Temática: Morfologia Externa e
Interna dos Frutos e Sementes
O fruto é
um órgão da planta que, de maneira geral, é originado a partir do
desenvolvimento do ovário ou de um conjunto de ovários de uma flor, contendo
uma ou várias sementes em seu interior. Cada fruto pode ou não conter outras
partes florais em sua formação. O único grupo de plantas que apresenta
frutos é o das angiospermas, cujo nome vem do grego angeion =
urna e sperma =
semente. Geralmente, o ovário só se transforma em um fruto após a
polinização e conseqüente fecundação do gineceu da flor. Na literatura,
admitem-se as possibilidades dos grãos de pólen carregar um hormônio que
determina o desenvolvimento do ovário e da semente em formação que libera
hormônios que induzem o grande desenvolvimento da parede do ovário, formando o
fruto. Conhecem-se, no entanto, casos de formação de frutos sem a
ocorrência dessa fecundação. São os chamados FRUTOS PARTENOCÁRPICOS (do grego parthenos = virgem; karpos = fruto), os quais não apresentam
sementes. As bananas cultivadas são exemplos familiares dessa condição
excepcional de frutos que normalmente se desenvolvem por partenocarpia. No caso
da banana (Figura 1) existe apenas reprodução natural assexuada (vegetativa),
por meio de brotos que surgem do grande rizoma (caule subterrâneo). Já o limão
Taiti e a laranja Bahia, frutos que também não apresentam sementes são espécies
selecionadas pelo homem, por meio do melhoramento Vegetal, e mantidas em
culturas por intermédio de enxertos, que são processos realizados pelo homem
para a propagação dessas espécies.
Os frutos
podem apresentar em seu interior uma ou mais sementes e, quando são ingeridos,
contribuem para a sua dispersão na natureza e com isso, auxiliam na propagação
e na distribuição geográfica das variadas espécies de angiospermas. Em muitas espécies,
os frutos são extremamente leves e apresentam expansões em forma de asas
(frutos alados), que permitem seu transporte pelo vento. Outras espécies
possuem frutos dotados de ganchos, que se emaranham nos pêlos ou nas penas de
animais e são por eles carregados.
Certos
frutos, por serem vistosos e saborosos, são devorados por pássaros e por outros
herbívoros, como morcegos frugívoros, que as eliminam em locais distantes de
onde são produzidos. Um exemplo interessante de adaptação à dispersão da
semente é o fruto do coco-da-Bahia, dotado de um envoltório fibroso e cheio de
ar que permite a flutuação. Desse modo, o coco é transportado pelas correntes
marinhas até praias onde possa germinar. Um fruto é constituído por
duas partes fundamentais: PERICARPO e SEMENTE. Na maioria dos frutos
conhecidos, o Pericarpo é constituído por três partes, porém, em alguns
frutos, ele apenas funciona como a casca do fruto, sendo a parte comestível um
ARILO (envoltório carnoso da semente). Ex. Lichia.
O Pericarpo: origina-se do desenvolvimento da Parede do ovário e é
constituído por três partes, em geral: EPICARPO OU EXOCARPO; MESOCARPO E
ENDOCARPO.
Epicarpo: Originado da epiderme externa do carpelo. Pode conter
estômatos e pelos protetores.
Mesocarpo: Originado do mesófilo da folha carpelar. É quase sempre
espesso e acumula substâncias nutritivas.
Endocarpo: Originado da epiderme interna das folhas carpelares. É a
camada mais interna do fruto, a qual envolve a semente. Pode também conter substâncias
nutritivas, sendo, em muitos casos, a parte comestível do fruto.
Algumas vezes, o endocarpo é impregnado com lignina (substância
impermeabilizante que lhe confere rigidez), que participa da formação do
caroço, como no pêssego, manga, azeitona, ameixa, entre outros. Assim podemos
concluir que o caroço não é sinônimo de semente.
Mas afinal, o que é uma semente?
A semente pode ser considerada como a estrutura formada pela
maturação do óvulo nas plantas com flores após a fecundação. Uma semente é
constituída por uma casca ou tegumento, por reserva nutritiva e pelo embrião,
que irá se desenvolver após o início da germinação para formar uma nova
planta. As sementes representam um importante avanço na história
evolutiva das plantas, pois insere um embrião em seu interior protegido das
variações bruscas do ambiente. Alguns autores a consideram como o “embrião pronto
para viagem”. Por meio de consumo de frutos, os animais atuam como verdadeiros
dispersores das sementes, no qual auxilia na propagação das espécies de plantas
ma natureza.
Temática: Principais
Tipos de Frutos Encontrados na Natureza
Os frutos
são geralmente classificados como SIMPLES, AGREGADOS ou MÚLTIPLOS, no qual
depende do arranjo dos carpelos a partir dos quais os frutos se
desenvolveram. FRUTOS SIMPLES São formados por um único carpelo ou
por vários carpelos unidos. São os mais comuns na natureza. FRUTOS
AGREGADOS São formados por vários carpelos separados de um mesmo gineceu. As
partes individuais do fruto agregado são conhecidas como FRUTÍCULOS e podem ser
vistas, por exemplo, no fruto da framboesa, do morango e da magnólia (Fig. 1).
FRUTOS
MÚLTIPLOS São formados por gineceu de mais de uma flor. O abacaxi, por exemplo,
é um fruto múltiplo formado por ovários anteriormente separados que se fundiram
ao eixo da inflorescência. (As outras partes florais ficaram espremidas entre
os ovários em desenvolvimento). Portanto, podemos chamar o abacaxi de fruto
múltiplo ou infrutescência (Figura 2).
Infrutescência do abacaxi, formado a partir da união das várias flores com o eixo da inflorescência. Notar a presença de variados frutículos (Setas). |
Os frutos
simples são de longe os mais diversificados na natureza. Quando maduros podem
ser macios e carnosos ou secos e lenhosos. Existem três tipos principais de
frutos carnosos: BAGAS, DRUPAS E POMOS. Nas bagas como, por exemplo, tomates, uvas,
laranjas, podem ocorrer um ou mais carpelos, comumente com várias sementes. As
camadas internas do fruto são carnosas. Nas drupas, também podem ocorrer um ou vários carpelos, mas cada
carpelo contém somente uma semente. A camada mais interna do fruto é dura e aderida
firmemente à semente (formando o que chamamos de caroço). São exemplos de
drupas pêssegos, azeitonas e ameixas. Os cocos são também drupas cujas camadas
mais externas são fibrosas em vez de carnosas (Figura 3).
Os pomos são
frutos carnosos muito especializados. A porção mais interna do pomo (o
endocarpo) parece uma membrana grossa, como você deve ter visto ao comer maçãs
ou pêras, os dois exemplos mais comuns desse tipo de fruto.
Na
literatura também encontramos que as maçãs, pêras, marmelos, bem como o caju,
são PSEUDOFRUTOS. Tais frutos são assim classificados porque são originados de
outras partes da flor, diferentes do ovário (Figura 4).
Foto do caju. A parte carnosa corresponde ao pseudofruto e a castanha corresponde a um fruto seco, formado apenas por pericarpo e semente.
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Os frutos
simples secos são classificados em DEISCENTES e INDEISCENTES. Nos frutos
deiscentes, o tecido da parede do ovário maduro (pericarpo) abre e libera as
sementes para disseminação. É o caso dos frutos secos do tipo vagem, como
feijão, ervilha, pata-de-vaca, ipê e frutos como os da magnólia, da mostarda,
da papoula, entre outros. Os frutos indeiscentes, por outro lado, são
aqueles nos quais as sementes permanecem no interior do fruto mesmo após este
ser liberado da planta-mãe. Estes frutos são encontrados em diferentes famílias
de plantas. Exemplos de plantas que apresentam frutos secos indeiscentes
são: morango, cuja pequena semente fica solta na cavidade interna do fruto
(também muito pequeno); milho, cuja semente fica unida à parede do fruto;
avelã, com frutos de paredes muito duras, entre outros.
Tipos de
frutos simples, secos e deiscentes:
a) FOLÍCULOS
São frutos derivados de um único carpelo que se abre em um dos lados (como nas
plantas da família da planta tóxica oficial-de-sala). Folículos também são
característicos das magnólias e das esporinhas.
b)
LEGUME Os legumes se parecem com os folículos, mas eles se abrem de ambos os
lados. Exemplo: ervilha, vagem (Figura 5).
c)
SÍLIQUA São frutos formados por dois carpelos fundidos. Na maturação, os dois
lados do fruto se abrem, deixando as sementes presas a uma porção central
persistente. Exemplo é o fruto da mostarda.
d) CÁPSULA É o mais comum tipo de fruto seco deiscente formado por ovários
compostos em plantas com ovário súpero ou ínfero. As cápsulas liberam suas
sementes de diferentes maneiras:
Na
Família da Papoula (Papaveraceae), as sementes são freqüentemente liberadas
quando a cápsula se abre longitudinalmente, mas em alguns membros dessa Família
elas são liberadas por poros que se formam próximo ao ápice do fruto (Papaver
somniferum).
Tipos de
frutos secos e indeiscentes
O tipo
mais comum é o AQÜÊNIO, um fruto pequeno, com uma única semente que fica solta
na cavidade interna do fruto, exceto por sua ligação por meio do funículo.
Exemplo de fruto tipo aquênio é o do morango.
SÂMARAS
São aquênios alados, como o encontrado no chamado falso-plátano.
CARIOPSES Também chamados de grãos são frutos nos qual o envoltório da semente
é firmemente unido à parede do fruto. É o que ocorre nas gramíneas e no milho.
CIPSELAS
Pequenos frutos indeiscentes observados na planta conhecida popularmente como
dente-de-leão (aquela plantinha que tem flores amarelas, mas que forma frutos
em tufos esbranquiçados na ponta de caules longos e que as crianças costumam
assoprar). Nesses frutos, um cálice modifica-se numa estrutura plumosa, o que
facilita sua dispersão pelo vento. É uma maneira de facilitar a dispersão da
semente e propagar a espécie.
NOZES São
frutos que se assemelham aos aquênios, mas têm uma parede do fruto muito dura.
São originados de ovários compostos. Exemplo: fruto do castanheiro.
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