Captação
e ingestão dos alimentos
O processo que conduz à manutenção metabólica e
estrutural dos organismos apresenta passos importantes: o primeiro se refere à
obtenção do alimento; o segundo está relacionado com a degradação destas
estruturas em compostos simples, o que é denominado de digestão; o terceiro na
absorção e direcionamento dos componentes para seus locais funcionais; e o
quarto, com a eliminação do material que não foi absorvido.
As fontes de alimentos são muito
variadas dentro desta grande diversidade de organismos que habitam o planeta
terra. Há um grupo de animais que se alimentam exclusivamente de fonte de
origem vegetal, como alguns roedores, o gado, veados, cavalos, gafanhotos,
estes são classificados como herbívoros.
Outros podem se alimentar
exclusivamente de outros animais como algumas espécies de tubarões, piranhas e
algumas espécies marinhas, os quais são denominados de carnívoros. Seguindo ainda na
discussão da cadeia alimentar, há um grupo de animais que se alimentam de fonte
vegetal e animal como o homem, porcos, ursos, ratos, estes são onívoros.
Além disso, há animais como o urubu,
que se alimentam exclusivamente de outros animais em estado de decomposição, os
quais são denominados de necrófagos, e os insetívoros,
aqueles animais que se alimentam unicamente de outros insetos como os sapos,
determinadas rãs, lagartos e algumas espécies de aves. Os insetos que se
alimentam de tecidos ou sucos de plantas são denominados de fitófagos.
Todos os animais necessitam de energia
e elementos estruturais para repor os tecidos, crescer e reproduzir. Os
mecanismos utilizados para a obtenção dos alimentos são determinados pela sua
fonte de origem. Pequenas partículas podem ser capturadas pela formação de
vacúolos digestivos na ameba, pelos tentáculos do pepino-do-mar ou por
processos de filtração utilizados pelas esponjas, bivalves e pequenos
crustáceos. As partículas pequenas presentes no plâncton servem como alimento
para muitos animais que filtram a água do mar, como algumas espécies de peixes
pelágicos, tubarões e baleias.
No entanto, a captura de partículas
maiores necessita de estruturas mais especializadas que possam mastigar,
perfurar, raspar, capturar ou engolir a presa. Alguns animais carnívoros
capturam e engolem a presa inteira, o que é muito frequente nos vertebrados.
Estrutura como mandíbulas e/ou dentes, servem para a digestão mecânica do
alimento (trituração).
Além da trituração, as grandes
partículas também sofrem a ação de enzimas especificas o que possibilita a
continuidade ao processo de degradação. Geralmente na porção inicial do sistema
digestório, há uma estrutura diferenciada denominada de estômago no qual ocorre
grande parte da degradação proteica. Ao estômago se sucede o intestino, um tubo
oco onde o processo de digestão é finalizado e as partículas serão absorvidas e
aproveitadas para as funções celulares.
Um caso interessante para ser relatado
no processo de obtenção de partículas maiores é o das serpentes. As serpentes
não possuem estruturas para auxiliar na contensão da presa, ao dar o bote ela
injeta toxinas que irão participar do processo de imobilização e digestão do
alimento. Além disso, diferente dos demais vertebrados, ao longo de todo o
trato digestório são secretadas enzimas proteolíticas que atuam na degradação
de proteínas, até estas estarem em condições de serem absorvidas pelo
intestino.
Além das grandes ou pequenas
partículas, muitos líquidos são utilizados como alimento. Os animais que
utilizam estas fontes de alimentos possuem estruturas bem adaptada para
absorvê-los. Os insetos se alimentam do néctar das plantas, as aranhas se
alimentam do produto gerado pela digestão externa das suas presas, os parasitos
alimentam-se absorvendo os nutrientes gerados pelo seu hospedeiro por meio da
sua superfície corpórea, e os carrapatos, sanguessugas, morcegos e insetos
absorvem o sangue de alguns animais.
Uma peculiaridade do aparelho
digestório dos insetos que se alimentam de sangue produzem anticoagulantes nas
suas glândulas, o que permite que o sangue permaneça fluido para a sua ingestão
e absorção.
Por outro lado, há outras fontes que
podem gerar energia sem necessariamente destruir outras estruturas. Este
mecanismo é verificado na simbiose intracelular entre esponjas, corais, hidras,
moluscos com algumas espécies de algas. Nesse contexto, as algas geram os
nutrientes para o hospedeiro e, por sua vez, utilizam a amônia do hospedeiro
para sua síntese proteica. Essa simbiose parece ter um importante papel no
prolongamento da vida do hospedeiro, principalmente quando há restrição de
alimento.
Diante do exposto, os animais na sua
grande maioria são heterotróficos,
ou seja, precisa de compostos orgânicos obtidos a partir de outros organismos,
vivos ou mortos. Ao longo do processo evolutivo, os animais desenvolveram um
sistema capaz de transformar o alimento capturado para melhor aproveitá-lo, o
sistema digestório. Neste contexto, as fontes necessárias para a manutenção das
estruturas corpóreas são os carboidratos, proteínas e lipídios.
Estruturas
digestórias
A estrutura digestória pode ser classificada como incompleta, quando há uma única
abertura na qual o alimento entra e os resíduos não digeridos saem, e completa quando o alimento ingerido entra pela
cavidade da boca, passa pelas diversas estruturas do sistema e os resíduos saem
pela extremidade oposta, o ânus. Quando o alimento é degradado na cavidade do
trato digestório, a digestão é denominada extracelular.
No entanto, quando parte do alimento
parcialmente digerido é englobada pelas células do revestimento digestivo, para
dar continuidade ao processo de degradação da molécula, esta digestão é
denominada intracelular.
Muitos invertebrados apresentam
estruturas rudimentares para a degradação das partículas. A ameba
(protozoário), por exemplo, realiza a digestão no interior da célula, dentro
dos vacúolos digestivos, após englobar as partículas pela projeção dos seus
pseudópodes.
As esponjas também possuem digestão
intracelular assim como os protozoários, mas os cnidários e os platelmintos
apresentam boca definida que se comunica com a cavidade digestiva revestida com
células especiais. Nestes animais, já é observado o processo de digestão
extracelular.
A primeira parte do trato digestório é
a faringe, para algumas espécies ela apresenta papel fundamental na captura do
alimento. Nas planárias, por exemplo, a projeção da faringe para fora do corpo
possibilita a sucção do alimento. Outras espécies precisam de estruturas mais
complexas para a obtenção do alimento, como as peças bucais mastigadoras ou
sugadoras dos insetos ou a boca nos vertebrados.
Nos ciclóstomos, a boca é pequena e o
movimento da língua condiciona sua abertura ou fechamento, as lampreias
apresentam estrutura bucal sugadora e o peixe-bruxa, mordedora. Nesses animais
os dentes não mineralizados são presos na língua, diferente do observado para
os peixes cartilaginosos, cujos dentes, coberto por esmalte, estão ligados à
mandíbula e maxila. Nos peixes ósseos, a boca é terminal com dentes, as
glândulas orais são restritas, a maxila e as mandíbulas são bem desenvolvidas,
articulando-se com o crânio.
A tendência evolutiva dos tetrápodes
na digestão está relacionada com o aumento da lubrificação do alimento, seguido
do potencial de digestão física e química. A língua pode apresentar funções
variadas como a de segurar o alimento, movimentá-lo na cavidade bucal ou
auxiliar na deglutição.
As glândulas orais são observadas nos
tetrápodes em diferentes localizações, aparentemente com a função de umedecer o
alimento. Entretanto, vários animais podem apresentar modificação funcional
para as glândulas orais, como as serpentes que desenvolveram glândulas de
veneno, os morcegos que secretam anticoagulante, ou até mesmo alguns animais
marinhos cujas glândulas passaram a ter função na excreção de sal.
Os anfíbios, geralmente, se alimentam
de insetos e, como não há estrutura bucal muito diferenciada, esses pequenos
animais são lubrificados pelo muco secretado na boca, a rã não apresenta
glândulas salivares.
Alguns répteis possuem boca grande com
fortes dentes, o que possibilita abocanhar e imobilizar a presa, como é ocaso dos
crocodilos. Nos camaleões, a língua tem a extremidade revestida de muco e pode
ser estendida a vários centímetros a sua frente para capturar os insetos. Já as
serpentes engolem seu alimento inteiro devido a uma série de modificações
adaptativas, como o aumento da distensão da boca, posição e tamanho dos dentes,
ausência do esterno e costelas, o que possibilita que o animal se alimente de
presas com diâmetro maior que o seu próprio corpo.
As aves são destituídas de dentes e a
língua é pequena e pontiaguda, a faringe é curta, o esôfago tubular e muscular
se dilata em um grande papo onde o alimento é armazenado e umedecido. O
estômago compreende um proventrículo, com paredes grossas que secretam os sucos
gástricos e o ventrículo ou moela constituída por uma musculatura espessa.
Diferentes dos outros vertebrados a ação mecânica do alimento nas aves não é
realizado na boca, mas através da contração das paredes musculares da moela
auxiliadas por detritos sólidos engolidos por elas.
A organização do tubo digestório é
igual em todos os mamíferos, inicia pela boca, faringe, esôfago, intestino
delgado, intestino grosso e ânus. A estrutura dessas regiões varia
dependendo do hábito alimentar. Dentes pontiagudos evidenciam uma dieta
carnívora enquanto dentes pequenos e de superfície plana evidenciam hábitos
alimentares de um herbívoro. Os herbívoros também possuem tubo digestivo mais
longo e mais complexo em relação aos mamíferos carnívoros, visto o exemplo dos
ruminantes.
Assim, na maioria dos animais que
possuem um sistema digestório completo, a cavidade se caracteriza por ser um
tubo longo, pelo qual o alimento se desloca em sentido único durante seu
processamento. Nesse percurso, o alimento passa por uma série de estágios de
degradação até estar em condições de ser absorvido. O estômago é uma região
dilatada e muscular do tubo digestório onde o alimento permanece para ser
degradado quimicamente. A continuação do processo de digestão e absorção do
alimento ocorre no intestino. Além das glândulas salivares, observadas nos
tetrápodes, o processo de digestão nos vertebrados, conta com o auxilio do
fígado, pâncreas e vesícula biliar. A eliminação dos resíduos não absorvidos
pelo intestino é realizada através da abertura cloacal nos peixes, anfíbios,
répteis e aves, e pelo ânus nos mamíferos.
A
fermentação na digestão
Alguns peixes, répteis, aves e mamíferos apresentam
alimentação dependente da digestão da celulose, no entanto, a forma mais
especializada neste processo é observada nos mamíferos ruminantes. O processo
de fermentação pode ocorrer nos primeiros compartimentos do trato digestório ou
na sua porção terminal. Nos ruminantes a fermentação ocorre no rume, a primeira
das quatro câmaras que constituem seu estômago (rume, retículo, omaso e
abomaso).
Nas duas primeiras câmaras, rume e retículo,
o alimento é armazenado e sofre o processo de fermentação. O alimento ingerido
pelo animal é mastigado, umedecido e misturado no rume no qual é fermentado
pelas bactérias e protozoários. O alimento no rume pode ser regurgitado para a
cavidade oral e as substâncias fibrosas indigestas poderão sofrer novo processo
mecânico de mastigação. O processo de remoer o alimento já deglutido é que
caracterizou o grupo dos ruminantes. Quando o alimento retorna ao rume este
passa novamente pelo processo de fermentação.
O material passa do rume para o retículo e segue para o omaso, onde sofre o processo de
concentração perdendo água. O abomaso corresponde ao estômago normal, no
qual ocorre o processo de digestão química das proteínas pela ação das enzimas
gástricas. Por isso, animais como o camelo, cabras, veados, gado e ovelhas, que
utilizam a fermentação acompanhada da ruminação para processar a celulose,
possuem um estômago grande e bastante compartimentalizado.
Os produtos da fermentação produzidos
no rume é a principal fonte de energia para o animal, o que gera principalmente
ácidos orgânicos de cadeia curta. Além disso, os microrganismos do rume podem
sintetizar proteínas a partir de compostos de nitrogênio inorgânico como os
sais de amônio. No rume, a uréia é hidrolisada em dióxido de carbono e amônia,
sendo a amônia utilizada para a síntese de proteínas. Por isso, mesmo quando
estes animais recebem uma dieta com baixo teor nutricional, complementar a
ração com uréia aumenta consideravelmente a síntese de proteínas pelas
bactérias simbiônticas.
Outros animais, não-ruminantes, também
utilizam o processo de fermentação através da digestão simbiôntica de celulose.
O canguru, macaco, preguiça e alguns roedores possuem estômago grande e bem
compartimentalizado, nesses animais o processo de fermentação também ocorre no
início do trato digestório, apresentando semelhanças com a digestão dos
ruminantes.
No entanto, no elefante, cavalo,
avestruz, macaco, coelhos, a fermentação ocorre na porção final do trato
digestório, nos divertículos do intestino delgado (o ceco). Nesse processo, o
alimento não fica retido por muito tempo no estômago. Os animais processam mais
rapidamente o alimento e os nutrientes são absorvidos no intestino delgado
antes de iniciar o processo de fermentação.
A digestão com fermentação microbiana
na porção anterior do trato gastrintestinal dos ruminantes é lenta, precisa de
uma câmara grande para o armazenamento do alimento, mas apresenta vantagens
importantes frente aos demais animais herbívoros. Como a fermentação ocorre na
porção inicial do trato digestório, as fibras inicialmente não digeridas podem
sofrer o processo químico nos outros compartimentos do sistema digestório.
Além disso, a fragmentação mecânica
dos alimentos nos ruminantes pode ser prolongada pela regurgitação do material
não triturado, o que aumenta a capacidade de aproveitamento do alimento. Certa
quantidade de microrganismos também pode passar para o intestino, sendo
digerido e fornecendo outras proteínas e nutrientes complementares para o
animal. E ainda, a presença das bactérias no rume possibilita a utilização das
proteínas sintetizadas pelos simbiontes, o que não ocorre quando estas
bactérias ou protozoários estão localizadas na porção final do trato
digestório, como é observado para os coelhos.
Alguns animais minimizaram o baixo
aproveitamento nutricional do alimento gerado pela fermentação, quando o
processo é realizado na parte posterior do trato gastrintestinal, através do
reaproveitamento das suas excretas. O processo de coprofagia refere-se ao retorno do material
eliminado pelas fezes, fazendo com que este seja reutilizado pelo sistema
digestório. No coelho a reingestão das fezes produzidas pelo animal ocorre no
ânus. Nesses animais as fezes se alojam separadamente no fundo do estômago onde
o processo de fermentação é continuado. No entanto, para os roedores o processo
é diferente, eles mastigam cuidadosamente as fezes e depois a engolem,
retornando-a para o trato digestório.
Digestão
e absorção dos nutrientes
A primeira etapa do sistema digestório nos mamíferos
consiste na trituração mecânica do alimento realizada pela boca. A mistura da
saliva com o alimento forma o bolo alimentar e inicia o processo químico por
meio da degradação do amido pela enzima ptialina. Além disso, as principais
glândulas salivares (parótida, submandibular, sublingual) secretam substâncias
que auxiliam na lubrificação e umedificação do bolo alimentar, protegendo o
esôfago de escoriações ou secretando substâncias como a lisozima, haptoglobina,
imunoglobulina, frações de complemento e histatina que atuam na defesa do
organismo. O bolo alimentar é deglutido na faringe e segue por meio de
movimentos peristálticos pelo esôfago, em direção ao estômago.
Ao chegar ao estômago, o esfíncter
cárdico se abre para a entrada do bolo alimentar e, posteriormente, se fecha
para impedir o refluxo do alimento. No estômago, o bolo alimentar é misturado
com as secreções ácidas, formando o quimo. O estômago divide-se em: fundo do estômago, o qual não reserva conteúdo alimentar,
mas contém gases engolidos na alimentação e durante a respiração; corpo do estômago pelo qual um grande volume de alimento
pode ser armazenado; e antro
pilórico que antecede ao
duodeno, esta região desenvolve função ativa de esvaziamento. A porção final do
estômago é delimitada com o duodeno pelo esfíncter pilórico.
As células epiteliais do estômago e
glândulas gástricas secretam muco para proteger as paredes do órgão da ação do
ácido clorídrico e enzimas digestivas. As células parietais do estômago
secretam o fator intrínseco indispensável para a absorção da vitamina B12. No
entanto, as células principais da glândula gástrica secretam pepsinogênio,
proenzima inativa que em meio ácido é convertido em pepsina. A pepsina pode
digerir até 20% do conteúdo protéico de uma refeição.
A secreção ácida do estômago é
estimulada pelo nervo vago, gastrina e histamina e inibida pela estimulação
simpática e colecistocinina. A secreção ácida e esvaziamento gástrico são
controlados por fatores nervosos e hormonais, estimulada pela presença de quimo
ácido no intestino, quimo hiperosmolar, gorduras e proteínas.
O intestino delgado é um tubo longo de
aproximadamente 5 metros de extensão constituído pelo duodeno, jejuno e íleo. A
presença do quimo no duodeno estimula o fígado e vesícula biliar a secretar a
bile e o pâncreas a liberar enzimas digestivas. Assim, o processo
físico-químico da digestão tem continuidade por meio da emulsificação das
gorduras pelos sais biliares e da secreção de enzimas pancreáticas, que atuam
sobre o processo de degradação dos carboidratos e proteínas.
O pâncreas promove ainda a secreção
rica em bicarbonato que neutraliza o quimo ácido. A absorção de
aminoácidos, monossacarídeos e lipídios são realizados no intestino delgado.
Este processo ocorre com o deslocamento das moléculas da luz intestinal para a
circulação linfática e sangüínea, através da atividade das células do epitélio
intestinal.
O intestino transporta aproximadamente
2 litros de água, ingeridos diariamente, somado aos outros 7 litros que entram
no intestino pelas secreções gastrintestinais. A absorção de eletrólitos, como
sódio, potássio, cloro e bicarbonato ocorrem pelas células epiteliais e o
movimento da água é secundário ao movimento de eletrólitos.
O intestino grosso recebe o conteúdo
intestinal que não foi absorvido pelo duodeno. Por isso, as fezes são
constituídas por elementos não absorvidos no intestino delgado (30 % de fibras
e celulose), massa bacteriana saprófita (30%), células descamativas intestinais
(30 %), muco e água.
Na região do íleo terminal existe o
esfíncter íleo-cecal, o qual habitualmente encontra-se fechado. Quando uma onda
peristáltica atinge essa região, o esfíncter se abre permitindo a passagem de
conteúdo intestinal do íleo para o ceco. O processo da passagem do bolo
alimentar do esôfago para o estômago, e do quimo, do estômago para o duodeno,
provoca reflexos-gastroileal e duodeno-cólico, que reflete no fluxo ileocecal.
Os movimentos do cólon compreendem as contrações haustrais, que permite a mescla do conteúdo
cólico facilitando a absorção de água, e eletrólitos e as ondas peristálticas movimentam a massa fecal em direção ao
reto.
O intestino grosso distal é
constituído pelo cólon descendente, sigmóide e reto que armazena as fezes até
que ocorra a evacuação, pelo reflexo da defecação. As funções do cólon se
referem à reabsorção de água e eletrólitos (desidratação de material fecal),
que ocorre, principalmente, no cólon proximal (ceco e cólon ascendente) e à
função de estocagem, que tem lugar no cólon distal, basicamente no sigmóide.
Desse modo, o processo de digestão
inicia na boca pela trituração mecânica dos alimentos, e prossegue com a
digestão química do amido, tendo continuidade no duodeno pela ação das enzimas
pancreáticas (lípases, amilases, maltases, sucrase). O processo de degradação
de proteínas, por sua vez, é iniciado no estômago com a ação da pepsina, sendo
finalizada na porção inicial do intestino delgado com a secreção de enzimas
como a tripsina, quimotripsina e carboxipolipeptidase. A digestão de lipídios
ocorre no intestino delgado onde há lípase pancreática e sais biliares que irão
dar origem a micelas mistas e aos produtos de lipólise.
Obesidade
Considerada uma doença crônica e um fator de risco, a
obesidade pode aumentar a prevalência de outras doenças e ocasionar a morte.
Essa patologia é caracterizada pelo excesso de massa adiposa corporal
relacionada à massa magra, e o aumento desta massa adiposa pode ocorrer em
função de alterações crônicas no balanço energético.
Para a Organização Mundial de Saúde
(OMS), em termos populacionais, a obesidade em adultos é caracterizada pelo
índice de massa corporal (IMC) igual ou maior a 30 kg/m2. O indivíduo é considerado com sobrepeso
quando a medida do IMC for de 25 a 29,9 kg/m2.
Classificação da Obesidade pelo IMC
Segundo a OMS, a medida do IMC deve
ser usada para a classificação da obesidade, principalmente em adultos (com
algumas exceções), a partir da divisão do peso corpóreo (kg) pela altura
expressa em metros, elevada ao quadrado.
O IMC foi definido pelo belga Quelet e
foi considerado o método mais utilizado e simples para avaliar a obesidade. De
acordo com este cálculo, o IMC sugere:
Apesar das limitações da medida do
IMC, estudos mostraram uma relação positiva entre risco relativo de mortalidade
e IMC. O uso do IMC foi indicado como uma estratégia para padronizar a
comparação dos estudos populacionais sobre a obesidade e facilitar a
identificação de indivíduos e grupos dentro da população com maior risco de
morbidade e mortalidade.
Balanço Energético na Obesidade
A obesidade pode ocorrer em função das
alterações crônica do balanço energético (Jéquier, 2002), mas quais são os
componentes do balanço energético? Em resumo, eles são a ingestão calórica e o
gasto energético. O primeiro refere-se a todo alimento ingerido que possa ser
metabolizado pelo organismo; o segundo é a soma do gasto metabólico basal, do
efeito térmico da dieta (produção de calor induzida pela alimentação) e da
atividade física do indivíduo.
O balanço energético, em condições
fisiológicas, é mantido por um equilíbrio entre a ingestão calórica e o gasto
energético. No entanto, quando ocorre um desequilíbrio, em longo prazo, entre
estas variáveis, o balanço energético pode ser positivo (ingestão calórica do
indivíduo é maior do que o seu gasto energético), favorecendo o desenvolvimento
da obesidade, ou negativo (ingestão calórica é menor do que o gasto
energético), que induz a diminuição do estoque energético e do peso corporal.
Cada um dos componentes do balanço
energético contribui para a regulação do peso corporal e da adiposidade, que é
específica para cada indivíduo e dependente do estilo de vida e de outros
fatores ambientais. Além disso, os fatores genéticos também influenciam no
desenvolvimento da obesidade. A influência da dieta é um dos fatores ambientais
mais avaliados e os estudos populacionais mostraram uma relação clara entre
hábitos alimentares e a prevalência da obesidade.
A importância do tecido adiposo na
regulação do peso corporal e da adiposidade só foi reconhecida na década de
1980, após a descoberta da produção e secreção de substâncias neste tecido.
Atualmente, o tecido adiposo é considerado um órgão endócrino complexo e com
atividade metabólica. Este tecido, além de responder à sinalização proveniente
do SNC e sistemas hormonais é capaz de produzir e secretar várias substâncias
com ação local e sistêmica. Estas substâncias incluem a leptina, adiponectina,
adiponutrina, adipisina, TNF-a (fator de necrose tumoral a), resistina,
interleucinas e outras.
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