aos
produtores e vendedores desses alimentos. Os fungos reduzem o valor nutricional
e o paladar, podendo produzir substâncias tóxicas: as micotoxinas.
Além de
causar danos aos vegetais e aos seres humanos, levando ao aparecimento de
enfermidades e até mesmo levando o indivíduo à morte, os fungos possuem
importância econômica, sendo comercialmente valiosos. As leveduras são
utilizadas na indústria alimentícia na produção de bebidas, como vinhos,
cervejas, saquês e na fabricação de pães e laticínios, como diversos tipos de
queijos.
Outros
usos dos fungos ocorrem na indústria farmacêutica, na produção de antibióticos,
como a penicilina que foi o primeiro antibiótico a ser descoberto.
O grupo
dos fungos apresenta grande importância na natureza e para o homem. Vamos ver
algumas dessas importâncias. Muitos fungos são utilizados comercialmente
em variados processos industriais, além, é claro, da utilização direta como
alimento pelo homem. Vejamos alguns exemplos de fungos de elevada importância
econômica:
Saccharomyces
cerevisiae Fungo
pertencente ao grupo das leveduras ou fermentos. É o famoso
fermento biológico (aquele vendido nas padarias e supermercados). Essa espécie
tem sido considerada a mais importante para o homem, pois é utilizada em
processos fermentativos responsáveis pela fabricação do álcool etílico, da
cerveja, do vinho e do pão.
Outros
fungos são utilizados na produção industrial de ácido cítrico (Aspergillus
niger), antibióticos (Penicillium chrysogenum) ou na fabricação de
certos tipos de queijos. Fungos do gênero Penicillium são muito utilizados na
preparação ou maturação de queijos como brie, camembert, danablue, gorgonzola,
roquefort e stilton. Este fungo produz enzimas que têm ação proteolítica sobre
os constituintes do leite, dando sabor e aroma característicos para cada um.
Exemplos de espécies utilizadas na fabricação desses
queijos são: Penicillium camembertii, P. roquefortii,
entre outros.
Os povos
orientais utilizam à soja e o arroz como matéria-prima para a fermentação de
muitos alimentos conhecidos, entre eles podemos citar o shoyu, obtido da
fermentação da soja, onde participam linhagens de fungos como o Aspergillus
oryzae e Aspergillus soyae e o saquê, cerveja de
arroz muito consumida no Japão, obtida pela ação deAspergillus oryzae.
Em
processos fermentativos, os fungos filamentosos e leveduras podem produzir
muitas vitaminas ou seus precursores, de elevada importância. As vitaminas
riboflavina (vitamina B2) e cianocobalamina (vitamina B12) são produzidas por
leveduras dos gêneros Candida, Hansenula, Rhodotorula, Saccharomyces e Torulopsis. Aspergillus
niger produz a vitamina C (ácido ascórbico). O precursor
da vitamina D, o ergosterol, é sintetizado por espécies de Aspergillus,
Penicillium e Neurospora (ascomiceto) e
leveduras comoSaccharomyces.
Os fungos
pertencentes ao grupo dos basidiomicetos, que incluem os cogumelos-de-chapéu e
orelhas-de-pau, apresentam grande importância biotecnológica na atualidade,
pois seu aparato enzimático é utilizado tanto para a produção de alimento como
para a produção de polissacarídeos, utilizados nas indústrias: alimentícia,
farmacêutica e cosmética. Além disso, o mesmo aparato enzimático está
relacionado a processos de biodegradação de solos contaminados e no tratamento
de efluentes da indústria papeleira e têxtil.
Muitos
fungos são consumidos diretamente como alimento. Apesar de no Brasil o consumo
ainda ser pequeno, em comparação à Europa e ao Japão, muitos fungos do grupo
dos cogumelos têm sido cultivados e comercializados. Dentre eles, podemos citar Agaricus
bisporus (o famoso champignon); Lentinula edodes (cogumelo
shiitake); Pleurotus (conhecido como cogumelo gigante), entre
outros.
Nem todos
os fungos, porém, representam benefícios para o homem, pois podem ocasionar
micoses, como as de pele. Podemos citar, ainda, os sapinhos, causados pelo
fungo Candida albicans.
Outros
fungos produzem toxinas em cereais mal estocados, no qual pode contaminar
animais domesticados por meio das rações ou diretamente o homem. São as
chamadas MICOTOXINAS, que podem levar à morte. Casos já conhecidos de
contaminação fúngica ocorreram com amendoim.
Certas
espécies produzem substâncias tóxicas ou alucinogênicas, como Psilocybe
mexicana, que contém psilocibina, um composto químico responsável
por visões coloridas e Claviceps purpurea, responsável pela
produção do chamado LSD. O fungo Amanita muscaria é altamente
venenoso, pode ocasionar desde pequenos distúrbios gástricos até a morte,
dependendo da quantidade ingerida.
Os fungos
pertencentes ao grupo dos bolores podem causar graves prejuízos ao homem devido
à decomposição de alimentos e madeira, que precisam ser conservados ou tratados
para evitar a sua deterioração. Por outro lado, por meio de sua ação
decompositora, são importantes para a reciclagem da matéria na natureza.
Outros
representantes, os fitopatogênicos, representam enorme interesse agrícola, pois
parasitam plantas cultivadas como o trigo, milho, café, batatas e ocasionam
graves prejuízos aos agricultores, que gastam somas enormes no combate a esses
fungos.
Pois
então, deu para ter uma ideia de como os fungos são importantes?
Muitas
vezes não nos damos conta de que pequenos organismos possam fazer parte tão
constante de nossas vidas. Imagine o mundo sem os fungos! Viraria um amontoado
de cadáveres! Para complementar o assunto abordado nessa aula, sugiro a leitura
de um artigo publicado na Revista Ciência Hoje: Vol. 38, de julho de 2006,
intitulado “Toxinas em alimentos”.
A
Taxonomia dos Fungos
Taxonomia
é o nome dado à ciência que cuida da classificação dos seres vivos. Portanto,
nessa aula, veremos como os fungos têm sido classificados na atualidade e quais
as características de cada grupo taxonômico. Vamos lá!
Os fungos
são muito diversos. Cerca de 100.000 espécies têm sido descritas e sua
classificação é relativamente instável, tendo sofrido modificações nas últimas
décadas. Os fósseis mais antigos datam do período Cambriano inferior, há cerca
de 544 milhões de anos.
Segundo
Evert e Eichhorn (2014), os fungos são divididos em seis Filos: Filo
Microsporidia, Filo Chytridiomycota, Filo Zygomycota, Filo Ascomycota, Filo
Glomeromycota e Filo Basidiomycota.
FILO
MICROSPORIDIA
São os
fungos formadores de esporos, parasitos unicelulares de animais. Durante muito
tempo esse grupo foi considerado como protozoários, mas estudos recentes
incluíram-no no Reino Fungi. Existem 1.500 espécies descritas.
Possuem
núcleo definido, ausência de mitocôndrias e complexo de Golgi. Esses organismos
possuem um tubo polar que se projeta de esporos penetrando na membrana
plasmática da célula hospedeira. Após esse evento, o organismo inicia o
processo de multiplicação dependendo da energia da célula hospedeira. Podem
infectar insetos, peixes e crustáceos, porém também estão na lista os seres
humanos e muitos outros vertebrados.
O modo de
reprodução parece ser assexuado.
FILO
CHYTRIDIOMYCOTA
Neste
Filo são incluídos os fungos aquáticos, com aproximadamente 790 espécies
conhecidas. O corpo desses fungos é simples, podendo formar vesículas muito
pequenas e não desenvolvem micélio. Possuem parede celular composta basicamente
de quitina.
São
diferenciados dos outros grupos pela mobilidade de suas células (gametas e
zoósporos) apresentam um único flagelo liso, inserido posteriormente. Podem ser
parasitos de algas, protozoários e partes de plantas.
Vivem em
ambientes aquáticos em sua grande maioria e muitas espécies são parasitas de
algas, grãos de pólen, plantas e outros fungos aquáticos. Algumas espécies são
patogênicas e podem ocasionar doenças em plantas cultivadas.
Ex. Physoderma
maydis.
Apresentam
variedade de modos de reprodução, sendo que algumas espécies exibem alternância
de gerações isomórficas e outras heteromórficas.
FILO
ZYGOMYCOTA
Foram
descritas 1.000 espécies para este Filo, que possui como característica a
presença de esporos de resistência chamados zigósporos. A maior parte das
espécies deste grupo possui hifas cenocíticas.
É um
grupo terrestre que inclui espécies saprófitas e espécies parasitas de plantas,
insetos e animais do solo. Algumas espécies podem causar infecções graves em
seres humanos e animais domésticos.
Um gênero
comum nesse Filo, pertencente à Classe Zygomycetes e à Ordem Mucorales, é Rhizopus,
conhecido bolor que ataca frutos como o morango, o mamão e pães. A espécie Rhizopus
stolonifer, conhecida como bolor negro do pão, pode ser facilmente
observada quando se expõe um pedaço de pão umedecido ao ar.
Reproduzem-se
assexuadamente por meio de esporos haploides produzidos nos esporângios das
hifas. Há espécies que se reproduzem sexuadamente, porém é necessária a
presença de outro micélio fisiologicamente distinto.
Por serem
parasitas de insetos e outros pequenos animais, são utilizados no controle
biológico dessas pragas em lavouras.
FILO
ASCOMYCOTA
Esse é
provavelmente o maior Filo de fungos, contendo cerca de 32.000 espécies, ao
qual estão incluídos as leveduras e os bolores. Existem três grandes grupos de
ascomicetos: os Subfilos Taphrinomycotina, Saccharomycotina e Pezizomycotina.
Podem ser unicelulares (leveduras) ou filamentosos.
A
característica fundamental do grupo é a produção de um tipo especial de
esporângio denominado ASCO, que se origina como evento final de um processo de
reprodução sexuada. Chamamos de Esporângio a estrutura onde são produzidos e
armazenados os esporos para reprodução sexuada.
A
reprodução assexuada ocorre por meio da formação de conídios que são esporos
produzidos externamente.
O grupo
apresenta considerável importância econômica, além da importância biológica
como decompositor de substâncias orgânicas dos mais diversos tipos. Em seus
aspectos positivos, podemos destacar os fermentos, que são ascomicetos simples,
de talo unicelular; muito utilizados pela nossa civilização na produção de
vinho; cerveja e outras bebidas alcoólicas, além da fabricação do pão. Ex.Saccharomyces
cerevisiae.
Algumas
substâncias altamente tóxicas, mas também drogas de interesse médico são
extraídas de ascomicetos, como o ácido lisérgico ou LSD e a ergotamina, ambos
extraídos do esporão do centeio, causado pela infestação de um ascomiceto
chamado Claviceps purpurea.
Além
disso, as trufas e as morchelas, fungos muito apreciados na Gastronomia, também
são ascomicetos.
CURIOSIDADE:
As
trufas, ao qual me refiro, não são as de chocolate que você adora, mas sim
fungos parecidos com cogumelos, caríssimos, servidos em restaurantes
internacionais. Pratos considerados como verdadeiras iguarias são feitos à base
de trufas. Tais fungos são encontrados enterrados em locais com muita matéria
orgânica e, na Europa, cães e porcos são treinados para, por meio do cheiro,
desenterrar essas trufas.
FILO
GLOMEROMYCOTA
Foram
descritas 200 espécies de glomeromicetos, todas de grande importância ecológica.
As espécies desse grupo crescem em associação às raízes formando as micorrizas
arbusculares (MA). Os glomeromicetos não podem crescer independentemente de
suas hospedeiras. Estudos sobre a diversidade do grupo ainda estão sendo
feitas.
FILO
BASIDIOMYCOTA
A esse
Filo pertencem os fungos mais conhecidos pelos leigos e que são popularmente
designados como cogumelos-de-chapéu (Figura 1) e orelhas-de-pau (Figura 2). São
conhecidas 22.300 espécies que desempenham função na decomposição de substratos
vegetais – compõem dois terços da biomassa viva do solo.
Todos
esses nomes se aplicam, na verdade, ao BASIDIOMA desses fungos, isto é, a uma
estrutura macroscópica, em formato de cogumelo ou orelha, onde são produzidos
os esporos para reprodução. A parte responsável pela nutrição do fungo, no
entanto, se encontra no interior do substrato – é o MICÉLIO VEGETATIVO.
Figura 1 – Cogumelo-de-chapéu (Armillariella mellea). |
Figura 2 – Fungo orelha-de-pau (Picnopurus sanguineus). Foto tirada em Laguna (SC). |
Dentro
desse Filo também estão inclusas as espécies fitopatogênicas causadoras das
ferrugens e dos carvões, como a ferrugem do café e do trigo e o carvão do
milho, doenças que atacam tais culturas.
A
característica específica desse Filo é a formação de esporos denominados
basidiósporos, na parte externa de um esporângio especializado – o basídio.
O grupo
também apresenta uma considerável importância econômica, tanto como cogumelos
comestíveis, como em relação aos prejuízos para a agricultura. No Brasil, o
cultivo de cogumelos comestíveis é ainda pequeno, especialmente o champignon,
mas outras espécies têm sido cultivadas e a tendência é que ocorra um aumento
do consumo nos próximos anos.
É
importante lembrar que muitas espécies de cogumelos são altamente tóxicas e que
o reconhecimento dos comestíveis e venenosos não é tarefa simples, necessitando
da participação de especialistas (Figura 3).
Figura 3 – Fungo tóxico Amanita muscaria. |
Dentro do
grupo dos basidiomicetos encontramos, ainda, fungos curiosos, como o chamado
“puffball”. Tais fungos apresentam basidiomas que permanecem fechados durante
todo o período de maturação dos esporos.
Esses
fungos têm a aparência de bolas de espuma e liberam sua massa de esporos por
meio de sulcos provocados por gotas de chuva que caem sobre o fungo (Figura 4).
Figura 4 – Fungo “puffball” liberando seus esporos. |
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